Do historiador João Pedro Marques, sobre o
branqueamento histórico que a má fé e o servilismo woke dos nossos dias faz
gala em produzir, amedrontadamente - mais do que por afecto anti racista - no
avassalamento dos continentes maioritariamente brancos pelos invasores
imigrantes de outras raças mais escuras e mais reprodutoras… O passado
esvair-se-á, como os povos a que ele pertenceu, como acontecera com as
civilizações grega e latina. paulatinamente submersas sob o choque invasor de outros
povos, criando as dinâmicas próprias… Não será para já, se as personagens a que
se faz apelo no texto de JPM decidirem
ponderar e agir, sem ser só através do aviso escrito. Mas a cobardia de uns,
aliada à esperteza e cinismo de outros – os do mando – impede que os sorrisos
de hoje sejam francos como os de
outrora, a retratação que se atribui a DANTE e que é tema do texto “E PUR SI
MUOVE” venha apenas lembrada nos registos escritos, amantes que somos de
sossego e paz.
E pur si muove!
É fundamental que os historiadores não
permitam que as suas vozes sejam silenciadas e substituídas, no espaço público,
pelas de antropólogos, jornalistas, escritores, políticos e diletantes
sortidos.
JOÃO PEDRO MARQUES
Historiador e romancista
OBSERVADOR, 08 set 2022, 00:1837
O episódio, verdadeiro ou falso, é
sobejamente conhecido: perante o tribunal do Santo Oficio, onde era julgado por
heresia, Galileu negou a sua teoria heliocêntrica e afirmou que a Terra estava
imóvel no centro do universo; fê-lo para salvar a vida, mas, no momento em que
se retratou, terá murmurado “e pur si muove!”, certo de que o contrário
acontecia e de que era a Terra que girava em torno do sol.
Sinto
que, nos tempos que correm, há entre os historiadores vários Galileus que,
face à pressão do politicamente correcto, dão o seu aval a falsidades já não
tanto para salvarem as vidas, mas para preservarem as carreiras — e, talvez, também, a paz na sala de aula, se forem
docentes. Estou certo
de que muitos desses historiadores murmurarão entre dentes o equivalente
contemporâneo do e pur si muove pois estão perfeitamente
cientes de que a verdade
— e a meta da História é a verdade — é
muito diferente daquilo que a cultura woke, dentro e fora das
universidades, nos quer impingir.
As
vicissitudes de alguns desses Galileus contemporâneos são do domínio público. As mais
recentes e esclarecedoras — e estarrecedoras, diga-se — são as de James
H. Sweet, professor na
Universidade de Wisconsin e presidente da prestigiada American Historical
Association (AHA). Sweet publicou no passado dia 17 de Agosto, na newsmagazine da
AHA, um texto intitulado Is
History History? onde
deixou uma série de interrogações sobre os actuais rumos da disciplina. Esse texto
lança aos seus leitores questões importantes, nomeadamente a de saber se aquilo
que muitos historiadores actualmente fazem é verdadeiramente História ou
simplesmente acção política; conta alguns episódios demonstrativos de como nos
Estados Unidos e em África se está a deformar e a falsear a história da
escravatura; e critica o “presentismo”, isto é, a tendência para avaliar e condenar o passado à luz das preocupações
sociais e das categorias morais do presente (tendência que tem vindo o
corroer a História, como campo do saber, e contra a qual eu me insurjo há
muito tempo).
A reacção dos colegas e leitores de
esquerda ao artigo de James
Sweet foi ruidosa e irada, a tal ponto que houve quem
exigisse a sua demissão. Dois dias
depois, a 19 de Agosto, admitindo que o seu artigo tinha causado “cólera e
consternação entre muitos dos colegas e membros da AHA”, Sweet sentiu-se na
compungida obrigação de fazer preceder esse seu texto de um acto de contrição,
isto é, de uma nota em que pediu desculpa por
ter causado dano à disciplina, à AHA e haver ofendido muita gente, nomeadamente
colegas e amigos negros que se zangaram com ele. Assumiu que tinha sido desastrado,
pouco atento às memórias e aos sentimentos das pessoas, e prometeu redimir-se
em futuras conversas com os colegas ofendidos.
Ora,
o que havia Sweet escrito, dois dias antes, para incomodar a esse ponto os
colegas, nomeadamente os negros? Fundamentalmente duas coisas:
Contou que numa viagem ao Gana e à
pequena cidade de Elmina (a antiga Mina dos
portugueses) encontrou um grupo de
afro-americanos, daqueles que ultimamente vão em romagem a esse local para
homenagear os antepassados escravizados. Essas pessoas traziam consigo um
exemplar do livro The 1619
Project — e já veremos adiante o que isso é e o que
significa. Sweet referiu
que esses visitantes ignoram que, de Elmina, terão
embarcado poucos escravos para a América do Norte — menos de 1% do total, segundo
o autor —, tal como ignoram que os escravizados que chegavam a esse ponto da
costa de África eram para aí levados por outros africanos que promoviam o
tráfico transatlântico de escravos de forma tão gananciosa e cruel como os
negreiros ocidentais com quem negociavam. Os
visitantes afro-americanos de Elmina ignoram tudo isso e continuarão
provavelmente a ignorá-lo, admitiu Sweet, porque o guia turístico que orientou
a visita lhes disse que os antigos chefes africanos entregavam os seus
“criados” (não usou o termo “escravos”) aos europeus sem saberem qual iria ser
o seu destino; e também não fez referência às guerras em África, como forma de
obtenção desses supostos “criados”, nem à escravidão intra-africana. De
forma similar, notou Sweet, o filme The
Woman King (a
estrear em breve), sugere que o rei Ghezo e as amazonas (mulheres-soldado)
do Daomé lutavam contra o tráfico de escravos dos europeus quando a
verdade é precisamente oposta: o reino do Daomé promovia esse tráfico. É claro que os realizadores de cinema ou os guias
turisticos não têm de respeitar a metodologia e o rigor históricos, mas como
especialista em história de África e da escravatura, James
Sweet confessou-se preocupado com os apagamentos que estas
narrativas promovem, em especial quando eles transbordam, também, para os
livros de história e para o seu ensino.
E,
a esse propósito, apontou o dedo a um livro que é um best seller nos
Estados Unidos: The
1619 Project: A New Origin Story, um projecto lançado pelo New York Times que
põe os negros e a sua escravatura no centro, no âmago, da história
norte-americana, que nele é vista como decorrendo dessa escravatura. E o livro a tal ponto o faz que considera 1619, o
ano em que chegaram os primeiros escravos negros à Vírginia, como data
fundacional dos Estados Unidos, e não a sua declaração de independência, em
1776. Sweet
acusou o livro de olhar para o passado
com os valores e categorias morais do presente e de, por exemplo, classificar negativamente os presidentes Washington e
Jefferson como “proprietários de campos de trabalhos forçados”. E eu acrescento, a propósito, que The 1619
Project equipara Lincoln a um supremacista branco e que é basicamente a
narrativa negra e woke da história dos Estados Unidos (o que explica o acolhimento entusiástico que esses
sectores da sociedade americana lhe deram; Kamala Harris,
por exemplo, elogiou essa narrativa como sendo a reposição da “verdade”).
