E Alberto Gonçalves, brincando, com a leveza habitual, contra os excessos
da demagogia, de retórica perversa e imperturbavelmente falsa, nos seus
cinismos e contradições, a que a própria Greta se não furtou.
São só
duas ou três décadas até achatar o efeito de estufa
Os “lockdowns” da Covid foram um
óptimo ensaio. Quem se fecha “duas ou três semanas” de modo a “achatar a curva”, fecha-se a vida inteira para combater o efeito
estufa.
ALBERTO GONÇALVES, Colunista do Observador
OBSERVADOR, 06 nov 2021
Percebe-se logo que um assunto é sério quando a sua
mais popular divulgadora é uma adolescente sem desequilíbrios mentais e com
notável assiduidade escolar. Além disso,
se o assunto não fosse sério não preocuparia cabeças brilhantes do nosso tempo,
como o eng. Guterres, o sr. Biden, o sr. Johnson, o sr. Francisco que é Papa e
o sr. Francisco que mora aqui na rua e que, após ver uma fita na HBO e a capa
da revista “Visão”, passou a acreditar que a flatulência das vacas causará
dilúvios bíblicos em seis meses.
Pois é, estou a falar do “aquecimento
global”, que depois se dizia “alterações
climáticas”, que agora se diz “crise climática” e que
enquanto não muda novamente de nome andou a ser discutida a altíssimo nível na
cimeira do clima, em Glasgow. A
ideia é simples: se não se fizer alguma coisa, por exemplo cimeiras do clima, o mundo acabará não tarda. Não brinco. “Eles” também não. A prova de que isto não
é para brincadeiras são os sucessivos avisos de que o mundo iria acabar em
2010, 2000, 1990 e por aí fora. Mesmo os Maias, os do México e não os do
Eça, não se enganaram quando previram o Apocalipse para 2012: o calendário
gregoriano é que não presta. Fosse o calendário competente, não teria
desapontado nas últimas décadas milhares de profetas do Juízo Final, incluindo
George Wald, um biólogo de Harvard que em 1970, por ocasião do primeiro Dia da
Terra, anunciou “o fim da civilização em 15 ou 30 anos”, caso não se tomassem
“medidas urgentes”.
À
cautela, sou de opinião de que é preferível tomar as medidas urgentes
antes das restantes. Por isso,
aplaudo a rapidez com que os diversos líderes mundiais e regionais correram
para a Escócia. O recurso a
Airbus e a longas comitivas automobilizadas não é hipocrisia nenhuma. Nunca ouvi os guardiões do clima defenderem a
interdição de aviões e carros para toda a gente: apenas querem interditá-los à
ralé, que por definição não tem urgência para nada. Nesse sentido, só a
má-fé justifica as críticas à presidente da Comissão Europeia, que foi à
cimeira deixar alertas arrepiantes sobre o uso de combustíveis fósseis e pelos
vistos freta jactos privados para viagens de 47 (quarenta e sete) quilómetros.
O que os intriguistas se esquecem de explicar é que a sra. dona
Úrsula Vanderleia frequenta jactos privados por manifesta falta de uma
rede de jactos públicos. Naturalmente, o problema é o capitalismo.
O
capitalismo, seja sob que formas for, é que deve ser derrubado com urgência. Antigamente,
o problema era a exploração do homem pelo homem. Hoje é a exploração do
ambiente pelo homem. Vai-se a
ver e a culpa é
sempre do homem, que teima em explorar sem escrúpulos tudo o que o
rodeia. Entre parêntesis, noto que
utilizo “homem” no sentido heteropatriarcal e misógino do termo – leia-se as mulheres integram a pandilha.
Parêntesis fechados, o essencial é eliminar o homem (e as senhoras), ou no
mínimo devolvê-lo (e a elas) de volta às cavernas. Ou ao século XIV, vá.
