De reclamação, corajosa e pertinente. Venham
mais jovens como Eugénia de Vasconcellos, para outra imagem de um país sempre
envolto num “Nevoeiro” apelativo de “mudança”, mas de antemão reconhecendo-se que o nevoeiro se não dissipará - por
conveniência de todos nós, afinal, cada um no seu cantinho, contentando-nos com
as sopas e o descanso e as orações, para o pão nosso de cada dia… que António
Costa instituiu como “bazuca” sine qua
non.
Muda-se o ser, muda-se a confiança
Costa é o «melhor político da sua
geração»? Que fez este político de excepção? O que é ser um político? É jogar
um jogo territorial e predatório de alianças e traições em nome da manutenção
do poder?
EUGÉNIA DE VASCONCELLOS Poeta, ensaísta,
escritora
OBSERVADOR, 02 set 2022, 00:1812
A
minha querida amiga Ângela
Vila-Real deu a sua
Última Lição este ano, no ISPA, porém continua a sua clínica como psicanalista
e o seu minucioso trabalho de relojoaria fina. Há algum tempo, no pequeno grupo
que temos no WhatsApp, enviou-me uma mensagem, uma nota de cuidado e
preocupação a propósito de um texto que eu havia escrito, das «missivas de ódio» que todos recebemos, do risco que
corremos, ela própria também, sobretudo desde que trabalha com a população
LGBT+. Risco minor, no entanto. Tem de ser. Não se
pode viver à sombra do medo. Tenho pensado
nisto: ter uma opinião é um risco. Ter uma prática é um risco.
Na verdade, sempre foi um risco. Da literatura à política. Afinal, pensar
também é julgar, decidir e declarar. Pensar é generativo da prática. E é uma
dissonância verbal num país de muitas intenções sem acções que lhes
correspondam. Quando, de
facto, correspondem, algo se agita, afinal, todo o verbo é «faça-se» e nós
vivemos no imobilismo do status quo tanto quanto no imobilismo das
coisas do Estado – perdoar-me-ão o trocadilho. Risco, risco a sério,
risco major, corre Portugal por falta de verbo. E temo-lo aceitado.
Porquê?
Em situações de desacordo político
vemos os franceses a tomar conta das ruas, insubmissos, ou os espanhóis, ambos
os nossos mais próximos, mas tão distantes daquilo que somos. Não sei se é um medo operativo que nos cala, um medo
de séculos enraizado na pobreza ou se é só desesperança. Mas sei,
com a mais absoluta certeza, que ao lado deste silêncio que quase tudo aceita
resignadamente, que se abstém de ser e de ter um lugar na voz pública, das
eleições às ruas quietas, corre subterrâneo um sentimento de revolta que
emergirá porque emerge sempre e quase sempre convulsivo e danoso: assim
cresceram Le Pen e Mélenchon. A impotência quando explode, expressa-se de forma
desadequada e megalómana qual adolescente.
Na
sequência da colecção
infeliz de casos políticos protagonizados pelo governo, que
placidamente aceitamos, arriscamos distrairmo-nos do essencial: este não é
apenas um executivo de segunda linha, é um governo de fim de linha seis meses
volvidos sobre a maioria absoluta.
Vozes
sucessivas, experimentadas, de alto perfil, e de diferentes orientações
ideológicas, afirmam António Costa como o «melhor político da sua geração». O que fez este político de excepção? Qual é o seu
legado? Presumindo que ser o melhor político da sua geração é mais do que
sobreviver, inclusive pelos métodos que lhe conhecemos, aos seus amigos tanto
quanto aos seus adversários. E por uns e por outros nem me refiro à oposição,
mas aos de dentro do seu próprio partido e convidados. Afinal, o
que é ser um político? É jogar um jogo territorial e predatório de alianças e
traições ao serviço da manutenção do poder?
Os
números da nossa realidade falam do legado de mais de 20 anos deste Partido
Socialista. Na Europa
dos 27 ocupamos o 21º lugar em PIB real e per capita. A dívida pública é de 130% do PIB. A dívida total é de
330%. A taxa de intensidade de pobreza era, em 2020, de
27,1%. 1,6 milhões de portugueses vive abaixo do limiar da pobreza. 17,5% da
população com mais de 65 anos vive em situação de pobreza extrema. 9,5% dos
trabalhadores portugueses vive abaixo do limiar da pobreza. Têm emprego, mas
são pobres. Num país a envelhecer a um ritmo que se estima venha a superar a
Itália, saíram de Portugal, na última década, cerca de um milhão de
portugueses; num país a envelhecer, ter filhos é um factor de pobreza – como,
aliás, ser sozinho: 40% das famílias com 3 ou mais crianças vive em risco de
pobreza. Este texto fundamental, de
Ricardo Reis, no Expresso, espelha-nos.Não se pode ter sonhos de
futuro onde nem se consegue ter perspectiva de futuro.
Do salário médio à emigração. Dos
mortos por COVID ao excesso de mortalidade. De Pedrogão à Serra da Estrela. Da
falta de planeamento ao envelhecimento da população. Da dependência do turismo
à venda do país a retalho. Da crise da habitação à expulsão dos residentes. Da
destruição da classe média ao favorecimento de uns e à aniquilação de outros.
No momento em que uma ministra
incompetente se demite, uma ministra de uma pasta ingrata que viajou à boleia
do sucesso de Gouveia de Melo, ministra-estrela ascendente quando conveio,
estrela cadente quando deixou de convir, a mensagem do «melhor político da sua
geração» é: «quem quer mudanças tem que derrubar o governo.»
Eu quero mudanças.
GOVERNO POLÍTICA MINISTÉRIO DA
SAÚDE
COMENTÁRIOS:
Clarisse Seca:: Costa sabe enganar bem muitos Portugueses distraídos ou dependentes do
Estado. Está claro que o socialismo só atrasa o país. Ainda pior com os
comunistas a tomar o poder na geringonça. Agora chorem o leite derramado por
terem votado no socialismo e no seu apoiante em Belém. Domingos
Rita: Excelente artigo.
Também grito bem alto. EU TAMBÉM QUERO MUDANÇAS. Carlos Almeida: Todas as pessoas honestas,
responsáveis, com bom senso, querem mudança. Mesmo. Joaquim
Rodrigues: A natureza do Sr. Costa veio ao de cima quando, contra
o que é a essência do funcionamento das democracias liberais, na sequência da
“crise Covid”, veio declarar, com toda a naturalidade, que contratou um tal de
“Costa Silva”, que tinha visto falar na Televisão, para a definição de uma
“Estratégia” e de um “Plano” para o País. Mas
o Sr. Costa, que nessa altura já era Primeiro Ministro há 5 anos, em
representação de um Partido que então, nos anteriores 25 anos, já tinha sido
governo durante cerca de 18 anos, ele e o seu Partido, não tinham uma “Visão
Estratégica” e uma “Estratégia” para o País, nem tinham capacidade para “Rever
e Actualizar” essa “Estratégia”?
Um Plano Estratégico faz-se a 40 anos, é revisto e
actualizado de 5 em 5anos, quando se define o Plano de Médio Prazo e deveria
ter sido a base do Programa Eleitoral do Sr. Costa. E quando ocorre um
acontecimento excepcional como foi o caso “Covid” o que se faz numa democracia
normal é, tomando em conta esse acontecimento excepcional, rever e actualizar o
Plano Estratégico (de longo prazo, a 40 anos) e definir um novo Plano de Médio
Prazo (a 5 anos) à luz do novo Plano Estratégico. Essa é uma “responsabilidade”
inalienável de qualquer Partido Político que se apresenta aos eleitores para
“Governar um País” e, ainda mais, quando é um Partido que, nas últimas duas
décadas e meia Governou o País durante quase duas décadas. Um “Partido
responsável” não vai contratar um Costa e Silva qualquer para, do nada, fazer
um Plano a que depois chamou PRR/Bazuca. Isso é fraude. Isso é enganar
os eleitores, os cidadãos e o País. A verdade é que o único Programa que
o Costa e a Geringonça tiveram até hoje foi o “Programa das Reversões”. Acabadas
as “Reversões” o Costa nada mais tem para apresentar ao País que não um
"improviso", contratado a um “Costa e Silva” qualquer, a que chamou
Bazuka/PRR. E, este Plano, esta “Bazuca”, é
um insulto aos cidadãos, à livre iniciativa privada, à igualdade de
oportunidades, à racionalidade económica, à justiça social, à Coesão Territorial,
ao desenvolvimento económico e à Democracia. Esta “Bazuca” visa o reforço do
“Estatismo e do Centralismo”, dois dos atributos característicos dos “Regimes
Totalitários facho/comunistas”, que nós herdamos do Estado Novo e foram
cuidadosamente mantidos, branqueados e retocados no PREC, pelo Cunhal, e que
ainda hoje são os grandes responsáveis pelo atraso e subdesenvolvimento de
Portugal. Vamos ser
ultrapassados em breve pela Bulgária. Repare-se que as “Subvenções Comunitárias” vão
direitinhas para financiamento do “Estado Central”, dos “Galambogénios” desta
vida, dos “Compadres do Sistema” e vão ser geridas na íntegra pelo “Estado
Central”.
É mais do mesmo. É mais “Estatismo” e mais
“Centralismo”, a desgraça deste País. Francisco
Tavares de Almeida: Isso dos legados é um problema. Estou a lembrar-me de
um ex-professor de direito constitucional de que não conheço uma escola, uma
ideia original ou até um livro significativo. Como legado, entre
pandemia, votos dos eleitores da Europa e combate aos fogos florestais, deixou
passar quatro inconstitucionalidade com decisão judicial e mais duas flagrantes
mas que ninguém se incomodou a levar a tribunal. Parece que os alunos gostavam
dele e que António Costa foi dos melhores. João Alves O Costa de S. Bento (agora em
mudanças para a CGD, e ainda dizem que as não faz) é a voz política da pirâmide
demográfica invertida. Iur
Sotam: Eu também quero mudança!!
João AlvesIur Sotam: Quer maior mudança do que a ida
de S. Bento para o Campo Pequeno?
Iur Sotam > João Alves: Podiam ficar lá para sempre
fechados na caixa forte e sem código para abrir... Antonio Almeida:
Eu quero
mudanças. Mário
Miranda: Simplesmente fantástico! Todos deveríamos gritar bem
alto: "eu também quero mudanças!"
António Alberto Barbosa Pinho: Sublime! Fernando Prata:
Excelente! Um
texto que devia ser lido por todos os portugueses. Isabel silva:
Excelente! Muitos
parabéns! Até quando vão os portugueses escolher a paz podre do socialismo no
poder? Até quando? É o meu grito da alma... Mário Rodrigues: "Eu quero mudanças." Carlos Quartel: Tocou no ponto sensível. Qual
é o legado de Costa? Pedrogão, as parturientes, a traição a Seguro, o
passar a perna a Passos, a floresta ordenada e limpa, a justiça com processos
até ao tecto, as polícias sem esquadras, concelhos entregues a um GNR, num
posto do século XIX, com um elenco governamental de meter medo, sem uma única
figura prestigiada na sua área. Só oportunistas e carreiristas, no partido
desde tenta idade, (como ele próprio) não deixa nada que se aproveite, que
possa ser recordado. Só a mera gestão do dia a dia, com os golpes de cintura necessários à
sobrevivência, um deserto de ideias e de projectos. Para o país, puro
tempo perdido, numa época em que parar é morrer. A gente da comunicação
social, jornalistas e cronistas, têm boa parte da culpa ao venderem a alma ao
diabo, por um prato de lentilhas. Agora agravados com uns fortes indícios de
autoritarismo e arrogância. Alexandre Areias Aí está, este é um país em que
não se pode ter opinião própria ou a tê-la tem que ser copy-paste do que dizem
de forma acrítica e incontestada uns quantos que se arrogam o estatuto de
iluminados e de elite. E quanto a essa elite de iluminados, estamos conversados,
como já bem dizia Eça, o maior cancro deste país, gente demasiado rasteira e
incompetente para ser considerada mesmo para a mais trivial das tarefas. E no
entanto, o nosso Portugal passivo e pouquíssimo exigente, sobretudo pela mão
duma comunicação social que vive de ser instrumento de propaganda, aceita
e repete sem pensar estas verdades absolutas sobre o brilhantismo de quem nos
pastoreia
Pontifex Maximus: Sim, é o melhor depois de todos os outros, que por sua vez são uma resma
de medíocres! Tristão: Absolutamente de acordo. Costa
é o melhor da sua geração, concedo, na politiquice, agora como Político, é dos
mais medíocres que tenho visto, até no palrear é fraco, um desastre para o
país. Este governo, então, nem o sei qualificar… Joaquim Rodrigues: Passou a ser um problema para Portugal e para
os portugueses quando assumiu a responsabilidade de “Governação” do País. Enquanto Presidente da Câmara de Lisboa, não
representava problema nenhum. Estava no sítio certo quanto àquilo que é a
natureza de alguém que só vê Lisboa. O problema começa quando passou a ser
Primeiro-Ministro de Portugal. É bom recordar que qualquer indiano, quando olha
para Inglaterra, só vê Londres, a capital do Império. O Presidente da Câmara de
Londres é descendente de indianos. Isso não tem mal nenhum. Da mesma forma,
qualquer cidadão das ex-colónias, quando olha para Portugal, só vê Lisboa, a
capital do império e, mais concretamente, a esquina da Praça da Figueira com o
Rossio. Se não acreditam vão lá ver, passados mais de 40 anos após a
descolonização. São contingências da história que temos de compreender. Mas não
foi por acaso que ele escolheu o outro António, o António Costa Silva, também
ele oriundo de uma ex-colónia, Angola, para, do nada, fazer um Plano de
Recuperação e Resiliência! O PS, apesar de nas últimas duas décadas ter estado
quase sempre no poder, segundo parece, não tinha capacidade para o fazer! O
problema de António Costa como Primeiro Ministro é que ele só vê, não digo a
esquina do Rossio com a Praça da Figueira porque ele, apesar de tudo, é mais
evoluído. Mas, tal como o outro António, só vêem Lisboa. O resto do País não
lhe diz rigorosamente nada. É, para ele, apenas a paisagem, mesmo que
chamuscada, uma paisagem necessária para a existência de Lisboa e ao serviço da
existência de Lisboa. É desta “visão” que decorre aquele conceito de
“descentralização” de António Costa que é o de mandar para as “berças” a
responsabilidade de executar aquelas tarefas que só dão “chatices” e nunca
poder, negócio, prestígio ou glória. E, esta “visão”, casa na perfeição com a
visão “estatista e centralista” que domina os meandros do poder em Portugal e
da Comunicação Social ao seu serviço. É por isso que ele se sente como
“peixe na água” e ainda lá está como 1ºMinistro. E, na verdade, com esta
“visão”, António Costa sente-se legitimado a recorrer a todo o tipo de
“artimanhas e habilidades” para se perpetuar no poder. bento guerra: Mas, sob o ponto de vista da política -conquista do
poder- ele é bom e até segue as recomendações da Internacional Socialista- poder
custe o que custar. Em 2015, aplicou o principio de presidente de câmara
e associou partidos anti-capitalistas, anti-euro e anti-Nato (e anti-vergonha)
em 2022,associaria quem fosse preciso, mas deram-lhe "absoluta". O
Sanchez arrebanhou quem houvesse, mesmo anti-Espanha e agora até coloca
assassinos da ETA perto de casa, O Letta, de Roma, em face da onda da direita, junta
quem se oferecer, até já só figuras. Na Alemanha, o SPD juntou-se ao adversário
CDU e agora até já é maioritário. Poder é poder. Pobre Portugal: Tudo certo! Mas as pessoas - a Maioria Absoluta (Está a ver?) - disse há
pouquíssimo tempo que quer este governo. Agora, só se “substituir o povo”. Pedro Ferreira >
Pobre Portugal: A maioria absoluta de 50% dos Portugueses. Pobre
Portugal > Pedro Ferreira: Nem que fosse de 1%. Se não
concorda com a nossa lei eleitoral o problema já é outro. Tal como em
Portugal, em Angola também ganha sempre o partido que destrói o país há
décadas. Se um povo, tal como o português e o angolano, não é instruído o
suficiente para ver que os governos que consecutivamente elegem só os estão a
prejudicar, só resta esperar que esse povo acorde. Ou, como diz Brecht, "Dissolver
o povo / E eleger outro?" Alexandre Barreira Pois. Infelizmente não escapa
um. É tudo gente honesta!
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