Por normas mais ou menos rígidas, de uma
moral mais ou menos flexível, mas que o próprio Jeová, para o mundo ocidental
seguidor do Velho Testamento, ajudou a perspectivar com um rigor de absolutismo
de que aquele foi executor poderoso e drástico, desde a criação dos nossos pais
primeiros, abrangendo, tal execução, dilúvio universal, destruição de terras e
outras safadezas, como sacrifícios humanos ou de bichos domésticos, em sua
honra - digo, do Jeová - sacrifícios de que, aliás, os mitos clássicos também
enfermaram, de que o de Ifigénia foi dos mais relevantes, para se obterem
ventos favoráveis, de partida para a destruição de Tróia, como represália de um
adultério, de resto, este, de sórdida encomenda divina. A doutrina cristã aporia
a esses mitos de ostracismos e liberdades, os conceitos dualistas do Bem e do
Mal que informou o tal mundo ocidental, mais tarde difundidos pelo mundo, pelos
santos pregadores desses princípios, semeados de doutrina e impregnados dos conceitos
de punição e recompensa divinas. E a doutrina cristã vingou poderosamente, o
Bem e o Mal informando as mentes humanas com um rigor de justiceira racionalidade,
em deveres e direitos sociais daí desenhados, embora as filosofias do
cepticismo ou mesmo do niilismo, tenham tudo
isso reduzido à estaca zero, favorecedora, naturalmente da anarquia que por aí
vai.
É o que me parece que significa o
conceito expresso pelo escritor H. L. Mencken cuja frase Luís Soares de Oliveira cita, no
prazer, talvez provocatório, de uma opinião que se pretende progressista e independente
de preconceito conservador, hoje retrógrado.
Eis o texto posto por LSO no seu blog,
que me chegou ao email:
PERIGOS DO
ABSOLUTISMO.
H.L. Mencken, escritor,
editor e o mais influente crítico do provincianismo americano dos anos 20 e 30
do século passado, disse:
«Moral certainty is always a sign of cultural
inferiority. The more uncivilized the man, the surer he is that he knows
precisely what is right and what is wrong.
All human progress, even in morals, has been the work
of men who have doubted the current moral values, not of men who have whooped
them up and tried to enforce them…
The truly civilized man is always
skeptical and tolerant, in this field as in all others. His culture is based on
"I am not too sure." »
Não, não concordo com o escritor H. L. Mencken, que defende uma ideologia mais ou
menos impregnada de pedantismo tonto, a pretexto de uma sabedoria de tolerância,
ao pretender, igualmente, impô-la drasticamente, e contraditoriamente do que
afirma, em falsa modéstia.
Aceitar essa teoria, que visa, afinal, abraçar o mundo inteiro numa
simpatia universal, de aceitação sem recusa, é anuir, por exemplo, à vileza
monstruosa de um ser falso, como esse Putin, que sem os esgares hitlerianos,
contudo, e aparência de uma seriedade pacata, se arma em comandante de uma
imoralidade de dimensão criminosa perfeitamente absurda. Não creio que seja
isso que se propõe no dito texto do escritor citado.
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