Compensações, também, como esse de a lava
escorrer olivina, uma semi gratificação
de uma Terra convulsa mas, afinal, generosa, pagando bilhete para entrar no
mundo peculiar dos humanos, como o que refere Paulo Tunhas, uma vez mais, atento ao leste europeu, em informações
que agradecemos, distantes que somos ... e sem olivina também.
I - Bielorrússia “invade” a União Europeia
Lukachenko não está a realizar um acto
de humanismo, antes uma vingança com uma componente da “guerra híbrida” entre a
Rússia e a Bielorrússia, por um lado, e a União Europeia por outro.
JOSÉ MILHAZES Colunista do Observador. Jornalista e investigador
OBSERVADOR, 09 Nov
2021
Ao transformar o seu território numa
zona de passagem para a Europa de emigrantes do Afeganistão, Síria,
Iraque, etc., o ditador bielorrusso Alexandre
Lukachenko persegue vários objectivos: ganhar dinheiro,
dificultar a vida à União Europeia na sua já difícil tarefa de enfrentar várias
ondas de emigração e apresentá-la como comunidade desumana e alheia às vítimas
da fome e da guerra.
Ontem, segunda-feira, numerosas
centenas de emigrantes ilegais foram enviados pelas autoridades bielorrussas
para as fronteiras contra a Polónia e a Lituânia, o que certamente irá
deteriorar ainda mais a já grave situação existente nessas zonas. Tropas
bielorrussas empurram milhares de pessoas para as suas fronteiras com esses
dois países, obrigando-os a fechar as suas fronteiras.
“Semelhante passo de desespero dos
refugiados foi provocado pela atitude indiferente e desumana das autoridades
polacas. A parte bielorrussa toma as medidas necessárias para garantir o
funcionamento contínuo dos canais de ligações internacionais, bem como a
segurança das pessoas que avançam pela autoestrada” – lê-se num comunicado dos
Serviços Fronteiriços da Bielorrússia.
Ganhar com os refugiados
Poder-se-ia pensar que Lukachenko está a realizar um acto de humanismo
face a este grave problema, mas, na realidade, trata-se de uma vingança e de
uma componente da “guerra híbrida” entre a Rússia e a Bielorrússia, por um
lado, e a União Europeia por outro.
A primeira pergunta que se coloca é como
estes refugiados entram na Bielorrússia se ela está longe dos países de
origem deles? Através de um esquema que traz dividendos financeiros ao governo
bielorrusso. Os refugiados entram livremente no país com um visto turístico
passado numa embaixada bielorrussa, por exemplo, em Bagdade. Para que o visto
seja passado, o viajante tem de adquirir uma estadia de uma semana em hotéis de
Minsk e deixar uma elevada caução na agência de viagens que é paga à
Bielorrússia caso os “turistas” não voltem a casa, o que praticamente nunca
acontece. Além disso, o fluxo “turístico” aumenta de tal forma que as
companhias aéreas iraquianas e bielorrussas têm vindo a organizar novos voos.
Vingança serve-se fria
O dirigente bielorrusso colaborou com
a União Europeia na travagem do fluxo migratório até ao verão de 2020. Porém, Bruxelas não reconheceu a sexta reeleição de
Lukachenko presidente da
Bielorrússia e decretou uma série de sanções económicas e políticas contra
Minsk. Ele reagiu abrindo as fronteiras do seu país à passagem de refugiados
principalmente rumo à vizinha Lituânia, pequeno país da UE que deu asilo
político à líder da oposição Bielorrússia, Svetlana Tikhanovskaya, e a
outros adversários políticos do ditador. Se durante todo
o ano de 2020 as autoridades lituanas detiveram 90 imigrantes ilegais, esse
número subiu para 800 no início de Julho de 2021 e para 3145 no fim desse mês.
A
situação agravou-se de tal forma que a Lituânia
se viu obrigada a construir uma barreira de arame farpado de quase 700
quilómetros na fronteira com a Bielorrússia e a decretar o estado de sítio na
região fronteiriça.
Mas
a fúria de Lukachenko aumentou quando a UE anunciou novas sanções por as
autoridades bielorrussas terem obrigado a aterrar em Misnk um avião da Ryanair
para deter o jornalista da oposição bielorrussa, Roman Protasevitch,
que seguia a bordo.
Desta vez, a ira do ditador virou-se
contra a Polónia, país vizinho onde estão refugiados também numerosos opositores
bielorrussos.
“Nós
travávamos narcóticos e migrantes, mas agora terão de ser vocês a comê-los e a
apanhá-los”, declarou Lukachenko nessa altura, acrescentando: “Hoje, eles
[países do Ocidente] uivam: ai, os belorrussos não nos defendem! Milhares e
milhares de migrantes ilegais dirigem-se para a Lituânia, Letónia e Polónia…
Gostaria de perguntar: mas estão loucos? Vocês desencadearam uma guerra híbrida
contra nós e exigem que vos defendamos como antes?”
