Eficientemente torta.
Em direcção ao socialismo, contra a clique
passista-cavaquista
A ganância e o apetite do lucro fácil
dos privados estão por detrás de tudo. Quais víboras lúbricas, querem tudo para
eles e não olham a meios para atingir os seus fins.
PAULO TUNHAS Colunista do Observador
OBSERVADOR, 30
mar. 2023, 01:1936
É verdade que nem tudo vai bem.
A
habitação, os transportes, a saúde e a educação, por exemplo, encontram-se num
estado deplorável. Não há casas para alugar, e quando as há são a preços
mirabolantes, os comboios são erráticos e pouco fiáveis, a TAP é um caos
permanente que nos custa uma fortuna, o SNS rompe pelas costuras e a educação
caminha para um regime em que apenas os alunos do ensino privado têm aulas. As
pessoas exprimem a sua insatisfação com o que se passa através de greves,
manifestações e rituais desabafos nas paredes das casas de banho públicas com
palavras que o pudor impede mencionar.
Mas convém perceber porque é que isto acontece. E não custa
percebê-lo. A ganância e o apetite do lucro
fácil dos privados estão por detrás de tudo. Quais víboras lúbricas, querem
tudo para eles e não olham a meios para atingir os seus fins. Querem, imaginem,
espécie de kulaks urbanos, que as suas casas lhes rendam dinheiro. Querem,
quais piratas do ar, tomar posse das nossas caravelas voadoras. Querem fazer da
saúde um negócio. E, horror dos horrores, querem ensinar os alunos.
Desenganem-se
aqueles que pensam que lidamos aqui com reivindicações desorganizadas e
espontâneas. Trata-se, como é bom de ver para alguém com alguma educação
teórica e uma concepção socialista da justiça, de um movimento organizado nos
seus mais ínfimos detalhes, visando semear um ambiente de desconfiança na
sociedade. A história
passada ensina-nos
como estas coisas se preparam e se levam a cabo. Lembrem-se do complot
das gasolineiras e do mais
recente complot da grande distribuição. Tudo está
lá: o desejo – a ganância –, os meios – a criação do caos – e os fins – a
destruição da sociedade.
E quem está por detrás de tudo isto?
Urge denunciar, sem tibieza nem meias-palavras: a clique
passista-cavaquista, que julgávamos lançada para o caixote de lixo da história,
mas que continua a mostrar as suas presas afiadas e o seu velho projecto de
terrorismo social. Não é
difícil encontrar provas do seu conluio com Trump e Bolsonaro. O
projecto, de resto, é o mesmo: destruir tudo o que resta de Abril
através de um intenso processo de sabotagem generalizada. Sabotagem das
turbinas eólicas. Sabotagem dos painéis solares. Sabotagem da produção de
cebolas. Sabotagem da transição digital e reposição do ábaco nas escolas. Sabotagem
do PRR. Sabotagem dos navios da Marinha. Introdução de médicos assassinos no
SNS. Assassinato dos capitães de Abril e ressuscitação do almirante Américo
Thomaz.
Mas
a vitória é nossa e tudo caminhará para o melhor.
Serão
derrotados. O nosso povo exige uma única coisa: que estes malditos répteis
sejam esmagados, que estes cães sarnentos sejam abatidos. Os tempos passarão,
as ervas daninhas e os cardos invadirão os túmulos dos traidores execrados. Na
longa estrada, virada a página da última impureza e da última abjecção do
passado, todos nós, o nosso povo, guiados por António Costa, continuaremos a
ir em frente, sempre em frente, em direcção ao socialismo.
O
que é preciso, o que anima a malta, é malhar na direita. Com gosto,
proficiência e engenho. Malhar a sério nos
que querem destruir a sociedade em benefício da ganância e do lucro, sob a capa
de uma hipócrita defesa da liberdade individual. Aliás, basta oporem a
liberdade ao PS para se perceber que não estão verdadeiramente a falar de
liberdade. Porque a liberdade é, por definição, histórica e logicamente, o PS. Sá Carneiro,
embora não o tenha dito exactamente assim, tinha-o percebido. De resto, toda a
gente bem informada o sabe, Sá Carneiro era do PS – e da ala esquerda do PS
– e adorava malhar na direita. Só a clique passista-cavaquista, com a sua
constante falsificação do passado, o finge ignorar. Honremos, pois, a sua
memória socialista. E não nos esqueçamos que António Guterres é seu filho e
António Costa seu neto. Ditoso neto deste dilecto irmão de Mário Soares. Ana
Catarina Mendes, sua bisneta, guarda ainda dele carinhosas memórias. Vêm-lhe
as lágrimas aos olhos quando se lembra que disse “PS” pela primeira vez ao seu
colo. Pacheco Pereira tem, nos seus arquivos, uma fotografia do momento.
