Mas o caminho faz-se caminhando, um dia assenta, é
preciso não ouvir o “Velho do Restelo”:
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– «Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
Cũa aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
96
«Dura inquietação d'alma e da vida
Fonte de desemparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios!
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo dina de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana!
É preciso ter ambição. E
coragem. Bom senso também.
Teve uma juventude radical mais à
esquerda, mas hoje gosta de seguir Margaret Thatcher.
Liz Truss é crente no Estado mínimo, mas mais flutuante no resto das ideias. E depende muito do Instagram.
CÁTIA BRUNO: Texto OBSERVADOR, 05 set 2022, 13:164
Quando Liz Truss tinha 8 anos, fez de Margaret Thatcher num
debate da escola, a propósito das eleições de 1983. Acabou,
porém, com zero votos. Não é de
admirar se tivermos em conta que Liz estudava em Paisley, na Escócia, onde os
conservadores sempre tiveram problemas em angariar votos. A própria Liz Truss não votou em si
própria. “Até com aquela idade eu sabia que não era popular ser uma tory na
Escócia ocidental”, recordaria, anos mais tarde.
Nos anos anteriores, durante o
primeiro mandato de Thatcher, Liz costumava acompanhar a mãe nas marchas
anti-nucleares, onde participava nos cânticos que exigiam “Maggie, Maggie, Maggie — out, out, out!” Num
campo de férias “pela paz”, ajudou a fazer uma bomba de papel higiénico, para
representar a luta pelo desarmamento nuclear, conta o The Times. Foi,
naturalmente, incentivada pela mãe, ferozmente à esquerda no panorama político
britânico daquela época.
▲ Liz Truss
foi membro do governo de três primeiro-ministros diferentes e chega agora ao
cargo de primeira-ministra GETTY IMAGES
Não
seria por isso de prever que, cerca de 30 anos depois, Liz Truss se tornasse
primeira-ministra do Reino Unido pelo Partido Conservador — anunciada como nova
líder dos tories esta segunda-feira, arrecadando 81.326 dos votos
(contra os 60.399 de Rishi Sunak) — com 57,4% dos votos, teve o resultado mais
baixo obtido por um líder do partido em desafio interno desde 1998, altura em que
este modelo foi implementado. E que o tenha conseguido depois de uma campanha
centrada numa mensagem económica semelhante à de Thatcher, de menor
intervenção do Estado na economia e redução de impostos.
Mais: ao
longo dos últimos anos, Truss aproveitou cada momento para se colar à imagem da antiga primeira-ministra. Uma fotografia em
cima de um tanque? Check. Um chapéu de pêlo de estilo soviético durante
uma visita oficial a Moscovo? Check. Um casaco preto com um grande laço
branco durante um debate? Check.
“As
pessoas não adoravam Thatcher e não adoram Truss, que fala de forma um pouco
esquisita, por exemplo. Mas Thatcher sabia o que queria e era respeitada por
isso”, aponta ao Observador Henry Hill, editor do site especializado na
política dos tories Conservative Home. “A equipa
dela faz bem em apostar na comparação por esta razão: ninguém se vai
apaixonar por ela como líder, mas as pessoas podem levá-la a sério.” O futuro de um governo britânico liderado
por Liz Truss ainda é uma incógnita. Mas o seu passado, porém, pode dar algumas
pistas sobre quem é esta mulher.
A infância numa família de esquerda e
a juventude a defender a liberalização das drogas
Liz
Truss nasceu em 1975 numa família que se definia como estando “à esquerda do
Partido Trabalhista”. As suas origens são, por isso, tudo menos típicas para
um líder conservador: mais velha de quatro irmãos, cresceu no norte de
Inglaterra e na Escócia e estudou numa escola pública.
Em
casa, a política sempre esteve à mesa, como
recordou o irmão mais novo, Francis, ao podcast da
BBC Profile: “Não nos sentávamos a falar do último jogo da Mega
Drive. Era mais temas políticos ou a
campanha local. E o meu pai era um
apaixonado por matemática, por isso também se falava muito disso”, contou.
Francis também deu conta de outro traço
de caráter da irmã que se revelou desde cedo: a competitividade. O pai
sempre a acusou de fazer batota a jogar ao Monopólio e, quando perdia, Liz
ficava “muito chateada”.
Boa
aluna, conseguiu entrar em Oxford para estudar Economia, Filosofia e Política.
