quarta-feira, 12 de junho de 2019

Um “povo” sem saída



Manuel Villaverde Cabral e seus comentadores sentem bem o cansaço de um status criado traiçoeiramente, e cada vez mais envolvendo este pobre país, à imagem de planta carnívora fechando as suas incautas presas no casulo resplendente das suas flores envenenadas. E há quem proteste e bem, mas ninguém se oferece para substituir, embora talvez muitos haja que teriam mérito para o fazer. Reconheço que é assustador um povo que se deixou avassalar pela ideia caricata de que os seus direitos se sobrepõem aos seus deveres, comandados por orientadores de opinião necessários ao actual sistema. Sim, o país está ingovernável e os seus “comandantes” vão fazendo o que podem, em proveito próprio, numa pura ficção de parolice terceiromundista. É assim que vivemos. Atamancando. Como Maria José Mello e outros comentadores, eu também votei em Marcello para escapar ao Nóvoa. Mas a infantilização para que nos vão encaminhando os ademanes presidenciais e os traiçoeiros arreganhos ministeriais, impedem qualquer pessoa de bom senso de pegar no touro pelos cornos. Só mesmo um Tino de Rans “sem medos”.
O comentador de televisão /premium
11/6/2019
O presidente-comentador tem contribuído tanto como o PS para a paralisia política imposta pela «geringonça». Apenas lhes importa que as probabilidades de mútua reeleição não se alterem.
Razão tinha Passos Coelho, então primeiro-ministro, quando lhe foi perguntado em 2015 o que pensava de uma candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à presidência da República. A resposta foi despersonalizar a conversa e, sem nomear o futuro PR, confessar que não gostaria de ver no topo do Estado um «comentador de televisão»… Como sabemos hoje, foi isso mesmo que aconteceu e confirmou-se que Passos Coelho tinha toda a razão ao temer a chegada de um comentador de televisão à presidência.
O primeiro aspecto a considerar é, com efeito, o facto de o actual presidente ter sido eleito graças à sua popularidade de anos como comentador em sucessivos canais de televisão que passavam o programa dele no dia da família e em horário nobre. Consta que terá sido, até se candidatar a presidente, «o comentador mais bem pago da televisão». Nunca vi um estudo a este respeito, o que já de si é sintomático, mas seria extremamente interessante conhecer a composição sócio-económica e cultural do eleitorado que o elegeu a fim de explicar o seu comportamento de «comentador» uma vez eleito em 2016, a seguir à confirmação do governo da «geringonça» contra toda a expectativa anterior às eleições legislativas.
Na minha opinião, há entre os seus eleitores uma grande quantidade de pessoas que dedicava à vida pública um interesse mais de «coscuvilhice» do que propriamente político e muito menos governativo, como continua a acontecer. Temos de admitir que é uma questão de «estilos» que convergem, sobretudo quando os espectadores não primam pelo conhecimento dos problemas do país e o «comentador», em compensação, tem resposta para tudo. Em contrapartida, é necessário recordar que até ele foi vítima do factor dominante das eleições portuguesas, a saber, a abstenção. Com efeito, apesar dos seus 52% à primeira volta, o certo é que não conseguiu sequer mobilizar a maioria dos eleitores, a qual se absteve ou votou branco e nulo.
O problema começa quando esse «estilo de ‘achismo’» próprio do presidente se apodera igualmente da comunicação social. São sobretudo os media televisivos, que não têm como resistir à «personalização» das ‘selfies’» distribuídas em quantidades jamais vistas, os portadores do «estilo». Já deve haver poucos portugueses que conseguiram fugir à «consagração fotográfica»… Voluntária ou involuntariamente, o actual presidente rebaixou o debate público veiculado pelos «media» a um nível desconhecido de «opinativite»!
Não é certo que tudo o que se tem vindo a passar ao nível da figura mais mediática do sistema político seja deliberado. Talvez não seja. Percebe-se, contudo, que há cada vez mais gente nos «media» que começa a sentir que tanta omnipresença é demasiada. O presidente é tão omnipresente que até começámos a sentir necessidade de intervalos de paz e silêncio para reflectir. O terceiro ponto de fragilização do sistema político-partidário provocada pela omnipresença presidencial é, necessariamente, o modo como ela afecta o Primeiro-Ministro – ora de maneira positiva, ora negativa, mas obrigando sempre a uma convergência final – e cria assim um tipo de instabilidade que não é bom para o país.
As marcas deste «achismo» constante num sentido ou noutro são generalizadas. Uma das últimas questões mediatizadas é a anunciada «Lei da Saúde»: um problema real e sério que nos afecta a todos e consome cerca de 10% dos recursos do Estado e dos particulares. É claro que a nova lei anunciada pelo governo foi imediatamente restringida de forma a não hostilizar o PR. Na prática, a parte do dinheiro dos contribuintes que o Estado gasta com o SNS vem diminuindo em relação aos gastos directos das pessoas, as quais pagam hoje um terço da despesa total com a saúde, isto é, quase 6 mil milhões de euros «out of pocket», como os classifica a OMS.
Passe ou não a Lei, uma coisa é certa: o declínio do SNS já começou e é irreversível! Prova-se assim como o constante intervencionismo presidencial só cria opacidade e instabilidade políticas. Para terminar, a agitação opinativa permanente destrói o resto de transparência que sobrasse de um sistema político-partidário como o nosso: anquilosado desde o regresso do PS à governação há um quarto de século. A ausência de reformas susceptíveis de mudar o sistema constitucional e eleitoral do país, assim como a sua estrutura económica e social, fará com que continuemos a marcar passo frente à mudança internacional. Mantendo ilusões patrioteiras e interferindo com o governo a cada passo, o presidente-comentador tem contribuído tanto como o PS para a paralisia política imposta pela «geringonça». Apenas lhes importa que as probabilidades de mútua reeleição não se alterem.

