Refiro-me a Joe Biden, que censurou Xi Jimping - mas também Vladimir Putin – como estando ambos borrifando-se para
a tal questão do clima e da cimeira de Glasgow para se
atalhar o processo destrutivo do planeta Terra - embora eu ache que deviam
preocupar-se igualmente com os anéis de Saturno que parece que Saturno está a “aspirar”,
segundo ouvi dizer nas “Questions pour un Champion” ao animador das “Questions”,
Samuel Etienne, em referência ao desaparecimento gradual dos tais anéis,
fenómenos que igualmente nos assustam, mas nada podemos contra isso. Ora, António Costa também faltou à cimeira de Glasgow, preferindo seguir o rasto de Xi e de Putin, forma de afirmar ao resto do mundo as suas opções de companheirismo
climático. Teresa Violante atribui
valor ao Costa, ao censurar-lhe a
falta em Glasgow, mas Biden ignorou Costa, na sua condenação, que não
comporta lacaios, naturalmente, é mais os chefes. Como dizia Herman, na questão
dos bolos.
I - Se Glasgow falhar, tudo falha. Mas Costa
falhou Glasgow
Entristece-me especialmente que Costa
não tenha colocado os interesses do futuro acima da crise política que
atravessamos. O Governo está em plenitude de funções e assim continuará nos
próximos tempos
TERESA VIOLANTE, Constitucionalista.
Investigadora na Universidade Frierich-Alexander Erlangen-Nuremberga
OBSERVADOR, 02 nov 2021
Vivemos actualmente uma crise urgente,
dramática e absolutamente inadiável. As previsões são estarrecedoras: as
conclusões preliminares do sexto relatório do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), divulgado em agosto deste ano,
mostram que o aquecimento
é mais rápido do que o que se pensava, estimando-se que o limiar de +1,5º
relativamente à era pré-industrial deverá ser atingido em 2030, dez anos antes
das projeções anteriores.
As alterações climáticas são uma
ameaça existencial para a humanidade e a questão política mais relevante que as
democracias enfrentam actualmente. É de notar que a
crise climática é, também, uma crise dos regimes democráticos, que têm revelado
a sua incapacidade de alcançar reduções sustentadas e fortes da emissão de
gases de efeitos de estufa.
Vários
autores questionam a incapacidade dos regimes democráticos para lidarem com a
crise climática e há mesmo quem assuma que lhes é impossível fornecer uma
solução efectiva para a mesma: seja porque os líderes
eleitos se mostram presos a ciclos eleitorais curtos e incapazes de assumir
compromissos de longo prazo, ou porque poderosos lobbies ligados aos
combustíveis fósseis aprisionam a tomada de decisão nas políticas públicas, ou ainda porque
a desconexão entre a política nacional e internacional esbarra num
multilateralismo limitado, são várias as fraquezas das
democracias liberais para enfrentar esta ameaça que pode, em última análise,
conduzir à extinção
da humanidade, como realça o anúncio recentemente divulgado pelas
Nações Unidas.
Perante estas conhecidas fraquezas, o
que se pede actualmente aos líderes políticos dos regimes democráticos,
sobretudo dos europeus, é responsabilidade e compromisso. Não é, por
isso, mera coincidência que o combate às alterações climáticas seja
precisamente o primeiro dos quatro desafios estratégicos identificados no
Programa do Governo. Nem que um
dos eixos estratégicos da política externa portuguesa identificados nesse mesmo
Programa seja o de apoiar o multilateralismo e o sistema das Nações Unidas,
intervindo em todas as agendas multilaterais como a Agenda do Clima.
É por isso incompreensível que o
Primeiro-Ministro António Costa tenha cancelado a sua participação na Cimeira
de Líderes Mundiais da COP26, a grande Conferência do Clima que se reúne por
estes dias em Glasgow, e que muitos encaram como a última oportunidade para
salvar o planeta. Trata-se, decididamente, do encontro mais
importante desde o Acordo de Paris e ao qual comparecerão os principais líderes
dos países democráticos. É de lamentar as ausências de peso, de Putin, Modi,
Bolsonaro e Xi Jinping, que não são, contudo, surpreendentes.
Surpreende,
no entanto, e entristece-me particularmente, que António Costa não tenha
colocado os interesses do futuro e do planeta acima da crise política que
atravessamos. O Governo está em plenitude de funções e, ao que
tudo indica, assim continuará nos próximos tempos (a não ser que, em caso de
dissolução da Assembleia da República, o Presidente decida também demitir o
Governo, uma vez que António Costa já sinalizou não ter intenções de o fazer).
Sendo
Portugal um dos países da Europa mais potencialmente expostos às alterações
climáticas, é lamentável que, nestas circunstâncias, se tenha abdicado com
tanta leveza de cumprir o programa do Governo, e de dar voz ao mais alto nível
a Portugal, aos nossos jovens e às nossas crianças, em função de interesses de
curto-prazo. O que está em causa é bem mais relevante, e sobretudo, bem mais
grave, infelizmente, do que a crise política dos dias que correm. Boris
Johnson afirmou, dramaticamente, que “se Glasgow falhar, tudo falha”. Mas Costa
já nos falhou ao falhar Glasgow.
ALTERAÇÕES
CLIMÁTICAS CLIMA AMBIENTE CIÊNCIA
II - COP26: Biden acusa Xi Jinping de
"virar costas" à crise climática
Para o Presidente norte-americano,
trata-se de um "assunto importantíssimo" e os chineses "viraram
costas". "Como podemos fazer uma coisa dessas e reivindicar qualquer
liderança?", repreendeu.
OBSERVADOR, 03
nov 2021
"O
mesmo se aplica a Vladimir Putin", reforçou Joe Biden
ROBERT PERRY/EPA
O Presidente dos Estados Unidos, Joe
Biden, acusou esta terça-feira o seu homólogo chinês, Xi Jinping, de “virar
costas” à crise climática e de ter
cometido “um erro grave” ao não comparecer na reunião do G20 em Roma.
“Acho
que foi um grande erro a China não ter vindo. O resto do mundo olhou para a
China e perguntou: que valor acrescentam eles?“, questionou Joe Biden, em
conferência de imprensa durante a 26.ª
Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações
Climáticas (COP26), que
decorre na cidade escocesa de Glasgow
entre 31 de outubro e 12 de novembro.
Para
o Presidente norte-americano, trata-se de um “assunto importantíssimo” e os
chineses “viraram costas”.
“Como
podemos fazer uma coisa dessas e reivindicar qualquer liderança?”, repreendeu
Joe Biden.
Ao não comparecer nas cimeiras do G20
e da COP26, Xi Jinping “perdeu a oportunidade de influenciar as pessoas em
todo o mundo”, apontou.
O
Presidente chinês enviou uma mensagem escrita, publicada no site na Internet da
COP26, não havendo previsão de intervir por videoconferência ou mensagem de
vídeo para os chefes de Estado e de Governo.
“O mesmo se aplica a Vladimir Putin”,
reforçou Joe Biden, referindo-se ao Presidente da Rússia, que também não compareceu
as reuniões de Roma e Glasgow.
Mais
de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, activistas e decisores
públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na COP26 para actualizar os contributos dos países para a redução
das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo
de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média
global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época
pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as
concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020,
mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de Covid-19,
segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas
serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
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JINPING CHINA ALTERAÇÕES
CLIMÁTICAS
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