quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Justa preocupação


Do historiador João Pedro Marques, sobre o branqueamento histórico que a má fé e o servilismo woke dos nossos dias faz gala em produzir, amedrontadamente - mais do que por afecto anti racista - no avassalamento dos continentes maioritariamente brancos pelos invasores imigrantes de outras raças mais escuras e mais reprodutoras… O passado esvair-se-á, como os povos a que ele pertenceu, como acontecera com as civilizações grega e latina. paulatinamente submersas sob o choque invasor de outros povos, criando as dinâmicas próprias… Não será para já, se as personagens a que se faz apelo no texto de JPM decidirem ponderar e agir, sem ser só através do aviso escrito. Mas a cobardia de uns, aliada à esperteza e cinismo de outros – os do mando – impede que os sorrisos de hoje sejam francos   como os de outrora, a retratação que se atribui a DANTE e que é tema do texto “E PUR SI MUOVE” venha apenas lembrada nos registos escritos, amantes que somos de sossego e paz.

E pur si muove!

É fundamental que os historiadores não permitam que as suas vozes sejam silenciadas e substituídas, no espaço público, pelas de antropólogos, jornalistas, escritores, políticos e diletantes sortidos.

JOÃO PEDRO MARQUES Historiador e romancista

OBSERVADOR, 08 set 2022, 00:1837

O episódio, verdadeiro ou falso, é sobejamente conhecido: perante o tribunal do Santo Oficio, onde era julgado por heresia, Galileu negou a sua teoria heliocêntrica e afirmou que a Terra estava imóvel no centro do universo; fê-lo para salvar a vida, mas, no momento em que se retratou, terá murmurado “e pur si muove!”, certo de que o contrário acontecia e de que era a Terra que girava em torno do sol.

Sinto que, nos tempos que correm, há entre os historiadores vários Galileus que, face à pressão do politicamente correcto, dão o seu aval a falsidades já não tanto para salvarem as vidas, mas para preservarem as carreiras — e, talvez, também, a paz na sala de aula, se forem docentes. Estou certo de que muitos desses historiadores murmurarão entre dentes o equivalente contemporâneo do e pur si muove pois estão perfeitamente cientes de que a verdade — e a meta da História é a verdade — é muito diferente daquilo que a cultura woke, dentro e fora das universidades, nos quer impingir.

As vicissitudes de alguns desses Galileus contemporâneos são do domínio público. As mais recentes e esclarecedoras — e estarrecedoras, diga-se — são as de James H. Sweet, professor na Universidade de Wisconsin e presidente da  prestigiada American Historical Association (AHA). Sweet publicou no passado dia 17 de Agosto, na newsmagazine da AHA, um texto intitulado Is History History? onde deixou uma série de interrogações sobre os actuais rumos da disciplina. Esse texto lança aos seus leitores questões importantes, nomeadamente a de saber se aquilo que muitos historiadores actualmente fazem é verdadeiramente História ou simplesmente acção política; conta alguns episódios demonstrativos de como nos Estados Unidos e em África se está a deformar e a falsear a história da escravatura; e critica o “presentismo”, isto é, a tendência para avaliar e condenar o passado à luz das preocupações sociais e das categorias morais do presente (tendência que tem vindo o corroer a História, como campo do saber, e contra a qual eu me insurjo há muito tempo).

A reacção dos colegas e leitores de esquerda ao artigo de James Sweet foi ruidosa e irada, a tal ponto que houve quem exigisse a sua demissão. Dois dias depois, a 19 de Agosto, admitindo que o seu artigo tinha causado “cólera e consternação entre muitos dos colegas e membros da AHA”, Sweet sentiu-se na compungida obrigação de fazer preceder esse seu texto de um acto de contrição, isto é, de uma nota em que pediu desculpa por ter causado dano à disciplina, à AHA e haver ofendido muita gente, nomeadamente colegas e amigos negros que se zangaram com ele. Assumiu que tinha sido desastrado, pouco atento às memórias e aos sentimentos das pessoas, e prometeu redimir-se em futuras conversas com os colegas ofendidos.

Ora, o que havia Sweet escrito, dois dias antes, para incomodar a esse ponto os colegas, nomeadamente os negros? Fundamentalmente duas coisas:

Contou que numa viagem ao Gana e à pequena cidade de Elmina (a antiga Mina dos portugueses) encontrou um grupo de afro-americanos, daqueles que ultimamente vão em romagem a esse local para homenagear os antepassados escravizados. Essas pessoas traziam consigo um exemplar do livro The 1619 Project — e já veremos adiante o que isso é e o que significa. Sweet referiu que esses visitantes ignoram que, de Elmina, terão embarcado poucos escravos para a América do Norte — menos de 1% do total, segundo o autor —, tal como ignoram que os escravizados que chegavam a esse ponto da costa de África eram para aí levados por outros africanos que promoviam o tráfico transatlântico de escravos de forma tão gananciosa e cruel como os negreiros ocidentais com quem negociavam. Os visitantes afro-americanos de Elmina ignoram tudo isso e continuarão provavelmente a ignorá-lo, admitiu Sweet, porque o guia turístico que orientou a visita lhes disse que os antigos chefes africanos entregavam os seus “criados” (não usou o termo “escravos”) aos europeus sem saberem qual iria ser o seu destino; e também não fez referência às guerras em África, como forma de obtenção desses supostos “criados”, nem à escravidão intra-africana. De forma similar, notou Sweet, o filme The Woman King (a estrear em breve), sugere que o rei Ghezo e as amazonas (mulheres-soldado) do Daomé lutavam contra o tráfico de escravos dos europeus quando a verdade é precisamente oposta: o reino do Daomé promovia esse tráfico. É claro que os realizadores de cinema ou os guias turisticos não têm de respeitar a metodologia e o rigor históricos, mas como especialista em história de África e da escravatura, James Sweet confessou-se preocupado com os apagamentos que estas narrativas promovem, em especial quando eles transbordam, também, para os livros de história e para o seu ensino.

E, a esse propósito, apontou o dedo a um livro que é um best seller nos Estados UnidosThe 1619 Project: A New Origin Story, um projecto lançado pelo New York Times que põe os negros e a sua escravatura no centro, no âmago, da história norte-americana, que nele é vista como decorrendo dessa escravatura. E o livro a tal ponto o faz que considera 1619, o ano em que chegaram os primeiros escravos negros à Vírginia, como data fundacional dos Estados Unidos, e não a sua declaração de independência, em 1776. Sweet acusou o livro de olhar para o passado com os valores e categorias morais do presente e de, por exemplo, classificar negativamente os presidentes Washington e Jefferson como “proprietários de campos de trabalhos forçados”. E eu acrescento, a propósito, que The 1619 Project equipara Lincoln a um supremacista branco e que é basicamente a narrativa negra e woke da história dos Estados Unidos (o que explica o acolhimento entusiástico que esses sectores da sociedade americana lhe deram; Kamala Harris, por exemplo, elogiou essa narrativa como sendo a reposição da “verdade”). O livro é tão enviezado que vai ao ponto de considerar que uma das principais razões que levou os norte-americanos a tornarem-se independentes da Grã-Bretanha foi a vontade de conservarem a escravidão, o que é um absurdo por várias razões de que destaco a seguinte: em 1775, quando as colónias norte-americanas iniciaram a guerra com a metrópole, ainda não havia um movimento abolicionista britânico nem se antevia que o parlamento, em Londres, viesse a abolir a escravidão (coisa que só aconteceria 58 anos depois). The 1619 Project foi alvo de bem fundamentadas críticas de alguns — poucos — historiadores, críticas que lhe apontaram diversas ficções e erros de interpretação e de facto, mas essas objecções e reparos, paradoxalmente, parecem ter legitimado a obra aos olhos do grande público. Talvez por isso, notou Sweet, há muito quem pretenda (ou já esteja a) fazer do The 1619 Project o molde para o ensino da história nacional a nível do secundárioaqui em Portugal há pretensões equiparáveis que já por diversas vezes critiquei —, o que é muito inquietante porque, como o autor sublinhou, não se trata de um livro de história. Eu possuo o livro e posso confirmá-lo: é composto, para além do prefácio, por 18 ensaios, 25 poemas e 11 textos ficcionais. Foi escrito por jornalistas, cineastas, poetas, prosadores, advogados, sociólogos e apenas seis historiadores, e recria, ilustra e enaltece aqueles que os autores da obra julgam terem sido momentos marcantes de opressão, luta e resistência das populações negras à injustiça e sofrimento a que foram sujeitas. Não é uma análise das ideias das pessoas no seu próprio tempo, nem uma descrição de processos de mudança ao longo de décadas ou séculos. Ou seja, como escreveu Sweet noutro contexto, não é história, é, em boa parte, diletantismo.

