DE DUAS GRANDES MULHERES: HELENA
MATOS e RAQUEL ABECASIS.
EDUCAÇÃO (ou falta dela), o tema da primeira CRÓNICA. O ESTADO DA NAÇÃO, o da segunda, corolário da primeira.
“Continuemos”, diria SALLES DA FONSECA. Num contexto
irónico, neste caso.
I - O que está a acontecer nas escolas portuguesas?
Novembro de 2021: um jovem é ferido a
tiro numa escola de Loures. Aluna agride funcionária numa escola do Porto. Em
Torres Vedras, um aluno de 12 anos é hospitalizado após agressão na escola...
HELENA MATOS, colunista
do observador
OBSERVADOR, 21 nov 2021
Alguém ouviu alguma declaração do
ministro da Educação sobre este caso?
Sim, do ministro da Educação Tiago Brandão Rodrigues. Afinal estamos a falar de tiros numa escola. Ah! já me
esquecia, o ministério da Educação tem como sua enorme e
estrutural preocupação garantir que aluno algum escapa às aulas dessa ficção
activista que dá pelo nome de identidade de género, ministrada para o efeito
numa aulas de cidadania a que se presume os envolvidos nestes factos não devem
faltar, pois se tal
ocorresse sempre seriam pelo menos objecto da atenção ministerial, quiçá até de
um despacho do senhor secretário de Estado da Educação João Costa, como
aconteceu aos irmãos Mesquita Guimarães! Dado que
estes outros alunos se limitam a bater, espancar, anavalhar e agora também
disparar dentro do espaço escolar, do ponto de vista do ministério da Educação
eles não justificam tal esforço.
A degradação da escola pública é uma
das consequências mais gravosas da geringonça. Percebeu-se rapidamente que as
correntes mais esquerdistas iam liderar este campo quando, logo em 2016, contra
toda a racionalidade, foi decidido acabar com vários contratos de associação: não era a qualidade da escola que estava em causa, era
o seu controlo. Ao longo
destes seis anos, os dados sobre o desempenho escolar dos alunos foram-se
tornando mais opacos; reduziu-se a exigência; o dinheiro gasto não se traduziu
em melhores equipamentos ou em melhor ensino (os alunos saem em média mais
caros no ensino público que no privado). A presente dificuldade de contratação
de professores é um dos sinais mais evidentes dessa degradação de que pouco ou
nada se fala.
Como
a escola pública, ao contrário do que acontece nos hospitais, não tem urgências
nem atenção mediática (ou tem a
atenção que a FENPROF determina), apenas
alguns casos, pela sua brutalidade ou grotesco (geralmente andam juntos),
chamam por breves momentos a atenção para um quotidiano escolar degradado que
não cabe na propaganda: em Maio deste ano, “um grupo de
pais dos alunos de uma escola básica do 1º ciclo de um concelho do distrito de
Braga apresentaram queixa na GNR por alegados ataques sexuais aos filhos,
de 7 e 8 anos, dentro do estabelecimento de ensino. Os agressores serão
alunos da mesma escola, “mais velhos”, que segundo os denunciantes, “ameaçam as
vítimas com uma navalha”.” Também em Maio foram registadas “Tentativas de violação, alunos
com navalhas e agressões em Escola Escola Secundária de Ponte de Sor” enquanto
na “Escola Básica de Coruche são
frequentes os relatos de agressões, alegadamente praticadas por alunos mais
velhos e considerados problemáticos, a crianças mais novas e mais indefesas
chegando mesmo a haver uma tentativa de agressão a uma professora.”
Em
Junho, soubemos que o Ministério Público
investigava “denúncias de abusos sexuais
entre alunos em escola de Celorico de Basto”. As férias escolares interromperam esta cronologia
mas logo em Outubro “Uma jovem de 15 anos queixa-se
de ter sido forçada a sexo oral sob ameaça de faca na Escola Básica 2 e 3 da
Aranguez, em Setúbal, por um colega de 13 anos.”
Depois
veio Novembro em que, além do tiroteio na Escola Secundária
José Cardoso Pires, em Santo António dos Cavaleiros, Loures, também
se registou uma agressão no Agrupamento de
Escolas Madeira Torres, em Torres Vedras, a Luís Santiago, de 12 anos,
que acabou hospitalizado, e a agressão de uma aluna a uma
funcionária numa escola escola básica no Porto.
Não
devíamos estar a discutir isto? Ou mais exactamente: há quanto tempo
não se discute o ensino? A
autoridade nas escolas? António Costa comprou o apoio da extrema-esquerda. Com
quê? Em boa parte entregando-lhes o SNS, a escola pública e as empresas de
transportes. O resultado foi a transformação destes serviços numa
nova RDA: uma utopia donde fogem todos aqueles que podem.
O que aconteceu em Portugal entre 2015 e 2021 tem um rosto e um
responsável: António Costa. Agora, e apenas porque os seus parceiros destes anos
lhe recusaram o apoio, Costa, como quem muda de casaco, mostra-se disponível
para se entender com a direita.