De resto, e voltando ao essencial,
não temos nós a constituição mais progressista e democrática do mundo? E a
nossa vida não melhorou, não se tornou mais alegre? O ser humano, o mais
precioso capital, não é hoje em dia mais feliz do que sempre foi? Não nos assegura
o Governo todas as medidas necessárias ao nosso bem-estar? A resposta a todas
estas perguntas não merece dúvidas. O Governo toma invariavelmente as melhores
soluções, de acordo com o mais científico método e os mais sãos princípios. Se
encontramos algumas dificuldades no nosso caminho, tal só se pode logo dever à
intensa sabotagem da clique passista-cavaquista. Salta aos olhos. Mas as
dificuldades serão vencidas. O verdadeiro socialismo está próximo.
PS.
Vivi oito anos em Paris, nos anos 90. O pessoal político francês que conhecia
desapareceu quase inteiramente. Os partidos que havia igualmente desapareceram,
ou quase, ou mudaram de nome (estão sempre a mudar de nome). Uma coisa, no
entanto, permanece exactamente idêntica: o gosto dos franceses em andarem à
porrada com a polícia. Se nos lembrarmos que no Maio 68 o número total de
mortos, apesar de todos os confrontos, se limitou a cinco – dois estudantes,
dois operários e um polícia (três dos quais por razões acidentais: um
estudante, um operário e o polícia) –, percebe-se que o desporto, apesar de
algum pouco risco, compensa ser praticado.
COMENTÁRIOS:
Maria RibeiroTelles: desconcertante
artigo mas é o que os influenciadores do
povo, tentam convencer o povo ; que só tem paciência para ver programas da
tarde e alguma novela. Como
se muda se não existe educação (ensino independente ) ? JOHN MARTINS Nem mais nem menos. Um artigo cheio
de sátira que ajuda a branquear o socialismo em que portugal já está metido e
prometido. Se fosse só ficção analítica, teria a sua aceitação apropriada; mas
a realidade, aqui e a li referenciada é bem patenteada no vasto sector, social, económico, educacional,
institucional desde a defesa a todos os orgão de soberania. Fraco retrato daquilo que temos. O
SOCIALISMO. António Marques Caro Paulo Tunhas A ironia e o sarcasmo sofisticados
do seu texto parecem-me também já um grito de desespero de quem, como muitos de
nós, já percebeu que não vamos conseguir travá-los. Se me permitisse, sugeria-lhe que
lesse, se ainda não leu, o artigo da jornalista Rita Tavares publicado ontem no
Observador “Duas pontes, um metro e Medina com "novo espírito"”, e
depois se o entender nos dissesse se não parece algo estranho, ou até um pouco
esquizofrénico (já que estamos em maré de especialistas de psiquiatria), que
você e a referida jornalista escrevam no mesmo jornal. Fernando CE: Deliciosa crónica. Só falta adaptar
a música e letra do Companheiro Vasco e ver alguém a perorar contra
os direitistas malvados num comício em qualquer pavilhão desportivo. Ah, e
passar a haver a oferta de um dia de trabalho para a Nação e quando
sugerido por um certo MFA a limpeza das ruas pela população. Que saudosos
tempos ( tinha eu 18-19 anos). José Manuel Pereira Mais uma crónica de antologia...
Para eternizar a patranha só falta um novo mantra a dizer que: "No fim,
com o socialismo ficará tudo bem. Se ainda não está tudo bem é porque ainda não
chegámos ao fim". O baixo nível em todos os aspectos deste pobre povo (e
noutros países foi e é igual) "papa" destas coisas, esse é de facto o
mal de tudo o que se passa nesta grande farsa a que vamos sobrevivendo cada vez
pior: "a democracia liberal só é profícua com desenvolvimento intelectual
e económico" de forma a tentar impedir que se possa chegar à traição das
elites quando em vez de governar a Nação se governem a si próprias. Nesse caso,
isto pode tornar-se num exercício de muito mau gosto e é o caso em Portugal e
não só em Portugal... Infelizmente não estamos sós nestas patranhas bem
sucedidas e os resultados são desastrosos. Bom, e pergunto: que é feito da
oposição? Já não há? É que a oposição é tão conivente quanto o PS e seus
apaniguados.
……………
Nenhum comentário:
Postar um comentário