O da “Lei da Morte”- ou antes, da Matança.
Será daqui a nove meses, segundo se lê – próxima reponderação, na próxima legislatura. Segundo parte
dos comentários – atribuíveis, de resto, aos mesmos comentadores - estes
preferem a antecipação, por cesariana bem-sucedida, está visto.
Marcelo volta a devolver ao Parlamento
diploma sobre eutanásia
Marcelo Rebelo de Sousa devolveu, sem
promulgação, pela terceira vez, o decreto sobre a morte medicamente assistida,
pedindo a clarificação de algumas contradições. Decisão só na próxima
legislatura.
OBSERVADOR,
30/10/21 EUTANÁSIA
▲A decisão de Marcelo foi tomada
após a visita oficial a Angola
Marcelo Rebelo de Sousa vetou, esta segunda-feira, sem promulgação,
o decreto que recebeu da Assembleia da República sobre a morte medicamente
assistida, “envolvendo a eutanásia e o suicídio medicamente assistido”.
Em
nota publicada no site da presidência, o chefe de Estado solicita que se clarifique duas “contradições”. Uma delas prende-se com a exigência de “doença fatal” para
a permissão de antecipação
da morte. O
Presidente argumenta que essa
exigência pode ser alargada
para uma “doença
incurável” mesmo que
não seja fatal e ainda a “doença
grave”.
O
Presidente da República pede, assim, que a Assembleia
da República clarifique se é
exigível “doença fatal”, se só “incurável”,
se apenas “grave”, numa carta (que pode ver aqui) divulgada no site da
Presidência. No caso de deixar de ser exigível a “doença fatal”, Marcelo
pede que se repondere “a alteração verificada”, uma vez que corresponde “a
uma mudança considerável de ponderação dos valores da vida e da livre
autodeterminação, no contexto da sociedade portuguesa”. Frisou também
que esta reponderação demorará nove meses — atirando a
decisão, por isso, para outra legislatura.
Marcelo
reforça que as suas convicções não tiveram qualquer peso na decisão.
Ainda
no caso da doença grave ou numa incurável, Marcelo diz
que o “legislador
tem de escolher entre exigir para a eutanásia e o suicídio medicamente
assistido – que são as duas formas da morte medicamente assistida que
prevê, entre a ‘doença só grave’, a ‘doença grave e incurável’ e a ‘doença
incurável e fatal’”.
Para
mais, o chefe de Estado indica que o novo
texto do diploma “ora usa ‘doença grave ou incurável’, o que quer dizer uma ou
outra, ora define aquela como grave e incurável, o que quer dizer, além de
grave, também incurável, ora usa ‘doença grave e fatal ‘, o que quer dizer que,
além de grave e incurável, determina a morte. Não apenas é grave, incurável,
progressiva e irreversível, como acontece com doenças crónicas sem cura e
irreversíveis. É fatal”.
“Em
matéria tão importante como esta —
respeitante a direitos essenciais das pessoas, como o direito à vida e a
liberdade de autodeterminação –, a aparente incongruência corre o risco de
atingir fatalmente o conteúdo”,
prossegue o Presidente.
Num
cenário em que a Assembleia da
República optar por renunciar “à exigência de a doença ser fatal, e, portanto, ampliar
a permissão da morte medicamente assistida”, tal significa que Portugal seguirá os países com uma
“solução mais drástica ou radical”, como os Países Baixos ou a Bélgica. “Trata-se de saber em que bases se apoia a opção
pela solução mais drástica e radical, se for essa a opção da Assembleia da
República”, lê-se no diploma.
Marcelo
reforça que as suas convicções não tiveram qualquer peso na decisão, destacando
o juízo que formula é aquilo que diz corresponder ao “sentimento valorativo
dominante na sociedade portuguesa”. E
justifica que não suscitou a fiscalização prévia do Tribunal Constitucional por
“haver prévias aparentes incongruências de texto a esclarecer” e por “desse esclarecimento decorrer, largamente, o tipo de
juízo jurídico-constitucional formulável”.
A
decisão de Marcelo foi tomada após a visita oficial a Angola, três dias após de
ter recebido o decreto da Assembleia da República, prescindido-se de “prazos
constitucionais mais longos”. “Seria
constitucional, mas sinal de desrespeito, usar os prazos conferidos pela
Constituição e decidir já depois de a Assembleia da República se encontrar dissolvida”, justifica o Presidente.