A
esse respeito, estamos bem encaminhados. O objectivo é ir renunciando
progressivamente a cada avanço tecnológico dos últimos cem, duzentos ou talvez
quatrocentos anos. Não custa muito. Ao fim e ao cabo, basta-nos abdicar do
conforto, da riqueza, da saúde e genericamente do nível de vida que,
comparativamente aos modelos económicos e sociais anteriores, o capitalismo
comparativamente livre nos proporcionou. No fundo, não precisamos de transporte
privado, telemóvel privado, computador privado, esquentador privado,
laboratórios privados, produção privada, comércio privado, habitação privada,
família privada. Uma
bicicleta (partilhada), um abrigo (comunitário) e senhas de refeição
(racionadas) chegam e sobram para a nossa felicidade, a que acresce a comunhão com
a natureza e com as compotas de que o consumismo desvairado nos afastou. Os
irracionais luxos descritos acima reservam-se unicamente aos salvadores que, em
benefício do planeta, nos proíbem de aceder aos luxos.
Os “lockdowns” da Covid foram um
óptimo ensaio. Excepto
ocasionais resmungos, próprios de ignorantes, constatou-se que as pessoas se
resignam ao que calha, perdão, à defesa do bem comum. Se se resignaram a empobrecer e a ficar malucas a
pretexto de um vírus respiratório, não se importarão de se desgraçar de vez
para evitar o Armagedão ambiental previsto para anteontem. Além de bom conselheiro, o medo é
indispensável à purificação das almas. Quem se fecha “duas ou três semanas” de modo a
“achatar a curva”, fecha-se a vida inteira para combater o efeito estufa. O fundamental é salvaguardar as gerações futuras, que
de certeza agradecerão imenso por desfrutar de uma existência rica e preenchida
como a dos estilitas da velha Síria ou dos residentes da moderna Venezuela. Para que,
um hipotético dia, a humanidade não se arrisque a rebentar com o mundo,
rebenta-se já com a humanidade. Parece sensato.
A
terminar, reflictam nas palavras da pequena Greta, eloquentemente berradas numa
rua de Glasgow e dirigidas aos poderosos que não lhe concederam o devido protagonismo
na cimeira: “Enfiem a vossa crise climática no [calão para ânus]”.
E com urgência, por favor.
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS CLIMA AMBIENTE CIÊNCIA
COMENTÁRIOS:
Óscar Alhão: Eu só estou à espera que comecem a vacinar a malta para combater as
alterações climáticas. Antonio Mendes: Brilhante, pena o AG ainda não
estar totalmente curado do síndrome anti-Covid e não ter comparado com
fenómenos semelhantes na Idade Média. Fenix
Europa: Gostava de
conhecer a totalidade da pegada ecológica de cada participante no fórum do
clima. E comparar depois com as médias. bento guerra: Eles "achatam-nos" e
sobem os combustíveis e de seguida os preços de tudo. Inflação passageira , diz
a "barbie" do BCE, que até já promete juros baixos por mais um ano. Comem-nos
as poupanças e lixam-nos a eco-vida João
Amorim > bento guerra: Barbie? Deve estar a brincar, a
mulher é um susto! Fenix Europa > João Amorim: Entre parênteses.... bento guerra > João Amorim: Vá ver o álbum de fotos da rapariga, desde a natação
artística. Mas ela é "barbie" a pensar. FME: Em 1980 éramos cerca 4 mil
milhões. Em 2020 andávamos perto de 8 mil milhões de humanos a consumir os
recursos do planeta. A Europa queixa-se de um inverno demográfico em vez de
festejar a redução de humanos a consumirem recursos. Os continentes africano e
asiático continuam a abastecer em cascata o planeta de novos humanos. São estes
dois continentes os grandes responsáveis pela insustentabilidade dos recursos
energéticos do planeta. Solução? Políticas demográficas à escala global! Quanto às Gretas destes novos tempos, diria que
em 1980 tomava banho com um shampoo e um sabonete, e hoje, qualquer vegan
utiliza no banho uma panóplia de produtos que meteria inveja a qualquer estrela
de cinema do século passado. Solução? Tomar banho apenas 1 vez por semana e
proibir produtos de beleza! José Dias: Excelente retrato da hipocrisia
descarada com que o povão gosta de ser enganado ... Faz o que Eles dizem para
que nunca tenhas o direito de fazer o que Eles fazem! E quando uma sociedade dita
nos pináculos da Civilização concede posição de liderança - na abordagem de
tema onde a Ciência não tem forma de comprovar as teorias e os modelos de
previsão climática que vai sucessivamente criando - a uma adolescente
destrambelhada, com reconhecidos problemas do foro mental e que não porá os pés
numa escola há já um bom par de anos ... é por demais claro que os palhaços já
tomaram conta do circo! PS: relembro a previsão, na antevéspera, do incrível
fenómeno do "rio atmosférico" que nos iria a todos ensopar em longas
e copiosas enxurradas de água, que a ANPC pontuou com alertas de todas as cores
e no final ninguém viu ... não acertamos nas previsões meteorológicas a 48h mas
não temos dúvidas sobre a evolução futura do Clima Global. Certo! Gustavo Lopes:
O bom e velho AG de volta, no seu melhor!!! Fantástico! Snyder Cut: Mais uma palhaçada de artigo Vitor
Batista > Snyder Cut: Fez doer? Luís Costa: Um artigo inconcebível que parte de um falso pressuposto, de que o fim do mundo
já foi anunciado diversas vezes. Na verdade, houve muito debate científico até
se chegar ao consenso de que as alterações climáticas são reais, cada vez mais
rápidas e com efeitos catastróficos dentro de algum tempo. Quanto mais o
negarem e mais adiarem as soluções (caso ainda seja possível…) pior será.
