sexta-feira, 21 de abril de 2023

Como sempre


Mas mais do que nunca: uma tal penúria nacional – a começar pela dos grandes, a acabar na dos pequenos, com dúvidas sobre a salvação – e muito mais na esperança de mudança, a não ser na pela derrapagem. Um país que se queixa com razão – do governo, do povo, dos professores, da incompetência e da falta destes… E dos alunos, ninguém se queixa? Como se permite a indisciplina geral nas escolas, que impede o ensino eficiente, tornando aquelas antro de violência e desrespeito, de forma que, dos que acedem a cursos superiores hoje, poucos queiram vir a ser professores amanhã?

Salve-se quem puder

Com o iminente colapso da rede pública, mais famílias inscrevem os filhos no privado e recorrem a centros de explicações. Eis uma injustiça revoltante e a morte do slogan "da defesa da escola pública"

ALEXANDRE HOMEM CRISTO Colunista do Observador

OBSERVADOR, 20 abr. 2023, 00:2154

Facto: com quatro anos lectivos consecutivos de disrupções no funcionamento das escolas, devido à pandemia e agora devido às greves dos professores, há milhares de crianças que já não sabem o que é a normalidade escolar. Muitas delas, aliás, nunca souberam: as que estão hoje a frequentar o 1º ciclo do ensino básico nunca entraram na escola sem receio de perturbações ou de descobrir que não terão aulas.

Facto: existem ainda alunos sem aulas por falta de professor. A escassez de professores é um dos maiores desafios do sistema educativo, visto que o fluxo anual de saídas para a reforma esmaga o número de novos professores saídos das Escolas Superiores de Educação. O recrutamento tornou-se particularmente difícil em determinadas disciplinas ou áreas geográficas menos apelativas aos professores-candidatos. Até ao momento, não se conhecem medidas do governo que permitam contrariar eficazmente esta sangria.

Facto: as perturbações no funcionamento das escolas têm consequências para a aprendizagem das crianças, assim como para o seu bem-estar emocional e psicológico. Seria, de resto, absolutamente bizarro caso assim não sucedesse e, afinal, as crianças aprendessem mais e melhor sem aulas do que com aulas. Os dados internacionais não permitem qualquer fragmento de dúvida acerca do transversal dano na aprendizagem nos anos da pandemia. Da mesma forma, a investigação confirma que períodos longos de greve arrastam consequências para a aprendizagem dos alunos.

Facto: o governo e os sindicatos, por razões diferentes, fizeram intervenções públicas que desvalorizaram o dano causado aos alunos e a urgência da recuperação da aprendizagem. Da parte do governo, o Ministro da Educação analisou as provas de aferição de 2022 concluindo que os alunos já estavam melhores do que em 2019 — reclamando então o sucesso do programa de recuperação de aprendizagem implementado. Da parte dos sindicatos, desdramatiza-se o impacto das greves (ou seja, da não-realização das aulas) na aprendizagem das crianças, assegurando o impossível (que os alunos não serão prejudicados), para defender a oportunidade e necessidade das actuais lutas sindicais.

Facto: aumentou recentemente a procura por vagas em colégios privados. Os dados mostram, por exemplo, que nunca em democracia houve uma tão grande percentagem de alunos do secundário a frequentar estabelecimentos privados como em 2021 (24,3%) — e, quando vierem os dados relativos a 2022, a tendência confirmar-se-á. Apesar do tremendo esforço que tal implica, as famílias estão a optar por pagar para tirar os seus filhos de escolas da rede pública.

Facto: aumentou bruscamente a procura por centros de explicações, para apoio à aprendizagem dos alunos, de acordo com uma reportagem desta semana na Renascença. Para além destes testemunhos, os dados recolhidos oficialmente vão até 2019 e, apesar de serem escassos, retratam uma realidade alarmante onde milhares de famílias sentem a necessidade de subscrever serviços de apoio ao estudo para os seus filhos realmente aprenderem e poderem prosseguir os seus estudos no ensino superior. É uma espécie de sistema educativo sombra e todos os sinais sugerem que esta realidade se aprofundou.

