domingo, 16 de abril de 2023

Percursos brilhantes


Por cá. Deixou-se arrastar pelo seu nome, considerou-se protegido na vida, marcando améns a compasso. Nem precisou de rezas. Alberto Gonçalves, mais os seus inúmeros comentadores, exploraram outros lados da questão – os sórdidos - desdenhando, contudo, dos santos e até da ventura da boa, justificativa do êxito - que a mim não me escapou, compreensiva que sou.

BOAVENTURA, O ALEGADO PROFESSOR

É chato perceber que um pedacinho pequenino dos meus impostos patrocina os ardores ideológicos do “intelectual” em causa, tão inadequados quanto os – alegados, desculpem – ardores sexuais.

ALBERTO GONÇALVES Colunista do Observador

OBSERVADOR, 15 abr. 2023, 00:2365

Foi em 1995 ou 1996. Estive, não me perguntem porquê, num “congresso internacional” de sociologia, em Vila do Conde. A sucessão de palestras dava vontade de morrer, ou pelo menos de questionar firmemente a escolha da licenciatura que acabara de obter. Não me lembro de pormenores, excepto do momento em que, durante uma pausa para café, os congressistas se agitaram e correram para um ponto específico. O ponto era ele, um sujeito de meia-idade com atroz fato esverdeado ou acastanhado, camisa e gravata a desdizerem. O cabelo apresentava-se penteado para trás e comprido na nuca, como se exige. Os congressistas tremiam de veneração. Ele sorria, a desfrutar dos tremeliques. Ele chamava-se Boaventura Sousa Santos e já então se destacava na sociologia caseira por ser mais leninista, mais impostor, mais inútil, mais rústico e mais ridículo que o sociólogo médio. “Professor estrela”, designação que ele aceita, não é epíteto desajustado: uma estrela de telenovela boliviana ou portuguesa, famoso por interpretar o papel de académico em academias a fingir.

É curioso que o prof. Boaventura só tenha caído em desgraça agora, quando, aos 82 anos, se vê acusado de assédio por diversas senhoras de diversas nacionalidades, e sempre procedentes do Terceiro Mundo que o toma por um “investigador”. Comentei as acusações na Rádio Observador e não tenciono repetir-me. O conteúdo daquilo é lúgubre e tresanda a mofo. Acrescento apenas que, do que se sabe, há um padrão recorrente: as alegadas investidas do prof. Boaventura nunca dão em nada. Mesmo em posição – salvo seja – de privilégio, de dominação, de exploração e até neo-colonialismo, a criatura não consegue seduzir uma única senhora. E estamos a falar de senhoras que, por ignorância, desespero ou azares na vida, o acham um “intelectual”, um homem “brilhante”, a “esquerda em Portugal”.

Com a parte da esquerda concordo. O prof. Boaventura diz-se alvo de “cancelamento”, maldade que ele atribui ao “neoliberalismo”. É injusto que isso aconteça. Sobretudo é injusto que isso aconteça em 2023, após décadas a estrafegar dinheiro dos contribuintes, e de peculiares mecenas, na promoção do comunismo. Ao contrário dele, que defende exclusivamente regimes totalitários e censórios, não defendo que se silencie o prof. Boaventura. Mas aborrece-me pagar os respectivos delírios. É chato perceber que um pedacinho pequenino dos meus impostos patrocina os ardores ideológicos do “intelectual” em causa, tão inadequados quanto os – alegados, desculpem – ardores sexuais. Não faltam por aí provas da excitação do prof. Boaventura perante Chávez, Maduro, Morales, Guevara e o sr. Nkrumah do Gana. No quarto, deve pendurar posters de terroristas islâmicos e bandeiras da Frente Sandinista. E no coração pendurou Fidel, a quem dedicou um epitáfio lírico: “(…) É urgente um verso vermelho/sem solenidades nem códigos especiais/para devolver as cores ao mundo/e as deixar combinar com a criatividade própria dos vendavais”.

