Gemendo e chorando, neste vale de lágrimas. Salve,
Rainha, Mãe de Misericórdia. A vós bradamos… embora já sem esperança.
Não haverá boas notícias enquanto Costa estiver
no governo
Costa pôs o país a descer as escadas
do declínio gradualmente. O fim do dinheiro barato faz tremer este reino de
fatalismo medíocre. Já não se trata de descer as escadas, mas de cair por elas
abaixo.
RUI RAMOS
OBSERVADOR, 23 set
2022
“O que vem aí é mau”, disse o Presidente da
República. Assim parece. A inflação mantém-se, os juros sobem. A Europa pode
estar nas vésperas de uma crise energética. Perante tudo isto, o Presidente
pediu a previsão do governo. Para quê? Noutros tempos, atribuiu ao
Primeiro-Ministro um “optimismo crónico e às vezes ligeiramente irritante”.
Quer agora ver essa bolha optimista rebentar ao toque frio da realidade?
Espera, pelo contrário, que o optimismo inveterado de António Costa consiga
descortinar um dia de sol por entre as nuvens escuras? A verdade é que o
Presidente não foi exacto ou não se explicou bem quando definiu o chefe do governo
como optimista. O poder de Costa pressupôs uma coisa que é precisamente o
contrário do optimismo: a triste convicção de que a situação do país poderia
piorar, mas nunca melhorar.
Já
não nos lembramos, mas durante os governos de Cavaco Silva, os portugueses
acreditaram no futuro, que o que estava para vir era bom, que eles ou pelo
menos os seus filhos viveriam melhor. “Mudança” era então o grande slogan
eleitoral. Ninguém tinha medo de mudar. Foi assim que se fizeram grandes
reformas entre 1985 e 1995. A economia crescia, o país progredia nas tabelas
europeias. Ninguém admitiria que pudesse ser de outra maneira.
Reparem:
em 1985, o país tinha saído de dez anos
com duas assistências do FMI.
No entanto, não tinha deixado de acreditar em que as
coisas pudessem ser melhores. A descrença actual não se deve simplesmente aos
acidentes deste século, da crise financeira de 2008 à pandemia e à inflação.
Resulta, acima de tudo, do modo como o poder socialista precisou de
desacreditar todas as reformas necessárias para criar uma economia próspera e
serviços públicos abrangentes e de qualidade, identificando-as com riscos e perigos
inaceitáveis. Ao princípio, a oligarquia socialista ainda pareceu acreditar em
melhorias por via da educação ou do “choque tecnológico”. Mas depois de ter
provocado a bancarrota de 2011, percebeu que lhe convinha um cepticismo crónico
e fortemente irritante para voltar ao poder e mantê-lo.
Em
2015, Costa desembarcou em S. Bento a pregar, ao lado da extrema-esquerda, que
quaisquer reformas só poderiam significar uma catástrofe: redesenhar os
serviços públicos de modo a integrar prestadores privados destruiria os
serviços públicos, rever o Código de Trabalho provocaria uma vaga de
despedimentos, liberalizar o arrendamento poria toda a gente a viver na rua, e
por aí fora. As reformas eram a peste. Costa tinha duas razões para essa
demonização. Por um lado, precisava de fazer de conta que o reformismo de
Passos Coelho, e não o despesismo socialista, tinha sido a causa da
austeridade. Por outro lado, as reformas consistem em aligeirar o peso do
Estado na sociedade, e o PS assenta o seu poder precisamente no peso do Estado.
Era portanto urgente caluniar as reformas. Foi assim que mudar se tornou uma coisa má.
Costa vinha “repor” tudo como estava antes. Não era bom? Melhor era impossível.
Em 2019 e em 2022, a maioria dos votantes conformou-se. A economia estagnou, o
país regrediu nas tabelas. Mas era como se não pudesse ser de outra maneira.
O
financiamento do BCE permitiu a Costa pôr o país a descer as escadas
do declínio gradualmente. Agora, o fim do dinheiro barato faz tremer este reino
de fatalismo medíocre. Já não se trata de descer as escadas, mas de cair por
elas abaixo. Os
funcionários públicos terão no ano que vem a maior perda de poder de compra
desde 2010. Notem bem: maior do que no tempo dos cortes da troika. Vão
conformar-se? Vão continuar a acreditar que melhor é impossível, e que mudar é
um perigo? Ou vão perceber que enquanto Costa estiver no governo, nunca haverá
boas notícias?