Em suma, o presidente da AHA fez observações razoáveis e disse verdades incontestáveis. Abordou, também, outras coisas importantes, coisas que a reacção ao seu texto e o subsequente pedido de desculpas agora sepultaram bem fundo porque, nesta cultura de cancelamento em que vivemos, quando se pede desculpa admite-se uma culpa. Ora, culpa de quê? De ter uma opinião? De dizer a verdade? É, por isso, lamentável e muito preocupante que Sweet tenha cedido à pressão dos seus colegas e detratores  (mesmo que, ao fazê-lo, tenha murmurado, entre dentes, e pur si muove!).

O seu caso teve repercussão nos Estados Unidos onde houve felizmente gente que, ao questionar e criticar a infeliz retratação de Sweet, soube apontar o dedo ao antro inquisitorial em que a academia se tornou. Como diz o colunista do New York Times, por exemplo, se alguém anda à procura da prova de que ser académico se tornou uma actividade ideológica e coerciva, disfarçada de erudição e de colegialidade, não precisa de ir mais longe. É só olhar para o caso de James H. Sweet, o presidente — eventualmente por pouco tempo mais — da AHA.

Isto que se passa nos Estados Unidos ocorre, também, em diferentes graus, noutros países, Portugal incluído. Daí que eu renove um apelo que fiz há cinco anos aos meus colegas historiadores para que resistam a esta pressão woke e ao discurso politicamente correcto. É, também, imprescindível que os historiadores não permitam que as suas vozes sejam silenciadas e substituídas, no espaço público, pelas de antropólogos, professores de literatura, jornalistas, escritores, políticos e diletantes sortidos, que por muitos méritos que certamente têm não possuem a familiaridade com o passado para falar dele com equilíbrio e rigoro conhecimento histórico é um saber específico que leva muitos anos a adquirir e que não se improvisa. Por tudo isso, é necessário que os que, situando-se fora do wokismo e do esquerdismo, se sentem cerceados ou condicionados na expressão das suas ideias e incomodados com o que se vai lendo e ouvindo a respeito do nosso passado como país, saiam do seu silêncio cautelar e venham às televisões e às páginas dos jornais defender o seu saber específico, e esclarecer o que estará a ser deformado ou mal contado. A liberdade e a verdade agradecem porque… e pur si muove!

HISTÓRIA   CULTURA   POLITICAMENTE CORRETO   SOCIEDADE

COMENTÁRIOS:

servus inutilis: começar a crónica com uma aldrabice é que não lembrava ao careca servus inutilis e sociólogos. não esquecer a raça dos sociólogos.          Francisco Lobo de Vasconcellos: Muito bem explicado....vivemos tempos estranhos, difíceis e rumo a uma nova idade das trevas!             Henrique Frazão > Francisco Lobo de Vasconcellos: Nem mais.          Carlos Chaves: Caríssimo João Pedro Marques, muito obrigado por este oportuníssimo alerta com o qual estou completamente de acordo. Este wokismo e cultura de cancelamento promovidas pelos fanáticos de esquerda, é uma estratégia muito bem planeada que visa a destruição da nossa sociedade tal como a conhecemos. Nós que não concordamos com estas aberrações/deturpações wokistas temos obrigação de fazer ouvir a nossa voz e ajudar se não mesmo condenar, os que sucumbem a esta inaceitável chantagem que vem de muitos lados incluindo o próprio poder politico. Tristão: Qualquer dia vão exigir-nos um pedido de desculpas pelos descobrimentos, já estivemos mais longe,  pelos menos o famoso Museu  dos Descobrimentos que era para ser edificado já ninguém fala dele, e parece, em sua substituição, a construção do Museu da Escravatura ganha cada vez mais adeptos, ou seja, a época mais gloriosa do nosso país está em vias de se transformar em algo similar ao holocausto judeu. Sim, precisamos de gente competente e corajosa que defenda a nossa história e consequentemente a nossa identidade nacional, evidentemente não ocultando as sombras que sempre existem na história de qualquer nação         Rui Teixeira: Todo o meu apoio - e de qualquer pessoa decente - na sua luta pela Verdade!           JP: Fala-se muito hoje em dia de Justiça, de repor a justiça. Mas a Justiça, a verdadeira, é apenas uma das 4 virtudes cardeais; a Coragem, a Prudência e a Temperança estão hoje esquecidas por muitos. Quando só se fala de justiça sem o temperamento das outras três virtudes, temos caminho aberto a movimentos totalitários, como o wokismo. O texto de James H. Sweet foi um momento de manifestação das quatro virtudes, mas ele perdeu a razão, assim como o respeito, e revelou fraqueza no momento em que pediu desculpa e se vergou perante a "woke mob" e o falso altar da "justiça social."            servus inutilis > JP: a coragem não é uma das quatro virtudes cardeais. decerto queria dizer fortaleza ou magnanimidade. por outro lado prudência é uma má tradução por sabedoria               Jose Luis Salema: Muito bem! É a luta contínua! Não os largue por favor...             Velha do Restelo: Bravo, mais uma vez!               Mario Areias: Parabéns pelo artigo e obrigado pelos esclarecimentos.           Antonio Sennfelt: Excelente! PS: Prevejo que o sr. Boaventura Sousa Santos, sumo-pontífice do "wokismo" nacional, não tardará em excomungar o Autor do presente artigo!              miguel cardoso: Capítulo 7 ( de tese que fiz em tempos)  O Julgamento de Galileu  (Nos dados que seguem recorremos a trabalho do Exmo.Senhor Dr. Carlos Pinto de Abreu saído na Revista da Ordem dos Advogados , nº 28, de Setembro/Outubro de 2003).  Em 1632... (Galileu publicava)...Dialogo sopra I due massimi sistemi del mondo, tolemaico e copernicano...cuja imparcialidade formal não enganava ninguém... Nesta altura, o Catolicismo travava uma batalha com o Protestantismo na Guerra dos Trinta Anos. Os Jesuítas declarariam que o novo livro seria mais prejudicial do que Lutero e Calvino conjuntamente. Mas Galileu tinha obtido o Imprimatur para publicação, pelo que não podia ser condenado simplesmente por isso. Foi neste ponto que a nota não assinada foi ‘encontrada’ nos arquivos do Vaticano. Urbano VII emitiu uma ordem para Galileu comparecer perante Vincenzo Maculano, Comissário-Geral da Congregação do Santo Ofício (a instituição estabelecida em 1532 como tribunal de última instância em matéria de heresia). A veemência de Urbano VII dever-se-á à caricaturação do mesmo nos Diálogos como um idiota ignorante, e ainda a vários outros factores. Em plena Guerra dos Trinta Anos, os aliados Habsburgo de Urbano VII confessavam-se insatisfeitos com a liderança da causa católica e falavam abertamente em removê-lo do papado. Por outro lado, o novo poder da imprensa e a limitação de poder de resposta a um livro escrito em italiano vernáculo colocavam a Igreja na defensiva. Finalmente, embora tal não se tenha referido no tribunal, poderá ter-se sentido a Igreja ameaçada pela teoria atomista da matéria de Galileu, a qual criava um desafio à doutrina da trans-substanciação e portanto ao sacramento da eucaristia. Por fim, Urbano VII encontrava-se pressionado para afirmar a sua autoridade. Depois de mais de uma sessão e várias peripécias a sentença aparecia:“...Nós, os cardeais da Santa Igreja Romana, pela graça de Deus, tendo sido nomeados inquisidores-gerais da Santa Fé Católica, verificámos que tu, Galileu, filho de Vicente Galilei, florentino, de 70 anos de idade, já no ano de 1613 foste denunciado a este tribunal do Santo Ofício, em virtude de considerares verdadeira a falsa doutrina de que o Sol é o centro do mundo; e de aceitares a ideia de que a Terra não está imóvel [...]