Má que mete medo, só por si a “poesia” do prof. Boaventura legitimaria um cancelamento, ou no mínimo um aviso contra taras desviantes. Além do erotismo dos ditadores, os versos do “professor estrela” não são insensíveis à sensualidade das pessoas comuns: “(…) entram chefes guerras caracóis/tesouras e pauzinhos/nas rachas das meninas/na catequese é em coro/e em filas/no escuro dos intervalos/medem-se as pilas/Boaventura tens quebranto/dois te puseram três te hão de tirar/se eles quiserem bem podem/são as três pessoas da Santíssima Trindade”. E: “(…) faz parte deste tiro/estar no alvo/e retirar-se/faz parte desta gota/ser a taça e alagar-se/faz parte deste cisma/ter entranhas e sujar-se/faz parte deste coito/estar a um canto a masturbar-se”. O recurso ao onanismo é inevitável: com um talento assim, não admira que o prof. Boaventura tenha dificuldades em engatar alguém. As citações integram um livrinho intitulado Têmpera, de 1980, que Maria Filomena Mónica revelou em artigo de 2004 (e que em passagem desactualizada nota: “Que eu saiba, o Prof. Sousa Santos jamais foi acusado de assédio sexual. Os seus devaneios destinam-se tão-só a fazer corar as meninas das aldeias.”).

As rimas do prof. Boaventura, que se alastram a outras obras imperdíveis e ilegíveis, não se ficam pela pornografia adolescente. A sumidade arriscou igualmente o rap adolescente, passe a redundância (“Alá caminha, caminha com alguém, na rambla de Granada (?), não acontece nada/Jesus caminha, caminha com alguém, que pode ser ninguém”). Existe no YouTube um vídeo que o mostra em ensaios, que recomendo aos apreciadores de comédia involuntária. A empreitada nasceu num livro, Rap Global, e desaguou numa peça que, reza a crítica elogiosa, aborda “a condição feminina subalternizada”. É um tema pertinente em certos meios universitários.

Com tudo isto, nem referi a produção “científica” do prof. Boaventura, afinal a origem da sua lenda. Não há muito a dizer. Trata-se de fanatismo marxista embrulhado em “conceitos” e palavreado “técnico”, a tentar emular a ciência de facto e a espalhar-se ao comprido. Suponho que na Venezuela e no Laos a coisa seja levada a sério. Caipiras de nações sortidas fascinam-se com pouco, incluindo com a interminável bibliografia do prof. Boaventura. Começam por folhear um daqueles abjectos volumes. De seguida sonham com uma carreira orientada pelo autor, repleta de dedicação aos oprimidos. Mal dão por ela, estão na casa do próprio, a ouvir “poemas” vagabundos e a rejeitar alegados whiskeys e avanços marotos. E a correr com nojo para a porta da rua, que o CES apontou ao prof. Boaventura com imensos anos de atraso.

ASSÉDIO SEXUAL    CRIME     SOCIEDADE

COMENTÁRIOS (92):