Há
oito meses, Marcelo
Rebelo de Sousa vetou o anterior decreto do parlamento sobre esta matéria, que
o Tribunal Constitucional declarou inconstitucional por “insuficiente densidade normativa” do artigo 2.º n.º 1, que estabelecia os termos
para a morte medicamente assistida deixar de ser punível, em resposta a um
pedido seu de fiscalização preventiva.
Na
sequência do veto, o Parlamento reapreciou o decreto e aprovou uma nova
versão em 5 de novembro, com votos a favor da maioria da bancada do PS e
de BE, PAN, PEV, Iniciativa Liberal, de 13 deputados do PSD e das deputadas não
inscritas Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues.
Dois
deputados socialistas e três sociais-democratas abstiveram-se. A maioria
da bancada do PSD votou contra (sendo uma
das exceções o presidente do partido, Rui Rio), assim como PCP, CDS-PP e Chega e sete deputados
do PS.
Governo
diz que cabe ao próximo Parlamento responder a Marcelo.
“O próximo
parlamento terá que encontrar soluções para responder às questões do Presidente
da República”, apontou o secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro,
Tiago Antunes, em declarações à CNN Portugal. O secretário de Estado
lembrou que o Tribunal Constitucional já se tinha pronunciado “dizendo que
havia questões onde a lei tinha de ser mais determinada” e considerou que a
Assembleia da República “fez um trabalho no sentido de determinar esses
conceitos”.
“O
Presidente da República entende que esta determinação não é suficiente. O
próximo parlamento terá de trabalhar esse aspecto”, disse ainda.
Pedro
Filipe Soares, líder parlamentar da bancada do Bloco de Esquerda, também reagiu
ao veto. Na sua conta pessoal do Twitter, diz tratar-se de um “veto cínico”,
acrescentando que não será “o cinismo presidencial a ter a última palavra”.
“A eutanásia será legal, mais cedo do
que tarde”, garante o bloquista, referindo que a “próxima legislatura limpará
da nossa memória este desumano veto de Marcelo Rebelo de Sousa”.
EUTANÁSIA SAÚDE PRESIDENTE
MARCELO POLÍTICA
COMENTÁRIOS:
José Dias: São por demais óbvias duas coisas: 1) a qualidade da
legislação produzida pelo Parlamento deixa muito a desejar no que respeito a
clareza e correcto uso da língua e dos conceitos, e 2) o Ti Celito aproveita a
ocasião - quiçá até oferecida por quem só quer fazer de conta que quer - de,
mais uma vez, arrastar os pés e atirar a questão para o dia de São Nunca ... à
tardinha! No entretanto a "coisa" continua natural, e felizmente, a
ocorrer para bem daqueles a quem se evita condenar à pena do sofrimento sem
sentido ... e como estamos numa terrinha de "faz de conta", o que não
se vê e de que não se fala não incomoda as "pessoas mais sensíveis".
Os melhores entre os melhores ... pois! Jose Castro: E qual o problema se fosse
devido às suas convicções? Temos um PR só para fazer trabalho técnico tipo
robot? É este o maior problema da direita, falta de imposição
das suas convicções, quando as tem. Jorge Lourenço > Jose Castro: "E qual o problema se
fosse devido às suas convicções?" Porque o presidente serve o povo, que
por sua vez votou nos partidos que aprovaram a lei em parlamento, e o PR veta
devido as sua convicções? Ele só tem que assinar ou não se existir algum
problema grave no documento a legislar, não pelas sua convicções. O Sr. calado
era um poeta.
H Almeida: Sou habitualmente bastante crítico de MRS mas aqui,
esteve bem. Independentemente dos motivos que alega, considero uma leviandade a
pressa com que esta lei sensível foi levada de novo à AR e lá votada. Átila,
o Huno: De facto, como
definir por "doença incurável" uma qualquer patologia que, por conta
dos progressos tecnológicos e científicos presentemente à disposição, possa
revelar-se curável dentro de meses, dias ou horas? O que é
"incurável" hoje pode ser curável amanhã, e, atendendo à
irreversibilidade da chamada eutanásia (e, como é evidente, ao sofrimento
suscitado em parentes e amigos dos pacientes a serem eutanasiados), é da mais
elementar sensatez desvirtuar a propaganda parlamentar e exigir esclarecimentos
técnicos cabais e rotundos. Depois de nova aprovação do diploma em causa,
alguns parlamentares, nomeadamente afectos às bancadas do PêÉsse, do BêÉ e do
P.A.N., encheram os telejornais com a garantia (barulhenta, mas vazia) de que
as aporias em questão haviam sido solucionadas; como seria de esperar, e tendo
em conta os intervenientes em causa, era fácil de prever que assim não fosse. No
fundo, não queriam perder o comboio da demagogia e, antes que fossem chegadas
as Legislativas, prestaram-se a este acto infame e baixo. Grato ao sr.