Um antigo professor na Universidade, Marc Stears, recorda-a como uma aluna criativa, com uma
capacidade para “surpreender”. “Nenhum outro estudante igualava a sua capacidade
malandra de produzir ensaios sobre a História política do Reino Unido que
traziam sempre algo de novo; nem sempre rigoroso, mas definitivamente novo.”
“A Liz tinha uma veia muito forte de
um certo radicalismo liberal”, recordou ao mesmo podcast o antigo colega
Alan Rennick. “Uma vez estávamos a montar uma banca para os caloiros e ela
aparece com um monte de posters que diziam ‘Legalizem
a Erva’ e queria cobrir a banca com aquilo”.
Foi também na Universidade que se
evidenciou outra característica da sua biografia em tudo atípica para um
líder tory: Liz Truss juntou-se
aos Liberais Democratas. “A Liz tinha uma veia muito forte de um certo
radicalismo liberal”, recordou ao mesmo podcast o antigo colega Alan
Rennick. “Uma vez estávamos a montar uma banca para os caloiros e ela aparece
com um monte de posters que diziam ‘Legalizem a Erva’ e queria cobrir a banca com aquilo”.
Em 1994,
fez um discurso que foi até visto por muitos dos colegas lib-dems como
demasiado radical ao defender a abolição da monarquia. “Nós,
Liberais-Democratas, não acreditamos que alguém nasça para reinar”,
declarou ao defender a moção, que acabou chumbada. Uma posição vista por muitos como corajosa, mas que desde cedo
ajudou à percepção de que Truss talvez não tenha convicções muito profundas.
“Acho honestamente que ela só fazia aquelas coisas por achar que eram
populares”, disse agora à CNN um antigo colega dos lib-dems,
Neil Fawcett. “Não sei realmente
se ela acreditava em alguma das coisas que dizia. À altura e agora.”
A verdade é que, pouco depois de terminar
os estudos, não tardou a que Liz abandonasse o partido e se juntasse aos conservadores. Foi trabalhar
para a petrolífera Shell e
depois para a empresa de
telecomunicações Cable & Wireless, onde viria a conhecer o futuro marido,
Hugh O’Leary. A mudança de
orientação política, garante, aconteceu enquanto ainda estudava, sobretudo ao
ler sobre Economia. “Sempre fui uma grande crente na liberdade de fazer o
que se quer. E percebi que, para se ter controlo sobre a nossa vida, precisamos
de ter controlo sobre o nosso dinheiro”, afirmou. “Para além
disso, conheci alguns tories e descobri que não tinham duas cabeças e
não comiam bebés.”
O pai nunca aceitou bem a decisão, como a própria confessou ao jornalista Nick Robinson em
2021: “Às vezes, acho que ele pensa que sou uma agente adormecida a tentar
derrubar o regime por dentro”. O irmão Francis garante que as discussões
políticas continuam a ser intensas em família: “Normalmente acabam com ninguém a querer ouvir mais nada, porque ela
nunca se cala.”
Do confronto com “Os Talibãs do Nabo” à alcunha de “granada humana”
no governo
Depois da juventude política, veio o
amadurecimento. Liz Truss foi candidata pelo Partido Conservador a
Westminster em 2001 e 2005, por lugares no Yorkshire ocidental, muito mais
favoráveis aos trabalhistas. Não foi eleita. A sua chance chegaria em 2010,
quando concorreu por Norfolk Sudoeste, mas a campanha revelou-se um
batismo de fogo.
Vários
membros do partido opuseram-se veementemente à sua nomeação, devido ao facto de
ter tido um caso fora do casamento com o colega Mark Field. Os jornais chamaram à sua oposição
interna “Os Talibãs do Nabo”, devido à produção intensa daquele vegetal na
região. Um deles, Roy Brame, recordou ao The Guardian o momento em que foi assistir a
um discurso de defesa de Truss durante a campanha: “Naquela reunião, quando mais de 200 pessoas lhe estavam a colocar
perguntas pessoais e sobre quais eram as intenções dela, saiu-se muito bem”,
disse o activista, que na altura garantiu aos jornalistas ter ali visto “a
nova Thatcher”. Apesar disso, votou contra Truss.
▲ Truss
a ser questionada pelos jornalistas por causa da sua infidelidade PA IMAGES VIA GETTY IMAGES
A
candidata, porém, saiu por cima. Segurou a nomeação, venceu a eleição e
tornou-se deputada. Nos primeiros dois anos, tentou definir-se dentro do
partido. Juntamente com outros colegas (Dominc Raab, Priti Patel e Kwasi
Kwarteng, que viriam a ser seus colegas no governo de Boris Johnson), escreveu o livro Britannia Unchained, que causou
estrondo. Abertamente eurocéptico e neoliberal, tinha frases polémicas como “ao contrário dos que andam nas ruas de Bangalore, os estudantes britânicos
com poucas posses não vêem os estudos como uma forma de saírem da pobreza”.
Apesar disso, foi escolhida por David
Cameron para
integrar o seu governo mais moderado. Em
2012, foi nomeada vice-secretária de Estado da Educação e em 2014 subiu a
ministra do Ambiente e da Agricultura. Com 38 anos, era o membro mais
jovem de todo o governo. Desses tempos, criou-se a ideia de que Liz Truss é
uma política firme, que defende as causas em que acredita. “Ela é do contra. Só porque 90% das pessoas
lhe dizem ‘É este o caminho’ ela não tenciona seguir por ele”, recordou um
antigo funcionário do governo ao The Guardian. A alcunha que ganhou desses tempos foi a de “granada
humana”, por ser necessário “cuidado” ao lidar com ela.
“Ela
é uma conservadora nacionalista e que defende um Estado mínimo”, resume
ao Observador Tim Bale, professor da Queen Mary University especialista
nos tories. “Mas, dito
isto, a carreira dela como ministra de três primeiro-ministros muito diferentes
sugere um grau de flexibilidade e pragmatismo”. É que Liz
Truss pode ser vista como obstinada, mas é também refém da ideia de que, para lá da sua visão económica, não alimenta
grandes ideais. “Ela pode
ter crenças profundas, mas sempre foi ambiciosa e, portanto, sempre foi
capaz de ceder se isso representasse um avanço na sua carreira.”
O exemplo mais clássico é o do Brexit. Em 2016, quando fazia parte do governo de
Cameron, Truss fez campanha pela permanência na União Europeia, chegando a assinar uma
declaração onde descrevia a campanha pelo Leave como
“extrema e datada”. Com a chegada à liderança do partido de Boris Johnson,
porém, mudou radicalmente de rumo. “Se pudesse recuar a 2016, votaria para
sairmos”, garante agora.
“Não acho que ela seja uma Leaver ou
uma Remainer”, resumiu à New Statesman Mujtaba Rahman, analista do
Eurasia Group. “Acho que
ela é extremamente oportunista e
procurou a forma mais rápida e eficaz de chegar ao N.º 10 [de Downing Street]”. Embora o
afirme de forma mais doce, Henry Hill concorda: “Acho que ela apoiou o Remain por
lealdade com David Cameron e por uma questão pragmática. Fez o mesmo em relação
a muitas outras coisas onde tem uma
posição menos ideológica do que na economia, tomando uma posição com base nos
factos que tem à frente”.
Quando o assunto foge à regulação estatal
ou à política fiscal, é difícil
encontrar consistência nas ideias de Liz Truss. Se nos tempos da universidade chegou a ser apelidada
de “Liz ‘Politicamente Correcta’ Truss”, agora é uma das conservadoras que mais
ferozmente critica o que vê como deriva do politicamente correcto em relação a
temas como a identidade de género. Se no
passado criticou Boris Johnson — dizendo
que Theresa May “trabalha como uma troiana” enquanto Boris se limita a “estudar
os troianos” — durante a sua liderança foi uma das ministras mais fiéis.
▲ Foi a
primeira mulher nomeada Lord Chancellor, mas acabou despromovida por Theresa
May GETTY IMAGES
A sua passagem por diferentes governos
de primeiros-ministros conservadores teve o seu momento baixo em 2016. Liz Truss foi escolhida por May para ser
a primeira Lord
Chancellor (o título mais alto do sistema judicial
britânico, de nomeação política) mulher do Reino Unido, mas o seu trabalho na área da Justiça não foi elogiado. O
pior momento chegou na sequência da capa do Daily Mail em que os juízes do
Supremo Tribunal eram apelidados de “Inimigos do Povo” devido a uma
decisão sobre o Brexit. O facto de
não ter defendido publicamente os juízes não caiu bem dentro do governo e
Theresa May decidiu afastá-la do cargo, despromovendo-a para um lugar
secundário no Ministério das Finanças.
