Como é o caso de Alberto Gonçalves: neste seu
retrato arguto de uma figura política pobremente ambiciosa, que sempre sobrepôs
o interesse próprio ao real interesse pelo seu país, país entregue a outro
ambicioso com menos escrúpulos ainda. Ambos, todavia, justificados pela nossa
vil apatia de populacho, a que todos pertencemos, entregues à indiferença, por
conta da côdea alheia… que o mais bem protegido pelos seus pares não deixa escapar das
mãos, é claro. Rio pouco conta,
ao desprezar os pares da sua banda. Talvez Rangel seja mais
compincha para com os tais pares, sobretudo se se aliar a gente que parece mais
séria, como esses do IL, pese embora o pouco peso que este partido tem, por
conta do populacho amante da côdea que lhe é distribuída por quem a agarrou há muito, essa côdea alheia, com unhas e dentes…
O Rio está seco
O dr. Rio possui uma espécie de
“estratégia”: havendo a paciência necessária, um dia os destinos da nação
caem-lhe no regaço, através do cargo de primeiro-ministro. Ou de vice, que já o
satisfaz.
ALBERTO GONÇALVES, Colunista
do Observador
OBSERVADOR, 13
nov 2021
Um
sonho por realizar será uma mentira / Ou será coisa pior / Que me
empurra para o rio / Embora eu saiba que o rio está seco (Bruce
Springsteen, “O Rio”)
Vai para duas décadas, durante os dois
minutos em que reparei no assunto, o dr. Rio pareceu-me um autarca razoável na
medida em que irritou as pessoas certas. Desde que é chefe do PSD, o dr. Rio
irritou as pessoas erradas. No caso, a pessoa errada: eu próprio. Enquanto
líder da oposição, se é que podemos dizer assim, o dr. Rio irritou-me imenso. O
dr. Rio assume um “estilo” (palavra dele). E esse é que é o problema.
O seu “estilo” de fazer oposição consistiu em não fazer
oposição nenhuma. Nestes
seis anos em que, coadjuvado por uma parelha de agremiações leninistas, o PS
levou a cabo um projecto sem precedentes de conquista do Estado, submissão da
sociedade e atraso do país, o dr. Rio manteve-se genericamente calado. Às
vezes, dava uns pios, raramente para criticar os socialistas, frequentemente
para facilitar os respectivos avanços e prepotências – por exemplo na supressão
dos debates quinzenais e das liberdades a pretexto da Covid. Em regra, porém, o dr. Rio só abria a boca para
criticar dissidentes internos do seu “estilo”, ou os jornalistas que não
“passavam” devidamente o “estilo” ao eleitorado. Com regularidade, o dr. Rio
também falava para informar os incréus da localização geográfica do PSD, que
ora está ao centro-esquerda, ora ao centro, ora em qualquer lugar que não
afugente o dr. Costa e não comprometa o sonho do dr. Rio: ser
convocado pelo dr. Costa para escoar as migalhas do poder.
Mas
tudo isso é passado. Agora, o dr. Rio promete oposição a sério. Agora, em pleno processo de “directas” no PSD, o dr. Rio
garante que nem sequer fará campanha contra Paulo Rangel para se concentrar nos
ataques ao governo. Agora não
contem com piedade ou cedências. Agora é que elas mordem. Agora, meus amigos, é
que vai ser. E o que tem
sido? O costume: o dr. Rio ocupa o tempo a insultar a
cáfila de malfeitores empenhada em enxotá-lo do cargo. Nos intervalos, admite
toda a sorte de acordos, alianças, pactos, tratos e contratos, incluindo,
principalmente, com o PS. O dr. Rio não tem cura. E o pior é que ele não se
acha doente. Num certo sentido, o dr. Rio não está doente. Este é o seu estado
normal.
Com
o respeito possível, o dr. Rio não parece um sujeito brilhante. Como muitos
sujeitos limitados, acha-se portador da Verdade, com maiúscula. Sem maiúscula, o dr. Rio possui uma espécie de “estratégia”. O homem
convenceu-se que, havendo a paciência necessária, a dele e a dos militantes do
PSD, um dia os destinos da nação caem-lhe no regaço, através do cargo de
primeiro-ministro, ou do cargo de vice, que já o satisfaz. Não é uma ideia demasiado absurda, ou pelo menos não é
mais absurda que a nossa paisagem “institucional” (tosse). Se figuras do
calibre do prof. Marcelo e do dr. Costa chegaram onde chegaram, são legítimas
as ambições, aliás modestas, do dr. Rio. Em teoria, a “estratégia” não é má. Na
prática, a “estratégia” é péssima, e as consequências devastadoras.
É que, perdido em guerras no partido e na vastidão do próprio
umbigo, o dr. Rio esquece-se da existência de um país. E que o país, que nem sempre deve ser confundido com
os portugueses, não suporta (na acepção de “resistir”) a continuação do caldo de desonestidade,
arbitrariedade e fanatismo colectivista que há anos o dr. Rio vem suportando
(na acepção de “permitir”, “ajudar” ou “aplaudir de pé”). Para cada português que não seja o dr. Rio e os
aficionados assumidos ou disfarçados do dr. Rio, a sobrevivência ou o
falecimento políticos do dr. Rio são de uma monumental irrelevância. Num mundo ideal, a função do dr. Rio seria oferecer
uma alternativa à selvajaria do PS, de modo a contrariar o PS e, se a coisa
corresse benzinho, a derrotar o PS. No mundo real, o dr. Rio não o fez, não o
faz e, a julgar pelas recorrentes ameaças de “bloco central”, não o fará.
Porque não quer, porque não sabe e se calhar porque não pode: descontadas a
contabilidade de um e a manha do outro, pouca ideologia distingue o dr. Rio do
dr. Costa.
No fundo, e à superfície, é
simples: o PS, aquele que se alia a comunistas ou aquele que não se distingue
de comunistas, está a caminho de nos reduzir a uma filial ibérica do
“bolivarismo”. Até ver, sozinho ou acompanhado, o PSD é a única força
partidária capaz de o impedir. Está provado que o PSD do dr. Rio não salvará a
pátria. Entretido a tentar salvar o dr. Rio, o PSD do dr. Rio nem salvará o
PSD. Antes que o dr. Rio enterre literalmente o PSD, convirá que o PSD enterre
figurativamente o dr. Rio.
Um
parágrafo pequenino para o dr. Rangel. O dr. Rangel, candidato decorrente de
múltiplos compromissos, tem uma enorme virtude: não é o dr. Rio. Falta perceber quem é. Restam umas semanas.
CONGRESSO DO PSD POLÍTICA RUI RIO DIRECTAS PSD PSD
COMENTÁRIOS:
Joaquim Moreira: Devo dizer,
antes de mais, que concordo com muitas das ideias dos liberais. Mas existe uma
certa arrogância, que, também antes de mais, revela muita ignorância! Mas
revela também, que não é por se terem ideias muito bonitas que se convence
alguém! Antes pelo contrário, o discurso de Carlos Guimarães Pinto, aqui há
dias na televisão, até conseguiu pôr de acordo uma recente oposição. Estou a
falar da oposição interna do PSD, que se pôs de acordo a rebater os argumentos
que CGP há muito anda a vender! De facto, se governar fosse falar, o nosso país
era um paraíso, onde se podia viver sem ter o mínimo de juízo! Na realidade,
esta crónica de AG, está muito longe da verdade. Não porque Alberto Gonçalves
seja mentiroso, mas porque, neste caso, é muito pouco rigoroso. Até porque, como várias vezes confessou não acompanha o
que se passa nos partidos, muito menos o PSD de Rui Rio, porque, ao que julgo
saber, acompanha apenas o que no Observador ler. E como é muito fácil de
entender o Observador faz tudo para que Rui Rio não chegue ao poder. Mas não
vou perder mais tempo a explicar o que, desde que Rui Rio chegou à liderança do
PSD, se está, na realidade, a passar. Muita coisa está e vai mudar, quer na
forma de fazer política, quer na forma como a aplicar. Mas vamos ter que
esperar. E agora já falta muito pouco para, primeiro o PSD falar, e depois,
logo seguir, o povo decidir em quem vai votar. E, podendo-me enganar, estou
muito convencido de que Rui Rio as duas eleições, vai ganhar. E digo, agora sem
nenhum receio de errar: quem ganha não é Rui Rio é o interesse nacional e
Portugal! Fernando E: Muito
bem. Pobre Portugal: Até tu,....Alberto. A bater no Rio!!! O inimigo é o Costa, pá! Américo Silva: Se o que o PSD tem mais para oferecer é Rangel, o PSD
está seco. eduardo oliveira: Obrigado Alberto Gonçalves
Esta sua crónica pode
resumir-se em 3 sílabas: BRI-LHAN-TE. Só falta ao mamífero em causa ser finalmente corrido do PSD para se poder
ir filiar no PS. Vitor Batista: Este cronista nunca mas nunca me desilude..
Retrato fiel e assertivo daquele que
assaltou o PSD para ser o pajem de Costa, o xuxalista. José
Dias: Não obstante Rangel de forma alguma me impressionar
pela positiva, não consigo deixar de concordar com tudo o demais que o cronista
aqui trouxe a propósito de Rui Rio. Não sou adepto da oposição baseada no dizer
mal de tudo e do seu contrário só por ter vindo do Poder mas ... parece-me
necessário que a Oposição exista, dê sinais de tal e produza crítica
construtiva e alternativas viáveis. Poderá ser a minha memória a atraiçoar-me
mas confesso que nada disso me vem à mente quando penso nos últimos anos ... João
Mourinho: Ora, hoje já vão dois. Aqui no Observador,
as máquinas de escrever contra o Rio trabalham a todo o vapor. Homilia atrás de
homilia, falácia atrás de falácia, vale tudo! Preferem apoiar o Rangel, esse
candidato que tem atrás de si o pior do PSD, desde o Relvismo medíocre,
passando pelo avental do Montenegro... no primeiro caso, tirou um curso que nem
ele sabe como, no segundo, toda a gente conhece as teias de influência municipal.
Rio é essa pessoa, livre, que não se importa de seguir o que pensa, contra tudo
e contra todos. Por não ser controlável é que os aparelhistas lhe querem fazer
a folha, e põem toda a comunicação social contra ele. Não há dúvida que Rio
representa valores muito melhores que Rangel. FME > João Mourinho: É um pouco estranho os jornalistas do Observador
estarem todos alinhados na mesma narrativa contra Rui Rio. Qual será a causa
que agrega a mesma opinião anti-Rio nos profissionais do jornal, quando, se
percebe pelos comentários que existe uma divisão 50-50 entre os apoiantes de
Rio e de Rangel? Vitor Batista > João Mourinho: Então desminta com factos as "falácias" contra
o dr Rio... josé maria: Mais recente sondagem: PS
= 40% PSD = 26%
É a vida... FME
> josé maria : 45 m
“Sondagem em Lisboa: Medina quase duplica intenção de voto. Quatro anos depois, o actual presidente da Câmara está
à beira de reconquistar a maioria absoluta da capital que teve quando recebeu o
poder das mãos de António Costa e deixa adversário de direita a 24 pontos de
distância.” Vitor Batista > FME: Eheheheh! pois foi....Mas isso o "Domingos
Farinho" não diz.
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