Julgo que Fernando Pessoa nos
descreveu bem no seu poema Liberdade.
Releiamos, pois talvez nos sirva a carapuça,
justificativa de tanto falhanço, o oportunismo, a subserviência, sendo
características que definitivamente nos arrumam no far niente e no carpe diem
que o bom sol estimula, com as excepções que admiraremos sempre:
LIBERDADE
Ai que prazer
Não cumprir
um dever,
Ter um livro
para ler
E não o
fazer!
Ler é maçada,
Estudar é
nada.
O sol doira
Sem
literatura.
O rio corre,
bem ou mal,
Sem edição
original.
E a brisa,
essa,
De tão
naturalmente matinal,
Como tem
tempo não tem pressa...
Livros são
papéis pintados com tinta.
Estudar é uma
coisa em que está indistinta
A distinção
entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é
melhor, quanto há bruma,
Esperar por
D. Sebastião,
Quer venha ou
não!
Grande é a
poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor
do mundo são as crianças,
Flores, música,
o luar, e o sol, que peca
Só quando, em
vez de criar, seca.
O mais do que
isto
É Jesus
Cristo,
Que não sabia
nada de finanças
Nem consta
que tivesse biblioteca...
Para quando o 26 de Abril?
Fui daqueles que embirraram com a
política do bom aluno de Cavaco Silva. Mas tenho que reconhecer que, pelo menos
nesse tempo, tínhamos um objetivo claro e trabalhávamos para o alcançar.
Raquel Abecasis Jornalista
e ex-candidata independente pelo CDS nas eleições autárquicas e legislativas
OBSERVADOR, 26 abr
2022, 00:1731
Quarenta
e oito anos depois, não podemos escamotear que Portugal está muito aquém do que
prometia “o dia inicial inteiro e limpo”.
Festejámos,
há poucos dias, a data em que passámos a ter mais dias de democracia do que de
ditadura. Quarenta e oito anos é muito ano. Tempo mais do que suficiente para
termos mudado o nosso destino de país pequeno, ou médio, nas palavras do
Presidente da Assembleia da República, na ponta mais ocidental da Europa.
A
verdade é que a Revolução dos Cravos prometia a liberdade, a democracia e tudo
o que ela traz como possibilidade de desenvolvimento. Quarenta e oito ano
passados, tivemos três intervenções externas e muito pouco desenvolvimento
tendo em conta as expectativas.
Houve
progresso? Sim. Mas houve o progresso prometido? Não. Portugal fez um
caminho difícil depois de 1974, primeiro com a instabilidade normal depois de
um período revolucionário, depois com a estabilização do novo regime. Tudo isso
é normal. Mas já não é normal termos vinte e três Governos em quarenta e
oito anos. Dá uma média de dois anos por Governo, sendo que a Constituição
prevê que os Governos sejam eleitos para legislaturas de quatro anos.
Talvez o que digo acima explique o
desnorte com que se governa em Portugal. Talvez o facto de termos Governos de
curtíssima duração justifique que Portugal, ao fim de quarenta e oito anos,
continue sem uma estratégia clara e sem um objetivo que mobilize os
portugueses.
Neste
momento, Portugal é um país de velhos sem políticas demográficas que mostrem um
futuro mais promissor. Neste
momento, Portugal é um país de salários baixos e empresas pouco ou nada
competitivas. Neste momento, Portugal forma fornadas de licenciados que
saem da Universidade para o desemprego ou para a emigração. Há dias, um
emigrante que regressou a Portugal depois de dezassete anos em Londres
perguntava-me como era possível que se ganhasse tão pouco em Portugal.
Fiquei sem resposta. Também eu não sei explicar.
A
verdade é que em quarenta e oito anos fizemos muito pouco para mudar o nosso
fado. Podemos
consolar-nos ou enganar-nos com a velha história de que formamos mais gente,
entrámos na União Europeia, criámos infraestruturas, um serviço nacional de
saúde e um sistema de segurança social. Podemos até achar que se fizermos as
reformas necessárias, como ontem abundantemente ouvimos da oposição no
Parlamento, temos o nosso problema resolvido. Mas não é isso que
principalmente nos falta. O que nos falta é uma estratégia, um objectivo,
uma meta, um caminho que mobilize os portugueses.
“É
bonita a festa pá”, mas temos que olhar para a realidade. Fizemos muito pouco
nestes quarenta e oito anos para mudar a vida dos portugueses. A prova provada
é o facto de seis países de Leste, que integraram a União Europeia apenas em
2004, nos terem ultrapassado no ranking do PIB per capita: República Checa,
Eslovénia, Lituânia, Estónia, Polónia e Hungria.
Fui
daqueles que embirraram com a política do bom aluno de Cavaco Silva. Mas tenho
que reconhecer que, pelo menos nesse tempo, tínhamos um objetivo claro e
trabalhávamos para o alcançar. Depois da adesão à moeda única, Portugal parece
ter ficado sem rumo. Não basta dizer que temos que aumentar salários e que
temos a geração mais qualificada de sempre. É preciso saber o que fazer com
isso.
Portugal
é um país pequeno, na ponta ocidental da Europa, cheio de sol e com uma
qualidade de vida incomparável. Mas na era da digitalização, com uma geração
qualificada e com os recursos naturais que temos, vivermos apenas disso é muito
pouco, não há desculpas para o triste fado que temos pela frente.
Se
as vistas curtas de quem só quer governar para se manter no poder quiserem dar
Abril aos portugueses, há muitos caminhos por onde andar. Numa época em que a
sustentabilidade é a palavra-chave para o futuro, Portugal tem muitas cartas
para dar, é só escolher e deitar mãos à obra. Temos uma zona económica
exclusiva com uma área maior do que a Índia, completamente inexplorada.
Passamos o tempo a falar disso, só falta mesmo decidir se queremos ser o
futuro, ou se nos satisfazemos com este país fantástico para os que de fora vêm
passar férias, mas muito poucochinho para os que cá vivem. É um caminho óbvio,
pode haver outros, mas por favor escolham um e mobilizem o país em torno de um
objetivo.
Falta
cumprir Abril.
25 DE ABRIL PAÍS SUSTENTABILIDADE AMBIENTE CIÊNCIA CRESCIMENTO ECONÓMICO ECONOMIA
COMENTÁRIOS:
Filipe Costa: Neste nosso mar imenso devemos ter gás, petróleo, metais raros e não
fazemos nada, tanta riqueza, tanto para explorar e... nada. Rui Delvas:
A sra. Raquel
Abecasis é mulher, é sempre preciso dar um enooooorme desconto. Sabe, o
professor Cavaco em 10 anos de governação SÓ conseguiu a miséria de 42% de
crescimento real da economia. O socialismo é que nos salvou destes números
vergonhosos. Mariano
Velez: não batam mais no
ceguinho. toda a gente, com algum córtex cerebral, percebe as causas e os
truques que dr Costa tem usado para se manter no poder. Mas pelos vistos há
muita gente que acha bem, portanto...a questão é outra, tem a ver com os RR,s
deste mundo, que não sabem explicar e fazer compreender do porquê destes
belíssimos resultados... portanto, aguenta e siga a Marinha... João Ramos: Quem nos dera ter um
“embirrento” como o Cavaco à frente dos nossos destinos, estaríamos hoje, sem
qualquer dúvida, muito melhor do que estamos ao termos entregue o país há já 6
anos a um bando de “banhas da cobra”… cumprir Abril é o que andamos a fazer, a
esquerda a desgovernar-nos e a levar-nos à decadência, o que falta é cumprir
Novembro e a esperança que nos troce de democracia e desenvolvimento!!! O Serrano > João Ramos: Muito bem João Ramos, parece impossível que após
recebermos tanto milhares de milhões em € estejamos neste estado de estagnação,
pobreza, desigualdades e falta de oportunidades para muitos, os melhores. Os
dois ou três melhores 1º ministros que tivemos são denegridos, difamados e
corridos depressa. Mantemos anos e anos medíocres que para além do amor à
democracia sem fim, a igualdade de género, a violência sobre as mulheres e já
agora também e não é pouca sobre os homens, pode é não ser física, a sensibilidade
social em exclusividade, enfim, blá , blá, nada são capazes de fazer a não ser
banquetear-se no Estado, cuidar deles e da rapaziada da confraria. Rui Delvas > João Ramos: Cumprir abril é gastar
6000€/ano por aluno e depois na televisão qualquer aluno ucraniano sabe ter uma
conversação em inglês. Em Portugal nem sabem onde é a Grã-Bretanha. Dr. Feelgood: Premissa e pergunta errada. O
que se pretende é para quando o 24 - vinte e quatro - d' Abril. Miguel Braga > Dr. Feelgood: Exacto. Espanha não precisou de
um 25/04 para ultrapassar o franquismo. Aqui apenas serviu para alimentar
oportunistas e bolchevistas que nos têm arrastado para a lama. E já lá vão
quase 50 anos neste marasmo. Manuel Fernandes: Extraordinário! Tanto esta
senhora como o Nuno Poças, noutro artigo aqui ao lado, repetem (de forma mais
envergonhada, concedo) o discurso de André Ventura na AR. Basicamente, que o
25/4 falhou nas promessas de melhoria de nível de vida dos portugueses e de
desenvolvimento económico do País. Não falhou (por enquanto...) na liberdade
de expressão e de opinião (mas isso foi graças ao 25/11), mas economicamente
foi um desastre continuado. O que não admira porque o socialismo no poder,
seja onde for, acaba sempre a nivelar por baixo. Fico à espera que o Melena e
Pá venha chamar fascistas a estes dois comentadores políticos... Maria Melo: Como se explica termos baixos salários? O país não
cria riqueza suficiente, os impostos são muito e altíssimos, o Estado paga a
uma vasta faixa de pessoas que se contentam com os subsídios e se recusam a
aceitar trabalho, a dívida do país é enorme e não pára de crescer, a
produtividade é baixa, o número de funcionários públicos é elevado, mas o
serviço prestado é normalmente mau… E, certamente, encontraria mais razões.