Presidente da República por renovada manifestação de equidistância
institucional. Liberal
Assinante do Local > Átila, o Huno: E sai mais uma hostiazinha
consagrada e "equidistante"! Ainda não reparou que a lei agora
sabotada fala em "doença fatal", e não em "doença
incurável"? A que propósito vem para aqui falar em "doença
incurável"?
Átila, o Huno > Liberal Assinante do Local: Se uma determinada doença é
necessariamente fatal, então define-se por "incurável". Nem toda a
doença incurável é fatal; mas toda a doença fatal é incurável. Portanto, a dificuldade
subsiste: como definir uma doença por "necessariamente fatal" se, à
luz dos conhecimentos tecnológicos e científicos de que dispomos, uma doença
que é "necessariamente fatal" hoje pode não o ser amanhã? A menos que acredite que a
consumação da eutanásia deve somente pressupor que uma doença seja "potencialmente
fatal" - o que abriria um precedente rumo à adopção de práticas hoje em
vigor na Bélgica ou nos Países Baixos. Aliás, o que é a vida, senão uma
condição "fatal"? Liberal Assinante do LocalÁtila, o Huno: É claro que as doenças fatais
são incuráveis, se não fossem incuráveis não seriam fatais! Andamos a brincar
com as palavras, é só isso. Sabe lá você o que se passa na Bélgica ou na
Holanda... Quando alguém tem uma doença fatal, só existe o hoje, não tem nada
que ser condicionado pelos seus sonhos de uma cura. E essa pessoa sabe
perfeitamente que ao pedir outra morte perde a "chance" de ter uma
cura. Milagres é em Fátima, alguns de nós vivem neste mundo. Átila, o Huno > Liberal Assinante do Local: Tendo em conta que a cura ou
mitigação de determinadas condições patológicas somente se tornou possível por
causa do sacrifício de alguns doentes, então, ao admitirmos a morte como
hipótese primeira, estamos a agir em detrimento da investigação científica,
assim, paradoxalmente, passando um atestado de óbito a todo e qualquer paciente
que sofra ou venha a sofrer de doença dita "fatal".
Pois bem: e se, nas décadas de 80 e 90, milhares de seropositivos tivessem optado
pela morte medicamente assistida, não continuaria a SIDA a ser, ainda hoje, uma
condição "necessariamente fatal"? Ou seja: ao cristalizarmos a
definição de doença "fatal", não estaremos, em última análise, a
garantir que semelhantes doenças venham a permanecer fatais no futuro? Jorge Lourenço > Átila, o Huno: Aqui o problema é a
continuidade do sofrimento daqueles que têm a doença, e que ficam à espera da
cura para a tal "doença incurável". Aqui não é uma questão de convicções
mas de aqueles que têm o problema escolherem quando acabar com ele, ou já
ninguém é dono de si?
josé maria: Sou defensor da eutanásia, mas Marcelo tem razão. Os
conceitos apontados pelo presidente são equívocos e merecem o devido
esclarecimento, por forma a clarificar-se a ambiguidade detectada. Os deputados
da AR, que reelaboraram a lei da eutanásia, poderiam e deveriam ter sido
rigorosos na delimitação dos conceitos em causa. Liberal Assinante do
Local > josé maria: Em nota publicada no site da
presidência, o chefe de Estado solicita que se clarifique duas
“contradições”. Uma delas prende-se com a exigência de “doença
fatal” para a permissão de antecipação da morte. O Presidente argumenta
que essa exigência pode ser alargada para uma “doença incurável” mesmo que
não seja fatal e ainda a “doença grave”. Acha mesmo que este paleio faz
algum sentido?
Gil Lourenço > Liberal Assinante do Local:
Faz sentido! pedro lopes > Gil Lourenço: O Marcelo está a empatar até
dissolver a assembleia, na esperança que na próxima legislatura existam menos
apoiantes da eutanásia e assim dar um veto de gaveta na assembleia ou ver a lei
rejeitada na próxima legislatura. Portugal é um país triste, infelizmente a lei não vai
ser aprovada.
Liberal Assinante do Local > Gil Lourenço: Doença fatal é aquela que
provoca a morte garantidamente. Conversa mole é a do presidente da república. Gil Lourenço > pedro lopes: E por que razão se aprovou uma
lei à pressa em final de legislatura? Gil Lourenço > Liberal Assinante do Local:
Não, não é
conversa mole...nem vou explicar isso porque há aqui comentários que já o
fizeram e bem.
