Exige
pensamento, para mais nos encantar. Para além dos córos célebres, clássicos, de
uma força poderosa acompanhando o poderoso das composições musicais em
significativo efeito de interpretação, que nos põe tantas vezes em êxtase pelo
significado que ficou agregado à música, não é demais lembrar o prazer das
letras de músicas mais populares quer de fados quer de música ligeira, de que
sempre tivemos excelsas vozes - nacionais ou estrangeiras - ao longo da vida.
Mas o pensamento do Dr. Salles, absoluto
ou relativo, parece bastante retorcido, baseado que está nas suas leituras que
generosamente partilha connosco, quer o percebamos ou menos, na relatividade do
desenvolvimento mental de cada um de nós.
Mas como sou compincha, vou tentar adaptar
o meu conhecimento silogístico - em BARBARA, o único que recordo por mais
acessível ao meu pensamento muito relativo, pobrezinho, apesar do que afirma o
Dr. Salles que o define como acto absoluto, do que, aliás, discordo, por tantas
vezes lhe sentir a insignificância.
Eis a minha adaptação silogística – BARBARA
– na fragilidade das suas premissas e conclusão, de puro brinquedo:
Todo
o humano acto de pensar é involuntário e por isso absoluto, mas o saber é
relativo.
Qualquer
um de nós é humano
Qualquer
um de nós tem um pensamento absoluto mas um saber relativo.
E viva a alegria da nossa irmanação,
embora os de pensamento mais absoluto torçam o nariz à pobreza “irracional” deste nosso pensamento.
O Dr. Salles que me desculpe da
brincadeira, resultante da incapacidade de penetrar nos argumentos do seu saber
– relativo, mas em grande forma.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO 10.11.21
Pensar é acto absoluto; saber é relativo.
Como
animal amestrado, pode-se saber sem ter pensado; ser pensante pode saber muito ou pouco mas não pode
prescindir de um sistema de raciocínio mais ou menos sofisticado mas sempre
implicando uma (alguma) lógica.
O que não se basear nalgum sistema
lógico é ilógico e, como tal, absurdo.
Absurdo no âmbito de um determinado sistema de lógica mas, eventualmente, não
noutro sistema porque a lógica não é absoluta senão no sistema em que se
integra. É, pois, relativa.
Tudo,
matéria interessante, sem dúvida que exige reflexão, que exige
algum esforço de raciocínio dentro de algum sistema de lógica, de identificação
de conceitos absolutos e de outros apenas relativos. Um esforço de síntese, de
concentração.
Nós, ocidentais, estamos de tal modo formatados na Civilização
Aristotélica que não
concebemos outros sistemas de raciocínio mas, na verdade, eles existem. Basta lembrarmo-nos de todas as
Civilizações não-Aristotélicas. Diferenças essas de sistemas lógicos que podem
gerar conflitos.
A nossa busca da fronteira entre o
relativo e o absoluto assemelha-se muito à abstracção das particularidades, à
pureza de conceitos e requer concentração e, até, isolamento – mas, de preferência, sem os exageros
da clausura nem dos anacoretas. E não
será tão pouco conveniente tentar alcançar o nirvana, essa forma utópica de
nihilismo mental, exactamente porque é o oposto do que pretendemos, o
pensamento superlativo. Pelo
contrário, exige uma presença total, um uso pleno das capacidades mentais
da pessoa estatisticamente normal, igual aos demais mas sem nada que a distraia.
Então, silogismando, se o progresso da Humanidade se consegue com a
pureza do raciocínio cuja formulação exige concentração, por que gostamos tanto de música, essa arte
que nos distrai do sentido maior do pensamento?
Porque o belo, nas suas formas lúdicas, dá prazer aos sentidos e
deve dar sentido honesto aos prazeres e também porque nem só de pão vive o
homem.
Novembro de 2021
Tags: filosofia
COMENTÁRIO:
Henrique Salles da Fonseca 11.11.2021 20:10
Estimado Dr. Henrique Salles da Fonseca
Completamente de acordo consigo: pensar é um acto absoluto e
o saber é relativo. Contudo quanto mais soubermos, mais aptos estamos a uma
maior elaboração do pensamento e a ser mais reflexivos.
A lógica sendo um dos campos da filosofia lida
com raciocínios e argumentos que fazem parte de qualquer reflexão filosófica. O
estudo da lógica distingue o raciocínio certo do incorrecto.
Segundo os princípios da filosofia usar o
raciocínio que não seja para alcançar a verdade, não é fazer bom uso dele.
A matéria da lógica e da sua desconstrução, a
ilógica tanto pode levar a algo bom como mau. Há filósofos que sustentam que o
pensamento lógico sem a experiência em si, é limitado.
Segundo Aristóteles os homens de experiência
sabem bem que uma coisa é, enquanto os homens de arte conhecem o porquê e a
causa. Schopenhauer referiu que ao
contemplarmos a música somos levados a um estado de sublimidade e destacava a
música como o grau mais elevado de todas as artes.
Para Nietzsche a música também era uma arte
suprema e admirava Wagner pelo poder que tinha de emocionar, se bem que
desvalorizasse os seus preconceitos religiosos. A música tem de facto um poder catártico e há estudos que revelam que a
música eleva o desempenho cognitivo das pessoas.
E junto-me a si quando diz: “…porque nem só de
pão vive o homem!”
Aceite os meus melhores cumprimentos Mª Emília
Gonçalves
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