Também não simpatizo muito com a menina Greta, mas usar isso para desprezar um
problema real não é mais que demagogia Vitor Batista > Luís Costa: Sem dúvida que as alterações
climáticas são reais, agora se são consequência directa do homem isso já não
sei, de notar que antes de o homem existir, as alterações climáticas já se
processavam e de forma bastante violenta, mas de uma coisa eu sei, a forma como
os oceanos estão poluídos com micro plásticos é culpa nossa, e é uma vergonha
pouco ou nada se fazer para evitar isso, quando já se sabe que a sua
descomposição vai durar milhares de anos. Coronavirus corona > Luís Costa: Qual foi o estudo conclusivo, o
sinal evidente que existem alterações climáticas e que são provocadas pelo
homem? Tenho para troca "estudos" que ia acontecer isto e aquilo e
chegando ao ano profetizado nada aconteceu. Estão bem compilados no site
extinctionclock e com a contagem desses tempos para que não nos esqueçamos dos
que vão ficando para trás sem que alguma coisa tivesse acontecido. Qual a experiência empírica que
demonstra que existem alterações climáticas. Enxurradas? Sempre as houve (em
cada ponte antiga há quase sempre a marca da maior dúvida do rio e não são
destes anos próximos). Anos mais secos e outros mais chuvosos? Sempre os houve.
Anos com temperaturas muito frias e no verão ondas de calor? Já cá ando há uns
bons aninhos e sempre me lembro delas situações. Não. O que você vai
lendo é que "este foi o mês mais quente de não sei quando". Vai
consultar o estudo que está por trás da notícia? Ou limita-se à notícia? Quem
media as temperaturas no meio da África no séc XIX e daí para trás? Que as
média e registava em Trás-os-Montes? Os termómetros de há cem anos eram tão
fiáveis como os actuais? Como sabemos as temperaturas de há quatrocentos anos?
Não sabemos. Fazemos suposições através de
elementos. Já alguma vez ouviu falar do escândalo climategate? Foi em
2009. Quase que foi apagado da nossa memória. Você é instrumentalizado para
acreditar na certeza científica que não existe. Esse medo está a enriquecer
muito boa gente. Não, não é treta. Está mesmo. Rui Lima: Não sei se isto está a aquecer,
o que sei é que o mundo ocidental em termos energéticos vai ficar na mão dos
seus inimigos. A Galp vai dedicar-se ao
lítio abandona a exploração de petróleo assim estão a fazer outras companhias
no ocidente, por muitos anos ou temos petróleo e gás ou será o caos, se não
queimassem carvão no mundo já seria óptimo, 60% da electricidade na China e na
Índia têm esta origem, vamos matar as empresas no ocidente para glória da China Cupid Stunt:
Hehe, muito bom!
Os cordeiros gostam e vivem do medo.
Carlos Dias: Se for preciso ter fome e frio
para ser sustentável e não ferir o planeta então paciência Também não estou
para isso nem para aturar hipocrisia alheia. Menos seres humanos e mais
civilizados é um objetivo ao alcance de cada um de nós Não é preciso cimeiras Carlos
Dias: Excelente ponto
de vista. Concordo com a sua opinião, Sr Alberto Gonçalves e atrevo-me a
acrescentar Ao seu lamento o meu voto de pesar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário