sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Um saudosismo consolador


De um verdadeiro amante da sua pátria, talvez saudosista, talvez inconformista, como o são todos aqueles que recordam os saberes alicerçados numa memória primeira e por vezes reforçados por leituras confirmativas e mais explícitas ainda, como é o caso do Dr. Salles, a quem sempre agradeceremos o seu sincero “A Bem da Nação”, quem sabe se com prejuízo próprio - reduzidos que estamos hoje, a um nacionalismo assente em “coragem” também, embora impúdica – a da dependência externa, para bem da nossa sobrevivência como nação ….

«... E VÓS TÁGIDES MINHAS...» - 1

 HENRIQUE SALLES DA FONSECA

 A BEM DA NAÇÃO, 15.09.22

ou

O MUNDO VISTO A PARTIR DE LISBOA

1140 – Bafordo do Vez

(…)            1385 – Batalha de Aljubarrota

1415 – Conquista de Ceuta

1418 – Redescoberta e tomada de posse da Madeira

1422 – Início da tomada de posse dos Açores

(…)         1580 – fatídicas Cortes de Almeirim

1640 – Restauração da Soberania Nacional

(…)         1975 – Regresso à dimensão europeia

 * * *

Em todo o nosso processo histórico, muitos foram os fios de espada gastos, nomeadamente em Aljubarrota, mas não quero esquecer dois pensadores decisivos. Refiro-me a D. João Peculiar de quem se fala menos do que de Egas Moniz e a João das Regras de quem se fala menos do que de D. Nuno Álvares Pereira. E, contudo, foram esses quase ocultos cuja erudição decidiu a definição dos interesses estratégicos do «Portugal a ser» no vale do Vez e do «Portugal em risco de ser» nas circunstâncias de Aljubarrota.          * * *

Dos poucos episódios assinalados, dá para extrair várias conclusões, dentre as quais assinalo que…

… as nossas opções estratégicas variaram ao longo dos tempos;

… nem sempre houve uma sequência lógica no curso da nossa História;

… as batalhas resultaram mais do pensamento do que do improviso ou do capricho;

… nem sempre os «opinion makers» foram patriotas.           * * *

Numa perspectiva euro centrista, fomos os primeiros a ir e fomos os últimos a voltar, fomos os que mais tempo andámos por fora. E isso foi entre o dia 21 de Agosto de 1415 com a batalha da conquista de Ceuta e o dia em que, em 1975, a última colónia africana assumiu a respectiva independência.

E porquê tanto tempo? Porque nos miscigenámos, vivemos e deixámos viver enquanto outros mantiveram distâncias humilhantes e até chegaram ao extermínio das gentes locais. Quanto a nós, fizemos amigos desde a nossa feitoria mais oriental em Nagasaki até às alturas pós andinas do rio Solimões no interior amazónico.

E se assim foi quando éramos um potentado, por maioria de razões a nossa estratégia actual, autorreduzidos que estamos à dimensão europeia, assenta imperativamente na paz. Mas na paz auto comandada e não na paz demolidora das nossas virtualidades defensivas como pretendiam os «pacifistas» do moscovita «Comité Português para a Paz e Cooperação». A esta pseudo paz de submissão à Rússia respondemos com uma inequívoca pertença à NATO.

Lisboa, 15 de Setembro de 2022

Henrique Salles da Fonseca

NOTAS DE PÉ DE PÁGINA

1 -  Título - «Os Lusíadas», Canto I, estrofe 4

2 – Patriotas - «…também entre os portugueses traidores houve algumas vezes» -

«Os Lusíadas», Canto IV, estrofe 33

COMENTÁRIOS:

 Anónimo  15.09.2022  19:27: Boa base para se desenvolver conhecimentos. Porque é muito simples. Cumprimenta.

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