Durante os últimos anos, escrevi repetidamente sobre cada um destes factos, pelo que vou poupar o leitor à repetição dos dados e dos argumentos. O meu ponto com esta síntese consiste em tornar clara esta ideia: as acções geram reacções. Com o iminente colapso da rede pública, porque os desafios educativos não foram corrigidos (mas sim agravados) e os danos na aprendizagem não foram recuperados (mas sim negados), as famílias viram-se forçadas a resolver à medida das suas possibilidades: inscrevendo os filhos na rede privada e recorrendo a centros de explicações. A Educação entrou num salve-se quem puder e, infelizmente, muitas crianças não podem — afinal, não são muitas as famílias que conseguem suportar o custo financeiro destas alternativas, pelo que se alargou o fosso social entre quem pode e quem não pode.

Isto é uma injustiça revoltante. Isto é um drama social silencioso, porque os principais prejudicados não têm voz no debate público. E, claro, isto é também a morte do slogan político “da defesa da escola pública” — é que foram os seus alegados defensores que a sacrificaram no altar das suas conveniências.

EDUCAÇÃO     ESCOLAS     MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO      PAÍS

COMENTÁRIOS (54)

Filipe Costa: Eu acho que devíamos lançar projectos piloto para substituir professores por bots, só precisávamos de professores de educação física e auxiliares de educação.              Lúcia Henriques: Julgo que isto é propositado, pois quanto mais analfabetos e pobres, mais votos tem a esquerda.                Luis Freitas > Lúcia Henriques: Concordo essa era a estratégia da ditadura de Salazar para se manter no poder eternamente.              Filipe Costa > Luis Freitas: Salazar queria ignorantes, pois bem: "A construção das escolas foi levada a cabo pela Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais do Ministério das Obras Públicas. No âmbito do Plano dos Centenários, até ao final da década de 1950, foram construídos mais de 7000 edifícios escolares novos, que incluíam um total superior a 12 000 salas de aula. A construção de escolas em larga escala continuou até meados da década de 1960. Quase todas as cidades, vilas e aldeias de Portugal passaram a dispor de uma ou mais escolas do Plano dos Centenários, o que permitiu diminuir acentuadamente o analfabetismo e aumentar o ensino obrigatório de três para quatro anos em 1960 e para seis anos em 1967."                   Eduardo Fernandes: George Orwell-Triunfo dos Porcos. Todos os animais são iguais mas uns são mais iguais que outros!                 Jorge Tavares: O colapso dos serviços públicos merece uma série de manif's de grandes dimensões nas principais cidades portuguesas. Múltiplas vezes, não apenas uma.