O livro é tão enviezado que vai ao ponto de considerar
que uma das principais razões que levou os norte-americanos a tornarem-se
independentes da Grã-Bretanha foi a vontade de conservarem a escravidão, o que
é um absurdo por várias razões de que destaco a seguinte: em 1775, quando as
colónias norte-americanas iniciaram a guerra com a metrópole, ainda não havia
um movimento abolicionista britânico nem se antevia que o parlamento, em
Londres, viesse a abolir a escravidão (coisa que só aconteceria 58 anos
depois). The
1619 Project foi alvo
de bem fundamentadas críticas de alguns — poucos —
historiadores, críticas que lhe apontaram diversas ficções e erros de
interpretação e de facto, mas essas
objecções e reparos, paradoxalmente, parecem ter legitimado a obra aos olhos do
grande público. Talvez por
isso, notou Sweet, há muito
quem pretenda (ou já esteja a) fazer do The 1619 Project o molde para
o ensino da história nacional a nível do secundário — aqui em
Portugal há pretensões equiparáveis que já por diversas vezes critiquei —,
o que é muito inquietante porque, como o autor sublinhou, não se trata de um
livro de história. Eu possuo o livro e posso confirmá-lo: é composto, para além do prefácio, por
18 ensaios, 25 poemas e 11 textos ficcionais. Foi
escrito por jornalistas, cineastas, poetas, prosadores, advogados,
sociólogos e apenas seis historiadores, e recria, ilustra e enaltece aqueles
que os autores da obra julgam terem sido momentos marcantes de opressão, luta e
resistência das populações negras à injustiça e sofrimento a que foram sujeitas. Não é uma análise das ideias das pessoas no seu
próprio tempo, nem uma descrição de processos de mudança ao longo de décadas ou
séculos. Ou seja, como escreveu Sweet noutro contexto, não é
história, é, em boa parte, diletantismo.
Em
suma, o presidente da AHA fez observações razoáveis e disse verdades
incontestáveis. Abordou,
também, outras coisas importantes, coisas que a reacção ao seu texto e o
subsequente pedido de desculpas agora sepultaram bem fundo porque, nesta
cultura de cancelamento em que vivemos, quando se pede desculpa admite-se uma
culpa. Ora, culpa de
quê? De ter uma opinião? De dizer a verdade? É, por isso, lamentável e muito
preocupante que Sweet tenha cedido à pressão dos seus colegas e
detratores (mesmo que, ao fazê-lo, tenha murmurado, entre dentes, e pur si
muove!).
O seu caso teve repercussão nos
Estados Unidos onde houve felizmente gente que, ao questionar e criticar a
infeliz retratação de Sweet, soube apontar o dedo ao antro inquisitorial em que
a academia se tornou. Como diz o colunista do New York Times,
por exemplo, se alguém anda à procura da prova de que ser académico
se tornou uma actividade ideológica e coerciva, disfarçada de erudição e de
colegialidade, não precisa de ir mais longe. É só olhar para o caso de James H.
Sweet, o presidente — eventualmente por pouco tempo mais — da AHA.
Isto
que se passa nos Estados Unidos ocorre, também, em diferentes graus, noutros
países, Portugal incluído. Daí que eu renove um apelo que fiz há cinco
anos aos meus colegas historiadores para que resistam a esta
pressão woke e ao discurso politicamente correcto. É, também, imprescindível que os historiadores não
permitam que as suas vozes sejam silenciadas e substituídas, no espaço público,
pelas de antropólogos, professores de literatura, jornalistas, escritores,
políticos e diletantes sortidos, que por muitos méritos que certamente têm não
possuem a familiaridade com o passado para falar dele com equilíbrio e rigor
— o conhecimento histórico é um saber
específico que leva muitos anos a adquirir e que não se improvisa. Por tudo isso, é necessário que os que, situando-se
fora do wokismo e do esquerdismo, se sentem cerceados ou condicionados na
expressão das suas ideias e incomodados com o que se vai lendo e ouvindo a
respeito do nosso passado como país, saiam do seu silêncio cautelar e venham às
televisões e às páginas dos jornais defender o seu saber específico, e
esclarecer o que estará a ser deformado ou mal contado. A liberdade e a verdade
agradecem porque… e pur si muove!
HISTÓRIA CULTURA POLITICAMENTE
CORRETO SOCIEDADE
COMENTÁRIOS:
servus inutilis: começar a crónica com uma aldrabice é que não lembrava ao careca
servus inutilis e
sociólogos. não esquecer a raça dos sociólogos. Francisco Lobo de Vasconcellos: Muito bem
explicado....vivemos tempos estranhos, difíceis e rumo a uma nova idade das
trevas! Henrique
Frazão > Francisco Lobo de
Vasconcellos: Nem mais.
