quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Erupções, encrespações

 

Compensações, também, como esse de a lava escorrer olivina, uma semi gratificação de uma Terra convulsa mas, afinal, generosa, pagando bilhete para entrar no mundo peculiar dos humanos, como o que refere Paulo Tunhas, uma vez mais, atento ao leste europeu, em informações que agradecemos, distantes que somos ... e sem olivina também.

I - Bielorrússia “invade” a União Europeia

Lukachenko não está a realizar um acto de humanismo, antes uma vingança com uma componente da “guerra híbrida” entre a Rússia e a Bielorrússia, por um lado, e a União Europeia por outro.

JOSÉ MILHAZES Colunista do Observador. Jornalista e investigador

OBSERVADOR, 09 Nov 2021

Ao transformar o seu território numa zona de passagem para a Europa de emigrantes do Afeganistão, Síria, Iraque, etc., o ditador bielorrusso Alexandre Lukachenko persegue vários objectivos: ganhar dinheiro, dificultar a vida à União Europeia na sua já difícil tarefa de enfrentar várias ondas de emigração e apresentá-la como comunidade desumana e alheia às vítimas da fome e da guerra.

Ontem, segunda-feira, numerosas centenas de emigrantes ilegais foram enviados pelas autoridades bielorrussas para as fronteiras contra a Polónia e a Lituânia, o que certamente irá deteriorar ainda mais a já grave situação existente nessas zonas. Tropas bielorrussas empurram milhares de pessoas para as suas fronteiras com esses dois países, obrigando-os a fechar as suas fronteiras.

“Semelhante passo de desespero dos refugiados foi provocado pela atitude indiferente e desumana das autoridades polacas. A parte bielorrussa toma as medidas necessárias para garantir o funcionamento contínuo dos canais de ligações internacionais, bem como a segurança das pessoas que avançam pela autoestrada” – lê-se num comunicado dos Serviços Fronteiriços da Bielorrússia.

Ganhar com os refugiados

Poder-se-ia pensar que Lukachenko está a realizar um acto de humanismo face a este grave problema, mas, na realidade, trata-se de uma vingança e de uma componente da “guerra híbrida” entre a Rússia e a Bielorrússia, por um lado, e a União Europeia por outro.

A primeira pergunta que se coloca é como estes refugiados entram na Bielorrússia se ela está longe dos países de origem deles? Através de um esquema que traz dividendos financeiros ao governo bielorrusso. Os refugiados entram livremente no país com um visto turístico passado numa embaixada bielorrussa, por exemplo, em Bagdade. Para que o visto seja passado, o viajante tem de adquirir uma estadia de uma semana em hotéis de Minsk e deixar uma elevada caução na agência de viagens que é paga à Bielorrússia caso os “turistas” não voltem a casa, o que praticamente nunca acontece. Além disso, o fluxo “turístico” aumenta de tal forma que as companhias aéreas iraquianas e bielorrussas têm vindo a organizar novos voos.

Vingança serve-se fria

O dirigente bielorrusso colaborou com a União Europeia na travagem do fluxo migratório até ao verão de 2020. Porém, Bruxelas não reconheceu a sexta reeleição de Lukachenko presidente da Bielorrússia e decretou uma série de sanções económicas e políticas contra Minsk. Ele reagiu abrindo as fronteiras do seu país à passagem de refugiados principalmente rumo à vizinha Lituânia, pequeno país da UE que deu asilo político à líder da oposição Bielorrússia, Svetlana Tikhanovskaya, e a outros adversários políticos do ditador. Se durante todo o ano de 2020 as autoridades lituanas detiveram 90 imigrantes ilegais, esse número subiu para 800 no início de Julho de 2021 e para 3145 no fim desse mês.

A situação agravou-se de tal forma que a Lituânia se viu obrigada a construir uma barreira de arame farpado de quase 700 quilómetros na fronteira com a Bielorrússia e a decretar o estado de sítio na região fronteiriça.

Mas a fúria de Lukachenko aumentou quando a UE anunciou novas sanções por as autoridades bielorrussas terem obrigado a aterrar em Misnk um avião da Ryanair para deter o jornalista da oposição bielorrussa, Roman Protasevitch, que seguia a bordo.

Desta vez, a ira do ditador virou-se contra a Polónia, país vizinho onde estão refugiados também numerosos opositores bielorrussos.

“Nós travávamos narcóticos e migrantes, mas agora terão de ser vocês a comê-los e a apanhá-los”, declarou Lukachenko nessa altura, acrescentando: “Hoje, eles [países do Ocidente] uivam: ai, os belorrussos não nos defendem! Milhares e milhares de migrantes ilegais dirigem-se para a Lituânia, Letónia e Polónia… Gostaria de perguntar: mas estão loucos? Vocês desencadearam uma guerra híbrida contra nós e exigem que vos defendamos como antes?”