Alexandre Areias: Não há dúvida que, além de execrável e sem princípios, este homem é duma mediocridade que causa quase vergonha alheia. O que torna ainda mais extraordinário e triste que semelhante personagem tenha sido venerado por grande parte do nosso mundo “bem-pensante” e comunicação sem qualquer pingo de embaraço ou interrogações. O Boaventura é mais uma demonstração da pobreza cultural e deslumbramento parolo de um país atrasado e contente com esse atraso                 p a: o problema é que as nossas universidades de sociologia estão minadas desta gentalha ordinária e bloquista.                       Manuel Fernandes: AG usa a pena (hoje o PC) para desancar o BSS. Eu continuo a achar que o caj ado seria mais eficaz...              Joaquim Almeida: Magnífica nota biográfica de um guru prestigiado em domínios de charlatães "intelectuais". A vida  de um obcecado em servir-se da sociologia para "transformar as relações de poder em relações de dominação partilhadas" - o totalitarismo do marxismo cultural  em acção - graças a profusa novilíngua e mistificação conceptual - à custa do contribuinte português e europeu.                   Gonçalo Cordeiro Ferreira: Onde andam as Martins e as mortáguas desta vida sempre na primeira linha da cultura do cancelamento agora que o seu guru o velho bode alega estar a ser vítima dessa mesma cultura que tanto apregoou . O que vale é que entre copos e apalpões o sátiro aparentemente não pescou nada entre as estrangeiras. Já com as portuguesas mais submissas ao seu diktat estalinista não sabemos. Viva a omertà . Já o Bruno com outros argumentos (políticos claro ) terá tido mais sorte. Se não fosse pelo dinheiro dos contribuintes enterrado para satisfazer a lascívia do velho bode e colaborador até seria um fait divers da grande esquerda moralmente superior ....bons uns para os (as) outro(a)s Até sugeria mantendo o acrónimo mudar o nome da instituição coimbrã : centro de encontros sexuais . Tem mais a ver com os fins da dita.               Carminda Damiao: Excelente artigo. Boaventura precisava ser desmascarado.               Francisco Almeida: Já alguém se lembrou de agradecer ao Boaventura, o excelente serviço que prestou a Portugal? De facto, não consumou mas iniciou o descrédito dos sociólogos e, por exemplo, já alguém contou o número de licenciados pelo ISCTE que estão no governo?              pedro dragone >Francisco Almeida: O ex secretário de estado Hugo Mendes, o gajo que tentou convencer a CEO da TAP a alterar o voo de Moçambique, é sociólogo do ISCTE. O ISCTE parece ser um aviário de sociólogos com um cliente quase exclusivo, o PS. Já o BE parece abastecer-se mais no CES, o aviário do Boaventura.            pedro dragone: O problema do "pobre diabo do BSS" não foram as tentativas mais ou menos goradas de engate de candidatas a investigadoras do CES. A tentativa de engate é natural, é humana, sem engate a humanidade acabava e homem que não a pratique não é homem no sentido pleno da palavra. O problemas de BSS foi (alegadamente) ter tentado vender favores académicos em troca de sexo.(*) E isso tem um nome: corrupção. Neste caso, corrupção do sistema académico onde factores essenciais de ascensão na carreira, tais como o mérito, a qualidade intelectual, as qualificações e o curriculum dos candidatos, são preteridos e secundarizados em favor de outros critérios ou contrapartidas/favores por eles prestados ao académico avaliador. Se as candidatas em vez de pagarem o favor académico com sexo pagassen com dinheiro seria praticamente a mesma coisa: corrupção do sistema. A outra coisa condenável em BSS foi (alegadamente) ter enveredado por práticas que contradizem de forma flagrante as ladainhas que tem apregoado contra o assédio, a "sociedade patriarcal opressora", pelo empoderamento feminino, etc, numa de "bem prega Frei Tomaz, faz o que ele diz, não faças o que ele faz"... (*) este parece ser o "pão nosso de cada dia" nas diferentes Academias, mas também no mundo empresarial e na função pública, promovendo as chamadas "subidas na horizontal" no feminino, mas também haverá casos no masculino. Nota: outros cenários possíveis são a obtenção de sexo consentido (ou mesmo não consentido) e ainda assim a promoção ser feita por mérito da candidata.                   João Angolano: Os ‘nossos’ dois professores são o retrato de um país não tanto pelos pobres personagens de opereta mas pela atractividade que ambos criam à sua volta sejam os que buscam o afecto e a selfie sejam os tontinhos de esquerda e das suas bandeirolas                   Amigo do Camolas: Como o resto dos movimentos políticos, os Boaventuras de esquerda querem ser pobres em espírito e ricos em financiamentos públicos. Eles querem jogar o jogo de guerra de classes a partir de um covil particular milionário. Normalmente, a imprensa deixa-os sair e entrar nisso. Ninguém pergunta ao alegado professor, Boaventura, como ele combinava a guerra de classes e a pequena fortuna pública para gerir. E o CES do alegado professor, Boaventura, tal como o lóbi gay, ou qualquer lóbi que a esquerda possa arranjar para mamar do estado sem trabalhar, ela vai estar sempre presente. Nunca esteve tão fácil para uma certa elite da esquerda caviar levar a vida sem muito esforço. Hoje estão revoltados com a extrema-direita, amanhã é com a xenofobia, depois de amanhã é pelos direitos da formiga, do urso polar e do crocodilo. A retórica não muda muito.             Carlos Chaves  Mais uma excelente crónica do Alberto, como já nos habituou! Desta vez  o conteúdo é nojento em todos os aspectos, mas a culpa não é do Alberto, é de quem ele escolheu para esta prosa.                 Américo Silva: Esta crónica do AG está divina, então as citações, perfektion             Madalena Sa: Artigo espectacular! Boaventura um homem medonho , sempre protegido por essa esquerda ainda pior! Que nojo de gente!                      Pedro Almeida: Artigo fascinante. Parabéns          Alexandre Areias > Luís Abrantes: Pintam uns graffiti acusatórios nos muros lá da madraça CES mas de resto todos muito caladinhos que, neste país de tigres de papelão e tiranetes de paróquia, o povo é manso e o respeitinho é muito bonito. Já agora o CES só agora é se lembrou que os actos do “professor estrela” eram reprováveis. Só agora é que acham premente investigar as múltiplas denúncias que pelos vistos se iam ouvindo em surdina há largos anos                  JP Ribeiro: É sempre bom ver o charlatão-mor do regime ser desmascarado.               Rui Lima: Se houvesse só um professor Boaventura já era demais o drama é que as universidades no Ocidente estão cheias deste tipo de palermas extremistas, no passado houve extremista com talento adorados como Deuses para o conseguir tinha de se ser de esquerda só as gentes de esquerda são considerandos na cultura, um exemplo Sartre que para muitos era o Sol na terra hoje vemos quanto errado estava .                     Vitor Batista > Maria Paula Silva: Alberto Gonçalves, além da vocação excelente que tem para escrever,e para tratar de qualquer tema, é na verdade um mestre do ofício, aprendeu com o maior deles todos: VPV. Hoje não estou de acordo consigo, e acho que o Alberto esticou demasiado a corda. A pessoa que escreve poemas em 1980 não é a mesma (não apenas ao nível celular - a cada 7 anos renovam-se - mas também nos curto-circuitos neuronais) passados 43 anos. O nosso passado pode nos perseguir mas não tanto, senão, Marcelo nunca seria presidente no atual regime pós 25 do 4. O que o Alberto Gonçalves fez foi uma canalhice com estes poemas. Quanto à vitima da indignação do momento também não deixa de ser um grandessíssimo apoiante de regimes totalitários de esquerda e de comunas em geral, todavia, misturar o ódio à ideologia com o ódio à pessoa chama-se habitualmente um ataque Ad Hominem, que na minha opinião foi o que o Alberto acabou de fazer com este texto. O homem, como qualquer professor estrela mais atrevidote, tenta filtrar com esta ou aquela doutoranda. É uma condição inata do homem heterossexual, por vezes até feita de modo inconsciente. Uma mulher bonita faz os homens tolos. Filtrar é também socialização. Se eu comentar com uma moça bonita (ou apenas jeitosa... ou mesmo feia e com as penas tortas) que está a passear o cão, que o cãozinho é muito bonito e se posso fazer uma festinha, posso estar a filtrar ou a socializar, depende da princesa ou da bruxa com quem estou a falar. Tudo isto é muito subjectivo. Condeno veemente o ataque Ad Hominem feito ao Boaventura, se bem, que existe alguma satisfação quando a cobra prova do próprio veneno, mas, acho que o Alberto foi demasiado longe, foi demasiado corrosivo.                observador censurado: O professor Boaventura é apenas a ponta do iceberg. Se tiverem coragem de destapar o que se passa num dos bastiões da Idade Média (as universidades portuguesas), verão que, em proporção do número de envolvidos, os escândalos da igreja católica são uma "brincadeira".                   F. Mendes: Muito bom artigo! Tenho que concluir o seguinte, não só deste artigo, mas de outros que tenho lido: estes abusos, eram já conhecidos, mas houve medo de os denunciar, porque o bicho tinha imenso poder e influência. Não é por acaso que estas 3 denúncias vieram de pessoas estrangeiras ou a trabalhar lá fora: é por falta de medo, destas denunciantes, por estarem longe daqui, como mostrado no artigo de hoje do Miguel Pinheiro. Quem por cá anda, come e cala.

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