Uma oradora “medíocre” em público,
mas um talento no Instagram
Aquilo que poderia ter ditado o fim da
sua carreira política, porém, tornou-se uma rampa de lançamento. Chris
Willkins, antigo conselheiro de Theresa May, assistiu de perto ao momento e
partilhou com o Observador as suas impressões: “Ela não esteve bem à altura e a Theresa despromoveu-a. E creio que
esse foi um ponto de viragem. Ela estava entre a espada e a parede, percebeu
que não tinha nada a perder e assumiu uma postura muito mais política: na forma
como passou a comunicar e na maneira como se comportava dentro do partido,
passando a aliciar deputados. Também não por acaso, decidiu apoiar Boris
Johnson muito rapidamente.”
A equipa de Liz Truss começou a
preparar o trabalho de renovação. Os contactos com colegas reforçaram-se, em
reuniões informais apelidadas de “Fizz with Liz”. As suas redes sociais
tornaram-se mais sofisticadas.
"Ela
estava entre a espada e a parede, percebeu que não tinha nada a perder e
assumiu uma postura muito mais política: na forma como passou a comunicar e na
maneira como se comportava dentro do partido, passando a aliciar deputados.
Também não por acaso, decidiu apoiar Boris Johnson muito rapidamente.” - Chris
Willkins, antigo assessor de Theresa May que trabalhou com Truss, sobre quando
foi despromovida por May.
Para trás ficou a impressão de uma
oradora terrível e de uma pessoa “estranha”, com dificuldade em relacionar-se.
Em 2014, Truss tinha deixado péssima impressão com um discurso no congresso do
partido onde oscilou entre um sorriso postiço quando falava das exportações
britânicas e um ar dramático ao mencionar que o país “importa dois terços” de
todo o queijo que consome. Mas o
momento tornou-se viral na internet.
“Acho que as coisas naquele momento
mudaram para a Liz, porque ela aí passou a ser uma das primeiras políticas
desta geração a perceber o potencial das redes sociais”, comentou um antigo colaborador. Já durante o governo de Boris Johnson, quando liderou o Department
for International Trade (DIT), usou tanto o Instagram ao promover os seus
encontros com líderes mundiais que o gabinete ganhou internamente a alcunha de Department
for Instagramming Truss, segundo o Politico.
Ao mesmo tempo, a sua equipa não se
cansava de promover nos jornais a ideia de que Liz Truss
é “uma pessoa normal” — tentando combater comentários como o do antigo
conselheiro Dominic Cummings, que a apelidou de “pessoa
mais oficialmente louca em todo o Parlamento”. A
quantidade de informação sobre detalhes mundanos é tanta que ficamos a saber
que Truss gosta de hambúrgueres (em especial da cadeia Bleecker) e de vinho
branco, toma muitos cafés por dia, gosta da série Veep, ouve Taylor
Swift e é uma grande fã de karaoke.
“É
isto que os políticos espertos fazem. Boris Johnson já era um mestre de
popularidade e ela está a tentar fazê-lo também”, aponta ao Observador
Henry Hill. “Embora aquele discurso de
2014 seja ridículo.”
▲ A
equipa de Liz Truss tenta regularmente retratá-la como "uma pessoa
normal" GETTY IMAGES
As dificuldades de Liz Truss de
discursar em público ou dar entrevistas, onde o ambiente não é tão controlado
como no seu feed de Instagram, podem, por isso, vir a ser um problema no
futuro. “Não acho que se possa ser um bom primeiro-ministro se não se
tiver um certo nível nos debates semanais no Parlamento, por exemplo”, nota
Chris Willkins. “Os debates são
importantes para ganhar a confiança do partido e dos deputados e temos de nos
recordar que ela não venceu a eleição entre os deputados, só entre os
militantes do partido. Se fosse a ela, trabalhava nisso.”
O professor Tim Bale, porém, considera
que, embora seja uma
oradora “medíocre”, Truss não é “um desastre” a falar em público. O grande
problema, diz, será no contacto com os media: “Os improvisos, as entrevistas, ela tentará ao máximo evitá-los, como
fazia Boris Johnson”, diz. “Contudo, ela não pode evitar a Câmara dos Comuns. E
ali pode vir a ter dificuldades no futuro.”
Economia é o grande desafio. O
espírito de Thatcher chegará para ter sucesso?
O jogo de cintura de Liz Truss nem
sempre é o melhor, como comprovou um dos seus encontros já quando ocupava o
cargo de ministra dos Negócios Estrangeiros no governo de Boris. Numa
reunião com o homólogo russo, Sergey Lavrov, cometeu uma gaffe ao
dizer que não reconhecia a soberania russa sobre os territórios de Voronezh e
Rostov, pensando que fazem parte do território ucraniano, quando na verdade são
cidades russas.
Os militantes do Partido Conservador,
porém, não a consideram impreparada e deram-lhe a vitória
contra o antigo ministro das Finanças Rishi Sunak. Os especialistas ouvidos
pelo Observador têm interpretações diferentes sobre esse resultado. Para Tim
Bale, “qualquer pessoa que concorresse contra Sunak — um dos verdadeiros
membros da elite global de super-ricos — conseguiria parecer uma pessoa normal
por comparação. E essa comparação parece tê-la ajudado”.
▲ Com
Rishi Sunak, adversário na campanha para suceder a Boris Johnson GETTY IMAGES
Já
Henry Hill considera que Sunak era, na verdade, “um político muito mais
consistente em termos ideológicos”: “Uma das coisas mais estranhas é o facto
de ela se ter posicionado como a candidata da continuidade face a Boris
Johnson, quando na verdade ele defendia mais gastos públicos e mais
investimento e ela assume-se como a tory tradicional dos anos 80.” “Ela tem
esta capacidade de se vender aos tories como uma candidata muito mais
ideológica do que de facto é. Veremos como será com o resto do país.”
Numa
altura em que a inflação e o custo de vida são as principais preocupações da
maioria dos britânicos, o sucesso da sua proposta de redução de impostos sem
mais apoios estatais está por comprovar. E
a eterna comparação com Margaret Thatcher nem sempre resulta, considera
este editor da Conservative Home. “Para merecer esse título, ela tem de
lidar com os problemas do século XXI da mesma maneira que Thatcher lidou com os
da década de 1970. Agora já não são os sindicatos ou os mineiros, são o
mercado de habitação, a política energética, as infraestruturas decadentes”,
diz Hill. “Thatcher desafiava o consenso e os interesses. Liz Truss
está apenas a aliciar os eleitores”.
“Margaret
Thatcher era verdadeiramente excepcional e não há muitos sinais de que Truss — por muito
que tente vestir-se e soar como ela — tenha o mesmo talento.” - Tim Bale, professor da Queen Mary University
especialista no Partido Conservador
Chris Willkins, que se recorda de
Truss nos Conselhos de Ministros de Theresa May como alguém “competente” — mas
sem rasgo quando o assunto não era Economia — diz que à altura imaginar Liz
Truss como primeira-ministra do Reino Unido parecia “uma ideia remota”. Agora,
diz, aposta que o novo governo será composto por uma equipa competente, mas
discreta. “Vamos ver uma administração mais focada nas políticas do que na
personalidade. O que é
um reconhecimento de que ela não é tão popular como Boris Johnson”, afirma
o operativo de Downing Street.
A
comparação com Margaret Thatcher continuará sempre presente, diz. “A ideia será imitá-la no sentido de levar os
eleitores a dizerem ‘Não a adoro, mas ela tem um plano e está a cumprir’.
Se isso chega para convencer os eleitores é a grande incógnita”. Outros, como
Tim Bale, são menos optimistas: “Margaret
Thatcher era verdadeiramente excepcional e não há muitos sinais de que Truss —
por muito que tente vestir-se e soar como ela — tenha o mesmo talento.”
COMENTÁRIOS:
Paul C. Rosado: Que saudades
de Churchill, De Gaulle e Helmut Kohl... As escolhas da direita ultimamente têm
sido absurdas, com figuras a roçar o lunático e irracional, e só têm dado votos
à esquerda. Esta vai colocar os trabalhistas no poder, muito rapidamente. Geiger Dieter: Governante inglesa típica, capaz de se aliar com
Moscovo, para continuar a subjugar a Europa. Henrique Frazão > Geiger Dieter: Os britânicos alinham-se sempre com os EUA, essa é a
única certeza que se pode ter, desta senhora. bento guerra: Governante "moderna", ou seja, a imagem e
sondagens vão mandar na condução e paleio.
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