Manuel Villaverde Cabral e seus comentadores sentem bem o cansaço de um status criado traiçoeiramente, e cada
vez mais envolvendo este pobre país, à imagem de planta carnívora fechando as
suas incautas presas no casulo resplendente das suas flores envenenadas. E há
quem proteste e bem, mas ninguém se oferece para substituir, embora talvez
muitos haja que teriam mérito para o fazer. Reconheço que é assustador um povo
que se deixou avassalar pela ideia caricata de que os seus direitos se
sobrepõem aos seus deveres, comandados por orientadores de opinião necessários
ao actual sistema. Sim, o país está ingovernável e os seus “comandantes” vão
fazendo o que podem, em proveito próprio, numa pura ficção de parolice terceiromundista.
É assim que vivemos. Atamancando. Como Maria
José Mello e outros comentadores,
eu também votei em Marcello para escapar ao Nóvoa. Mas a infantilização para
que nos vão encaminhando os ademanes presidenciais e os traiçoeiros arreganhos ministeriais,
impedem qualquer pessoa de bom senso de pegar no touro pelos cornos. Só mesmo
um Tino de Rans “sem medos”.
O comentador de televisão /premium
11/6/2019
O
presidente-comentador tem contribuído tanto como o PS para a paralisia política
imposta pela «geringonça». Apenas lhes importa que as probabilidades de mútua
reeleição não se alterem.
Razão
tinha Passos Coelho, então primeiro-ministro, quando lhe foi perguntado em 2015
o que pensava de uma candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à presidência da
República. A resposta foi despersonalizar a conversa e, sem nomear o futuro PR,
confessar que não gostaria de ver no topo do Estado um «comentador de
televisão»… Como sabemos hoje, foi isso mesmo que aconteceu e confirmou-se que
Passos Coelho tinha toda a razão ao temer a chegada de um comentador de
televisão à presidência.
O
primeiro aspecto a considerar é, com efeito, o facto de o actual presidente ter
sido eleito graças à sua popularidade de anos como comentador em sucessivos
canais de televisão que passavam o programa dele no dia da família e em horário
nobre. Consta que terá sido, até se candidatar a presidente, «o comentador mais bem pago da
televisão». Nunca vi um estudo a este respeito, o que já de si é
sintomático, mas seria extremamente interessante conhecer a composição
sócio-económica e cultural do eleitorado que o elegeu a fim de explicar o seu
comportamento de «comentador» uma vez eleito em 2016, a seguir à confirmação do
governo da «geringonça» contra toda a expectativa anterior às eleições
legislativas.
Na
minha opinião, há entre os seus eleitores uma grande quantidade de pessoas que
dedicava à vida pública um interesse mais de «coscuvilhice» do que propriamente
político e muito menos governativo, como continua a acontecer. Temos de admitir
que é uma questão de «estilos» que convergem, sobretudo quando os espectadores
não primam pelo conhecimento dos problemas do país e o «comentador», em compensação,
tem resposta para tudo. Em contrapartida, é necessário recordar que até ele foi
vítima do factor dominante das eleições portuguesas, a saber, a abstenção. Com
efeito, apesar dos seus 52% à primeira volta, o certo é que não conseguiu sequer mobilizar a
maioria dos eleitores, a qual se absteve ou votou branco e nulo.
O
problema começa quando esse «estilo de ‘achismo’» próprio do presidente se
apodera igualmente da comunicação social. São sobretudo os media televisivos,
que não têm como resistir à «personalização» das ‘selfies’» distribuídas em
quantidades jamais vistas, os portadores do «estilo». Já deve haver poucos
portugueses que conseguiram fugir à «consagração fotográfica»… Voluntária ou
involuntariamente, o actual presidente rebaixou o debate público veiculado
pelos «media» a um nível desconhecido de «opinativite»!
Não
é certo que tudo o que se tem vindo a passar ao nível da figura mais mediática
do sistema político seja deliberado. Talvez não seja. Percebe-se, contudo, que
há cada vez mais gente nos «media» que começa a sentir que tanta omnipresença é
demasiada. O presidente é tão omnipresente que até começámos a sentir
necessidade de intervalos de paz e silêncio para reflectir. O terceiro ponto de
fragilização do sistema político-partidário provocada pela omnipresença
presidencial é, necessariamente, o modo como ela afecta o Primeiro-Ministro –
ora de maneira positiva, ora negativa, mas obrigando sempre a uma convergência
final – e cria assim um tipo de instabilidade que não é bom para o país.
As
marcas deste «achismo» constante num sentido ou noutro são generalizadas. Uma
das últimas questões mediatizadas é a anunciada «Lei da Saúde»: um problema real e sério que nos afecta a todos e
consome cerca de 10% dos recursos do Estado e dos particulares. É claro que a
nova lei anunciada pelo governo foi imediatamente restringida de forma a não
hostilizar o PR. Na prática, a parte do dinheiro dos contribuintes que o Estado
gasta com o SNS vem diminuindo em relação aos gastos directos das pessoas, as
quais pagam hoje um terço da despesa total com a
saúde, isto é, quase 6 mil milhões de euros «out of pocket»,
como os classifica a OMS.
Passe
ou não a Lei, uma coisa é certa: o declínio do SNS já começou e é irreversível!
Prova-se assim como o constante intervencionismo presidencial só cria opacidade
e instabilidade políticas. Para terminar, a agitação opinativa permanente
destrói o resto de transparência que sobrasse de um sistema político-partidário
como o nosso: anquilosado desde o regresso do PS à governação há um quarto de
século. A ausência de reformas susceptíveis de mudar o sistema constitucional e
eleitoral do país, assim como a sua estrutura económica e social, fará com que
continuemos a marcar passo frente à mudança internacional. Mantendo ilusões
patrioteiras e interferindo com o governo a cada passo, o presidente-comentador
tem contribuído tanto como o PS para a paralisia política imposta pela
«geringonça». Apenas lhes importa que as probabilidades de mútua reeleição não
se alterem.
COMENTÁRIOS:
Maria José Melo: Tem toda a razão! Torna-se cansativo e não contribui
em nada para o bem do país.
Tanto o PR como o PM só aspiram a ser reeleitos. É bom
estar no poder, não?! Fazem tudo o que for necessário para atingirem esse
objectivo. Marcelo faz figuras caricatas e o posto de comentador não faz parte
das atribuições de PR. É um homem inteligente, mas que usa a inteligência em
proveito próprio e não de Portugal, como seria desejável na sua posição de
Presidente da República. António Costa é um “slimy character”. Estamos bem
entregues, sim!
José Barros: Dois artistas com o mesmo
objectivo. Reeleição. O resto vem depois, logo se vê. Como dizia um cómico
brasileiro. Tem pai que é cego...
Ana Ferreira: Por falar em achismos...outro que acha que estão todos
errados, o povo, essa gentalha, e ele é que é o supra sumo. Estarei a confundir
ou já apreciei ler MVC? Ou será outro que "vendeu a alma ao diabo"?
Manuel Pinto: Se olharmos para o percurso político do professor, concluiremos que só sabe
fazer o que nos tem apresentado. Votei nele,
contra os candidatos que não queria. Sei lá se o mesmo voltará a acontecer. Cerca de 40%
dos seus votantes, repudiavam a geringonça, inclusive, a actual governação do
País. Logo que foi eleito, mostrando ao que vinha, apanhou um avião,
deslocando-se a Habana, no Adeus a um dos seus "heróis"!!!|
Mosava Ickx > Manuel Pinto: A maioria das pessoas que
votaram nele votaram contra a geringonça. Ele apressou-se a atraiçoar o
eleitorado.
Maria José Melo > Manuel Pinto: Pois, eu já sabia que ia
engolir um sapo, mas o perigo do Nóvoa era grande. Não volto a votar em Marcelo.
José Silva: Passos
tinha tanta razão que acabou por cair no esquecimento das pessoas. Típico
politico filler
Mosava Ickx > José Silva: Lançou-se uma caça ao homem, uma "fatwah"
por causa desse discurso e da nega de financiamento ao compadre Salgado, com a
cumplicidade da famiglia recomposta da sinistra...
Mosava Ickx: Acertado! O comportamento não tem variado: campanha
eleitoral desde do primeiro dia, procura dos idiotas úteis descartáveis para
sustentar a popularidade... A escolha do
JMT para o 10 de Junho foi para recuperar alguns votos no centro-direita, mais
nada!
Ruik Krull: Manuel Villaverde Cabral, não
vale a pena, os profissionais da coisa são levados ao colo como santos mesmo
que de pau carunchoso, o menino Jesus que se cuide que ainda acaba desalojado
das palhinhas, tal é a quantidade de estúpidos. Fica a sobrar aquele pequenino
e baixinho que em 10 anos na sua "Magia Palavrosa" já bajulou, disse
tudo e o seu contrário de levar às lágrimas. A nós resta pagar pelas NOS
sem "casca". EXTRAORDINÁRIO, é haver 10 anos de ASSALTOS e GAMANÇOS e
haja ainda quem vá em PARTIDOS, FUTEBÓIS e outros URINÓIS.
Carlos Quartel: Demasiado duro, penso. Claro
que pensa na reeleição, mas isso nada tem de novo. Todos os anteriores
presidentes o fizeram. Tudo tem a ver com a posição de partida, quem esperou grandes gestos está
desiludido, quem esperava mais frivolidade e vazio vê alguma mobília a ser
preservada. Mas não lhe pode ser assacada a deterioração de costumes, a ausente ética,
o amiguismo, o estender do polvo às famílias do poder, as tentativas de
controlar a justiça, etc etc Todas essas manobras têm nome e apelido, estão bem
identificadas e a origem está no PS, não em Marcelo.
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