sábado, 30 de abril de 2022

Análises sociológicas


De João Marques Almeida e seus comentadores. Sobre o Brasil e os Brasileiros. Árduo mas aprazível.

Um enigma chamado Brasil

É verdade que se fala português no Brasil, apesar de eu pensar que somos dois países divididos pela mesma língua, mas o Brasil não é “um grande Portugal.” É antes os Estados Unidos da América do Sul.

JOÃO MARQUES DE ALMEIDA Colunista do Observador                 OBSERVADOR, 27 abr 2022

OBSERVADOR, 27 abr 2022

Escrevo este artigo no Brasil, onde passo férias. Já vim muitas vezes ao Brasil, quase sempre em trabalho, conheço muitos brasileiros, mas confesso que ainda entendo mal o país e os seus habitantes. E gostaria de conhecer muito melhor, sobretudo o tipo de país que é o Brasil, mesmo sabendo que é um país muito diversificado. Há muitos ‘Brasis.’

Há um mito entre nós de que o Brasil é um país parecido com Portugal e, pelo menos, que os portugueses entendem melhor os brasileiros do que qualquer outro povo. Não estou nada certo que seja assim. Aliás, estou convencido de que não é assim. Falamos a mesma língua, mas sendo a mesma, é falada de um modo muito diferente. Os brasileiros não falam português do mesmo modo que os portugueses o fazem (e não é só a pronúncia). E muitos não nos entendem facilmente. Por exemplo, já me aconteceu várias vezes ter que falar devagar e com cuidado para me perceberem. Em Portugal, sobretudo com as novelas e com os jogadores de futebol, já todos os portugueses ouviram falar ‘português do Brasil’, mas no Brasil há muita gente que nunca ouviu ‘português de Portugal.’ Há hipóteses elevadas de que, na rua, nos táxis, nos Uber, quando nós portugueses encontramos um brasileiro seja a primeira vez que ouve o nosso português.            Apesar de a língua constituir um laço muito forte, neste momento, estou convencido que os Estados Unidos são provavelmente o país mais parecido com o Brasil. As diferenças são mais ou menos evidentes, e algumas são profundas, mas gostaria de me concentrar nas semelhanças entre os dois grandes países do continente americano.

Desde logo, e esta é a principal causa das semelhanças, são ambos países do mundo novo. São países de colonizadores e emigrantes europeus e asiáticos que um dia deixaram as suas casas e os seus países para construir uma vida nova noutro continente. Se duas famílias de emigrantes italianos, uma americana e outra brasileira, partilhassem as suas experiências notariam semelhanças enormes. Não falariam a mesma língua, mas reconheceriam muito bem as histórias de ambas.

Ainda no plano demográfico, quer o Brasil como os Estados Unidos, são compostos essencialmente por quatro grandes grupos: os descendentes dos colonos e emigrantes europeus, os asiáticos, as populações negras – descendentes de escravos vindos de África – e os povos indígenas. A ideia de que o Brasil é um caso de sucesso de mistura racial e os Estados Unidos é um caso de problemas raciais é um exagero. Há diferenças, mas também há semelhanças e estas com consequências nefastas em ambos os casos. Não é só nos Estados Unidos que as desigualdades sociais têm uma forte componente racial. No Brasil também têm. Viajei de carro no litoral de São Paulo e do Rio de Janeiro e vi muito bem as diferenças. A estrada divide os condomínios de luxo das favelas. Os primeiros estão em cima do mar, as segundas estão do lado errado da “faixa de rodagem.” Nos primeiros, entram e partem carros de boas marcas com brancos no interior, nas segundas habitam mulatos e negros. Não faço um juízo de valor, constato apenas a realidade. Por outro lado, voltando à ilusão do Brasil como um caso de sucesso de integração racial em comparação com os Estados Unidos, ainda não houve um ‘Obama brasileiro’, nem está para chegar.

Os americanos e os brasileiros lidam com as desigualdades sociais e com a ideia de privilégio de um modo muito diferente dos europeus e, mais uma vez, com algumas semelhanças. Na Europa, as desigualdades sociais estão marcadas nos séculos, o que aliás cria um sentimento de culpa nas classes mais altas, e com mais passado, que não existe no Brasil ou nos Estados Unidos. Nos dois países americanos, na maioria das famílias com posses, as actuais gerações sabem ou lembram-se que os seus avós ou bisavós eram pobres, e alguns chegaram aos seus novos países sem nada. Isso leva-os a acreditar, com mais ou menos razão, que as suas riquezas resultam do trabalho e do espírito de iniciativa. Nos dois países americanos há um privilégio do trabalho. Não há, como na Europa, privilégios de heranças (pelo menos, por enquanto). Com o tempo, este conceito de privilégio nas Américas, que ainda mantém alguma pureza – “o sonho americano” – irá desaparecer, mas neste momento ainda é forte.outra semelhança muito relevante entre os dois gigantes americanos. Em ambas as economias, a agricultura, os minérios, o petróleo e o gás desempenham um papel central. E isso tem grandes consequências sociais e culturais. Quando vamos a uma cidade de um Estado como Mato Grosso do Sul podíamos estar numa cidade do oeste norte americano, apesar de se falar línguas diferentes. Mais uma vez, se um fazendeiro brasileiro e um rancheiro americano se encontrarem as experiências de ambos fazem todo o sentido um ao outro. E são experiências muito diferentes dos proprietários rurais europeus.

Por fim, mais uma semelhança óbvia. São dois países federais. O federalismo é mais do que um simples desenho constitucional. Resulta de uma história comum e provoca uma cultura política com semelhanças. No Brasil e nos Estados Unidos, o federalismo está associado ao pluralismo político e à liberdade. Há nos dois países uma tensão permanente entre o poder federal e o poder dos Estados, mas esse choque impede um excessivo centralismo e ajuda a garantir a liberdade. Até a ditadura militar no Brasil foi menos ditatorial e mais ‘livre’ do que outras ditaduras. Mudava de Presidente mais ou menos de quatro em quatro anos. Todas as outras ditaduras nos países da América Latina e do sul da Europa ficaram associadas a nomes de ditadores, Peron, Pinochet, Fidel de Castro, Chavez, Franco, Salazar, Mussolini, mas no Brasil isso não aconteceu. Foi uma ditadura sem um ‘ditador.

É verdade que se fala português no Brasil, apesar de pensar frequentemente que somos dois países divididos pela mesma língua – como se diz no caso do Estados Unidos e de Inglaterra – mas o Brasil não é “um grande Portugal.” É antes os Estados Unidos da América do Sul. E São Paulo, da cultura à gastronomia e ao sector financeiro, é a Nova Iorque do sul.                         BRASIL   MUNDO

COMENTÁRIOS:

Elvis Wayne: Um país violento (top 5 de homicídios se não estou em erro), extremamente dividido por linhas tanto geográficas como raciais e sociais. À primeira vista aparentam um certo fanatismo religioso (tanto os católicos como os evangélicos), a outra face da moeda é uma esquerda ainda mais fanática e "anti-tudo" que a nossa. É um país enorme e de grandes contrastes, são também bastante ignorantes no seu todo, devendo-se tal fenómeno ao sistema educacional decrépito que, em comparação, faz as nossas escolas públicas (mesmo as que estão a cair aos bocados) parecerem autênticos Colégios Alemães. Têm um certo ressentimento contra nós e lá a cultura woke começa a enraizar de uma forma espantosa. Falam muito alto e fazem muito espalhafato. Têm o cómico hábito de estrangeirar os nomes dos filhos: quanto mais miseráveis, maior a tendência para gerar "Michaels", "Williams" e "Johnsons". São mais solares, mas também são mais preguiçosos. Alguns são muito cheios de manhas e de "facilidades". Boa parte têm uma ideia fantasiosa tanto de Portugal, como da Europa em geral. A maioria usa Portugal como trampolim para emigrar para a Alemanha ou os EUA. Muitos aderem ao estereótipo gasto do "português burro". A maior parte não entende a nossa língua se falarmos à velocidade normal. Tal como em Espanha, são muitas as situações em que somos mais bem tratados nos restaurantes, lojas, etc se recorrermos ao inglês ao invés da nossa língua.           N. M.: E os portugueses, consegue perceber os portugueses quando falam "português"? Se sim, parabéns.             Roberto Moreno: "Um enigma chamado EUA" Sugestão da nossa Fundação Geolíngua para uma reportagem no jornal Observador, à semelhança desta, sobre o Brasil. O foco será -"A língua portuguesa em Toda a América – do Sul, Centro e Norte” O governo e o povo norte americano irão descobrir o quanto têm a ganhar em se promover a língua portuguesa nos Estados Unidos da América do Norte, dando origem a uma nova sigla. Se trocarmos a palavra Estado por País e acrescentar Toda a América, já não fica EUA, mas sim – Países Unidos de Toda a América. E, o português e o espanhol, passa a ser a língua dos filhos dos P.U.T.A. E, neste âmbito une, para já - 800 milhões de Iberófonos em 30 países, nos 5 continentes e, se acrescentar os 330 milhões de Norte Americanos, serão mais de 1.130 milhões de pessoas. A língua portuguesa foi oficialmente parida por D. Dinis, copiando o seu avô D. Afonso X, que pariu o “castelhano”, ambos poetas e que escreviam em galego. E, viva os Iberófonos que pariram 800 milhões de filhos e que se comunicam em português e espanhol, sem problemas, nas terras mais ricas e férteis do Planeta.           ???: O legado católico foi no que deu...           Cisca Impllit: Um país bonito, mas conseguem bolsonaros ou Lulas - desde que não  se "venezuele" já não era mau para quem ama a liberdade!        Clavedesol: Como é que o Bolsonaro se tornou do dia para a noite num idolo dos esquerdóides !!!! Brilhante!!!!!         Filipe Costa: Conheço o Brasil, conheço as brasileiras e brasileiros, principalmente de São Paulo, tive conversas in loco, tanto cá como lá. Tive convívio, festas, refeições, passeios, deu para tudo. O que sei? Votam Bolsonaro porque não há alternativa, o PT é bem pior. São pessoas equilibradas e que amam a Europa. Boa gente.             Vou ali e já volto: O Brasil e demais países da América Latina descendem do PS dos PIGS, enquanto a América descende dos frugais repugnantes. Nesta simples constatação residem todas as diferenças e semelhanças que se possam estabelecer entre estas quatro culturas, que apenas não divergem mais porque a tecnologia e a globalização colocaram-nas todas em contacto directo umas com as outras. O futuro será risonho se Vladimir Putin e o PCP deixarem de se intrometer no PS e nos seus descendentes.             Cesário de Andrade: Ora aí está outro assunto que de facto os escribas dominam muito, o Brasil. O que se passa no Brasil é muito fácil de explicar por poucas palavras, é que há uma cada vez maior percentagem de brasileiros que estão a perceber que são sempre os mesmos no mundo a comer tudo e a deixarem migalhas aos outros. Não é difícil de perceber. Com Bolsonaro acentuou-se o slogan “Brasil primeiro!” E faz o Brasil muito bem, a Europa, não tem nada para oferecer a ninguém. E os Estados Unidos só estão interessados no que podem espremer para benefício próprio. O Brasil, a Índia, a China e a Rússia assinaram um tratado para um sistema financeiro de pagamentos alternativo. Portugal é completamente irrelevante, já o é há muitos anos. Essa ideia de ligação de culturas já é só triste e de dar pena. klaus muller: Apesar do caos que rebentaria com qualquer outra nação, o Brasil desenvolve-se e bem. Não entendo como é possível.           Lusitano Morklaus muller: Desenvolver? Uma taxa de crescimento nula ou negativa? Está a tentar enganar quem? Noutro dia um artigo dizia que mais de 33 milhões de brasileiros vivia com menos de 200 euros por mês, estes "assalariados" brasileiros! Chama isto desenvolvimento?          ??? > klaus muller : Tanta ignorância num tão parco comentário, é obra!           Rennie Dói dói > klaus muller: Põe mais tabaco nisso...          Manuel Ribeiro: De facto, não entende o Brasil.              Lourenço de Almeida: Bem interessante.          Henrique Costa: Penso que os EUA têm muita coisa a ver com o RU, tanta como o Brasil com Portugal. Há é mas é uma ligação económica aos EUA que pode levar a pensar que os dois países têm algo a ver mas é apenas falta de acuidade visual… O Brasil é um estado tão falhado como Portugal. A diferença é que não têm uma Alemanha a quem mendigar               Lusitano Mor > Henrique Costa: Comentário ridiculo! Colocar Portugal e Brasil ao mesmo nível no plano social e politico eh de alguém que padece de falta de acuidade visual gritante!            Rennie Dói dói > Henrique Costa: Não vou entrar no contraditório ou em grandes considerações acerca do comentário, vou apenas dizer que ponha mais tabaco e tome a pílula da azia...           Lusitano Mor: Conforme dito aqui em baixo, subscrevo! O Brasil é um caso perdido Em inglês diz-se "failed state". Nada mais, nada menos! Um modelo de sociedade que deu "errado". Daí muitos ou a maioria dos brasileiros sofrerem de uma crónica baixa auto-estima, disfarçada pela sua famosa alegria, que nada mais é do que isso, uma máscara de carnaval. A maioria dos brasileiros desconhece, por exemplo, a sua própria historia e formação, vive numa alienação quase completa, são comandados pelas mass media, numa catarse que mais se aproxima de uma "brain wash", ditada sobretudo pelas redes televisivas locais, controladas, estas, por poderes obscuros e pouco credíveis (caciques locais, igrejas corruptas, etc). Parece que prosperidade colectiva nunca chegou àqueles lados, onde abunda corrupção, violência e caos. E muitos brasileiros recusam reconhecer que o fracasso é nacional e colectivo, impondo as culpas a nós, portugueses, ao nosso modelo de colonização e aos nossos "pecados" de colonizadores "cruéis e arcaicos".            Statler: Brasil é um caso perdido. Que duzentos anos depois, ainda não se conseguiu curar e evoluir mentalmente. Preconceito enraizado e inveja é uma característica. As leis, as únicas que funcionam são as de Newton. Pararam no tempo há muito e nunca investiram em formação e educação, o principio de todos os males neste país.     Joaquim Almeida > Statler: Ri-se o roto do esfarrapado... Investir ou, melhor, gastar em educação lá isso gasta; mas, tal como Portugal, gasta tão mal.            Lusitano MorStatler: Totalmente de acordo! Quem não concorda não conhece o Brasil real e tem um pensamento ufanista do que é um pais típico da América Latina!          klaus muller > Statler: Para todas as situações complexas, há sempre uma solução única, clara e.errada.           Pontifex Maximus: O Brasil é um país muito fácil de definir: uma grande favela em que os habitantes falam milhares de línguas em que cada um faz as suas regras, excepto 10% deles que falam português quase correcto… Jose Cosme: Esse assunto é complexo e muito vasto para ser analisado em um artigo. Mas a verdade é que muitos pontos são verdadeiros e alguns fora de contexto que somente uma análise aprofundada poderia trazer mais sentido ao assunto.            Censurado sem razão: Conseguem perceber a diferença entre um analista de direita e um de esquerda? Entre um democrata e um não democrata? Então leiam com atenção esta crónica. Sempre fui de direita e hei-de morrer assim. Viva a liberdade, viva o respeito pela opinião alheia mesmo que não concordemos com ela. Isto é um verdadeiro democrata. Isto é ser de direita, meus amigos. Abram os olhos. Infelizmente, para Portugal já é tarde demais             Joaquim Almeida: JMA podia ter aproveitado para recolher e oferecer à direcção editorial do Observador um quadro nítido da actualidade política brasileira, por cá tão mal conhecida e tão distorcida por jornalistas e não-jornalistas comprometidos politicamente com a falsidade e a mentira canhota, afilhados da vergonhosa velha imprensa brasileira, decrépita e em vias de extinção. Quanto à pobreza e baixo estatuto social predominante entre os morenos (pretos e pardos) brasileiros   :  querem que uma oligarquia política corrupta a roubar fartamente o povo, há sete ou oito décadas, produza melhor distribuição de igualdade?            josé maria: Apesar de a língua constituir um laço muito forte, neste momento, estou convencido que os Estados Unidos são provavelmente o país mais parecido com o Brasil. Só mais um dos habituais disparates do JMA, já nem me espanta que ele nem sequer tenha noção do ridículo de este novo dislate...          Miguel Ramos > josé maria: A descrição, desprovida de qualquer ideologia incapacitante, é bastante acertada, pelo menos para alguém que "vive" no Brasil há bastantes anos. Se o Brasil seguisse um percurso de desenvolvimento linear acabaria muito mais próximo do EUA, do que de um País Europeu de 1ª linha.          Antonio Sousa: Excelente análise. Vivi e trabalhei 4 anos em S. Paulo e constatei essa semelhança sociológica e cultural com os Estados Unidos.            Francisco Tavares de Almeida: Com a emigração italiana, JMA revelou ignorância. Nos EUA a emigração italiana segue padrões gerais já para o Brasil a história é outra. Quando Dona Leopoldina libertou os escravos deixou o Brasil sem mão-de-obra rural pois a emigração para as cidades foi imediata. Seu filho D. Pedro II, reconhecendo que a agricultura e indústrias associadas de mão-de-obra intensiva estavam condenadas e era necessário promover alternativas, foi a Itália a zonas agrícolas pobres e recrutou emigrantes. Assim não há semelhança cultural entre os que tudo arriscam e fazem enormes sacrifícios até reunir dinheiro para a passagem para os EUA e os que se limitaram a aceitar uma oportunidade oferecida.            Jose Ramalho > Francisco Tavares de Almeida: Princesa Isabel foi quem libertou os escravos            advoga diabo: O Brasil é prova maior do que representa ser português! Notável como tão pequeno país, pela língua, sobretudo implantação de africanos e sua cultura, tanto conseguiu influenciar um "continente"! Assis, Amado, ou Veríssimo, a MPB, ou o audio visual brasileiros, transpiram dessa essência. Além da óbvia e inevitável influência económica e de modismos anglo saxónicos do monstro do norte, as raízes são profundamente europeias e africanas. Se da pequenez - como não?! - se libertaram, já, da característica inveja, de que JMA é ilustre exemplar, não se livraram!            Maria Augusta > advoga diabo: O teu "monstro" está nesse pequeno cérebro de xuxo-comuna que te leva a debitar esses disparates e lugares comuns tipico do "tuga" pequenino e pretensioso armado ao pingarelho.            Jorge Oliveira: Vejo aqui muitos comentários a roçar a xenofobia ou alguma superioridade colona. Sim, o Brasil é inseguro, tem alta taxa de desigualdade e tem muita gente analfabeta, ou com iliteracia. Mas, deveriam aproveitar um pouco para olhar para dentro de Portugal, porque aí também os há, referindo me aos analfabetos e, no caso da igualdade, a que se está a atingir em Portugal está toda nivelada por baixo. Sou Português, portuense e vivi a minha vida toda em Portugal. Mas descobri algo no Brasil que aí não existe apesar de todos os defeitos: oportunidades! Aqui eu consigo fazer dinheiro, vivo com uma qualidade de vida infinitamente superior e não tenho o estado a saquear o meu ordenado com os impostos (sobre o rendimento, nos impostos sobre consumo é diferente e até algo complexo). Também, já tratei de diversas situações burocráticas aqui e deixem me dizer: muitas delas são bem mais ágeis do que em Portugal. Outro aspecto é a lamúria, aqui as pessoas seguem em frente, em Portugal raramente estão satisfeitas, mas depois conformam-se. Por último, apesar de tudo, reconheço que o Brasil é um país em desenvolvimento e Portugal um país desenvolvido. Só que o Brasil tem um futuro por mais crises que sofra, quanto a Portugal... Deixo isso para a análise dos mesmos que referi no início.         Eduardo Costa > Jorge Oliveira: Com tantas qualidades nesse país de oportunidades, parece que a "land of honey and milk" fica aí mesmo! Porque será que chegam diariamente aviões carregados de Brasileiros que aqui querem ficar??? Não se entende, tão bom país e milhares saem por ano?? Serão todos cegos e tu tens visão 20/20??? Felicidades e deixa-te ficar onde tens mais qualidade de vida. Hmm, que qualidade de vida estranha deve ser viver num país onde há mais assassinatos por ano do que o número total de baixas dos USA na guerra do Vietnam.            Lusitano Mor > Eduardo Costa: Portugal tem concedido milhares e milhares de cidadanias, passaportes, todos os anos, a muitos milhares de africanos, brasileiros e asiáticos (Goa ,Damão, bangladeshi, etc). Muita gente não está atenta a isto, mas Portugal é mais e mais, um "gateway" do 3º mundo para o norte da Europa e EUA. Após 5 anos, um brasileiro que entra em Portugal como "turista" (falso turista), recebe o tão almejado passaporte europeu/luso e "zarpa" para outro qualquer destino que sempre foi o seu verdadeiro objectivo de imigração! Somos um país que, hoje em dia, "fabrica" novos portugueses!              Jorge Oliveira > Eduardo Costa: Curioso, não falei da emigração do Brasil, mas até falei da causa, desigualdade. Mas acho estranho não se lembrar que o número de residentes em Portugal diminuiu mesmo com esses imigrantes. Será que não existem portugueses também a sair de Portugal? Aliado, claro, à baixa taxa de crescimento natural, ou até negativa (não sei com certeza). Quanto a oportunidades de fazer dinheiro e qualidade de vida falei do meu caso pessoal e de muitos outros que vão não só para o Brasil, como para outras economias em desenvolvimento. O que não consegui foi observar no seu comentário foi qualquer argumento da tal superioridade portuguesa... Apenas o desdém. Ah e pode fazer me sempre o comentário da praxe, lugar-comum: fique aí, vá para a sua terra, e todas essas expressões. Quanto à taxa de assassinatos, nunca o neguei no meu comentário, aliás eu falei na insegurança, só que por vezes o português tem que deixar de achar que apenas esse factor baixa qualidade de vida. Afinal, um passeio na praia em segurança, comer atum e pagar metade do meu salário numa casa, não me serviram para qualidade de vida. Mas isso, são opiniões. Não julgue que eu estou a inferiorizar Portugal, eu amo Portugal. Só não gosto do que se tornou. Por último, agradecia que me desse uma perspectiva económica agradável do futuro de Portugal. Compare com o potencial do Brasil e perceberá o meu comentário.         Lusitano Mor > Jorge Oliveira: Boa parte, senão a maioria dos imigrantes que entram em Portugal, sobretudo os brasileiros, vêm atrás do passaporte luso/europeu. Naturalmente, vão sair como entraram, mas desta vez com destino ao norte da Europa ou EUA! Segundo, com a pandemia baixou a taxa de natalidade e em sentido inverso aumentou a taxa de mortalidade. Percebe agora porque o saldo de residentes tem vindo a diminuir, APESAR da imigração crescente? José Ribeiro: Muito do que aqui foi dito poderá ser verdade, principalmente no que respeita à questão profissional, mas é um facto que gosto do Brasil e dos brasileiros. No Brasil sinto-me em casa e em família. Significará isso que somos povos irmãos?             Duarte Correia: Durante o século XX, muitos foram, e excelentes, os estudiosos brasileiros das coisas culturais portuguesas a partir dos seus olhares brasileiros, e inversamente. Quanto à língua, i)- Em teoria, a questão do Acordo Ortográfico vinda dos tempos de Fernando Henriques Cardoso, obedecia a uma estratégia de natureza cultural muito interessante; ii)- Na prática, a chegada ao poder do analfabeto Lula e o desgraçado dicionário do Acordo Ortográfico estabelecido foi o golpe de misericórdia. Na primeira versão, a da teoria (de Fernando Henriques Cardoso), era o tempo da Língua Portuguesa falada em «linguagens» diferentes (portuguesa, brasileira, cabo-verdiana, guineense, são-tomense, angolana, moçambicana, timorense), ajustadas às suas respectivas situações comunicativas e horizontes sociais.

Na segunda versão, do analfabeto Lula, não é possível não reconhecer o outro lado da verdade: Não se trata da língua portuguesa especializada em duas linguagens, portuguesa e brasileira, mas de duas línguas, língua portuguesa e língua brasileira. Mas, para os brasileiro, parece que esta ideia de «língua brasileira» os deixa furiosos. O facto de a língua portuguesa já registar mais de oitocentos anos de história é um pergaminho de que os brasileiros, actualmente, apesar de desprezarem os portuguesas, não querem abrir mão.         bento guerra: "Os brasileiros são portugueses à solta" Agostinho da Silva             Eduardo Costa: Aqueles que consideram o Brasil e os Brasileiros como irmãos são aqueles que lá nunca foram. Sim, a língua tem uma sonoridade parecida (para ser honesto, irrita-me o acento deles), mas pouco mais. A cultura, a forma de estar, os valores, as crenças não são pontos de aproximação - bem pelo contrário. As vezes que lá fui, vim profundamente desiludido com a forma de trabalharem, com a falta de profissionalismo, com a falta de formação académica e profissional (ao nível de países africanos), com o fazer tarde e delegar trabalho quando as situações eram rapidamente feitas na hora, com tanto sorriso duvidoso e amizades na hora, com a falta de objectividade e a incapacidade de serem frontais e directos. Existem países europeus que apesar de terem uma língua diferente, têm muitos mais pontos em comum connosco. Cidadãos com uma forma de estar e agir idêntica à nossa. Qualificados, educados, directos, humildes e sem protelar trabalho e/ou decisões. Com valores próximos. Adaptam-se melhor, não tentam impor a sua cultura, respeitam-nos mais, não passam o tempo todo a criticar tudo, nem a terem o complexo do "coitadinho", nem a usarem a arma da xenofobia sempre que lidam com uma situação menos agradável. Infelizmente as portas da imigração estão abertas a Brasileiros. Chegam aos montes semanalmente mas nada de novo trazem. Querem ser imediatamente tratados como iguais quando se sabe que independentemente da origem e do país de destino, imigrantes serão sempre olhados como diferentes. Servem apenas para mão-de-obra barata (escrava!) a empresários (na maioria para o sector do turismo e restauração). Baixíssima formação académica, baixíssima formação profissional, desconhecimento de línguas estrangeiras (nem a nossa falam e escrevem bem!). Grande parte deles não são uma mais-valia de futuro porque apenas querem a cidadania para irem para outros países europeus (com o nossos documentos, com o risco de estragar a boa reputação dos nosso emigrantes). Para que continuar com esta farsa? Pouco ou nada temos a ver com eles. Porque temos as portas abertas do país e da UE aberta para eles? Porque continuámos a dar cidadania nacional a netos e bisnetos de Portugueses quando essas pessoas nada sabem de Portugal ou nunca tiveram uma ligação a este país? Acabe-se com o jus sanguinis! Porque permitimos que existam pessoas e organizações que dão falsas informações a áBrasileiros e que lucram com a "importação" dessas pessoas (que vêm lubriadas)? Refiro-me a canais e páginas nos social medias dedicadas a isso - devia ser altamente criminalizado, a começar pelo apoio a imigração ilegal já que a maioria dos brasileiros chega com visto de turista. Ganhamos alguma coisa com eles? Sim, mas pouco. A grande maioria são trabalhadores básicos e ocupam profissões básicas. Servem para alimentar a segurança social e a colecta fiscal. Não será com eles que o país dará um salto nas qualificações e na formação - pelo contrário. Exportamos portugueses altamente qualificados, com domínio de várias línguas, com formação académica superior e importamos Brasileiros com pouca escolaridade, diferentes por dentro e por fora. Ficamos a ganhar? Não, não ficamos. Mas OK, o povo foi às urnas recentemente e quer mais do mesmo. Assim, seja...até um dia ser tarde demais para existir um retorno. A UE (e os europeus) é e será sempre o nosso caminho, não será nenhuma das ex-colónias.               Eduardo Costa > Utilizador Removido: Íamos navegar para o conhecido e que já dono tinha??? O futuro não esta a sul, está a norte. ESTEVE a sul, mas o futuro não vive de recordações e terras perdidas. Contrapartidas? Isso é conversa furada. Sendo assim, vamos para Marrocos, já que esta terra era deles?

Lusitano Mor > Eduardo Costa: Totalmente de acordo, do princípio ao fim! Disse tudo aquilo que penso! Este processo descontrolado de imigração, depois emigração com "upgrade" (passaporte recém adquirido via naturalização) tem de acabar o quanto antes! A imagem do país, dos nossos emigrantes, não merece este desmérito! O povo brasileiro fala um "dialecto" do português e aqui acabam as nossas semelhanças! Chega de incúria por parte deste PS no poder, que está a "dormir" sobre este assunto de imigração descontrolada!     João Das Regras > Eduardo Costa: Caro Eduardo, disse tudo aquilo que penso e que os cronistas evitam dizer porque senão seriam cancelados. Eles vêm para Portugal apenas para ter a nacionalidade portuguesa que é oferecida a toda a gente, e agora com o acordo de livre circulação com os palop’s o regabofe ainda vai ser maior.

Paulo Cardoso > Eduardo Costa: Plenamente de acordo.            Carlos Silva > Utilizador Removido: Se a inveja pagasse imposto, a cubata do BO já estaria no prego   Dinis Silva: Obrigado pela crónica. Tenho imensa vontade de conhecer o Brasil e depois de ler o texto, ainda tenho mais.           FME: Dissertar sobre o Brasil e não referir a insegurança é um lapso imperdoável. Trabalhei no Brasil um ano, na região metropolitana de São Paulo, e a insegurança era algo muito presente. Detestei. Ao telefone não conseguia perceber nada do que diziam. A famosa beleza das mulheres brasileiras foi outra desilusão. Raramente se via uma beleza de telenovela. No trabalho eram uns confusos de primeira, cheios de procedimentos e burocracia laboral. Para se conseguir fazer alguma coisa eram preciso preencher mais formulários do que aqueles que Costa preencheu para ir sacar a bazuca a Bruxelas. Coisas boas; a comida, excelente. O Brasil, é mais conhecido pelo futebol e o carnaval, mas a gastronomia tem um lugar no pódio. Passei lá o carnaval, ninguém ligou nada a isso. Cuidado com a saúde oral uma aprendizagem. Lavar os dentes à hora do almoço e ir a um dentista endireitar a dentadura é como beber a bica de manhã em Portugal.Finalmente, para rematar, nem todos são comunas, e fazem-se bons amigos, não obstante, Brasil nunca será uma escolha minha.            José António Deusdado: Totalmente correcto. O Brasil é a favela dos USA e um seu rídiculo mimicador cultural. Não há a menor afinidade que seja entre Portugal e o Brasil ou entre portugueses e brasileiros. Das muitas pessoas estrangeiras com que me relaciono pessoal e profissionalmente e de uma larga amostragem de brasileiros, de catedráticos a pés descalço, nunca encontrei estrangeiros mais estrangeiros e estranhos para mim do que precisamente os brasileiros. A narrativa oficial e oficiosa de qualquer relação específica ou especial entre tais países ou pessoas, é uma parvoíce ignorante altamente prejudicial a Portugal. Urge acabar com isso pela raiz e cultivar uma distância higiénica o mais dilatada possível. Quanto à língua, nem vale a pena falar. Aquilo é um dialecto analfabeto e semi-letrado que tendo embora partido do português e guardando alguma similitude na forma escrita erudita, nada tem que ver com a Língua Portuguesa. Urge uma separação total, até de denominação.

Nenhum comentário: