Justificativas do novo caso de risco, para o folclore
bélico terreno das arrogâncias ambiciosas dos povos.
TAIWAN
China realiza exercícios militares no estreito deTaiwan
Dois dias de manobras militares de
preparação para o combate vão ser realizadas pela China ao largo de Taiwan. No
momento em que a presidente de Taiwan terminou uma visita aos EUA.
AGÊNCIA LUSA: TEXTO
RITCHIE B. TONGO/EPA
OBSERVADOR, 8/4/23
O exército chinês vai avançar com dois dias de manobras militares de
“preparação para o combate” no estreito de Taiwan, depois da visita da líder da
ilha aos Estados Unidos. Na segunda-feira serão realizados exercícios com fogo
real no estreito de Taiwan, próximo das costas de Fujian (leste), província
situada em frente à ilha, anunciaram as autoridades marítimas locais.
A
zona dos exercícios fica em Pingtan, o ponto da China mais próximo de Taiwan, de acordo
com as coordenadas comunicadas pelas autoridades de Fujian.
As
movimentações já começaram. O Ministério da Defesa taiwanês disse ter detectado
esta manhã três barcos de guerra e 13 aviões chineses em redor da
ilha, acrescentando que “quatro [aviões] atravessaram a linha mediana do
estreito de Taiwan e entraram na parte sudeste da zona de identificação de
defesa aérea (Adiz) de Taiwan”. Segundo a
televisão estatal chinesa, o país está a realizar exercícios
militares que visam um “cerco total” da ilha. “O exercício de hoje
concentra-se na capacidade de obter controlo do mar, espaço aéreo e informações
(…) para criar dissuasão e cerco total” de Taiwan, referiu o canal CCTV.
A
localização exacta destas operações não foi divulgada pelo meio de comunicação.
A parte mais próxima entre a costa chinesa e a ilha no Estreito de Taiwan
tem cerca de 130 quilómetros. De acordo com o canal CCTV,
contratorpedeiros, lançadores de mísseis rápidos, aviões de combate, navios de
abastecimento e outros meios militares estão mobilizados para estes exercícios.
O Ministério alertou que os exercícios militares chineses ameaçam a
“estabilidade e a segurança” regionais. A líder de Taiwan Tsai Ing-wen já
comentou, considerando que Taiwan está a enfrentar o “expansionismo
autoritário” da China.
Nos
últimos anos, temos enfrentado um contínuo expansionismo
autoritário”, sublinhou Tsai, acrescentando que Taiwan “vai continuar a trabalhar
com os Estados Unidos e outros países … para defender os valores da liberdade e
da democracia”.
Por seu lado, o Exército Popular de Libertação (EPL) chinês afirmou
que estas manobras “servem como um sério aviso contra o conluio entre forças
separatistas que procuram ‘a independência de Taiwan’ e forças externas, bem
como contra actividades provocadoras”,
disse um porta-voz militar chinês Shi Yi, em comunicado, divulgado depois do
início de dois dias de exercícios militares de “preparação para o combate” no
estreito de Taiwan, anunciados já esta manhã por Pequim.
Na
quinta-feira, Pequim tinha condenado a visita da líder de Taiwan, Tsai
Ing-wen, nos EUA, onde manteve um encontro com o presidente da Câmara dos
Representantes norte-americano, Kevin McCarthy, e acusou Washington de
“conluio” com Taiwan, ao mesmo tempo que garantiu “medidas resolutas e eficazes
para salvaguardar a soberania e a integridade territorial”.
Depois
do encontro de Tsai e McCarthy, na quarta-feira, o Governo
chinês enviou navios de guerra, um helicóptero e um avião de combate para o
estreito de Taiwan, e anunciou sanções contra a representante de Taiwan nos
EUA, Hsiao Bi-khim, e contra o Instituto Hudson e a Biblioteca Presidencial
Ronald Reagan.
Horas
depois, uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou,
em conferência de imprensa, que “alguns países” apoiam “a
independência de Taiwan, em nome da democracia” e para “usar a ilha como forma
de conter a China”, algo que descreveu como “perigoso e condenado ao fracasso”.
“O futuro de Taiwan está na reunificação e o bem-estar
do seu povo depende do rejuvenescimento da nação chinesa”, disse Mao Ning, acrescentando que as “diferenças
entre os sistemas de ambos os lados do estreito [de Taiwan] não são um
obstáculo à reunificação”.
A ilha é um dos maiores motivos da
tensão entre a China e os EUA, principal fornecedor de armas a Taiwan.
Em
1949 e após a derrota contra o Partido Comunista, na guerra
civil chinesa, o Governo nacionalista refugiou-se na ilha, que mantém, até
hoje, o nome oficial de República da China, em contraposição com a República
Popular da China, no continente chinês.
Pequim considera a ilha parte do seu
território e ameaça a reunificação através da força, caso Taipé declare formalmente
a independência.
EUA
avisam que qualquer acção da China em Taiwan ameaça estabilidade global
O
secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, advertiu que qualquer acção
unilateral da China sobre Taiwan representaria um perigo para a estabilidade
global, numa altura em que Pequim iniciou exercícios de guerra à volta da ilha.
Parece que a liderança chinesa já não considera aceitável o ‘status
quo’ que moldou o curso de Taiwan nos últimos 40 anos e ajudou a preservar a
paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan”, lamentou Blinken numa entrevista
com o diário francês ‘Ouest France’.
Blinken criticou as “manobras de
pressão” exercidas pela China “a nível económico e militar” para “isolar Taiwan
das organizações internacionais ou das suas relações com certos países do
mundo”, mas reiterou que a política dos EUA a este respeito permanece inalterada.
O
chefe da diplomacia dos Estados Unidos deixou claro que, embora não apoie
explicitamente a independência de Taiwan, respeita o acordo bilateral com o
território para fornecer às suas autoridades “tudo o que elas precisarem para
se defenderem de qualquer ataque”.
“Na
nossa relação com a China, deixámos muito claro que a base desta relação é um
entendimento mútuo de que as nossas diferenças devem ser resolvidas
pacificamente, e não através de uma acção unilateral, quer seja pressão,
coerção ou, pior ainda, o uso da força”, explicou Blinken, numa entrevista
publicada antes do início dos exercícios.
Os
exercícios militares chineses, envolvendo todos os ramos das Forças Armadas,
pretendem ser um simulacro
de bloqueio da ilha e uma retaliação contra o recente encontro entre o
Presidente de Taiwan, Tsai Ing Wen, e o presidente da Câmara dos Representantes
dos EUA, Kevin McCarthy, que Pequim interpretou como uma grave afronta às suas
ambições de soberania sobre Taiwan.
Finalmente, Blinken salientou que
Taiwan é de importância essencial para o desenvolvimento económico global.
“Cinquenta
por cento do tráfego comercial mundial passa diariamente pelo estreito”, disse,
antes de salientar que o território produz pelo menos 70 por cento dos
microprocessadores do mundo.
“Se
houvesse uma crise como resultado de uma ação unilateral da China, seria
provavelmente uma crise que envolveria todo o mundo. Acabaríamos com uma
verdadeira crise económica nas nossas mãos, e é por isso que é do interesse de
todos que estas questões sejam tratadas de forma responsável e calma”,
concluiu.
COMENTÁRIOS:
José Vaz: O mundo está um lugar estranho e perigoso
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