Numa situação como esta, a UE, sem
renunciar aos seus princípios humanistas, não deve ceder a chantagens de
ditadores como Lukachenko ou Vladimir Putin e reforçar as suas fonteiras
externas. Aqui é
indispensável frisar o nome do presidente russo, pois, como se torna cada vez
mais evidente, o primeiro é cada vez mais um fantoche nas mãos do segundo,
nomeadamente na “guerra híbrida” que mantém contra a União Europeia. Com esta
crise Putin pretende criar novas brechas na União Europeia e preparar terreno
para o aumento das forças da extrema-direita na UE.
PS. Uma
coisa me intriga. A extrema-esquerda está muito “preocupada” com o ambiente,
atirando para cima do capitalismo todas as culpas. Mas será que a República
Popular da China, de longe o país mais poluidor do planeta, já é para ela um
“país capitalista”?
COMENTÁRIOS
Filipe Costa:
A UE tem que reforçar as fronteiras externas com mais
muros e mais meios, não os deixem entrar, é desumano mas se morrerem umas centenas,
já ninguém vai querer viajar para umas férias em Minsk. Karoshi > Filipe Costa: Já
não basta morrerem milhares no Mediterrâneo? Que tal investirem nos países dos
ditos migrantes em lugar de andarem a discutir défices?
klaus muller > Karoshi: E por que não desvias as tuas poupanças para investires
nesses países?
Karoshi > klaus muller: Não
chegam para nada. Mas por outro lado o sistema bancário pode criar dinheiro
sempre que lhe convém....
PortugueseMan: ...Numa
situação como esta, a UE, sem renunciar aos seus princípios humanistas... A
Europa só está a deitar-se na cama que fez. Iraque?
uma desgraça. Síria?
Também Líbia?
Idem. Afeganistão?
ainda vai piorar… Ucrânia?
Uma bomba relógio… Em todos estes, os europeus estiveram ou estão envolvidos.
Em quase todos largaram bombas. Danos colaterais. Agora os danos colaterais, atravessam o Mediterrâneo, o
canal da Mancha e por qualquer caminho que lhes leve para paragens melhores. Portanto se os querem fora da loja, paguem. Tal como já pagam por exemplo aos turcos. Princípios humanistas... Só quando estão longe da nossa porta.
II - CIÊNCIA /
ERUPÇÃO
VULCÂNICA
Vulcão de La Palma está a expulsar pedra semi-preciosa
A
pedra preciosa, olivina, é utilizada em peças de joalharia e foi descoberta
pelo Instituto Vulcanológico das Canárias nas lavas mais recentes do vulcão
Cumbre Vieja, na ilha de La Palma.
La Palma
registou na madrugada de 3 de Novembro um sismo de magnitude na escala de
Richter, o maior a afectar a ilha desde o início da erupção do vulcão de Cumbre
Vieja.
OBSERVADOR 08 nov 2021
O último colapso parcial do cone do
vulcão Cumbre Vieja, na ilha de La Palma, deixou à vista um novo rio de lava
onde foi encontrado um mineral valioso, a olivina. Segundo o jornal espanhol, ABC, esta é uma das
descobertas mais recentes entre os materiais magmáticos expelidos pelo vulcão.
Numa publicação do twitter, o Instituto
Vulcanológico das Canárias (Involcan), sublinha que é normal os vulcões
produzirem materiais como este cristal de olivina das lavas mais recentes.
Olivina é um mineral
considerado uma pedra semi-preciosa e a sua descoberta não é surpresa para os
cientistas visto que está presente nas rochas ígneas (eruptivas). O
cristal faz parte de peças de joalharia e encontra-se normalmente nas
Ilhas Canárias devido à sua origem vulcânica, em zonas de Charco de los Clicos
ou Charco Verde e em Los Hervideros, na ilha de Lanzarote, recorda o jornal
espanhol.
A
pedra olivina tem um tom esverdeado característico e para além da sua beleza e
da sua utilização em jóias, é importante em geologia e mineralogia porque durante
muito tempo foi um enigma científico.
La Palma registou na madrugada de 3 de
novembro um sismo de magnitude 5 na escala de Richter,
o maior a afectar a ilha desde o início da erupção do vulcão de Cumbre Vieja.
A erupção do
vulcão Cumbre Vieja, ativo desde 19 de Setembro, já destruiu
mais de 2.500 edifícios, e aumentou consideravelmente a atividade sísmica da
ilha.
ERUPÇÃO
VULCÂNICA DESASTRES
NATURAIS NATUREZA AMBIENTE CIÊNCIA
COMENTÁRIO
Dom Love: Ainda vai
aparecer alguém a dizer que isto até foi bom para La Palma, como também
disseram que a Pandemia ia ser boa para Portugal.
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