Cabe perguntar: para
fazer o quê, além de manter o PS no poder? A governar com a direita, como
pelos vistos agora quer e lhe recomendam essas formas de vida política porífera
como são Ferro Rodrigues e Basílio Horta, Costa vai fazer o quê? Sobretudo
faria o quê de diferente?
PS. “Eu entendi, fiquei com a impressão de que o senhor ministro tinha tomado
essa decisão com base em opinião jurídicas — não disse escritas, disse opiniões jurídicas, eu
chamei-lhes pareceres jurídicos, podem ser pareceres verbais. O senhor
ministro [da Defesa] esclareceu que não, foi de acordo com a sua interpretação,
com a qual eu concordo” — declarou Marcelo Rebelo de Sousa a
propósito da decisão do ministro da Defesa de não o informar sobre as suspeitas
de envolvimento de militares em ações criminosas.
Confesso
que não lia nada assim desde que, em “Os Maias”, o Dâmaso Salcede,
sob o terror de ser desafiado para um duelo por Carlos da Maia, escreveu uma
carta a pedir-lhe desculpa por causa do artigo sobre Carlos e Maria Eduarda que
ele, Dâmaso, fizera publicar: «Ex. mo Sr. Tendo-me Vossa Excelência,
por intermédio dos seus amigos João da Ega e Vitorino Cruges, manifestado a
indignação que lhe causara um certo artigo da Corneta do Diabo, de que eu
escrevi o rascunho e de que promovi a publicação, venho declarar francamente a
Vossa Excelência que esse artigo, como agora reconheço, não continha senão
falsidades e incoerências”.
À
medida que lia a sucessão encastelada de justificações do injustificável
pronunciadas por Marcelo “Eu entendi, fiquei com a impressão de que o
senhor ministro tinha tomado essa decisão com base em opinião jurídicas não
disse escritas, disse opiniões jurídicas, eu chamei-lhes pareceres jurídicos,
podem ser pareceres verbais….” das profundezas da memória chegava-me,
escarninha e trágica, a frase que Carlos da Maia proferiu quando João da Ega
lhe entregou em mão a carta que o Dâmaso lhe escrevera para se livrar do duelo:
“Isto é incrível… Chega a ser humilhante para a
natureza humana!”
Em
abono do Dâmaso esclareça-se que ele arriscava sair razoavelmente ferido caso
entrasse num duelo com Carlos da Maia. Já em abono de Marcelo não encontro
nada.
ESCOLAS EDUCAÇÃO TIAGO BRANDÃO
RODRIGUES POLÍTICA MARCELO
REBELO DE SOUSA PRESIDENTE DA
REPÚBLICA
COMENTÁRIOS (os primeiros de 228)
Manuel Rodrigues: A doutrinação ideológica
esquerdizante continua. Assegura-se
a bandalheira, a anarquia, além da ignorância como resultado final. Por fim a propaganda : A Geração mais bem preparada de
sempre. Que belo espectáculo!!! Com o devido distanciamento aguardemos pela
análise da História Sérgio: Fabuloso. Maria Emília
Santos Santos: Há muito dinheiro a rolar para destruir a educação e
degradar as novas gerações. Infiltrados nos partidos politicos, para que os de
direita sejam desmantelados e alinhados à esquerda. O objetivo já todos
sabemos qual é. Os portugueses decidiram entregar-se antes mesmo do confronto. Lutar pelos
filhos, para quê, e porquê? A escola é que sabe o que deve ensinar... muitos,
também, não querem ser "antiquados"! Outros têm medo das represálias,
com que somos ameaçados diariamente! maria
ribeiro: Está a acontecer uma CATÁSTROFE Rui Cardoso: Na mouche Helena Matos. O
melhor meio de informação sobre o Portugal profundo? Lusa? Não. Para se
manterem informados sobre o penico da europa CMTV! Mario Almeida: Em 9 anos de colégio privado
nunca nenhum dos meus educandos teve um furo. Nas raríssimas faltas de
professores havia um professor substituto. Este ano, em 2 meses de aulas já foram 6 faltas a
Físico-química, falta de colocação de professores a duas disciplinas e as
habituais greves da FENPROF à Sexta Feira. Em Portugal não temos escolas, temos madrassas. O
objectivo não é formar cidadãos, é criar uma geração de “vítimas do
capitalismo” onde a esquerda.net possa ir à pesca de mártires multiculturais …
os indígenas que não estiverem a arregimentar os “mártires” estarão a votar no
“Chega”. Pedromi: É sempre um prazer ler os seus
artigos.... são como um lufada de ar, de quem consegue vir à superfície
respirar, depois de um longo mergulho neste oceano de podridão
política/intelectual. Muito Obrigado Helena Matos! Domingos
Rita: Excelente. Estou sempre
desejoso dos artigos da Helena Matos. Acessíveis, contundentes, esclarecedores
de verdades ocultas e essencialmente sempre oportunos e com uma coragem que
infelizmente vejo diminuir no meu querido país. Bem haja.