Liberal Assinante do Local: São muitos milhares de votos
que as esquerdas vão ganhar. Bem, pode ser que alguns deles sejam desviados
para a IL, não pode ser tudo mau! As chances de uma nova maioria de esquerda em
Janeiro já eram elevadíssimas, mas o talentoso Selfito conseguiu aumentá-las. E
sai uma hostiazinha consagrada. Lourenço de Almeida > Liberal Assinante do Local:
É caso para se
dizer que "valores mais altos se alevantam". Como o Marcelo nunca
escondeu como actuaria em casos relacionados com a vida, duvido que se percam
votos para a esquerda por ter feito aquilo que sempre se soube que faria. Liberal Assinante do
Local > Lourenço de Almeida: Não meu caro, os votos irão
perder-se porque há mesmo muita gente que quer este assunto resolvido. Gil Lourenço > Liberal Assinante do Local: Acha mesmo que as pessoas estão
agora preocupadas com isso? Acha que é prioritário? pedro lopes > Gil Lourenço: Para muita gente é prioritário. Liberal Assinante do Local
> Gil Lourenço: Obviamente. Eu não estou a dizer que são milhões
aqueles que querem o assunto resolvido, mas milhares são certamente. Não vai
ser votando no CDS ou no PSD que o vão resolver. Olhe, quem sabe se isto não é
um bom empurrão para a IL?
Gil Lourenço > pedro lopes: Qual é essa gente?
Contabilizou? Para muita gente é prioritário que o estado dê um SNS como deve
ser e não que os mande matar...
Gil Lourenço > Liberal Assinante do Local: Se as pessoas votarem na IL só
por isso...
Lourenço de Almeida: Finalmente posso não me
arrepender de ter votado no Marcelo. Nunca escondeu o que pensava sobre o
assunto e foi assim que ganhou as eleições. Independentemente disso,
agradece-se que quem tem o poder actue de acordo com as suas convicções que
nunca escondeu! Parabéns e obrigado Sr. Presidente! Ediberto Abreu: Triste fado o nosso, termos um
presidente que vota segundo a sua religião. Quando diz que é o presidente de
todos os portugueses, deve estar a gozar com o pagode. Eu quero decidir quando
devo acabar o meu sofrimento...não é um Deus que ele adora que deve decidir por
mim, caramba...chega de tanta hipocrisia. Para que não haja dúvidas e ataques
disparatados, declaro que detesto a esquerda política o que prova que isto não
deve ser uma medida de esquerda, mas sim uma medida de bom senso e de respeito
para com o semelhante.
Gil Lourenço > Ediberto Abreu: Mas faz sentido a clarificação
dos conceitos! Pensa que isto é a rebaldaria como na Holanda ou Bélgica? Luis Fonseca > Ediberto Abreu: Com a actual lei você não vai
decidir quando vai acabar com o seu sofrimento. Você vai poder manifestar essa
intenção (já o pode fazer) mas é o Estado que vai decidir se o seu desejo se
concretiza ou não. Não é uma questão de liberdade individual porque, em última
instância, será sempre o Estado e funcionários do Estado a decidir se tem
direito a morrer ou não. Serão promovidas enormes injustiças, principalmente
nos casos em que esse mesmo Estado decidir que você, à luz de uma lei mal
desenhada, não tem direito a morrer. Jorge
Lourenço > Luis Fonseca: Claro que é o Estado que decide no caso daqueles que
não podem sair da cama do hospital, aos outros resta saltarem da ponte ou ficar
na linha do comboio, que aí sim, é uma morte mais condigna para um sofrimento
que muitos já não suportam. Viva ao Presidente de alguns portugueses e dos selfies. Estevao Pape: Muito bem! Eles querem lá saber
se é grave, incurável ou fatal… interessa lhes é desistir da vida dos outros,
alegando as liberdades pessoais, enquanto nos prendem à pobreza e nos tiram a
liberdade financeira através da corrupção e de encher o estado com amigos e com
gastos supérfluos Diogo
Carvalho > Estevao Pape: Sinceramente não percebo o medo
de algumas pessoas da liberdade de escolha dos outros. Gil Lourenço > Diogo Carvalho: Liberdade de escolha em relação
ao quê? Ser o Estado a decidir sobre a morte ou familiares ou sobre o que
acontece na Bélgica e Holanda... Já existe liberdade: quem se quer suicidar...
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