Felizmente existe uma ONU para
detectar e condenar as perversões que vão por esse mundo de tanta perversão
escondida, sob a aparência, muitas vezes, da séria virtude… Mas porquê só a 10
minutos do fim do seu mandato? Política do lava-mãos? Do passa-esforços?
Tortura, "crimes contra a
Humanidade" e "violações dos Direitos Humanos": ONU publica
relatório sobre Xinjiang (apesar de China não querer)
"Alegados padrões de
tortura", "violações dos Direitos Humanos" e "tratamentos
forçados". A ONU revelou um relatório sobre os campos de reeducação — e
pede "atenção urgente" aos outros países.
OBSERVADOR, 01 set 2022, 00:06
▲As
políticas levadas a cabo pela China em Xinjiang "transcenderam fronteiras,
separando famílias, causando particular sofrimentos às famílias de minorias
muçulmanas" Getty Images
Foi
a 10 minutos de terminar o mandato que a alta comissária da Organização das
Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, publicou, esta
quarta-feira, o relatório sobre o sucedido nas províncias de Xinjiang, na
China, no que diz respeito aos “campos de reeducação” a que as minorais
muçulmanas foram sujeitas. E as
conclusões foram claras. O regime de Pequim, que tentou impedir a publicação do
documento, cometeu “sérias violações dos Direitos Humanos”.
De
acordo com o relatório, a implementação de “padrões
de restrições” por parte da China é “caracterizada por um
componente discriminatório, dado que os actos subjacentes muitas vezes afectam
directa ou indirectamente as comunidades uigures e outras comunidades
predominantemente muçulmanas”.
A
abordagem discriminatória, baseada numa estratégia de contraterrorismo,
levou, na prática, “à privação em larga escala da liberdade de uigures e outras
comunidades muçulmanas”. O
relatório diz mesmo que as “alegações de padrões de tortura”,
incluindo “tratamento forçado médico ou condições adversas de detenção”, são
“credíveis”.
Para
além disso, o documento refere que a “extensão da detenção arbitrária e
discriminatória de membros de uigures e outros grupos predominantemente
muçulmanos, no contexto de restrições e privação geral dos direitos
fundamentais usufruídos individual e colectivamente, podem constituir crimes
internacionais, em particular crimes contra a humanidade”.
As políticas levadas a cabo pela
China na região “transcenderam fronteiras, separando famílias, causando
particular sofrimentos às famílias de minorias muçulmanas”, algo que foi
“exacerbado” pelos “padrões de intimidações e ameaças contra membros da
comunidade da diáspora que falaram publicamente das experiências em Xinjiang”.
Tendo em conta o descrito, a situação dos Direitos
Humanos “requer atenção urgente” e deve ser endereçada pelo governo
chinês, “as Nações Unidas e outros órgãos intergovernamentais”, assim como por
parte da comunidade internacional. Pequim deve, segundo o relatório, “tomar
passos adequados para libertar todos os indivíduos privados da sua liberdade em
Xinjiang”.
Pequim
deve também investigar as alegações das violações de Direitos Humanos e deve
“implementar” observações do “Comité da ONU contra a Tortura” e do “Comité da
ONU para a Eliminação da Discriminação Racial”, estabelecendo um “mecanismo
independente” para “assegurar uma investigação efectiva e imparcial das
alegações de tortura”.
À
comunidade internacional, o relatório também deixa algumas recomendações. As
empresas internacionais com negócios na China devem “tomar todas as medidas”
para “respeitarem os Direitos Humanos” — e não colaborar com acções que visem
privar a liberdade das minorias muçulmanas.
Além disso, os países devem “evitar permitir” que membros da
comunidade uigures regressem à China. O relatório aconselha também a “prestar
assistência humanitária” às pessoas que foram vítimas do sistema de repressão
chinês.
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