terça-feira, 5 de abril de 2022

Sempre o mundo se regeu


Por normas mais ou menos rígidas, de uma moral mais ou menos flexível, mas que o próprio Jeová, para o mundo ocidental seguidor do Velho Testamento, ajudou a perspectivar com um rigor de absolutismo de que aquele foi executor poderoso e drástico, desde a criação dos nossos pais primeiros, abrangendo, tal execução, dilúvio universal, destruição de terras e outras safadezas, como sacrifícios humanos ou de bichos domésticos, em sua honra - digo, do Jeová - sacrifícios de que, aliás, os mitos clássicos também enfermaram, de que o de Ifigénia foi dos mais relevantes, para se obterem ventos favoráveis, de partida para a destruição de Tróia, como represália de um adultério, de resto, este, de sórdida encomenda divina. A doutrina cristã aporia a esses mitos de ostracismos e liberdades, os conceitos dualistas do Bem e do Mal que informou o tal mundo ocidental, mais tarde difundidos pelo mundo, pelos santos pregadores desses princípios, semeados de doutrina e impregnados dos conceitos de punição e recompensa divinas. E a doutrina cristã vingou poderosamente, o Bem e o Mal informando as mentes humanas com um rigor de justiceira racionalidade, em deveres e direitos sociais daí desenhados, embora as filosofias do cepticismo ou mesmo do niilismo, tenham tudo isso reduzido à estaca zero, favorecedora, naturalmente da anarquia que por aí vai.

É o que me parece que significa o conceito expresso pelo escritor H. L. Mencken cuja frase Luís Soares de Oliveira cita, no prazer, talvez provocatório, de uma opinião que se pretende progressista e independente de preconceito conservador, hoje retrógrado.

Eis o texto posto por LSO no seu blog, que me chegou ao email:

 

«2 de abril às 12:46  · 

PERIGOS DO ABSOLUTISMO.

H.L. Mencken, escritor, editor e o mais influente crítico do provincianismo americano dos anos 20 e 30 do século passado, disse:

«Moral certainty is always a sign of cultural inferiority. The more uncivilized the man, the surer he is that he knows precisely what is right and what is wrong.

All human progress, even in morals, has been the work of men who have doubted the current moral values, not of men who have whooped them up and tried to enforce them

The truly civilized man is always skeptical and tolerant, in this field as in all others. His culture is based on "I am not too sure." »

 

Não, não concordo com o escritor H. L. Mencken, que defende uma ideologia mais ou menos impregnada de pedantismo tonto, a pretexto de uma sabedoria de tolerância, ao pretender, igualmente, impô-la drasticamente, e contraditoriamente do que afirma, em falsa modéstia.

Aceitar essa teoria, que visa, afinal, abraçar o mundo inteiro numa simpatia universal, de aceitação sem recusa, é anuir, por exemplo, à vileza monstruosa de um ser falso, como esse Putin, que sem os esgares hitlerianos, contudo, e aparência de uma seriedade pacata, se arma em comandante de uma imoralidade de dimensão criminosa perfeitamente absurda. Não creio que seja isso que se propõe no dito texto do escritor citado.

 

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