Carlos Chaves: Caríssimo João Pedro Marques, muito obrigado por este oportuníssimo
alerta com o qual estou completamente de acordo. Este wokismo e cultura de
cancelamento promovidas pelos fanáticos de esquerda, é uma estratégia muito bem
planeada que visa a destruição da nossa sociedade tal como a conhecemos. Nós
que não concordamos com estas aberrações/deturpações wokistas temos obrigação
de fazer ouvir a nossa voz e ajudar se não mesmo condenar, os que sucumbem a
esta inaceitável chantagem que vem de muitos lados incluindo o próprio poder
politico. Tristão: Qualquer dia vão exigir-nos um pedido de desculpas
pelos descobrimentos, já estivemos mais longe, pelos menos o famoso Museu
dos Descobrimentos que era para ser edificado já ninguém fala dele, e
parece, em sua substituição, a construção do Museu da Escravatura ganha cada
vez mais adeptos, ou seja, a época mais gloriosa do nosso país está em vias de
se transformar em algo similar ao holocausto judeu. Sim, precisamos de gente
competente e corajosa que defenda a nossa história e consequentemente a nossa
identidade nacional, evidentemente não ocultando as sombras que sempre existem
na história de qualquer nação.
Rui Teixeira: Todo o meu apoio - e de qualquer pessoa decente - na sua luta pela
Verdade! JP: Fala-se muito hoje em dia
de Justiça, de repor a justiça. Mas a Justiça, a verdadeira, é apenas uma das 4
virtudes cardeais; a Coragem, a Prudência e a Temperança estão hoje esquecidas
por muitos. Quando só se fala de justiça sem o temperamento das outras três
virtudes, temos caminho aberto a movimentos totalitários, como o wokismo. O
texto de James H. Sweet foi um momento de manifestação das quatro virtudes, mas
ele perdeu a razão, assim como o respeito, e revelou fraqueza no momento em que
pediu desculpa e se vergou perante a "woke mob" e o falso altar da
"justiça social." servus inutilis > JP: a coragem não é uma das quatro
virtudes cardeais. decerto queria dizer fortaleza ou magnanimidade. por outro
lado prudência é uma má tradução por sabedoria Jose Luis Salema: Muito bem! É a luta contínua! Não
os largue por favor... Velha
do Restelo: Bravo, mais uma
vez! Mario
Areias: Parabéns pelo
artigo e obrigado pelos esclarecimentos. Antonio Sennfelt: Excelente! PS: Prevejo que o
sr. Boaventura Sousa Santos, sumo-pontífice do "wokismo" nacional,
não tardará em excomungar o Autor do presente artigo! miguel cardoso:
Capítulo 7 ( de
tese que fiz em tempos) O Julgamento de Galileu
(Nos dados que seguem recorremos a
trabalho do Exmo.Senhor Dr. Carlos Pinto de Abreu saído na Revista da Ordem dos
Advogados , nº 28, de Setembro/Outubro de 2003). Em 1632... (Galileu
publicava)...Dialogo sopra I due massimi sistemi del
mondo, tolemaico e copernicano...cuja imparcialidade formal não
enganava ninguém... Nesta altura, o Catolicismo travava uma batalha com
o Protestantismo na Guerra dos Trinta Anos. Os Jesuítas declarariam que
o novo livro seria mais prejudicial do que Lutero e Calvino conjuntamente. Mas
Galileu tinha obtido o Imprimatur para
publicação, pelo que não podia ser condenado simplesmente por isso. Foi
neste ponto que a nota não assinada foi ‘encontrada’ nos arquivos do Vaticano.
Urbano VII emitiu uma ordem para Galileu comparecer perante Vincenzo Maculano,
Comissário-Geral da Congregação do Santo Ofício (a instituição estabelecida em
1532 como tribunal de última instância em matéria de heresia). A veemência de
Urbano VII dever-se-á à caricaturação do mesmo nos Diálogos como um idiota
ignorante, e ainda a vários outros factores. Em plena Guerra dos Trinta
Anos, os aliados Habsburgo de Urbano VII confessavam-se insatisfeitos com a
liderança da causa católica e falavam abertamente em removê-lo do papado.
Por outro lado, o novo poder da imprensa e a limitação de poder de resposta
a um livro escrito em italiano vernáculo colocavam a Igreja na defensiva. Finalmente,
embora tal não se tenha referido no tribunal, poderá ter-se sentido a Igreja
ameaçada pela teoria atomista da matéria de Galileu, a qual criava um desafio à
doutrina da trans-substanciação e portanto ao sacramento da eucaristia. Por
fim, Urbano VII encontrava-se pressionado para afirmar a sua autoridade. Depois
de mais de uma sessão e várias peripécias a sentença aparecia:“...Nós, os cardeais da Santa Igreja
Romana, pela graça de Deus, tendo sido nomeados inquisidores-gerais da Santa Fé
Católica, verificámos que tu, Galileu, filho de Vicente Galilei, florentino, de
70 anos de idade, já no ano de 1613 foste denunciado a este tribunal do Santo Ofício,
em virtude de considerares verdadeira a falsa doutrina de que o Sol é o centro
do mundo; e de aceitares a ideia de que a Terra não está imóvel [...]. Tendo os teólogos e doutores
considerado estas teorias absurdas e erróneas [...] e tendo nós constatado que,
depois de teres sido advertido, publicaste em Florença um livro intitulado
Diálogo dos Dois Sistemas do Mundo, de Ptolomeu e de Copérnico, no qual
continuas a defender as mesmas opiniões [...], declaramos-te, Galileu,
fortemente suspeito de heresia. Deverás renegar publicamente as tuas
teorias, contrárias aos ensinamentos da Igreja; e ordenamos que o referido
Diálogo seja proibido e tu próprio aprisionado nos cárceres do Santo Ofício,
ficando à nossa ordem." (Processo de Galileu)...” [...] Lida
a sentença Galileu abjurou das suas convicções (...de joelhos perante a
assistência...). Jurou nada mais, no futuro, dizer ou afirmar verbalmente ou
por escrito, que pudesse dar azo a que mais alguma suspeição descesse sobre si,
comprometendo-se ainda que, sabendo de algum herético ou pessoa suspeita de
heresia, denunciá-la ao Santo Ofício ou ao Inquisidor do sítio onde estivesse.
Ao contrário da lenda a Inquisição, quiçá por influência directa do papa
Urbano VII nada mais exigiu de Galileu, pelo contrário deu-lhe alguma
liberdade, e baniu-o temporariamente para a villa do Grande Duque da Toscana em
Trinitá dei Monti onde cumpriu prisão domiciliária, casa onde já vivia,
correspondendo de facto a sentença a indicar ao Réu que, com mais de 70 anos e
no sec. XVII, vivesse na sua casa. Maior benignidade seria impossível. Paira
no ar claramente a ideia de que a Igreja, com
o seu braço jurídico da altura, sabia perfeitamente da realidade e até a
aceitava. Mas por medo, ou prevendo com realismo, o que a alteração do
conhecimento lhe traria, preferiu manter uma ficção para isso socorrendo-se de
todo o aparato institucional que possuía, curiosamente contentando-se apenas em
silenciar, sem realmente o molestar, a Galileu. Ao começar este trabalho
com duas frases de um Homem marcante da História do Ocidente, não foi ele, nem
os pensamentos indicados, escolhido(s) por acaso. Sozinho,
Charles de Gaulle afrontou os poderes
instituídos do seu País, após a derrota. Sozinho afrontou os Anglo-Saxões por
toda a vida: durante a Guerra e já no fim do seu mandato, como Presidente, com
o seu célebre grito de “Vive le Québec Libre” dito em terra que não sua/sua.