II - Pantanal
Há milhares de alunos sem aulas e o
ministro da Educação acordou agora para a situação. Como normalmente fazem os
incompetentes, garante que nos próximos meses vai fazer tudo para resolver o
problema.
RAQUEL ABECASIS, Jornalista e ex-candidata independente pelo CDS nas
eleições autárquicas e legislativas
OBSERVADOR, 23 nov 2021,
Eis
o estado da arte actual. Mais do mesmo. Está aí a quarta, quinta ou não sei
quantas vagas da Covid. Portugal é o campeão (ao menos nisso!) da taxa de
vacinação a nível mundial. Os números de internamentos e letalidade mostram bem
a diferença que isso faz. Não obstante, e com o complexo de inferioridade que
tradicionalmente nos caracteriza, as autoridades políticas e sanitárias reagem
como se isto não fizesse toda a diferença. Resultado: a população está em
pânico com a hipótese de ficar outra vez fechada em casa apesar de se ter
vacinado e, portanto, se apanhar covid, ter apenas achaques do tipo gripal.
Tudo
isto é triste e tudo isto é, infelizmente, o nosso fado. Mesmo quando, por um
acaso da sorte, fazemos bem as coisas (é bom lembrar que só tivemos direito ao
Almirante porque o incompetente que o PS escolheu para a tarefa deu tantos
tiros no pé que tornou a sua posição insustentável), não temos a coragem de
escolher o nosso caminho. Maior prova de que o poder que temos já não serve
e que temos que mudar de vida não há.
A isto junta-se um rol de ineficácias
e incapacidades de governar que demonstram bem a urgência de virar a página se
queremos sobreviver como país. Notícias
dos últimos dias:
Nas
últimas horas demitiram-se mais dez chefes das urgências de cirurgia do
Hospital de Santa Maria, o maior hospital do país. Esta notícia junta-se a uma
série de outras demissões em hospitais públicos de norte a sul do país. De
Braga a Viseu, passando pelos principais hospitais de Lisboa: São José,
Amadora-Sintra e Estefânia. E perguntamos: então não era este o governo que
vinha salvar o Serviço Nacional de Saúde?
Dispensados
o Vice-Almirante e a task force, o que temos? De novo a inefável Graça Freitas, incapaz de comunicar, incapaz de ter uma posição
técnica e autónoma do poder político e incapaz de pôr em prática um miniplano
de vacinação para nichos da população que precisam de um reforço vacinal.
Depois da bonança que nos foi garantida pela eficácia de Gouveia e Melo,
parece que recuámos à pré-história do início da pandemia, com uma senhora que
aparecia todos os dias na televisão a rir muito e sem saber o que dizer.
Lamentável.
As escolas portuguesas registam um
défice de professores que tornam impossível assegurar um sistema educativo de
qualidade nos próximos anos. Já neste ano lectivo há milhares de alunos sem
aulas em disciplinas centrais, como Matemática, Português e Ciências. Alguns destes alunos vão ser sujeitos a exames
nacionais de acesso à universidade. E o
ministro da Educação só agora acordou para a situação. Como normalmente fazem os incompetentes, garante
que nos próximos meses vai fazer tudo para resolver o problema. Entretanto, ao
longo dos últimos seis anos, desfez tudo o que estava já planeado para prevenir
o desastre.
Economicamente, é uma questão de meses
para sermos ultrapassados pelos poucos países que ainda estão atrás de nós na
União Europeia.
Com a cabeça ainda à tona no pântano
em que nos encontramos, o que tem o ainda primeiro-ministro para nos prometer?
Mais do mesmo, desde que votem nele para continuar à frente dos destinos do
país.
Será
que é isto que queremos? Esta é a
altura para mostrar que não.
Este é o Governo que não está
interessado em mudar nada, só em manter o poder. Este é o Governo que nem se dá
ao trabalho de se renovar. Façam o que fizerem, os ministros são para ficar,
mesmo que percam a autoridade e o respeito de todo o país, como é o caso de
Eduardo Cabrita. Este é o Governo que se deixa roubar (Tancos) e aldrabar
(operação Miríade) e não tem vergonha na cara para, pelo menos, pedir desculpa
e mostrar determinação para mudar o sistema.
Se a 30 de janeiro for esta a escolha
dos portugueses, aguardemos más notícias. Tudo o que já está mal vai piorar.
GOVERNO POLÍTICA MINISTÉRIO DA
SAÚDE MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO PAÍS ECONOMIA
COMENTÁRIO:
Paulo Cardoso: E, problema
maior, a alternativa da alternância está pelas ruas da amargura, por culpa
exclusiva de Marcelo, o patético, que precipitou o fim deste ciclo, poupando a
escumalha que lá está, de arder no fogo lento de 6 anos de governação
incompetente, e impedindo as alternativas de renovarem ou reafirmarem as suas
lideranças, no tempo certo. Em suma, alterando as regras a meio do jogo.
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