Devem ser manif's de denúncia, manif's de acusação; manif's contra a hipocrisia; manif's para apontar firmemente o dedo aos culpados: a esquerda. Toda a esquerda. Foram os que mais enchiam a boca com os serviços estatais (e não apenas públicos) - a esquerda e só a esquerda - que mais fizeram para os arruinar. Cristina Jorge > Jorge Tavares: E para quê? As pessoas manifestam-se mas essas mesmas pessoas que enchem as manifestações depois nas urnas continuam a votar esquerda... A esta altura ainda há gente traumatizada com o PSD, o Passos e a troika sem verem que hoje estamos pior do que nesse tempo... Na altura reclamavam dos sacrifícios que eram necessários, e agora? Sacrifícios em que nome? Da incompetência desta corja na qual continuam a votar. O povo também não é melhor do que o governo...              Luis Freitas > Cristina Jorge: Essa é a grande verdade o povo vota sempre nos mesmos os tais que parem bancarrotas e põe Portugal na miséria. Não tenho nenhuma pena do povo português só tenho pena dos que não votam nessa gentalha gatuna, corrupta e incompetentes.                Português indignado: A prioridade devem ser sempre as crianças. Infelizmente para estes socialistas horrorosos a única preocupação é a manutenção do poder e garantir os votos dos funcionários públicos e dos reformados.                  Pedro Santos > Português indignado: Penso que é mais dos reformados. Do que sei, há muito funcionário público revoltado que não vota PS... Mas, no essencial, tem razão no que diz. O objectivo da "governação", vamos chamar-lhe assim com muito favor, PS, é a manutenção do partido nas estruturas do poder ou dos poderes.                  Nuno Carvalho > Pedro Santos: estão revoltados agora - mas bastarão 4 anos para esquecerem tudo (como efémeras ....) e voltarem a eleger os corruptos que lhes prometem os amanhãs que cantam ...são culpados e muito - infelizmente até agora foram na realidade os que menos sofreram, apesar das greves ...                Lourenço de Almeida: Como tivemos uma sec. de Estado da Educação que era contra as parcerias com as escolas privadas, impedindo os pobres de irem para essas escolas pagos pelo Estado (pelos contribuintes) mas ao mesmo tempo, sabia que as escolas públicas não eram boas, preferindo pôr os filhos na Escola Alemã de Lisboa, nada disto é estranho!              João Das Regras: Mas os Profs têm o apoio da população segundo dizem? E uma das principais reivindicações é que o recrutamento seja centralizado e não passe para as autarquias. Pois bem, o meu filho de 15 anos ficou sem professor de Inglês que se reformou a 1 de Abril, a directora de turma já avisou os pais que cerca de 1,5 meses que é o tempo que falta para terminar o ano, não vai dar para recrutar novo professor devido aos calendários do processo (concurso nacional, concurso de zona, concurso de…), é isto a escola pública e é também para manter este estado de coisas que os profs fazem greve.                   Rui Castro: Parabéns pelo artigo. Acrescento que o nosso governo e a capacidade de planear são tão maus que só agora deram conta que não vai haver professores que cheguem. Não analisaram os números? Não analisaram a cadência das reformas? Não verificaram a diminuta produção dos professores? É extraordinário que isto aconteça ainda por cima com uma queda acentuada nos jovens em idade escolar! A paixão pela educação deu nisto.                 Nuno Carvalho > Rui Castro: ainda há 8 ou 9 anos faziam greves porque não tinham colocação - havia professores a mais!  Agora com menos crianças na escola já não chegam!  - por aqui se vê a bela competência dos xuxalistas para gerir recursos humanos.                  Ana Maia: Não sei se o pessoal percebe que até os americanos que poucos hospitais e escolas públicas têm, estão muitíssimo melhores que nós, têm um estado que os poupa de pagar 2 vezes o mesmo serviço, mas lá é que é "capitalismo selvagem". Todos os dias se prova que aqui no socialismo de esquerda, estamos bem melhor, pagamos sns e seguro, educação e colégio, transportes e andamos de carro, estradas e pagamos portagem. Realmente malditos americanos, aqui no paraíso socialista é que é bom.         Rui Castro > Ana Maia: Não concordo. Na saúde os USA estão muito mal. Há uma grande franja da população que não consegue ter seguro de saúde e outra que fica endividada até ao pescoço com os custos da mesma.       Ana Maia > Rui Castro: Pois, o que quer dizer é que cá é que se está bem. Se quiser pode pagar a minha parte dos impostos que eu dispenso o SNS, pagar por pagar prefiro pagar só aquele que me serve em vez de pagar aos que se servem de mim.. infelizmente isso não é opção, tenho sempre que pagar para serviços de que cada vez menos, beneficio.                        