domingo, 2 de abril de 2023

Impecável


A crónica de Alberto Gonçalves, que, como sempre investiga as certas premissas, para nos dar a sua visão não rebuscada, e apenas inteligente e franca da nossa mísera – hoje mais do que nunca hipócrita - realidade.

A beatificação do assassino AbdulBashir

Caso o assassino fosse um português católico, o dr. Ventura nunca lhe dedicaria um discurso irado e as boas almas nunca se dariam à trabalheira de o absolver mediante sucessivos “contextos”.

ALBERTO GONÇALVES, Colunista do OBSERVADOR               OBSERVADOR, 01 abr. 2023

Não imagino forma mais entediante de começar um texto do que com “De acordo com dados oficiais do Conselho Europeu”, mas um dia não são dias. De acordo com dados oficiais do Conselho Europeu, quase todos os ataques terroristas cometidos na UE durante a última década, à média grosseira de uns cem por ano, têm uma de quatro origens, ou inspirações: o jihadismo; o separatismo; a extrema-esquerda e, num contributo surpreendentemente baixo face ao rebuliço alusivo (uns 2 ou 3%), a extrema-direita. Nenhum dos ataques aconteceu em Portugal, desfeita que nos afasta das nações desenvolvidas e que tentamos contrariar na medida do possível.

É injusto desvalorizar o esforço com que, em tempos recentes, o nosso país tem procurado arranjar um arremedo terrorista a que possa chamar seu. Se um grupo de marmanjos invade um campo de treinos para insultar e agredir futebolistas, isso é obviamente terrorismo (por azar, o tribunal discordou). Se passa pela cabeça de um rapazola matar colegas de universidade, isso é naturalmente terrorismo (por desleixo, o tribunal discordou). Se um informático divulga mails privados de um clube desportivo, isso é francamente terrorismo (por incúria, A Bola ainda não faz lei). Se um líder partidário se aproveita do homicídio de duas mulheres a cargo de um afegão para fazer propaganda eleitoral, isso é evidentemente terrorismo, pelo menos na opinião de um sujeito que assina crónicas no Expresso apesar de não saber escrevê-las (por fatalidade, ninguém as lê).

Aparentemente, o que não é terrorismo de certeza absoluta é o duplo homicídio cometido pelo tal afegão. Curioso. Por uma vez, houve uma confluência de critérios que aproximavam o sucedido de uma parte considerável dos atentados cometidos por essa Europa afora. Por uma vez, Portugal desprezou à partida a hipótese de conseguir o seu atentado. Num ápice, meio mundo irrompeu a garantir que o assassino não era terrorista. No instante seguinte, quase se garantiu que o assassino não é sequer um assassino.

Para a Judiciária, trata-se apenas de um homem que sofreu um surto psicótico, no pressuposto de que é comum andar-se prevenido com uma faca para a eventualidade de tais fenómenos. Uma escola de pensamento subsidiária da anterior sugere os distúrbios mentais do sujeito, o que o afasta de imediato dos “jihadistas” radicais que se distinguem pelo equilíbrio emocional e a clareza de raciocínio. Para outra escola de psicanálise, o sujeito vivia triste desde que cá chegou, na convicção de que, excepto parasitas e tolinhos, existe aqui gente com motivos para rir e cantar. Para uma terceira corrente teórica, o sujeito é um pobre viúvo que perdera a cônjuge na Grécia, na crença firme de que a viuvez costuma despoletar carreiras de “serial killer”. E há os que apostam num telefonema “suspeito” recebido pelo sujeito antes do “surto psicótico”, talvez um inquérito de satisfação da entidade bancária. Há os que referem um interesse não correspondido do sujeito por uma das vítimas, romantismo bastante para abatê-la e a mais um ou dois desgraçados no processo. E há Sua Incontinência, o PR, que além de marcar insondável presença no cenário de um “acto isolado” e trivial, divagou nebulosamente acerca das complicações ligadas ao “exercício do poder parental”, subentenda-se (?) a preocupação do sujeito com a tutela dos filhos, que com a mãe falecida e o pai preso devem estar radiantes.

É exagerado dizer-se que tenha havido a beatificação do assassino, perdão, do infeliz refugiado: apenas se deu entrada à papelada necessária. Não me lembro de tamanho investimento na “compreensão”, a roçar a legitimação, de um crime. Porquê? Porque o criminoso é estrangeiro e muçulmano, ou seja, as boas almas relativizam as acções do assassino a partir da exacta circunstância que leva o dr. Ventura a generalizá-las. Caso o assassino fosse um português católico, o dr. Ventura nunca lhe dedicaria um discurso irado e as boas almas nunca se dariam à trabalheira de o absolver mediante sucessivos “contextos” e justificações. A diferença é que a atitude das boas almas lhes concede um banho de virtude e, por uma atitude similar na natureza e no oportunismo, o dr. Ventura acabou universalmente condenado – muito mais condenado, aliás, que o próprio assassino.

Quanto aos factos, a verdade é que conhecemos poucos. Não sabemos se Abdul Bashir é terrorista, doido varrido, psicopata, selvagem, ginofóbico ou uma mistura saudável das diversas alíneas. Temos a impressão que é do género masculino, se ele se identifica assim, que é natural do Afeganistão e que observa as prescrições do Profeta, quiçá num bando dissidente dos ismaelitas. E temos provas de que matou duas mulheres, mandou um homem para o hospital e arruinou várias famílias. Logo, nunca é suficiente repetir, é um assassino. E se é feio usar um assassino para culpar inocentes vivos, pior é desprezar inocentes mortos para desculpar um assassino.

CRIME    SOCIEDADE    ANDRÉ VENTURA   PARTIDO CHEGA   POLÍTICA   IMIGRAÇÃO   MUNDO

COMENTÁRIOS:

Álvaro Venâncio: Muito bem no conteúdo e também na forma: excelente.                 Joaquim Almeida: Soberba crónica. Excelente revista às tropas da imbecilidade.                    Censurado sem razão: Considero inacreditável que quando André ventura fala toda a gente entende o contrário do que disse. Depois acusam-no de populismo e de estar a colher benefícios polititicos sobre a morte de duas mulheres. Aline de Beuvink, na cor do dinheiro, assim como carlos moedas, disseram exatamente aquilo que ventura disse. Não creio que Aline e Carlos sejam de extrema direita e populistas. Ventura disse que aguardava as investigações, mas que a política de portas abertas, sem qualquer controlo iria conduzir, mais tarde ou mais cedo a uma desgraça. Desta vez um assassinato, mas já morreram duas pessoas queimadas por causa desta política de esquerda miserável. Disse alguma alarvidade? Disse o óbvio. E sim, costa e todos os esquerdalhos têm nas mãos o sangue destas pessoas. Ventura disse o que todos pensam, mas são cobardes em não assumirem. Acho miserável a campanha que fazem contra Ventura e a ligeireza com que desculpam assassinos de esquerda. Todos os que vieram desculpabilizar este energúmeno são tao responsáveis quanto ele.                             Antonio Rodrigues: Olha  finalmente uma análise racional do evento. Curioso.                         Pedro Santos: Em cheio… 🎯🎯🎯🎯🎯                    Isabel Amorim: Neste texto está tudo dito! A hipocrisia que justifica a miscelânea de demagogias que depois são difíceis de explicar com a realidade crua e nua. E esta gentinha arraia miúda do "governo" deve achar que somos todos imbecis....                    Lidia Santos: Excelente. Parabéns.                       Maria Soares: Brilhante, como sempre!

Carminda Damiao: Excelente este artigo. É um absurdo como tentam arranjar argumentos para ilibar o assassino da culpa. As pessoas que arranjam argumentos estapafúrdios, para justificar este crime horroroso. O assassino tirou a vida de 2 mulheres inocentes e jovens e o professor só por sorte não morreu. Também não nos podemos esquecer que deixou famílias destroçadas para o resto da vida. Obrigada AG por falar a verdade.                     Helder Machado: Povo deprimido e em perda, não só económica mas mental. Os blisters inundam os passeios. A incontinência proclama que somos os melhores a propósito de tudo e de nada, sem esconder a realidade. O ridículo assentou. Os masoquistas apreciam a dor e quem a provoca. Perfuram-se, tatuam-se, intoxicam-se, louvam a desgraça. Presos à inércia, sentam-se frente ao écran a admirar quem ainda mexe, desde o chuto na bola, até a maior brutalidade.                      João Ramos: Excelente, preto no branco!!!            Fernando CE: Gostei da perspectiva do Alberto Gonçalves. O mundo lá fora, pelo menos o oficial e oficioso, está virado do avesso. E algumas personalidades parece que estavam combinadas na explicação “benévola” do assassinato. Ao que chegámos.                      I G: Muito bom o artigo! Parabéns pela lucidez e coragem de pôr os pontos nos iis perante o contexto geral de desinformação, manipulação e cobardia em abordar o tema de forma objectiva.Iur Sotam: Grande AG. Espectáculo ao mais alto nível de mediocridade, foi o que se assistiu, mas deixe que o povo é sereno e come a palha toda que lhe põem á frente dos olhos...                Andrade QB: Este artigo deveria ser de leitura obrigatória como forma de mitigação dos malefícios da crescente catequização que as elites mandantes e instaladas diariamente impõem aos portugueses. dessa elite destaca-se, de facto, Marcelo que não tem outra forma, nem objetivo, no inicio das suas verborreias do que o conduzir quem o ouve ao papel de palerma. Neste momento já se desconfia que o trauma parental terá começado na Grécia com o assassinato da mulher, que terá sido agravado pelo seu conceito de que apoio social era que a assistente fosse para a sua casa aquecer-lhe os pés e tratar dos filhos e, sendo mulher, merecer a morte por se recusar.             TIM DO Á: O Dr. Ventura, pois não. Porque um português católico não faria isso assim sem motivos. Fazem crimes passionais e em rixas. Não faz o que fez aquele migrante que importámos. Quanto à PJ, é patética a teoria do surto psicótico. Um surto não se planeia. Não é premeditado. O assassino já levava a faca com intuito criminoso. E, na sociedade portuguesa do mundo dos liberais, o assassino é que está a ser considerado a vítima. As mulheres civilizadas que morreram são um empecilho para a sociedade. Só atrapalham a beatificação do assassino, quase santo. Os liberais inverteram os valores da sociedade. Precisamos de importar e sustentar gente desta em Portugal? Porque importamos estes migrantes? Qual é o interesse nacional?.........................................               Rfc: Como sempre, lúcido, inteligente e felizmente fora desta corrente agonizante do politicamente correcto a qualquer custo.

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