Julgo que necessárias e nobres e
sinceras. A Presidente da Comissão Europeia parece mais afincadamente assertiva
que a própria chanceler Angela Merkel, no seu apelo a uma união fortalecedora
pró ucraniana.
Estado da União. O que pode mudar
para os portugueses com medidas anunciadas por Ursula von der Leyen
Ursula von der Leyen fez uma hora de
discurso no Estado da Nação, numa altura marcada pela guerra e pelos impactos
na vida das pessoas, mas também deixou desafios para o futuro da União Europeia
INÊS ANDRÉ FIGUEIREDO (em Estrasburgo): Texto
TOMÁS SILVA (em
Estrasburgo): Fotografia
OBSERVADOR,14 set 2022, 15:093
Depois de
dois anos marcados pela pandemia da Covid-19, o debate do Estado da União
decorreu pela primeira vez num contexto de guerra da Europa. Vestida com as cores da Ucrânia, Ursula von der Leyen dedicou grande parte do longo discurso à situação no país, bem como ao
impacto que isso está a ter na vida dos cidadãos, que, por toda a Europa, têm
visto os bolsos mais vazios como resultado da inflação.
No Parlamento Europeu, em Estrasburgo, a presidente da
Comissão Europeia anunciou medidas do tão esperado pacote de combate ao aumento
do custo de vida — deixando claro que os lucros extraordinários são para taxar — prometeu
solidariedade total e “inabalável” à Ucrânia e deixou alguns desafios para os
próximos tempos, muitos deles ligados à necessidade de garantir entre uma
economia verde e sustentável e não dependente de ninguém (como agora acontece
com o gás russo).
“Pagar as
contas ao fim do mês está a tornar-se uma fonte de ansiedade para
milhões de famílias e empresas.” Foi desta forma, descrevendo o que se passa actualmente em milhões de casas
europeias, que Ursula von der Leyen mostrou que a União Europeia tem uma
palavra a dizer sobre o aumento da inflação, do custo de vida e a forma como a
situação está a afetar cada cidadão e cada empresa.
Depois do debate sobre a limitação dos lucros
extraordinários ao nível de cada Estado-membro e de haver divergências de
opiniões, Ursula von der Leyen colocou um ponto final nas dúvidas e garantiu que terá de haver medidas que controlem
estes lucros excessivos provenientes da inflação.
A proposta
passa por angariar “mais de 140 mil milhões de euros” para os
Estados-membros atenuarem o impacto da crise energética e, para isso, a líder
da Comissão Europeia esclareceu que “os produtores de eletricidade com fonte fóssil terão
de dar uma contribuição”.
Ou seja: o lucro
extraordinário que as empresas não vão receber devido à medida agora conhecida
serão revertidos para os países da UE com o intuito de atenuar os efeitos da
crise. “Milhões de europeus precisam de apoio e é por isso que estamos a propor
um limite às receitas das empresas”, defendeu, não antecipando como poderá ser o
dinheiro devolvido aos contribuintes.
“Estas empresas estão a ter receitas que nunca
previram e com as quais nunca sonharam. Não me interpretem mal. Na nossa
economia social de mercado, o lucro é algo positivo. Mas, em tempos como os que
vivemos, não é correcto embolsar lucros extraordinários sem precedentes em
resultado da guerra e à custa dos consumidores”, sublinhou a presidente da
Comissão Europeia, com a certeza de que este “é o momento de partilhar [os
lucros] e de os canalizar para quem mais precisa”.
Menos gás, mais lítio e hidrogénio: um caminho para o
Pacto Ecológico Verde
Ainda na
energia, mas já direccionada para o gás, Ursula von der Leyen revelou que é
necessário estabelecer uma “nova referência” para todo o mercado europeu. A
possibilidade de estabelecer um “limite máximo para o preço do gás” está em
cima da mesa e a líder da Comissão Europeia admitiu criar um grupo de trabalho
para baixar os preços “de forma sensata” e redesenhar o uso do gás.
Certo é que, aos olhos de Ursula, é preciso uma “mudança
de paradigma” e a realidade que existe hoje, em que a Europa aumentou o nível
de importação de gás natural liquefeito devido à guerra na Ucrânia e à
tentativa de não depender tanto do gás russo, não levou a uma adaptação da
referência usada neste mercado, o TTF (Title Transfer Facility).
Também no sentido de uma reformulação de mercado,
desta vez numa referência do lítio e terras-raras, a presidente da Comissão
Europeia mostrou-se crente que haverá um tempo em que estas matérias são “mais
importantes do que o petróleo e o gás”.
O objectivo é
que a União Europeia crie as suas próprias reservas estratégias, o que pode
contribuir para que não existam futuras, o que levou a líder a garantir que até
2030, a procura de terras-raras irá quintuplicar e o lítio seguirá o mesmo
caminho, mas com um aumento gradual, à medida que os países apostam neste
químico.