Portugal é realmente um Estado falhado. Comemorar o 25 de Abril é uma
fantochada! Liberales Semper Erexitque: Não se percebe vindo desta colunista um discurso a este
ponto estatista, que se não contivesse uma crítica ao regime socialista,
poderia ser assinado por um dos tais socialistas. Ainda por cima contém erros
básicos, como afirmar que os governos dos tugas abrileiros duram pouco, quando
isso só aconteceu nos primeiros tempos, precisamente,
"revolucionários". E nem uma palavra sobre o elefante no meio da sala,
quase 30.000 euros de dívida para cada português. Cumprir? É melhor não dizer
que falta cumprir Abril, porque o que falta cumprir é pagar aos outros os
socialismos que andámos a criar alegremente. Não vai ser bonito. Joana Fernandes: Obrigada por este artigo! Inteiramente de acordo!
Parabéns à autora! É preciso reformar Portugal e ter um rumo, uma estratégia,
ambição! Pereira
Santos: O 25 de Abril foi
fundamental para a instalação da liberdade de opinião e de pensamento, mas foi
um desastre em termos económicos, ao dar lugar ao PREC que destruiu por completo
a economia portuguesa com as nacionalizações irracionais). Portugal entre
1966 e 1974 foi o país europeu com o maior crescimento económico e entre 1974 e
hoje foi o pais que menos cresceu. Os "donos" do 25 de Abril ainda não aceitam
debater o pós 25 de Abril em termos económicos, pois Portugal comparado com os
outros países europeus perdeu muitas posições. Liberales Semper Erexitque > Pereira Santos: Não é verdade, Portugal já
estava na "cauda da Europa" economicamente antes da abrilada de 1974.
Continua mas é lá! Maria
Narciso > Pereira Santos: Mas o que era Portugal antes do
25 Abril. Só era conhecido internacionalmente pelo fado, através de uma grande atriz
- Amália Rodrigues. Paulo
C: O povo é o único culpado da situação em que o país se
encontra. Ainda não percebeu que com o PS o país só afunda. Meio Vazio: A Raquel labora num equívoco muito comum: o progresso
económico e material na dependência necessária e directa do sistema politico.
"O pão, a habitação, a saúde" não surgem como um maná, só porque os
desejamos e reclamamos (o pensamento mágico no seu melhor. Manuel
Dias > Utilizador Removido: Tendo em atenção os resultados alcançados pela governação
socialista desde 1975 o sucesso de António Costa só poderá significar:
Extermínio da classe média.
3/4 da população activa a viver
do salário mínimo. O PS e o Estado como entidade única que acoita toda a família, amigos e
compadres e os únicos beneficiários do regime. Administração pública num caos
de burocracia e ineficiência Etc etc Francisco Garcia:
E o que é que
pretende explorar nas águas do alto mar? josé maria: Fui daqueles que embirraram com
a política do bom aluno de Cavaco Silva. Mas tenho que reconhecer que, pelo
menos nesse tempo, tínhamos um objectivo claro e trabalhávamos para o alcançar.
Objectivos claros, tais como a
destruição da nossa frota pesqueira, a política agrícola do pousio forçado de
terras e a especulação bolsista em modo de gato por lebre? Manuel Dias > josé maria: Único período dos últimos 48
anos em que o país cresceu acima dos 4% ao ano. Depois veio o socialismo josé maria > Manuel Dias: António Guterres deixou de ser
PM em 2002 e conseguiu o défice público de 3,3%. Cavaco Silva governou até 1995
e deixou o défice em 5,2%.Durão Barroso saiu em 2004 e deixou o défice em
6,2%.Santana Lopes saiu em 2005 e deixou o défice em 6,2%. Cavaco Silva
governou entre 1987 e 1995, com a dívida pública sempre a subir. Em 1995, a
dívida ficou em 58,3%. Durante o governo de António Guterres, a dívida baixou
de 59,5% em 1996 para 55,2% em 1997. Em 1998, baixou para 51,8% Em 1999, baixou
para 51,0%. E em 2000 baixou para 50,3%.Quanto ao défice, em 1999, Guterres deixou
o défice em 3,0%, em 2000, 3,2%, em 2001, 3,3%. Quanto ao desemprego, Cavaco fixou-o
em 7,1%, no ano de 1995. Guterres conseguiu colocá-lo em 5,0% em 2002.O melhor
PM português, sem margem para dúvidas. Contra factos, não há argumentos. São
diferenças muito significativas, Guterres bate Cavaco aos pontos por larga
margem de diferença, na dívida pública, no défice e no desemprego. Contra
factos, não há argumentos..
Manuel Fernandes > josé maria: E depois de tanto sucesso
abandonou o pântano...
josé maria > Manuel Fernandes: Não houve pântano nenhum, todos
os dados estatísticos que eu invoquei, e que você não consegue refutar,
confirmam que Guterres foi bem melhor do que Cavaco.
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