Numa situação como esta, a UE, sem renunciar aos seus princípios humanistas, não deve ceder a chantagens de ditadores como Lukachenko ou Vladimir Putin e reforçar as suas fonteiras externas. Aqui é indispensável frisar o nome do presidente russo, pois, como se torna cada vez mais evidente, o primeiro é cada vez mais um fantoche nas mãos do segundo, nomeadamente na “guerra híbrida” que mantém contra a União Europeia. Com esta crise Putin pretende criar novas brechas na União Europeia e preparar terreno para o aumento das forças da extrema-direita na UE.

PS. Uma coisa me intriga. A extrema-esquerda está muito “preocupada” com o ambiente, atirando para cima do capitalismo todas as culpas. Mas será que a República Popular da China, de longe o país mais poluidor do planeta, já é para ela um “país capitalista”?  

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COMENTÁRIOS

Filipe Costa: A UE tem que reforçar as fronteiras externas com mais muros e mais meios, não os deixem entrar, é desumano mas se morrerem umas centenas, já ninguém vai querer viajar para umas férias em Minsk.     Karoshi >  Filipe Costa: Já não basta morrerem milhares no Mediterrâneo? Que tal investirem nos países dos ditos migrantes em lugar de andarem a discutir défices?

klaus muller > Karoshi: E por que não desvias as tuas poupanças para investires nesses países?

Karoshi > klaus muller: Não chegam para nada. Mas por outro lado o sistema bancário pode criar dinheiro sempre que lhe convém....

PortugueseMan: ...Numa situação como esta, a UE, sem renunciar aos seus princípios humanistas... A Europa só está a deitar-se na cama que fez. Iraque? uma desgraça. Síria? Também Líbia? Idem. Afeganistão? ainda vai piorar… Ucrânia? Uma bomba relógio… Em todos estes, os europeus estiveram ou estão envolvidos. Em quase todos largaram bombas. Danos colaterais. Agora os danos colaterais, atravessam o Mediterrâneo, o canal da Mancha e por qualquer caminho que lhes leve para paragens melhores. Portanto se os querem fora da loja, paguem. Tal como já pagam por exemplo aos turcos. Princípios humanistas... Só quando estão longe da nossa porta.

II - CIÊNCIA /  ERUPÇÃO VULCÂNICA

Vulcão de La Palma está a expulsar pedra semi-preciosa

A pedra preciosa, olivina, é utilizada em peças de joalharia e foi descoberta pelo Instituto Vulcanológico das Canárias nas lavas mais recentes do vulcão Cumbre Vieja, na ilha de La Palma.

La Palma registou na madrugada de 3 de Novembro um sismo de magnitude na escala de Richter, o maior a afectar a ilha desde o início da erupção do vulcão de Cumbre Vieja.

MIGUEL CALERO/EPA Texto

OBSERVADOR 08 nov 2021

O último colapso parcial do cone do vulcão Cumbre Vieja, na ilha de La Palma, deixou à vista um novo rio de lava onde foi encontrado um mineral valioso, a olivina. Segundo o jornal espanhol, ABC, esta é uma das descobertas mais recentes entre os materiais magmáticos expelidos pelo vulcão.

Numa publicação do twitter, o Instituto Vulcanológico das Canárias (Involcan), sublinha que é normal os vulcões produzirem materiais como este cristal de olivina das lavas mais recentes.

Olivina é um mineral considerado uma pedra semi-preciosa e a sua descoberta não é surpresa para os cientistas visto que está presente nas rochas ígneas (eruptivas). O cristal faz parte de peças de joalharia e encontra-se normalmente nas Ilhas Canárias devido à sua origem vulcânica, em zonas de Charco de los Clicos ou Charco Verde e em Los Hervideros, na ilha de Lanzarote, recorda o jornal espanhol.

A pedra olivina tem um tom esverdeado característico e para além da sua beleza e da sua utilização em jóias, é importante em geologia e mineralogia porque durante muito tempo foi um enigma científico.

La Palma registou na madrugada de 3 de novembro um sismo de magnitude 5 na escala de Richter, o maior a afectar a ilha desde o início da erupção do vulcão de Cumbre Vieja.

erupção do vulcão Cumbre Vieja, ativo desde 19 de Setembro, já destruiu mais de 2.500 edifícios, e aumentou consideravelmente a atividade sísmica da ilha.

ERUPÇÃO VULCÂNICA   DESASTRES NATURAIS   NATUREZA   AMBIENTE   CIÊNCIA

COMENTÁRIO

Dom Love: Ainda vai aparecer alguém a dizer que isto até foi bom para La Palma, como também disseram que a Pandemia ia ser boa para Portugal.

 

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