COMENTÁRIOS
Glorioso SLB: Lá está, a culpa é dos eleitores. Eu nunca votei à esquerda, mas tem de se
dizer claramente q o problema ñ é o PS ou os eleitores. O problema é o PSD e a
incapacidade de mostrar alternativa. A resposta de toda a gente é “eles tb já
lá estiveram e o q é q fizeram?” Peçam a a qq pessoa q diga dois ou três nomes
do PSD sem ser o Montenegro! Ninguém responderá. Carlos Quartel: Tudo começa num equívoco. O PS não pretende
o poder para melhorar as condições de vida dos portugueses, pretende o poder
para ter acesso às prebendas que o poder pode fornecer aos seus. O projecto
esgota-se na obtenção do poder, uma vez conseguido este é tempo de desfrutar do
estatuto de estadista, de premiar os apaniguados, com as funções e os
vencimentos disponíveis. A preocupação de qualquer socialista não é o provável
empobrecimento das pessoas, é o receio de que isso possa impedir a
manutenção do poder. Fernando
Cascais: Porque é que o nosso primeiro ministro não é o João
Lourenço? Porque nós não somos angolanos! E porque é que os angolanos não
tem Olaf Scholz como presidente? Porque os angolanos não são alemães! Cada
povo tem os seus líderes apropriados. Não faria sentido os ingleses escolherem
um Costa para primeiro-ministro ou um Marcelo para rainha (rei) de Inglaterra. A
nossa governação, seja ela de que partido for, representa muito fielmente o
povo que governa. Assim, as mudanças cíclicas na nossa governação acontecem
por saturação dos eleitores com os governantes. Costa e Marcelo foram eleitos
há relativamente pouco tempo, ambos com maiorias absolutas. O povo amava-os,
apesar dos truques de Costa e do aparato populista de Marcelo já serem
conhecidos desde os inícios dos respectivos mandatos. Amava-os, porque agora
parece que virou o bico ao prego, e como num casamento por paixão, quando
passado a divórcio é um apanágio ao ódio. A graça de Costa acabou, já Marcelo é
como um sorvete num dia de calor esquecido ao sol. Como em tudo, o dinheiro
importa, e agora como há pouco e não chega para a despesa, Costa e as suas políticas
de "imigração" são a razão de toda esta desgraça. Políticas de
imigração? Sim, os imigrantes (que vivem 10 num quarto) sujeitam-se a
vencimentos de 600 euros criam uma concorrência aos portugueses injusta e
desleal. Os "patrões" preferem contratar estes eventuais do
que pagar horas extra aos portugueses da "casa". Os patrões tentam
fintar uma carga fiscal tal, que tem como um dos seus objectivos deixá-los só
com as cuecas. A nova culpa das políticas de imigração é esgrimida nos cafés
como se se tratasse de um Benfica x Porto. Ou seja, não faltará muito para
termos o CHEGA com um peso na AR que irá influenciar a política portuguesa.
Serão os eleitores que deram maioria ao PS que irão alimentar o CHEGA no
próximo "UP GRADE". Num divórcio litigioso vale tudo. Não vamos
conseguir sair da nossa miséria. Uma demografia perversa, uma preguiça
estrutural e um deixa andar de quem já perdeu toda a esperança são a cruz
espetada na campa, bem espetada para nos prender á morte. Voltando ao início,
todo o povo tem a liderança que merece. Tivemos um que não merecemos.
Rapidamente foi escorraçado por todos. A nossa única esperança é termos uma
liderança desajustada da nossa realidade. Imaginem um Olaf Scholz a
governar Angola. Imaginem um sueco ou finlandês a governar Portugal. Passos Coelho foi sem dúvida o nosso alien, o alien
que não merecemos. Hoje voltámos a chorar. António
Lamas: Brilhante (sem ser Dias) Não acredito que Costa
acabe o mandato. É um cobarde que não enfrenta as dificuldades. Só sabe
anunciar boas notícias ou propostas que nunca concretiza. Se ele sair - o
mais certo - espero que Marcelo o siga, e que esta III República caia e venha a
IV. (mas isto já sou eu a sonhar) João Ramos: Cavaco foi o nosso melhor, e a
que distância, primeiro ministro, o resto não serviu o país mas tem se servido
dele, a exceção foi Passos Coelho que fez o que a Troika deixou, isto há que
dizê-lo alto e bom som, para ver se o povo aprende alguma coisa de útil, grande
responsabilidade para a comunicação social que é absolutamente vendida e sem
qualquer honestidade para com a sua profissão… João Floriano: Excelente análise e em relação
à pergunta final, lamento desiludir mas os portugueses vão conformar-se porque
os novos partem e só lhes posso desejar boa sorte porque aqui a sorte ser-lhes-á
madrasta e os velhos não têm força para lutar, apenas empurrar andarilhos ou
então ser comido por formigas numa associação qualquer mantida pelos nossos
impostos. Joana
Fernandes: Muito bem!! Obrigada
por este artigo claro e dirigido às causas do nosso declínio, nem sempre
percebidas mas acima tudo, nunca escrutinadas pela Comunicação Social subsídio
dependente de um partido, o PS! Maria Tubucci: Excelente, RR, concordo. Não
haverá boas notícias enquanto o Costa estiver no governo, verdadeiramente
verdade, porque o parasita que sacou o governo em 2015, não foi para o poder
para governar Portugal, foi para se governar: a ele, à famiglia PS, aos amigos
do PS, aos conhecidos do PS e os votantes do PS; e nunca para governar os
Portugueses em geral. A prova disso é o empobrecimento crescente do país
desde 2015, bem como, a maioria absoluta de 2022. Os votantes do PS,
verdadeiras ratas cegas, não conseguem enxergar que estão a destruir as
próximas gerações, ou seja, o seu futuro, por causa destas criaturas acéfalas
todos irão pagar caro a devastação feita pelo PS. Fernando
Prata: Totalmente de
acordo com o autor. João
Mano: Bravo! Fernando
CE: Mais uma vez ,
uma análise muito boa.
Censurado sem razão: Não haverá boas notícias para o
país enquanto o socialismo estiver no governo. O socialismo vive do imediato
enquanto há dinheiro para a propaganda. Quando o dinheiro acaba venham outros
tentar resolver para depois tomarmos o poder novamente. Não saímos disto. Pobre
povo, nação demente! Sérgio: Caro Rui Ramos, Brilhante,
como sempre. Obrigado! Pedro
de Freitas Leal: Rui Ramos, de novo um artigo visionário! Bem haja. M L: O país só acorda no dia em que
os dependentes do estado não receberem o seu ordenado ao fim do mês. Nessa
altura percebem que esta falácia de governação não é solução Francisco Correia: O karma é tramado! Agora que o tempo das vacas
voadoras chegou ao fim, é que vamos ver do que o Costa é capaz. Bendita maioria absoluta! Costa
amigo, 41% do povo está contigo!
Pedro Ferreira > Glorioso SLB: O único partido de quem
consegue dizer três nomes é do PS mas só pelas piores razões de tão
incompetentes que eles são. Quanto ao que diz do PSD parece que não viveu no
país de 2011 a 2015, os únicos anos de esperança dos últimos 15. Carlos Quartel > Glorioso SLB: Penso que está enganado. Esquece-se da génese do
regime em que até o CDS teve que ir buscar a palavra "Social", Mesmo
assim boicotaram-lhe um comício no Porto. PS,PC e UDP (depois BE) controlavam
(e controlam) jornais e TV's e elevaram a propaganda a altos níveis. De facto os períodos não PS (Cavaco e Passos) têm obra
para apresentar. O primeiro elevou todos os indicadores de progresso, deu 14ª
mês a pensionistas e houve crescimento todos os anos. O segundo recebeu o
presente envenenado de Sócrates, governou com a troika sempre a espreitar por
cima do ombro, mas cumpriu com a tal "saída limpa". Isto para lhe
dizer que o eleitorado é, de facto, o culpado de estarmos a aturar este bando
de aventureiros e caçadores. Paulo
Cardoso > Glorioso SLB: O eleitor, não havendo nome oouprograma
que lhe agrade, tem sempre uma alternativa: o voto nulo (em vez do branco, para
não haver adulteração do voto). No dia em que os votos nulos substituíssem a
abstenção, acredito que a atenção política à miserabilidade dos candidatos
aumentaria. Sim. O eleitor, também, tem culpa e terá a culpa maior. Paulo Silva > Amigo do Camolas: ... troika (quem a chamou não interessa)... Mas até é verdade, meu caro.
Embora no caso em apreço haja uma sobreposição, a discussão sempre estéril e
sibilina à volta de quem é que chamou os bombeiros não interessa para nada.
Interessa saber como começou o fogo, e quem o ateou... No caso foram Sócrates e
os 37 anos de políticas socialistas de endividamento. Mas as esquerdas cínicas
e unidas acusaram os bombeiros.
Censurado sem razão: Ouviram o discurso de André Ventura nas comemorações
do bicentenário do constitucionalismo português? Não ouviram? E não olharam bem
para as fuças dos ministros, da esquerdalha em geral e do PR e do filho da dita
do Santos Silva? Temos tribuno. Só as caras de enterro daquela gentalha
foi digna de ver. Foi até ao nó. Aguenta, não chora. Sem dúvida o melhor
tribuno deste parlamento. Não perca a coragem. São deputados destes, sem
medo, que o país precisa. Um dos últimos que tivemos foi morto em camarate. Adelino
Amaro da Costa. bento guerra
> Carlos Quartel: Sempre foi, mas agora até os
arautos do poder gritam "oh tio ! oh tio! o diabo existe!"
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