Sozinho fez da França de uma potência derrotada, um dos Grandes com poder de
veto nas Nações Unidas. Decidiu a independência energética da França em relação
ao petróleo numa altura em que todos se curvavam. Afrontou tudo e todos seguro
das suas convicções, seguro do seu amor à sua terra, seguro de que
batalhava por causas com futuro, seguro de que lutava pelo que ele chamava
comovidamente, “Notre Dame, la France”. Creio que é um exemplo em que
devemos meditar numa altura em que os poderes serpenteiam numa reverência
incontida à opinião pública. Caso escolhamos o caminho da facilidade imediata,
dos slogans da publicidade e da política corriqueira, aceitando o que não exige
esforço, então nada mais nos restará senão ajoelharmos reverencialmente, rezar
o Acto de Contrição e, ao sair diante dos aplausos hipócritas do público
murmurar entre dentes num último ressalto de consciência e vergonha
“eppur si muove”. Coronavirus
corona >miguel cardoso: O pontificado do papa Urbano
VII durou 12 dias, em setembro de 1590. O papa que refere foi Urbano VIII.
Amicíssimo de Galileu, começou por lhe dar apoio para continuar a desenvolver a
tese do padre Nicolau Copérnico. Havia muitos jesuítas a apoiar a teoria de
Galileu. E essa foi uma das razões das guerras internas na igreja. Existiam
muitas quezílias entre ordens. O principal opositor de Galileu foi
o dinamarquês Tycho Brahe que não era católico. Outra curiosidade:
os argumentos científicos apresentados por Galileu, sabemos hoje, estavam
errados. Ele apontava as marés como prova da existência de movimento da Terra.
E chegou a ironizar com o sacerdote Marcantonio de Dominis pelo seu trabalho no
qual defendia que as marés resultavam da gravidade da Lua. No Diálogo
ele chega a criticar Kepler, admirando-se que ele, "de engenho livre e
agudo, e que tinha em mãos os movimentos atribuídos à Terra, tenha dado ouvidos
e concordado com o predomínio da Lua sobre a água, e a propriedades ocultas, e
infantilidades semelhantes". Hoje sabemos que as marés resultam mesmo
dessa gravidade. miguel
cardoso > Coronavirus corona: Agradeço imenso as correcções
. Os meus erros, que indica, resultaram certamente de um estudo não tão
aprofundado como devia. Por outro lado o que acrescenta creio que não desdiz,
antes reforça, a ideia geral do meu texto Coronavirus corona > miguel cardoso: Sim, claro que reforça. A
ideia não era contradizer.
João Florian: Excelente e brilhante.
Totalmente ao lado de João Pedro Marques no que respeita ao apelo aos
historiadores e jornalistas portugueses, Não temos controle sobre as sandices
dos wokes americanos que agora nos querem convencer que os Pilgrim fathers não
eram puritanos europeus em busca de liberdade política e religiosa mas escravos
da África ocidental em busca de paragens mais frescas do que o sol abrasador
africano. Cá por casa podemos ainda fazer alguma coisa e pelo menos não ter medo
de protestar e denunciar os delírios dos nossos wokes domésticos. Uma coisa não
muda: a verdade é como o azeite e vem sempre ao de cima. mais tarde ou mais
cedo, e eu espero que com brevidade, o azeite vai vir ao de cima e separar-se
de todas as impurezas com que agora o pretendem misturar. manuel soares Martins
> João Floriano: Não confie muito… Se os que
respeitam a história na sua complexidade não fizerem nada, não combaterem como
o articulista...o azeite irá cada vez mais ao fundo. Manuel Lorena: Mais um artigo excelente do Doutor
Pedro Marques. Ark NabuL Mais uma espinha dobrada, mais uma vitória da
"nova verdade". Ao que parece, a revolução cultural de Mao não
ensinou absolutamente nada. Otilia Carvalho: Olá Pedro Marques gostei bastante do artigo bento guerra: A verdade incomoda aqueles que sabem que mentem. Aplica-se
à escravatura, à antiga, que aquela que actualmente atravessa o Mediterrâneo, ninguém
investiga Henrique
Monteiro: Muito bem! Continue a pugnar pela História,
não pela que se quer ver pelos olhos de hoje, tantas vezes enviesados, mas
pelos factos. José
Pinto de Sá: O autor é também romancista
histórico, com notável rigor. Num dos seus romances, "Uma fazenda em
África", descreve esse reino do Daomé e tem até por personagem importante
uma amazona do reino. No livro surge também um ocidental sediado, grande
traficante de escravos, que corresponde à figura do brasileiro Francisco Félix
de Sousa, um mulato que conseguiu a representação exclusiva do rei do Daomé e
se tornou um dos homens mais ricos de África. Teve mais de cem filhos e quando
da sua morte mereceu a suprema honra de ter sacrifícios humanos, hábito
africano reservado geralmente às figuras reais! José
Pinto de Sá José Pinto de Sá: Os sacrifícios humanos
dedicados a defuntos advinham da crença de que as hierarquias sociais se
mantinham depois da morte. Por conseguinte, as pessoas importantes continuavam
a precisar de escravos depois de mortas, e era conveniente mandar-lhos
regularmente (para o outro mundo), de modo a mantê-los satisfeitos. António de Mendonça: De facto, hoje em dia, há que ser corajoso
para manter uma posição coerente, quando se discutem assuntos que põem em causa
a corrente esquerdista dominante de reescrever a história. Felizmente ainda não
chegámos ao ponto de alguns outros países, mas temos que nos preparar para isso, que a verdade
seja substituída pelo militantismo de causas e a história reescrita por quem
dela nada estudou. Maria Nunes: Muito bem. A verdade histórica acima de tudo.
Parabéns. Américo
Silva: Tem muita razão,
era bom que fosse só na história, na Geografia é igual, tal como noutras
disciplinas, até um manual escolar belga faz publicidade a Rajae Maouane
ecologista e feminista. Não tardará que a ciência-verdade passe a
calandestina e cultivada às escondidas. Maria Clotilde
Osório: Muito bom. E
verdadeiro. A ditadura que nos querem impor ao formatar o pensamento. O meu, é
livre. E tenta ser fundamentado. Maria Augusta
Martins: Eu julgava que Woke era uma espécie de panela ou
tacho. Que servisse para cozinhar brancos é que desconhecia. Vitor Batista > Maria Augusta Martins "Wok" Tipo
tacho-panela onde misturam brancos com pretos. JP > Vitor Batista: Pois, o wok junta, o woke
separa 🤣
Maria Augusta Martins > Vitor Batista Bem me queria parecer. É a
modos como uma feijoada brasileira combinada com tripas á moda do Porto, Grande petisco, tem tudo para
ser bom! Filipe
Ramos: Manipulação da
história pelo movimento Woke, ajustada ao politicamente correcto da esquerda é
quase epidémica. Também é epidémica a manipulação da história por
revisionistas saudosos de um passado que nunca existiu, ignorando para isso,
academia, investigadores e historiadores. O livro “Factos Escondidos da
História de Portugal” de José Gomes Ferreira é exemplar nos disparates
históricos que nada têm a ver com factos documentados e analisados durante
décadas por historiadores. Emoção e sentimentalismo histórico vendem bastante
bem nos dias de guerras culturais actuais. Meio Vazio Uma voz a bradar no deserto... Rui Lima:
Parabéns por
ser um dos poucos que luta contra o novo terror. Há poucos combatentes
por medo ou demissão. Sim, os hereges hoje não vão para a fogueira
mas vêem a suas carreiras destruídas. A política woke será mais
destruidora para o Ocidente que um conflito com a Rússia ou a China, a prazo a
nossa civilização está condenada.
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