quarta-feira, 19 de abril de 2023

Já o disse a canção portuguesa


“O povo é quem mais ordena”, aliás, por espírito de imitação do lema antigo – LIBERTÉ, ÉGALITÉ, FRATERNITÉ – que resultou no que se viu, mas agora é mais as poubelles, de mistura com as gentes, que não se importam com os cheiros nauseabundos das ditas. Nauseabundo é, de resto, uma boa definição para nós hoje. Ou também pestilência, mais carismático e de muitos níveis funcionais.

COSMOPOLITISMO

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 18.04.23

ou

«LES POUBELLES EN FLAMME»

(os caixotes do lixo em chamas)

Dos dicionários se extrai que ambiente cosmopolita é aquele em que todas as nacionalidades do Cosmos se cruzam.

* * *

O famoso ambiente cosmopolita parisiense permite que o indivíduo sinta uma liberdade superlativa que facilmente se transforma em indisciplina.

O famoso ambiente cosmopolita parisiense gera um sentimento de tal modo igualitário que o indivíduo o sublima pela arrogância.

O famoso ambiente cosmopolita parisiense produz um anonimato que gera o autismo e o egoísmo.

Tudo, porque «sauve qui peut» …

… e assim é que os outros franceses acusam os parisienses de treslerem os grandes valores republicanos trocando a liberdade pela indisciplina, a igualdade pela arrogância e a fraternidade pelo egoísmo.

Não culpemos, contudo, os forasteiros, mas apenas os residentes.

Salvando algumas metástases para outras zonas urbanas, o actual problema da arruaça francesa é sobretudo parisiense e há gente por essa França além que diz que tudo regressará ao normal assim que cessar a arruaça parisiense nem que para isso seja necessário inventar um problema de sinal contrário. Má solução que conduzirá à ingovernabilidade e à periclitância da democracia.

Duvido que haja preces suficientemente fortes para que uma vaga de bom senso invada Paris e creio mais pragmático tentar chamar à razão os instigadores das arruaças e da inflamação dos caixotes de lixo pois não é admissível que, em período de guerra, a única potência nuclear europeia esteja a braços com problema paralisante.

Afinal, o problema não é apenas francês, mas sim europeu e potencialmente de todo o Ocidente.

Qualquer pretexto serviria para lançar o caos e paralisar a única potência nuclear europeia e Macron caiu na ratoeira.

Abril de 2023

Henrique Salles da Fonseca

Tags:   "política alh

 COMENTÁRIOS

Rui Bravo Martins 19.04.2023: Caro Sr Dr Henrique Salles da Fonseca O Cosmopolitismo não me parece ser um mal em si próprio. pois depende essencialmente da sua composição do ponto de vista social, e das tensões aí provocadas. Quanto ao aspecto nuclear, é uma Observação que agora é cada vez mais pertinente com o efeito de Brexit! Estou plenamente de acordo com a generalização do "fenómeno" a toda a civilização Ocidental. Cumprimentos com apreço Rui Bravo Martins

Adriano Miranda Lima 21.04.2023 14:10: Considero este texto uma reflexão muito séria e apropriada neste momento da vida europeia e mundial que estamos a atravessar. O cosmopolitismo não é, de facto, um mal em si, como comenta o Sr. Rui Bravo Martins. Mas o que se assiste em Paris é a subversão do seu significado e até o perigo de se pôr em causa o seu valor como agregação de culturas e convergência de vontades em ordem aos fins superiores da humanidade. Desde logo, a baderna e a selvajaria levam a que os mais conservadores questionem as virtudes da própria democracia, oferecendo de mão beijada aos autocratas pólvora para o seu arsenal ideológico de supressão ou condicionamento das liberdades. Portanto, pode-se perguntar, sem exagero, se os parisienses não se estão a deixar manipular de forma ingénua e acéfala por inimigos da democracia. Creio que os serviços secretos do país têm de fazer o trabalho que lhes compete. Até porque, como sublinha o Dr. Salles da Fonseca, trata-se da única potência nuclear europeia e os tambores de guerra soam bem próximos das nossas fronteiras.

COMENTÁRIOS

Rui Bravo Martins 19.04.2023: Caro Sr Dr Henrique Salles da Fonseca O Cosmopolitismo não me parece ser um mal em si próprio. pois depende essencialmente da sua composição do ponto de vista social, e das tensões aí provocadas. Quanto ao aspecto nuclear, é uma Observação que agora é cada vez mais pertinente com o efeito de Brexit! Estou plenamente de acordo com a generalização do "fenómeno" a toda a civilização Ocidental. Cumprimentos com apreço Rui Bravo Martins

Adriano Miranda Lima 21.04.2023 14:10: Considero este texto uma reflexão muito séria e apropriada neste momento da vida europeia e mundial que estamos a atravessar. O cosmopolitismo não é, de facto, um mal em si, como comenta o Sr. Rui Bravo Martins. Mas o que se assiste em Paris é a subversão do seu significado e até o perigo de se pôr em causa o seu valor como agregação de culturas e convergência de vontades em ordem aos fins superiores da humanidade. Desde logo, a baderna e a selvajaria levam a que os mais conservadores questionem as virtudes da própria democracia, oferecendo de mão beijada aos autocratas pólvora para o seu arsenal ideológico de supressão ou condicionamento das liberdades. Portanto, pode-se perguntar, sem exagero, se os parisienses não se estão a deixar manipular de forma ingénua e acéfala por inimigos da democracia. Creio que os serviços secretos do país têm de fazer o trabalho que lhes compete. Até porque, como sublinha o Dr. Salles da Fonseca, trata-se da única potência nuclear europeia e os tambores de guerra soam bem próximos das nossas fronteiras.

Nenhum comentário: