sábado, 3 de setembro de 2022

Bons ventos


De reclamação, corajosa e pertinente. Venham mais jovens como Eugénia de Vasconcellos, para outra imagem de um país sempre envolto num “Nevoeiro” apelativo de “mudança”, mas de antemão reconhecendo-se  que o nevoeiro se não dissipará - por conveniência de todos nós, afinal, cada um no seu cantinho, contentando-nos com as sopas e o descanso e as orações, para o pão nosso de cada dia… que António Costa instituiu como “bazuca” sine qua non.

Muda-se o ser, muda-se a confiança

Costa é o «melhor político da sua geração»? Que fez este político de excepção? O que é ser um político? É jogar um jogo territorial e predatório de alianças e traições em nome da manutenção do poder?

EUGÉNIA DE VASCONCELLOS Poeta, ensaísta, escritora

OBSERVADOR, 02 set 2022, 00:1812

A minha querida amiga Ângela Vila-Real deu a sua Última Lição este ano, no ISPA, porém continua a sua clínica como psicanalista e o seu minucioso trabalho de relojoaria fina. Há algum tempo, no pequeno grupo que temos no WhatsApp, enviou-me uma mensagem, uma nota de cuidado e preocupação a propósito de um texto que eu havia escrito, das «missivas de ódio» que todos recebemos, do risco que corremos, ela própria também, sobretudo desde que trabalha com a população LGBT+. Risco minor, no entanto. Tem de ser. Não se pode viver à sombra do medo. Tenho pensado nisto: ter uma opinião é um risco. Ter uma prática é um risco. Na verdade, sempre foi um risco. Da literatura à política. Afinal, pensar também é julgar, decidir e declarar. Pensar é generativo da prática. E é uma dissonância verbal num país de muitas intenções sem acções que lhes correspondam. Quando, de facto, correspondem, algo se agita, afinal, todo o verbo é «faça-se» e nós vivemos no imobilismo do status quo tanto quanto no imobilismo das coisas do Estado – perdoar-me-ão o trocadilho. Risco, risco a sério, risco major, corre Portugal por falta de verbo. E temo-lo aceitado. Porquê?

Em situações de desacordo político vemos os franceses a tomar conta das ruas, insubmissos, ou os espanhóis, ambos os nossos mais próximos, mas tão distantes daquilo que somos. Não sei se é um medo operativo que nos cala, um medo de séculos enraizado na pobreza ou se é só desesperança. Mas sei, com a mais absoluta certeza, que ao lado deste silêncio que quase tudo aceita resignadamente, que se abstém de ser e de ter um lugar na voz pública, das eleições às ruas quietas, corre subterrâneo um sentimento de revolta que emergirá porque emerge sempre e quase sempre convulsivo e danoso: assim cresceram Le Pen e Mélenchon. A impotência quando explode, expressa-se de forma desadequada e megalómana qual adolescente.

Na sequência da colecção infeliz de casos políticos protagonizados pelo governo, que placidamente aceitamos, arriscamos distrairmo-nos do essencial: este não é apenas um executivo de segunda linha, é um governo de fim de linha seis meses volvidos sobre a maioria absoluta.

Vozes sucessivas, experimentadas, de alto perfil, e de diferentes orientações ideológicas, afirmam António Costa como o «melhor político da sua geração». O que fez este político de excepção? Qual é o seu legado? Presumindo que ser o melhor político da sua geração é mais do que sobreviver, inclusive pelos métodos que lhe conhecemos, aos seus amigos tanto quanto aos seus adversários. E por uns e por outros nem me refiro à oposição, mas aos de dentro do seu próprio partido e convidados. Afinal, o que é ser um político? É jogar um jogo territorial e predatório de alianças e traições ao serviço da manutenção do poder?

Os números da nossa realidade falam do legado de mais de 20 anos deste Partido Socialista. Na Europa dos 27 ocupamos o 21º lugar em PIB real e per capita. A dívida pública é de 130% do PIB. A dívida total é de 330%. A taxa de intensidade de pobreza era, em 2020, de 27,1%. 1,6 milhões de portugueses vive abaixo do limiar da pobreza. 17,5% da população com mais de 65 anos vive em situação de pobreza extrema. 9,5% dos trabalhadores portugueses vive abaixo do limiar da pobreza. Têm emprego, mas são pobres. Num país a envelhecer a um ritmo que se estima venha a superar a Itália, saíram de Portugal, na última década, cerca de um milhão de portugueses; num país a envelhecer, ter filhos é um factor de pobreza – como, aliás, ser sozinho: 40% das famílias com 3 ou mais crianças vive em risco de pobreza. Este texto fundamental, de Ricardo Reis, no Expresso, espelha-nos.Não se pode ter sonhos de futuro onde nem se consegue ter perspectiva de futuro.

Do salário médio à emigração. Dos mortos por COVID ao excesso de mortalidade. De Pedrogão à Serra da Estrela. Da falta de planeamento ao envelhecimento da população. Da dependência do turismo à venda do país a retalho. Da crise da habitação à expulsão dos residentes. Da destruição da classe média ao favorecimento de uns e à aniquilação de outros.

No momento em que uma ministra incompetente se demite, uma ministra de uma pasta ingrata que viajou à boleia do sucesso de Gouveia de Melo, ministra-estrela ascendente quando conveio, estrela cadente quando deixou de convir, a mensagem do «melhor político da sua geração» é: «quem quer mudanças tem que derrubar o governo.»

Eu quero mudanças.

GOVERNO   POLÍTICA   MINISTÉRIO DA SAÚDE

COMENTÁRIOS:

Clarisse Seca:: Costa sabe enganar bem muitos Portugueses distraídos ou dependentes do Estado. Está claro que o socialismo só atrasa o país. Ainda pior com os comunistas a tomar o poder na geringonça. Agora chorem o leite derramado por terem votado no socialismo e no seu apoiante em Belém.              Domingos Rita: Excelente artigo. Também grito bem alto. EU TAMBÉM QUERO MUDANÇAS.            Carlos Almeida: Todas as pessoas honestas, responsáveis, com bom senso, querem mudança. Mesmo.             Joaquim Rodrigues: A natureza do Sr. Costa veio ao de cima quando, contra o que é a essência do funcionamento das democracias liberais, na sequência da “crise Covid”, veio declarar, com toda a naturalidade, que contratou um tal de “Costa Silva”, que tinha visto falar na Televisão, para a definição de uma “Estratégia” e de um “Plano” para o País. Mas o Sr. Costa, que nessa altura já era Primeiro Ministro há 5 anos, em representação de um Partido que então, nos anteriores 25 anos, já tinha sido governo durante cerca de 18 anos, ele e o seu Partido, não tinham uma “Visão Estratégica” e uma “Estratégia” para o País, nem tinham capacidade para “Rever e Actualizar” essa “Estratégia”?

Um Plano Estratégico faz-se a 40 anos, é revisto e actualizado de 5 em 5anos, quando se define o Plano de Médio Prazo e deveria ter sido a base do Programa Eleitoral do Sr. Costa. E quando ocorre um acontecimento excepcional como foi o caso “Covid” o que se faz numa democracia normal é, tomando em conta esse acontecimento excepcional, rever e actualizar o Plano Estratégico (de longo prazo, a 40 anos) e definir um novo Plano de Médio Prazo (a 5 anos) à luz do novo Plano Estratégico. Essa é uma “responsabilidade” inalienável de qualquer Partido Político que se apresenta aos eleitores para “Governar um País” e, ainda mais, quando é um Partido que, nas últimas duas décadas e meia Governou o País durante quase duas décadas. Um “Partido responsável” não vai contratar um Costa e Silva qualquer para, do nada, fazer um Plano a que depois chamou PRR/Bazuca. Isso é fraude. Isso é enganar os eleitores, os cidadãos e o País. A verdade é que o único Programa que o Costa e a Geringonça tiveram até hoje foi o “Programa das Reversões”. Acabadas as “Reversões” o Costa nada mais tem para apresentar ao País que não um "improviso", contratado a um “Costa e Silva” qualquer, a que chamou Bazuka/PRR. E, este Plano, esta “Bazuca”, é um insulto aos cidadãos, à livre iniciativa privada, à igualdade de oportunidades, à racionalidade económica, à justiça social, à Coesão Territorial, ao desenvolvimento económico e à Democracia. Esta “Bazuca” visa o reforço do “Estatismo e do Centralismo”, dois dos atributos característicos dos “Regimes Totalitários facho/comunistas”, que nós herdamos do Estado Novo e foram cuidadosamente mantidos, branqueados e retocados no PREC, pelo Cunhal, e que ainda hoje são os grandes responsáveis pelo atraso e subdesenvolvimento de Portugal. Vamos ser ultrapassados em breve pela Bulgária. Repare-se que as “Subvenções Comunitárias” vão direitinhas para financiamento do “Estado Central”, dos “Galambogénios” desta vida, dos “Compadres do Sistema” e vão ser geridas na íntegra pelo “Estado Central”.

É mais do mesmo. É mais “Estatismo” e mais “Centralismo”, a desgraça deste País.               Francisco Tavares de Almeida: Isso dos legados é um problema. Estou a lembrar-me de um ex-professor de direito constitucional de que não conheço uma escola, uma ideia original ou até um livro significativo. Como legado, entre pandemia, votos dos eleitores da Europa e combate aos fogos florestais, deixou passar quatro inconstitucionalidade com decisão judicial e mais duas flagrantes mas que ninguém se incomodou a levar a tribunal. Parece que os alunos gostavam dele e que António Costa foi dos melhores.           João Alves O Costa de S. Bento (agora em mudanças para a CGD, e ainda dizem que as não faz) é a voz política da pirâmide demográfica invertida.               Iur Sotam: Eu também quero mudança!!             João AlvesIur Sotam: Quer maior mudança do que a ida de S. Bento para o Campo Pequeno?             Iur Sotam > João Alves: Podiam ficar lá para sempre fechados na caixa forte e sem código para abrir...                 Antonio Almeida: Eu quero mudanças.           Mário Miranda: Simplesmente fantástico! Todos deveríamos gritar bem alto: "eu também quero mudanças!"   António Alberto Barbosa Pinho: Sublime!              Fernando Prata: Excelente! Um texto que devia ser lido por todos os portugueses.             Isabel silva: Excelente! Muitos parabéns! Até quando vão os portugueses escolher a paz podre do socialismo no poder? Até quando? É o meu grito da alma...            Mário Rodrigues: "Eu quero mudanças."                   Carlos Quartel: Tocou no ponto sensível. Qual é  o legado de Costa? Pedrogão, as parturientes, a traição a Seguro, o passar a perna a Passos, a floresta ordenada e limpa, a justiça com processos até ao tecto, as polícias sem esquadras, concelhos entregues a um GNR, num posto do século XIX, com um elenco governamental de meter medo, sem uma única figura prestigiada na sua área. Só oportunistas e carreiristas, no partido desde tenta idade, (como ele próprio) não deixa nada que se aproveite, que possa ser recordado. Só a mera gestão do dia a dia, com os golpes de cintura necessários à sobrevivência, um deserto de ideias e de projectos. Para o país,  puro tempo perdido, numa época em que parar é morrer. A gente da comunicação social, jornalistas e cronistas, têm boa parte da culpa ao venderem a alma ao diabo, por um prato de lentilhas. Agora agravados com uns fortes indícios de autoritarismo e arrogância             Alexandre Areias Aí está, este é um país em que não se pode ter opinião própria ou a tê-la tem que ser copy-paste do que dizem de forma acrítica e incontestada uns quantos que se arrogam o estatuto de iluminados e de elite. E quanto a essa elite de iluminados, estamos conversados, como já bem dizia Eça, o maior cancro deste país, gente demasiado rasteira e incompetente para ser considerada mesmo para a mais trivial das tarefas. E no entanto, o nosso Portugal passivo e pouquíssimo exigente, sobretudo pela mão duma comunicação  social que vive de ser instrumento de propaganda, aceita e repete sem pensar estas verdades absolutas sobre o brilhantismo de quem nos pastoreia

Pontifex Maximus: Sim, é o melhor depois de todos os outros, que por sua vez são uma resma de medíocres! Tristão: Absolutamente de acordo. Costa é o melhor da sua geração, concedo, na politiquice, agora como Político, é dos mais medíocres que tenho visto, até no palrear é fraco, um desastre para o país. Este governo, então, nem o sei qualificar…             Joaquim Rodrigues:  Passou a ser um problema para Portugal e para os portugueses quando assumiu a responsabilidade de “Governação” do País. Enquanto Presidente da Câmara de Lisboa, não representava problema nenhum. Estava no sítio certo quanto àquilo que é a natureza de alguém que só vê Lisboa. O problema começa quando passou a ser Primeiro-Ministro de Portugal. É bom recordar que qualquer indiano, quando olha para Inglaterra, só vê Londres, a capital do Império. O Presidente da Câmara de Londres é descendente de indianos. Isso não tem mal nenhum. Da mesma forma, qualquer cidadão das ex-colónias, quando olha para Portugal, só vê Lisboa, a capital do império e, mais concretamente, a esquina da Praça da Figueira com o Rossio. Se não acreditam vão lá ver, passados mais de 40 anos após a descolonização. São contingências da história que temos de compreender. Mas não foi por acaso que ele escolheu o outro António, o António Costa Silva, também ele oriundo de uma ex-colónia, Angola, para, do nada, fazer um Plano de Recuperação e Resiliência! O PS, apesar de nas últimas duas décadas ter estado quase sempre no poder, segundo parece, não tinha capacidade para o fazer! O problema de António Costa como Primeiro Ministro é que ele só vê, não digo a esquina do Rossio com a Praça da Figueira porque ele, apesar de tudo, é mais evoluído. Mas, tal como o outro António, só vêem Lisboa. O resto do País não lhe diz rigorosamente nada. É, para ele, apenas a paisagem, mesmo que chamuscada, uma paisagem necessária para a existência de Lisboa e ao serviço da existência de Lisboa. É desta “visão” que decorre aquele conceito de “descentralização” de António Costa que é o de mandar para as “berças” a responsabilidade de executar aquelas tarefas que só dão “chatices” e nunca poder, negócio, prestígio ou glória. E, esta “visão”, casa na perfeição com a visão “estatista e centralista” que domina os meandros do poder em Portugal e da Comunicação Social ao seu serviço. É por isso que ele se sente como “peixe na água” e ainda lá está como 1ºMinistro. E, na verdade, com esta “visão”, António Costa sente-se legitimado a recorrer a todo o tipo de “artimanhas e habilidades” para se perpetuar no poder.              bento guerra:  Mas, sob o ponto de vista da política -conquista do poder- ele é bom e até segue as recomendações da Internacional Socialista- poder custe o que custar. Em 2015, aplicou o principio de presidente de câmara e associou partidos anti-capitalistas, anti-euro e anti-Nato (e anti-vergonha) em 2022,associaria quem fosse preciso, mas deram-lhe "absoluta". O Sanchez arrebanhou quem houvesse, mesmo anti-Espanha e agora até coloca assassinos da ETA perto de casa, O Letta, de Roma, em face da onda da direita, junta quem se oferecer, até já só figuras. Na Alemanha, o SPD juntou-se ao adversário CDU e agora até já é maioritário. Poder é poder.          Pobre Portugal: Tudo certo! Mas as pessoas  - a Maioria Absoluta (Está a ver?) - disse há pouquíssimo tempo que quer este governo. Agora, só se “substituir o povo”.              Pedro Ferreira > Pobre Portugal: A maioria absoluta de 50% dos Portugueses.            Pobre Portugal > Pedro Ferreira: Nem que fosse de 1%. Se não concorda com a nossa lei eleitoral o problema já é outro. Tal como em Portugal, em Angola também ganha sempre o partido que destrói o país há décadas. Se um povo, tal como o português e o angolano, não é instruído o suficiente para ver que os governos que consecutivamente elegem só os estão a prejudicar, só resta esperar que esse povo acorde. Ou, como diz Brecht, "Dissolver o povo / E eleger outro?"              Alexandre Barreira Pois. Infelizmente não escapa um. É tudo gente honesta!

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