COMENTÁRIOS:
Maria José Melo: Tem toda a razão! Torna-se cansativo e não contribui em nada para o bem do país. 
Tanto o PR como o PM só aspiram a ser reeleitos. É bom estar no poder, não?! Fazem tudo o que for necessário para atingirem esse objectivo. Marcelo faz figuras caricatas e o posto de comentador não faz parte das atribuições de PR. É um homem inteligente, mas que usa a inteligência em proveito próprio e não de Portugal, como seria desejável na sua posição de Presidente da República. António Costa é um “slimy character”. Estamos bem entregues, sim!
ALBERICO LOPES > Maria José Melo:  Nota:o costa não foi eleito! Auto-elegeu-se! 
José Barros: Dois artistas com o mesmo objectivo. Reeleição. O resto vem depois, logo se vê. Como dizia um cómico brasileiro. Tem pai que é cego...
Ana Ferreira: Por falar em achismos...outro que acha que estão todos errados, o povo, essa gentalha, e ele é que é o supra sumo. Estarei a confundir ou já apreciei ler MVC? Ou será outro que "vendeu a alma ao diabo"?
Mosava Ickx >Ana Ferreira: Apenas mais um que percebeu a realidade...
Manuel Pinto: Se olharmos para o percurso político do professor, concluiremos que só sabe fazer o que nos tem apresentado. Votei nele, contra os candidatos que não queria. Sei lá se o mesmo voltará a acontecer. Cerca de 40% dos seus votantes, repudiavam a geringonça, inclusive, a actual governação do País. Logo que foi eleito, mostrando ao que vinha, apanhou um avião, deslocando-se a Habana, no Adeus a um dos seus "heróis"!!!|
Mosava Ickx > Manuel Pinto: A maioria das pessoas que votaram nele votaram contra a geringonça. Ele apressou-se a atraiçoar o eleitorado.
Manuel Pinto > Mosava Ickx: ...Nem mais...
Maria José Melo > Manuel Pinto: Pois, eu já sabia que ia engolir um sapo, mas o perigo do Nóvoa era grande. Não volto a votar em Marcelo.
ALBERICO LOPES > Maria José Melo: Nem eu e mais 20 familiares e amigos!
José Silva: Passos tinha tanta razão que acabou por cair no esquecimento das pessoas. Típico politico filler  
Mosava Ickx > José Silva: Lançou-se uma caça ao homem, uma "fatwah" por causa desse discurso e da nega de financiamento ao compadre Salgado, com a cumplicidade da famiglia recomposta da sinistra...
Mosava Ickx: Acertado! O comportamento não tem variado: campanha eleitoral desde do primeiro dia, procura dos idiotas úteis descartáveis para sustentar a popularidade... A escolha do JMT para o 10 de Junho foi para recuperar alguns votos no centro-direita, mais nada!
Ruik Krull: Manuel Villaverde Cabral, não vale a pena, os profissionais da coisa são levados ao colo como santos mesmo que de pau carunchoso, o menino Jesus que se cuide que ainda acaba desalojado das palhinhas, tal é a quantidade de estúpidos. Fica a sobrar aquele pequenino e baixinho que em 10 anos na sua "Magia Palavrosa" já bajulou, disse tudo e o seu contrário de levar às lágrimas. A nós resta pagar pelas NOS sem "casca". EXTRAORDINÁRIO, é haver 10 anos de ASSALTOS e GAMANÇOS e haja ainda quem vá em PARTIDOS, FUTEBÓIS e outros URINÓIS.
Carlos Quartel: Demasiado duro, penso. Claro que pensa na reeleição, mas isso nada tem de novo. Todos os anteriores presidentes o fizeram. Tudo tem a ver com a posição de partida, quem esperou grandes gestos está desiludido, quem esperava mais frivolidade e vazio vê alguma mobília a ser preservada. Mas não lhe pode ser assacada a deterioração de costumes, a ausente ética, o amiguismo, o estender do polvo às famílias do poder, as tentativas de controlar a justiça, etc etc Todas essas manobras têm nome e apelido, estão bem identificadas e a origem está no PS, não em Marcelo.


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