. Tendo os teólogos e doutores considerado estas teorias absurdas e erróneas [...] e tendo nós constatado que, depois de teres sido advertido, publicaste em Florença um livro intitulado Diálogo dos Dois Sistemas do Mundo, de Ptolomeu  e de Copérnico, no qual continuas a defender as mesmas opiniões [...], declaramos-te, Galileu, fortemente suspeito de heresia. Deverás renegar publicamente as tuas teorias, contrárias aos ensinamentos da Igreja; e ordenamos que o referido Diálogo seja proibido e tu próprio aprisionado nos cárceres do Santo Ofício, ficando à nossa ordem." (Processo de Galileu)...” [...] Lida a sentença Galileu abjurou das suas convicções (...de joelhos perante a assistência...). Jurou nada mais, no futuro, dizer ou afirmar verbalmente ou por escrito, que pudesse dar azo a que mais alguma suspeição descesse sobre si, comprometendo-se ainda que, sabendo de algum herético ou pessoa suspeita de heresia, denunciá-la ao Santo Ofício ou ao Inquisidor do sítio onde estivesse. Ao contrário da lenda a Inquisição, quiçá por influência directa do papa Urbano VII nada mais exigiu de Galileu, pelo contrário deu-lhe alguma liberdade, e baniu-o temporariamente para a villa do Grande Duque da Toscana em Trinitá dei Monti onde cumpriu prisão domiciliária, casa onde já vivia, correspondendo de facto a sentença a indicar ao Réu que, com mais de 70 anos e no sec. XVII, vivesse na sua casa. Maior benignidade seria impossível. Paira no ar claramente a ideia de que a Igreja, com o seu braço jurídico da altura, sabia perfeitamente da realidade e até a aceitava. Mas por medo, ou prevendo com realismo, o que a alteração do conhecimento lhe traria, preferiu manter uma ficção para isso socorrendo-se de todo o aparato institucional que possuía, curiosamente contentando-se apenas em silenciar, sem realmente o molestar, a Galileu. Ao começar este trabalho com duas frases de um Homem marcante da História do Ocidente, não foi ele, nem os pensamentos indicados, escolhido(s) por acaso. Sozinho, Charles de Gaulle afrontou os poderes instituídos do seu País, após a derrota. Sozinho afrontou os Anglo-Saxões por toda a vida: durante a Guerra e já no fim do seu mandato, como Presidente, com o seu célebre grito de “Vive le Québec Libre” dito em terra que não sua/sua. Sozinho fez da França de uma potência derrotada, um dos Grandes com poder de veto nas Nações Unidas. Decidiu a independência energética da França em relação ao petróleo numa altura em que todos se curvavam. Afrontou tudo e todos seguro das suas convicções, seguro do seu amor à sua terra,  seguro de que batalhava por causas com futuro, seguro de que lutava pelo que ele chamava comovidamente, “Notre Dame, la France”. Creio que é um exemplo em que devemos meditar numa altura em que os poderes serpenteiam numa reverência incontida à opinião pública. Caso escolhamos o caminho da facilidade imediata, dos slogans da publicidade e da política corriqueira, aceitando o que não exige esforço, então nada mais nos restará senão ajoelharmos reverencialmente, rezar o Acto de Contrição e, ao sair diante dos aplausos hipócritas do público murmurar entre dentes num último ressalto de consciência e vergonha  “eppur si muove”.             Coronavirus corona >miguel cardoso: O pontificado do papa Urbano VII durou 12 dias, em setembro de 1590. O papa que refere foi Urbano VIII. Amicíssimo de Galileu, começou por lhe dar apoio para continuar a desenvolver a tese do padre Nicolau Copérnico. Havia muitos jesuítas a apoiar a teoria de Galileu. E essa foi uma das razões das guerras internas na igreja. Existiam muitas quezílias entre ordens. O principal opositor de Galileu foi o dinamarquês Tycho Brahe que não era católico. Outra curiosidade: os argumentos científicos apresentados por Galileu, sabemos hoje, estavam errados. Ele apontava as marés como prova da existência de movimento da Terra. E chegou a ironizar com o sacerdote Marcantonio de Dominis pelo seu trabalho no qual defendia que as marés resultavam da gravidade da Lua. No Diálogo ele chega a criticar Kepler, admirando-se que ele, "de engenho livre e agudo, e que tinha em mãos os movimentos atribuídos à Terra, tenha dado ouvidos e concordado com o predomínio da Lua sobre a água, e a propriedades ocultas, e infantilidades semelhantes". Hoje sabemos que as marés resultam mesmo dessa gravidade.              miguel cardoso > Coronavirus corona: Agradeço imenso as correcções . Os meus erros, que indica, resultaram certamente de um estudo não tão aprofundado como devia. Por outro lado o que acrescenta creio que não desdiz, antes reforça, a ideia geral do  meu texto              Coronavirus corona >  miguel cardoso: Sim, claro que reforça. A ideia não era contradizer.            João Florian:  Excelente e brilhante. Totalmente ao lado de João Pedro Marques no que respeita ao apelo aos historiadores e jornalistas portugueses, Não temos controle sobre as sandices dos wokes americanos que agora nos querem convencer que os Pilgrim fathers não eram puritanos europeus em busca de liberdade política e religiosa mas escravos da África ocidental em busca de paragens mais frescas do que o sol abrasador africano. Cá por casa podemos ainda fazer alguma coisa e pelo menos não ter medo de protestar e denunciar os delírios dos nossos wokes domésticos. Uma coisa não muda: a verdade é como o azeite e vem sempre ao de cima. mais tarde ou mais cedo, e eu espero que com brevidade, o azeite vai vir ao de cima e separar-se de todas as impurezas com que agora o pretendem misturar.            manuel soares Martins > João Floriano: Não confie muito… Se os que respeitam a história na sua complexidade não fizerem nada, não combaterem como o articulista...o azeite irá  cada vez mais ao fundo.                 Manuel Lorena: Mais um artigo excelente do Doutor Pedro Marques.               Ark NabuL Mais uma espinha dobrada, mais uma vitória da "nova verdade". Ao que parece, a revolução cultural de Mao não ensinou absolutamente nada. Otilia Carvalho:  Olá Pedro Marques gostei bastante do artigo           bento guerra:  A verdade incomoda aqueles que sabem que mentem. Aplica-se à escravatura, à antiga, que aquela que actualmente atravessa o Mediterrâneo, ninguém investiga             Henrique Monteiro:  Muito bem! Continue a pugnar pela História, não pela que se quer ver pelos olhos de hoje, tantas vezes enviesados, mas pelos factos.            José Pinto de Sá:  O autor é também romancista histórico, com notável rigor. Num dos seus romances, "Uma fazenda em África", descreve esse reino do Daomé e tem até por personagem importante uma amazona do reino. No livro surge também um ocidental sediado, grande traficante de escravos, que corresponde à figura do brasileiro Francisco Félix de Sousa, um mulato que conseguiu a representação exclusiva do rei do Daomé e se tornou um dos homens mais ricos de África. Teve mais de cem filhos e quando da sua morte mereceu a suprema honra de ter sacrifícios humanos, hábito africano reservado geralmente às figuras reais!                José Pinto de Sá José Pinto de Sá: Os sacrifícios humanos dedicados a defuntos advinham da crença de que as hierarquias sociais se mantinham depois da morte. Por conseguinte, as pessoas importantes continuavam a precisar de escravos depois de mortas, e era conveniente mandar-lhos regularmente (para o outro mundo), de modo a mantê-los satisfeitos.             António de Mendonça:  De facto, hoje em dia, há que ser corajoso para manter uma posição coerente, quando se discutem assuntos que põem em causa a corrente esquerdista dominante de reescrever a história. Felizmente ainda não chegámos ao ponto de alguns outros países, mas temos que nos preparar para isso, que a verdade seja substituída pelo militantismo de causas e a história reescrita por quem dela nada estudou.         Maria Nunes:  Muito bem. A verdade histórica acima de tudo. Parabéns.              Américo Silva: Tem muita razão, era bom que fosse só na história, na Geografia é igual, tal como noutras disciplinas, até um manual escolar belga faz publicidade a Rajae Maouane ecologista e feminista. Não tardará que a ciência-verdade passe a calandestina e cultivada às escondidas.              Maria Clotilde Osório: Muito bom. E verdadeiro. A ditadura que nos querem impor ao formatar o pensamento. O meu, é livre. E tenta ser fundamentado.                    Maria Augusta Martins: Eu julgava que Woke era uma espécie de panela ou tacho. Que servisse para cozinhar brancos é que desconhecia.           Vitor Batista > Maria Augusta Martins "Wok" Tipo tacho-panela onde misturam brancos com pretos.             JP  > Vitor Batista: Pois, o wok junta, o woke separa 🤣             Maria Augusta Martins >  Vitor Batista Bem me queria parecer. É a modos como uma feijoada brasileira combinada com tripas á moda do Porto, Grande petisco, tem tudo para ser bom!           Filipe Ramos: Manipulação da história pelo movimento Woke, ajustada ao politicamente correcto da esquerda é quase epidémica. Também é epidémica a manipulação da história por revisionistas saudosos de um passado que nunca existiu, ignorando para isso, academia, investigadores e historiadores. O livro “Factos Escondidos da História de Portugal” de José Gomes Ferreira é exemplar nos disparates históricos que nada têm a ver com factos documentados e analisados durante décadas por historiadores. Emoção e sentimentalismo histórico vendem bastante bem nos dias de guerras culturais actuais.          Meio Vazio Uma voz a bradar no deserto...                 Rui Lima: Parabéns por ser um dos poucos que luta  contra o novo terror. Há poucos combatentes  por medo ou demissão. Sim, os hereges hoje  não vão para a fogueira mas vêem a suas carreiras destruídas.  A política woke será mais destruidora para o Ocidente que um conflito com a Rússia ou a China, a prazo a nossa civilização está condenada.

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