Com monoteísmo de passagem - e tudo com o encanto narrativo de sempre,
em alegre revisão da História dos primórdios.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 12.04.23
NOTA PRÉVIA – Hoje trato da Teologia dos egípcios antigos
e de outras crenças associáveis. Se quem me lê gosta de temas escaldantes, fique
desde já sabendo que tudo foi concebido e alcandorado à categoria de religião
sob temperaturas que facilmente rondavam os 40º Centígrados; se prefere temas
políticos, de traições, corrupção e «levantamentos de rancho», então leia o que
segue imaginando tudo isso porque, afinal, hoje temos a mesma essência que já
definia esses antigos. Sim, evoluímos tecnologicamente, mas não essencialmente
porque, nomeadamente, temos as mesmas aspirações básicas: o conforto na Terra e a eternidade nos Céus.
* * *
Hórus, Isis, Osíris, Rá (a
que também há quem chame Ré), Amon e mais não sei quantos deuses a quem já
perdi a conta e os nomes… Muito
importante, a definição do Bem simbolizado por Hórus e do Mal correspondendo ao
crocodilo, ou seja, os primórdios de uma Moral da qual deverá ter resultado uma
Ética (sobre que nada me foi contado) e, daí, o exercício da Justiça no
âmbito de uma sociedade organizada, isto é, um Estado.
O eixo do mundo definido pelo Nilo,
com o Sol (Rá ou Ré) a nascer todos os dias do lado da vida (a margem leste) e
a desaparecer nas profundezas do mundo dos mortos (a margem esquerda); cidades e templos do lado da vida, a margem direita e
as necrópoles (nomeadamente, o Vale dos Reis) na margem esquerda.
Todas
as noites o Sol a visitar o mundo subterrâneo dos mortos na vida eterna para
voltar a nascer para aquecer o Nilo e fazer a humidade que é a fonte da vida.
Se o busto que lhe conhecemos
corresponde à realidade que a esculpida teve,
Nefertiti ainda hoje tem lugar cativo no podium da estética feminina.
Primeira mulher do faraó Amenófis IV,
mais conhecido por Akenator, protagonizaram uma revolução religiosa substituindo
o politeísmo até ali reinante pela imposição de um Deus único, Ator.
Obviamente, lançaram no desemprego
toda a classe sacerdotal politeísta e isso criou grande instabilidade num
regime cuja legitimidade assenta na inspiração divina e cuja legitimação
depende da classe sacerdotal. Por alguma razão, o faraó seguinte subiu ao trono com
10 anos de idade – bem antes da «idade da razão» - sendo induzido a revogar o
monoteísmo de Ator e regressando ao politeísmo onde Amon recuperou o culto que
perdera para Ator, Essa criança passou à história com o nome de Tutank
Amon. Morreu aos 19 anos (antes de fazer alguma reviravolta
como fizera o seu paizinho).
Tudo, claro está, sob a égide do
amuleto da sorte e da felicidade, o escaravelho.
(continua)
Abril de 2023
Henrique Salles da Fonseca
Tags: viagens
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