Jorge Tavares > Rui Castro: Há uma grande franja da população que não consegue ter seguro de saúde exactamente o que se passa em Portugal - com a diferença que esses já pagaram a saúde uma vez e não lhes dão saúde nenhuma em troca.        Rui Castro > Ana Maia: Eu também tenho seguro de saúde. O que eu quis dizer é que a saúde nos USA não é a melhor solução. Na maioria dos países europeus, sim.            Ana Torres: O ensino público é mesmo um drama social silencioso, falta tudo, professores, auxiliares e meios e principalmente o que torna o ensino privado muito melhor, exigência, acompanhamento individual de cada aluno e principalmente regras que quando não são cumpridas o aluno é responsabilizado inclusive convidado a sair.           Rui Pedro Matos: Este articulista tem muita razão no que escreve. Os alunos são estimulados a actividades extracurriculares em detrimento das actividades in sitiu, ie, sala de aula e de aprofundamento de conhecimentos, de mais leitura, de mais análise fina! Enfim...a curricula para a globalização da escolaridade e da iliteracia funcional!                 Lourenço de Almeida: É evidente que os filhos de pais com mais posses, devem pagar propinas a sério, que cubram os custos de educação, e dessa forma, escolhem livremente se querem ir para o público ou para o privado. E também é evidente que quem não pode pagar, deve poder também escolher se quer ir para o público ou para o provado, para a escola A ou para a escola B, paga pelo estado com dinheiro de todos. Os professores, os contínuos e os empreiteiros não vivem do ar por isso, o ensino NÃO É GRATUITO! O que se tem que discutir é quem é que o paga e quem é que o ministra. Num mundo livre, devem ser os cidadãos, individualmente, a escolher onde querem por os filhos a estudar, e colectivamente quem é que paga. Basicamente, o Estado que dê cheques ensino a quem tiver mais de X filhos e menos de Y rendimentos, deixe os pais escolherem a escola para onde os filhos irão e se desaparecerem as escolas públicas porque todos os cidadãos preferem estudar em escolas privadas, não é isto a democracia?!             João Ramos: Pena é que ninguém defende os muito prejudicados alunos, é que são eles a razão para as escolas existirem, é urgente que os pais dos alunos se organizem e criem uma associação com força e representatividade suficientes para fazerem frente aos irresponsáveis (para não dizer criminosos) sindicatos e ainda mais irresponsáveis inquilinos do ministério da educação!!!                 Manuel Martins: A escola pública está em ruínas, um verdadeiro cenário da guerra entre professores, sindicatos, funcionários e o governo, em que os alunos são os reféns, as vitimas inocentes, os escudos humanos usados criminosamente pelos professores manietados pelos sindicatos. A escola pública está condenada à degradação,  onde ensinam os maus professores, para alunos sem alternativas. Para mim tudo isto é planeado: Um povo analfabeto, sem competências, não emigra e vota em quem lhe der subsídios . Triste destino de tantos governos que amavam a educação.                 Lourenço de Almeida > Manuel Martins: A escola pública é boa em regimes "fortes"!  No tempo da outra senhora, quando eu andei na escola e no liceu, o Dr. Salazar e seus herdeiros tinham a mão pesada no sistema de ensino que por isso funcionava bem. Os professores tinham pouca escolha e os pais também tinham pouca escolha e, ou não pagavam e aceitavam o que o estado impunha através da escola pública ou eram ricos, pagavam as escolas privadas e educavam os filhos como queriam. Como ao contrário da lenda, a escola pública no Estado Novo funcionava bem, a maior parte dos filhos de milionários como dos trolhas, iam para o Liceu, com grande vantagem para todos sob muitos aspectos, económicos para uns e sociais para outros. Não querendo o Estado a mandar em nós - como deve ser numa democracia - o que é normal é que paguemos menos impostos, cada um paga a escola dos seus filhos e, naturalmente escolhe em que escola os quer por, e por uma questão de justiça e solidariedade social, todos pagam através dos seus impostos a escolaridade daqueles cujos pais não a podem pagar, através de subsídios que são canalizados pelo Estado - ou por uma instituição não governamental que trate disso melhor que o Estado - para os necessitados e não directamente para a escola A ou B, para as quais eventualmente ninguém quer ir!