Os “erros” do passado servem de aprendizagem e Ursula
deixou bem claro que “não podemos voltar à dependência que existe do petróleo e do gás”. Para que tal aconteça, será
criada uma nova lei europeia para as matérias-primas críticas e Von der Leyen
recordando que já foi feito o mesmo com as baterias e os chips com “sucesso”.
As promessas estenderam-se ao hidrogénio. A União Europeia vai criar
um novo banco europeu de hidrogénio que garanta o “fornecimento de
hidrogénio utilizando dinheiro do Fundo de Inovação” e no qual será investido
três mil milhões de euros.
Ursula von der Leyen acredita que a UE pode construir
um futuro mercado de hidrogénio e que este pode “mudar completamente a inovação
na Europa”. No fundo, o objetivo é que o hidrogénio passe de um “mercado de nicho” para um “mercado
de passar”.
“É assim que
vamos construir a economia do futuro, este é o Pacto Ecológico Verde”, afirmou.
Ursula von der Leyen aproveitou ainda o discurso do
Estado da União para anunciar uma duplicação da capacidade de luta para os incêndios, com a
compra de dez aviões anfíbios e três helicópteros que estarão à disposição da
frota de apoio aos Estados-membros.
“Putin irá fracassar, a Europa e a Ucrânia irão prevalecer”
O tema da Ucrânia marcou grande parte do debate, desde
logo porque Ursula von der Leyen convidou Olena Zelenska como convidada de
honra. Vestida de
azul e amarelo, as cores da Ucrânia, a presidente da Comissão Europeia
dirigiu-se diversas vezes à primeira-dama da Ucrânia, agradeceu a “força e
coragem” dos ucranianos e prometeu que a solidariedade com o país se manterá
“inabalável”.
A líder do Executivo comunitário assumiu que “os próximos
tempos não vão ser fáceis”, mas deu a certeza de que será a Ucrânia a vencer: “Putin
irá fracassar, a Europa e a Ucrânia irão prevalecer.”
A coragem e a determinação do povo ucraniano foram
várias vezes realçadas, bem como as famílias que tiveram de fugir devido à
guerra e as crianças que “são o futuro” e precisam do apoio da União Europeia.
“As sanções são para ficar”, mas Ursula aproveitou o debate para mostrar que
a UE tem mais para dar: o país será incluído na zona livre de comunicações
em roaming e serão
atribuídos mais 100 milhões de euros para a reconstrução de escolas.
Corrupção e PME: duas preocupações para o futuro
No discurso que marca o novo ano parlamentar da União
Europeia, a presidente da Comissão Europeia deixou ainda três novidades. O combate à corrupção vai voltar a ser tema do dia e a UE vai apresentar
medidas em 2023.
Ursula von der
Leyen anunciou-o como um “pacto para a defesa da democracia que irá abranger
influência estrangeira escondida e tentar revelar o que se passa com
investimentos duvidosos”.
“Temos de lutar
pela democracia todos os dias, todos os minutos. Vamos continuar a insistir na
independência do sistema judicial”, enalteceu, dando nota de que as
medidas terão como alvo, entre outros, o enriquecimento ilícito, tráfico
de influências, abuso de poder ou suborno.
E deixou uma mensagem para todos: “Se queremos ser credíveis
quando pedimos aos países candidatos [à adesão à UE] para fortalecerem as suas
democracias, temos de erradicar a corrupção dentro de portas.”
Por outro lado, Von der Leyen também prometeu
debruçar-se sobre “novas ideias para a governação económica” da UE, na qual pretende que
os Estados-membros tenham “mais flexibilidade” no caminho de redução da dívida.
Ainda a nível
económico, a presidente da Comissão Europeia recordou a importância das
pequenas e médias empresas para a Europa e revelou que serão apresentadas
medidas de apoio às mesmas, que levem também a “facilitar o empreendedorismo e
reduzir a democracia”. “25% das falência [destas empresas] devem-se à falta de
pagamentos”, segundo Ursula, uma realidade que deverá servir de empurrão para
mais um pacote de medidas decidas às mesmas.
PARLAMENTO
EUROPEU UNIÃO
EUROPEIA EUROPA MUNDO URSULA VON
DER LEYEN GUERRA NA
UCRÂNIA UCRÂNIA
COMENTÁRIOS:
bento guerra:
O clássico "hitlerismo" dos alemães. Onde
está o mandato? Pedro
Ferreira > bento guerra: O mandato está no dinheiro que eles nos emprestam para
que consigamos sobreviver aos desvarios socialistas. bento guerra > Pedro Ferreira: É
verdade, então o "mandado".
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