Ideológico que lhe convém, para poder progredir no seu próprio tráfego vivencial, de evolução positiva, está visto,
num saber viver apropriado para o excelente resultado pessoal da sua prestação …
atenta à moda da muita bondade exemplar do esquema actual… rastejante… vociferante... comediante...
Guterres e a escravatura
Quem ouvir os discursos de Guterres
poderá notar que não parece haver grande diferença entre o que diz e o que
dizem Joacine Katar Moreira, Mamadou Ba e os activistas woke, o que não é de
estranhar.
JOÃO PEDRO MARQUES OBSERVADOR, 11 abr.
2023, 00:1519
Anualmente,
a 25 de Março, a ONU vem a público celebrar o “Dia Internacional em Memória das
Vítimas da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Escravos”, que ela própria
instituiu, em 2007. E ano após ano, por essa altura e por inerência do cargo — noblesse
oblige, suponho eu —, o secretário-geral António
Guterres tem feito
discursos apropriados à ocasião. Costumam
ser, ainda que com variações de ano para ano, discursos que obedecem a um
padrão estereotipado e que são, como talvez seja inevitável, profundamente
políticos e ideológicos, o que não invalida que devessem ser, ainda assim,
equilibrados e rigorosos do ponto de vista histórico.
Infelizmente
não o são, pelo contrário. Provavelmente
sem que Guterres se dê conta disso, os discursos que tem pronunciado têm alguns
erros factuais e sérias omissões. Em 2022, por exemplo, o engenheiro afirmou
que o tráfico transatlântico foi um “tráfico humano de uma dimensão sem
precedentes”, quando, na verdade, e sem pôr em dúvida o seu óbvio horror e
trágico volume, foi equiparável ao tráfico levado a cabo pelos negreiros
muçulmanos, e foi quantitativamente muito menor do que o tráfico realizado nos
tempos do Império Romano (que se calcula ter sido de, pelo menos, 100 milhões
de pessoas). A verdade, porém, é que tudo isso foi
há mais tempo, longe do Atlântico, e os actuais descendentes dessas vítimas perderam
o fio da meada. Os que o não perderam, são maioritariamente silenciosos ou
brancos e não têm representantes seus a fazer pressão nas Nações Unidas, nem
ninguém a quem apontar o dedo. As suas distantes dores e agruras já não
interessam à política dos nossos dias.
Não tendo esses outros tráficos nos seus horizonte e pensamento, que
costuma, então, dizer-nos António Guterres a propósito da escravidão e do
comércio transatlântico da escravatura?
Tem referido que é uma história de “crueldade e barbárie”
— o que é verdade —, tem relembrado e enaltecido as realizações e capacidades
dos africanos — o que é justo e positivo —, mas tem também dado alguns
tropeções em questões de detalhe ou, o que é pior, de substância. Em 2021, por exemplo, afirmou que o tráfico
transatlântico “acabou há mais de 200 anos”, o que é falso. Considerou que as ideias de supremacia branca que o
escoraram continuam vivas, o que é altamente discutível, por várias razões. E disse que esse tráfico devastou o
continente africano, “impedindo o seu desenvolvimento por séculos”, o que é uma
meia-verdade, pois atribuiu ao tráfico transatlântico um ónus
que cabe, também, aos tráficos
levados a cabo através do deserto do Sara, do Índico e do mar Vermelho. Foi o conjunto de todos esses tráficos
que pesou duramente sobre África e não apenas o tráfico transatlântico. Mas, claro que, tanto quanto sei, não
existe um “Dia Internacional do Tráfico de Escravos Trans-sariano e Trans-Índico”,
e essa inexistência já diz, por si só, muito sobre o pendor ideológico que vai
prevalecendo, nesta área, na ONU.
Podemos,
ainda assim, considerar que esses são erros de pormenor. Porém, há um
lapso — ou, se quisermos, um silêncio — que é mais sério, mais profundo e
estrutural, e que diz respeito à completa ausência de brancos nas mensagens
transmitidas. No discurso de 2023 ainda houve a
utilização fugaz do termo “abolicionistas”, sem, contudo, se especificar do que
se falava, mas nos outros anos foi um vazio total, pois não existiu uma única
palavra para os brancos que, solidarizando-se com as vítimas, lutaram para que
fossem libertadas e para que se pusesse fim à aberração do sistema escravista.
É
verdade que nestes dias internacionais “em Memória das Vítimas da
Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Escravos”,
celebrados a 25 de Março, o foco está, como o próprio
nome indica, nas vítimas. Mas
as Nações Unidas também celebram, a 23 de Agosto de cada ano, o “Dia
Internacional em Memória do Tráfico de Escravos e da sua Abolição”. Em Inglaterra, pelo menos, as pessoas e os
poderes políticos têm comemorado esse dia de uma forma mais justa e verdadeira,
celebrando, muito adequadamente, os abolicionistas brancos — como Thomas
Clarkson, por exemplo — que se bateram e conseguiram pôr fim a tal horror, como
pode ver-se neste vídeo de 2021. Guterres
também tem discursado nesse dia, na sede da ONU, mas, que eu saiba, não tem
evocado os brancos. O
que costuma evocar, como se pode ver e ouvir neste vídeo de 2019, é “o invencível espírito que
levou os escravizados a revoltar-se contra a sua condição”, o que nos remete para o campo da excepcionalidade ou
da ficção. Em vez de nos falar em Thomas Clarkson ou William
Wilberforce, Guterres tem celebrado líderes negros como Zumbi, do quilombo dos
Palmares, no Brasil, ou a rainha Njinga, da actual Angola. O secretário-geral da ONU não terá
certamente consciência disso, mas está a dizer disparates. Nem Zumbi nem Njinga eram
anti-escravistas ou deram qualquer contributo para a abolição do tráfico de
escravos. No caso da rainha Njinga, muito pelo contrário, pois, como é sabido,
foi uma participante activa nesse tráfico.
No
YouTube um comentador mais lúcido chamado Kevin Smith, deu conta da sua perplexidade ao verificar que não
havia da parte de Guterres referência a um único abolicionista branco: “Não há
menção a Benjamin Lay, John Newton, William Wilberforce, Thomas Clarkson,
Harriet Beecher Stowe ou Abraham Lincoln” — constatou ele. — “Estou
desapontado” — acrescentou. E eu, se não soubesse o que a casa gasta, poderia
irmanar-me nesse seu sentimento e escrever: “também eu”. Mas, na verdade, não estou nada surpreendido. Conheço
há muito tempo e por experiência própria o mantra das Nações Unidas neste
capítulo, pois fui convidado, já lá vão cerca de 20 anos, para integrar o
projecto “Rota do Escravo”, da UNESCO, um projecto que, vim nessa época a
perceber, terá nascido a partir de uma proposta do Haiti e de países africanos
com o objectivo de recontar a História supostamente “silenciada” ou “censurada”
da escravatura. Fui durante
algumas semanas, apenas, membro desse projecto, pois logo dele me desliguei.
Especificando melhor, estive presente na primeira reunião de trabalho e,
dando-me conta de que a visão da ONU e da UNESCO era (e é) aquilo a que, nos
dias de hoje, chamamos wokismo, ou seja, uma visão essencialmente
ideológica e política que visa reescrever a História de uma forma que reputo
desequilibrada e enganadora, contra a qual me bato há décadas, apresentei acto
contínuo a minha demissão.
É pena que António
Guterres se tenha submetido a esse mantra das Nações Unidas e
eu julgo que não era forçoso que assim fosse, não obstante o cargo que
desempenha, pois essa organização poderá condicionar, mas não imporá coletes de
forças a ninguém. Há cinco anos, no “Dia Internacional em
Memória do Tráfico de Escravos e da sua Abolição”, a então embaixadora dos
Estados Unidos da América, Nikki Haley, fez um
discurso equilibradíssimo e justo. Recordou as pessoas escravizadas que, como
Elizabeth Freeman, lutaram nos tribunais
(e não de armas na mão) para conseguirem a sua liberdade, mas não se esqueceu
dos brancos que, como o presidente Lincoln, por exemplo, tiveram um papel fulcral
na emancipação.
Guterres
não tem seguido esse caminho de equilíbrio e verdade histórica. Não sei se é o próprio que escreve os seus discursos
ou se, como é muito mais provável, se limita a fazer uma leitura mais ou menos
declamada — como já Ban Ki-moon antes dele havia feito — de textos que os serviços
ou o gabinete lhe preparam. Num caso ou no outro uma coisa é certa: Guterres
tem enveredado, ou deixa-se conduzir, por uma via enviesada, politicamente
correcta e de apagamentos selectivos —
neste caso concreto, de apagamento do papel decisivo desempenhado pelos
brancos na abolição da escravatura. Quem ouvir os seus
discursos poderá notar que não parece haver grande diferença entre o que ele
diz e o que, entre nós, dizem Joacine Katar Moreira, Mamadou Ba e outros
activistas woke, o que não é de estranhar. A ONU é, neste capítulo, uma
caixa de ressonância desse activismo e vice-versa. Terá Guterres consciência
disso e das vozes a que está a dar cobertura?
ESCRAVATURA SOCIEDADE ANTÓNIO
GUTERRES POLÍTICA
COMENTÁRIOS:
carlos Heitor:Guterres não passa de um vendedor ambulante que tem pouca bagagem mas muita
“lata”. Quem o viu com a sua pasta a vender as empresas estatais da época nunca
esperou que fosse tão longe…Há que continuar a ser criativo e o limite será o
que Deus quiser… Dirá tudo o que lhe pedirem e de uma forma convincente. João Ramos: Guterres, já dizia Vasco Pulido Valente, não passa de um “ picareta falante” fala muito e pouco ou nada
diz ou faz, ser-lhe-á talvez muito mais cómodo falar de temas que se passaram
há mais de duzentos anos, do que falar e sobretudo actuar no sentido de tentar
acabar com a guerra da Ucrânia e não deixar essas tarefas pelas mãos de
Erdogans, Xi Jipins que porão sempre acima os interesses dos seus países, a ONU
nasceu com o fim de evitar as guerras e como organização internacional seria
uma garantia de independência entre os diferentes interesses, portanto sr.
Guterres ponha-se mas é ao trabalho e deixe a comodidade de NY e de querer
alterar o que aconteceu há 200 anos, não seja ridículo!!! Fernando Correia: Pois!... Que se pode esperar
deste tipo de espécie, de "género"... de indivíduos, que são tudo,
e o seu contrário ao mesmo tempo?... Guterres, tal como outros cá do burgo,
como o "cascalense" Ti-Celito, é aquele tipo de ser vivo que não
tem substância de carácter, nem coragem de exprimir opinião sólida, é uma
autêntica "alforreca"... coisa pastosa e peçonhenta que se molda a
tudo a que se agarra. Não tem sentido crítico sobre as coisas, sobre a
vida... Tudo o que seja agradar ao politicamente correcto destes ares do tempo,
está sempre primeiro. Um "nojo" de pessoas (será que o são?)... sem
decência alguma.
Lourenço de Almeida: Todos somos descendentes de povos que foram
escravizados nalgum momento. A diferença é que a escravatura transatlântica
terminou na única ocasião em que foram os "senhores", no auge do seu
poderio, a impor o seu fim e não os escravos a libertar-se ou a usufruir da
ruina dos seus senhores. Acresce que quando os europeus impuseram o fim da
escravatura, foram os reinos africanos que mais lutaram por a manter, como há
provas escritas por todo o lado de que é exemplo a carta que o Rei do Congo
enviou à Rainha Dona Maria a suplicar-lhe que o deixasse continuar a vender
escravos e a exportá-los a partir do Ambriz. Manuel Joao Borges:
Mas estavam a
espera de quê o homem q n salvou Portugal ia salvar o mundo Liberales Semper Erexitque:
Ouvir um discurso
de Guterres?!!! Essa é uma das maiores torturas que podem ser infligidas a um
ser humano! bento
guerra: Guterres é um artista,por isso convenceu o mundo e chegou ao lugar,Grande
parte da sua clientela gosta da "mea culpa" do homem branco Lourenço de Almeida:
O que é
excepcional no caso do tráfico transatlântico é que quem escravizou começaram
por ser os próprios africanos para vender aos europeus! E quem aboliu foram os
europeus, contra a vontade de muitos, mas também contra a vontade dos potentados
africanos que preferiam continuar o tráfico de que se enriqueciam. José Paulo C Castro:
Na ONU, os votos
do chamado Terceiro Mundo são essenciais para eleger o cargo. E esses gostam do
wokismo ocidental, por lhes
trazer vantagens políticas e culturais diversas ao reescrever a história com um
único culpado (que será sempre, naturalmente, oriundo dos países mais ricos e
que possam pagar). Tudo é um pretexto para sacar apoios e compensações, desde a
escravatura selectiva (transatlântica) às alterações climáticas selectivas
(oriundas das emissões per capita ocidentais e não da explosão demográfica
desse Terceiro Mundo... que dilui os números per capita) e passando pela culpa
selectiva da guerra associada aos produtores de armamento (mas nunca dos
clientes e senhores da guerra que as compram). Quem quer ser chefe daquilo tem
de alinhar na retórica. E se ele é bom em retórica: nunca serviu para mais nada
na vida toda. João
Floriano: «Guterres não tem seguido esse caminho de equilíbrio e
verdade histórica.» O engenheiro que se baralha com as contas, também se
baralha com factos históricos. Guterres é uma triste figura, uma máquina de
ressonância e repetição woke. Os lideres ocidentais primam pela
mediocridade. Guterres é ocidental mas mais abrangente do que isso pois o seu
cargo tem expressão mundial. A ONU está em crise, pelo menos o seu Conselho de
Segurança quando se observa que 5 países têm o direito do veto. Entre eles a
Rússia, que se tornou agressora e a China. Voltando ao plano histórico,
o mais grave no discurso recorrente de Guterres não é o esquecimento da
escravatura no índico e no Oriente. O mais grave é a omissão de movimentos
organizados por activistas brancos que facilitaram e ajudaram a fuga de
milhares de escravos. Só nos Estados Unidos a Underground Railroad, de
origem Quaker possibilitou, a fuga de cerca de 100.000 escravos desde o início
do século XIX até ao início da Guerra Civil. E outras organizações devia haver,
sendo esta a mais conhecida. Não sei como a sociedade americana reage ao discurso
mal fundamentado de Guterres. Mas por lá também deve haver historiadores a
sério como João Pedro Marques ainda que ameaçados pelo wokismo. Não conheço
Zumbi mas penso saber bastante sobre a famosa rainha Njinga e o mínimo que se
poderá dizer é que a senhora «pintou a manta» no seu tempo. Um dia Guterres
pedirá desculpa por ter nascido com pele branca. Paul C. Rosado:
É isto e dizer
que "as mulheres são quem mais sofre com as guerras". Mentiras
patéticas de gente eticamente medíocre. Têm de ser desmascarados a todo o
momento. Obrigado pelo artigo.
Maria Nunes: Excelente artigo. De Guterres não seria de esperar
outra atitude. Maria
Augusta Martins: O Guterres é um "grilo falante" ou melhor
"cantante" pois dá um jeito com a mão no cabelo, sacode-se e abre o
dique da asneira e é vê-lo a encher o pântano da ONU, até a lama lhe chegar na
entreperna, sempre foi assim desde que se deu a conhecer aos portugueses,
depois migrou e começa a cantar conforme a música que lhe dão e o cachet que
lhe pagam. Foi sempre assim, falante, vaidoso e impante de orgulho e meteorismo. Quem
quiser que o aguente nanja eu! Pobre Portugal:
Claro que
Guterres tem consciência de que é um pau mandado. "Se quiserem incendiar o
planeta, incendiamos. Quero é viver em paz e com dinheirinho.”, pensa ele. Não se pode esperar mais deste tipo de
pessoas. Rui
Lima: Hoje no mundo
qualquer picareta falante tem sucesso , quase sempre falam do que não sabem
apenas tem um objectivo serem simpáticos para quem lhes pode garantir o lugar .
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