Manuel Martins Manuel Martins: "onde ensinarão os maus professores "             Lourenço de Almeida: Não creio que seja possível comparar a escola pública actual com a do estado novo. Antes do 25 abril fazer a 4a classe era a meta, e o ensino superior para muito poucos. Não tenho dúvidas que uma criança com 12 anos tem um conhecimento académico muito superior à maioria dos adultos do estado Novo            Luis Freitas > Manuel Martins: Errado hoje uma criança de 12 anos tem menos conhecimentos de português para ler, escrever e interpretar do que a antiga quarta classe e sei do que estou a falar pois tenho a antiga quarta classe formação universitária e a minha esposa que é professora e de vez enquanto mostra-me os testes dos miúdos do 5 e 6 sexto ano e estão ao nível da antiga segunda ou terceira classe e nalguns alunos nem sequer estão ao nível da antiga primeira classe .               Luis Freitas: Não concordo. Obviamente que depende das escolas e dos professores, mas hoje existe um manancial de conhecimento muito superior, professores muito mais qualificados e preparados que antes do 25abril (alguns só tinham a 4a classe,só sabiam bater, e ninguém os questionava). Até admito que no português havia um trabalho mais credível, mas hoje os conteúdos são mais vastos, integrados e existe um entendimento das necessidades das criança diferente. Compare um livro do 4o ano do estado novo com os actuais...               Lily Lx: Ninguém defende as crianças. Reflexo disso mesmo é o mote "defesa da escola pública". Não é "defesa das crianças"; não é "direito a aprender"; não é "ensino para todos". É "defesa da escola pública", que significa, apenas, pedir fundos públicos para professores, auxiliares, técnicos, directores, pequenas empresas que fornecem as escolas, independentemente das crianças, das suas aprendizagens, do seu bem-estar, do seu desenvolvimento.              Joana Quintela: Caro Alexandre Homem Cristo, muito obrigada por mais este excelente artigo. São poucos os que analisam com esta clarividência o estado deplorável da Educação no nosso país. Precisamos urgentemente de autonomia/liberdade na Educação e poupar os recursos para ajudar as escolas e alunos mais frágeis. E sim, o problema do nosso país chama-se PS, e toda a esquerda em geral.             Tiago Fernandes: Muito bom artigo! É mesmo assim                João Floriano: Isto não é uma injustiça gritante, isto é o paraíso socialista. E havemos de chegar ao ponto de as escolas privadas já não terem recursos humanos para poder receber tantos alunos que não encontram respostas no ensino público. E dentro em breve teremos João Costa, o competentíssimo ministro da Educação, sucessor do também competentíssimo Tiago Brandão a apresentar todo ufano as queixas existentes no Ensino Privado, à semelhança do que Manuel Pizarro denunciou na Saúde Privada, como se não houvesse ligação com o miserável estado da Educação Pública e do SNS.  - é mesmo o Salve-se quem puder, o último a sair que apague a luz. E como nada se resolve e o ano lectivo 2022/2023 já se aproxima do fim, 2023/2024 promete mais do mesmo ou certamente pior.                 João Eduardo Gata: Só os tontos, os mal-informados, os oportunistas, os demagogos, e os dogmáticos casmurros ainda acompanham o PS na sua Histeria de Defesa da "Causa Pública", da "Igualdade" e de outros clichés vazios. A REALIDADE desmente a Demagogia e a Mentiras Socialistas todos os dias.               Joaquim Lopes: O ensino, no caso, está como na I República onde para dar exemplo só votava quem sabia ler e escrever, a grande revolução do ensino dá-se com o Estado Novo, onde pelo menos se saía a saber, escrever e interpretar, na Primária! Todas as escolas Primárias feitas no regime do Estado Novo, foram cerca de 54 000 Escolas Primárias por todo o país, todas elas com lareira nas salas de aula o que seria uma aberração hoje para o ambientalistas que preferem que os alunos adoeçam com frio nos locais onde se torna insuportável. No Estado Novo havia a formação dos Professores Primários com a criação do Magistério Primário de onde saíam Professores preparados. Foram criadas as Escolas Industriais e Comerciais e os Liceus Nacionais, Institutos Politécnicos e os Centros Universitários foram melhorados, dou o exemplo dos IST e de Institutos de investigação como aquele onde existia uma pequena central nuclear, para estudo, investigação e planos sobre a construção de barragens e e edifícios e sua estabilidade, pontes, (por aí fora),nos 3 grandes pólos. Muitos dos políticos que vieram estudar para Lisboa, ou frequentaram os Liceus ou passavam das escolas Industriais e Comerciais e faziam o 6º e 7º anos, onde não havia Liceus para seguirem para Cursos Superiores, muitos dos que frequentaram Direito ou Medicina e eram mais pobres e vinham das Beiras, por exemplo, no caso para Lisboa tiraram o 7º ano Liceal equivalente, em Seminários, mesmo sem serem internos, muitos hoje escondem isso por vergonha e por ser gente que não reconhece o que por eles fizeram. Para quem queria um povo analfabeto é obra. Hoje com o ensino unificado e nivelado por baixo e com a tomada do Ensino nos vários níveis por professores ressabiados e onde a política interessava mais que os alunos, em todos os níveis de ensino e a sua colaboração ao dar poder aos sindicatos queixam-se, de perda de estatuto e de não progressão sem critérios de avaliação justos, comparando com outras profissões como os médicos que optaram ficar no público, desde 2006 que não conheceram progressão, para subir de grau depois de concurso. É impossível que o ensino esteja melhor que antes de 2019, as crianças, os adolescentes e os jovens alunos, tiveram uma paragem de 2019 até hoje, ninguém se lembra da greve criminosa às avaliações feitas e comandadas pelo PCP e BE, calados durante a Geringonça, activos agora, são professores, esta gente que se manifesta (?), são gente toldada pela ideia política neomarxista, os alunos para eles nada valem, com raras excepções, daí a queda da qualidade do ensino, onde hoje há mais analfabetos que no tempo de Estado Novo, muitos com o chamado 9º ano, não sabem nem ler, nem escrever!           Francisco Almeida > Joaquim Lopes: Um comentário corajoso e condenado a não obter "likes". Contudo cai na esparrela definida por este poder: comparar a actual situação com o Estado Novo em vez de comparar com outros países da UE.              Pedro FerreiraJoaquim Lopes: Essa é que é a realidade dos factos.             João FlorianoJoaquim Lopes: Excelente comentário, Joaquim Lopes. Pode parecer estranho a quem já nasceu após o 25 de Abril, mas era precisamente assim como descreve. A primeira medida errada que se tomou em termos de educação foi acabar com o ensino técnico com a desculpa que a diferença entre alunos do Liceu e do Ensino Técnico promovia a distinção social e a manutenção de elites. Hoje vemos o rumo que isto tomou sobretudo na questão das elites parasitárias. Demos voltas e voltinhas e viemos parar no mesmo local. Dantes o elevador social proporcionado pela Educação ainda funcionava. Hoje em dia está a enferrujar. E que tristeza, que vergonhoso, termos de comparar os dias que vivemos com o Estado Novo, desaparecido há 50 anos e não com o resto da Europa.               Maria Paula Silva > Joaquim Lopes: Perfeita descrição. Essas escolas primárias foram apenas uma, entre muitas outras, das coisas que Salazar mandou fazer (não sou Salazarista).: grémios, cooperativas, indústrias (lanífícios, calçado), incremento da pesca e agricultura. E eram giríssimas, as escolas. Infelizmente, a maior parte delas fechadas e em degradação. Principal razão: não há crianças suficientes para manter uma escola primária aberta, por isso juntam-se crianças de várias localidades para tentar encher uma escola. Se antigamente essa medida de Salazar foi essencialmente para combater o analfabetismo, hoje, tal como está o Ensino, assistimos a um crescer assustador da iliteracia.     Hipo Tanso: Esta situação só poderá COMEÇAR a resolver-se quando houver uma manifestação gigantesca, uma revolta generalizada contra os seus responsáveis - todos sabemos quem são. Que será necessário fazer para desencadear essa manifestação?           Francisco Almeida > Hipo Tanso: Obter o financiamento em Bruxelas.            bento guerra: Para além da habitação, da saúde ,da justiça ,também a Educação é vítima da incompetência do PS e da inutilidade do Estado. E o magistrado máximo, que até fez a sua carreira profissional no ensino, ocupa-se de confrontos religiosos e palhaçadas ocasionais                Carlos Chaves: Caríssimo Alexandre Homem Cristo, antes de mais um grande obrigado por ser dos poucos a sistemática, consistente e fundamentadamente, trazer este verdadeiro drama a público. O que o Alexandre aqui nos traz é muito, muito grave. O Alexandre remata este artigo com “Isto é uma injustiça revoltante”, eu acrescentaria que isto é um ataque premeditado à nossa democracia, ao nosso desenvolvimento harmonioso e à igualdade de oportunidades a que todos temos direito. O acesso universal à educação de qualidade é um dos pilares base do nosso Estado de direito, e claramente o PS e o resto da esquerda através dos sindicatos, estão a pôr este pilar em causa com consequências extremamente negativas, mas perfeitamente previsíveis num futuro próximo. Em tempos de comemorações balofas e mentirosas da nossa suposta democracia, aquilo a que se assiste é de um enorme fosso entre os discursos oficiais e a realidade que todos nós estamos a viver. E já agora o que passa na Educação também se passa na Saúde, na Justiça, na Habitação... ao contrário do que nos querem fazer crer estaremos a entrar em fim de regime? Serão António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa os coveiros desta República       F. Mendes: Seria excelente que este tema, e alguns dos factos aqui descritos, fossem esfregados nas caras dos bonzos deste regime abjecto. Deixo aqui uma sugestão: que os partidos na área não socialista, se coordenem e apresentem este tema, bem como o da saúde, justiça e habitação, na próxima comemoração do 25 de Abril! Nem que fosse para memória futura, quando alguém se dispuser a dissecar todas as patifarias deste sistema corrupto.

 

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