Na doçura triste do olhar sereno de Xi Jinping. De aparência apagada e fruste, simplesmente em riste.
O fim do mercantilismo europeu
Na Cimeira UE-China da semana passada Van der
Leyen foi invulgarmente clara ao avisar que, apoiando a
Rússia, a China corre o risco de um êxodo de investimento estrangeiro europeu.
MADALENA MEYER RESENDE Departamento
de Estudos Políticos. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – NOVA FCSH
OBSERVADOR,08 abr 2022
À medida que as acções criminosas russas
na guerra da Ucrânia tomam contornos horríficos, o apoio “sem limites” da China
à Rússia torna-se claro. A
abstenção da China em criticar a Rússia é tida por Washington como evidência da
consolidação da aliança sino-russa. A
administração Biden assume que, mantendo o seu alinhamento com a Rússia, a
China irá tornar a competição entre os grandes poderes numa guerra fria global
que empalidecerá
a conflitualidade que se viveu entre 1947 e 1989.
A guerra da Ucrânia está a levar a
Europa a mudar profundamente a sua atitude perante a China. Se há dezasseis meses, em Dezembro de 2020, a UE
assinava um Acordo Gobal sobre Investimento que coroava a estratégia comercial
que pautou a sua relação com a China nos últimos vinte anos, durante a Cimeira UE-China da semana passada os
Europeus mostraram estar alinhados com os EUA na forma como lidar com Pequim. A China é hoje vista como cúmplice das atrocidades
cometidas pela Rússia e, depois de goradas as tentativas de comprometer a China
nas tentativas de refrear Putin, a Presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen e o Presidente do Conselho
Europeu Charles Michel fecharam
as portas a quaisquer concessões comerciais.
A cimeira marcou o fim do mercantilismo
económico que dominou a abordagem da Europa
durante as últimas duas décadas. Crescentemente a Europa olha para a
relação com a China primariamente pelo prisma da competição estratégica e da
segurança. No diálogo com o Presidente da China
Xi Jinping e o Primeiro Ministro Li Keqiang, Van der Leyen foi invulgarmente
clara ao avisar que, apoiando a Rússia, a China corre o risco de um êxodo de
investimento estrangeiro europeu.
Em relação à ratificação do Acordo Global
sobre Investimento (CAI), negociado
em Dezembro de 2020 pela Presidência Alemã e travado pelas sanções impostas à
China pelo Parlamento Europeu perante a repressão contra os Uyghurs, Charles
Michel foi peremptório em como a UE não pretende levantá-las.
A indiferença da diplomacia de Pequim
face à catástrofe humanitária que se vive na Ucrânia chocou os líderes europeus
e levou-os a formular uma estratégia para lidar com a nova realidade
internacional. Tornou-se
claro que os europeus devem aumentar a pressão contra a Rússia ao mesmo tempo
que mostram à China que a sua associação estreita com Putin vai contra a
estabilização das relações sino-europeias. Apesar de parecer pouco, parece ser o
melhor que os europeus podem fazer. Poderá não salvar a Ucrânia de mais
destruição, mas poderá convencer algumas facções em Pequim de que os interesses
de Putin não são necessariamente os seus.
CAFÉ EUROPA UNIÃO EUROPEIA EUROPA MUNDO CHINA
COMENTÁRIOS
Mr. Lobby: Os ingénuos
começam agora a perceber que a China é aliada tácita da Rússia no plano
político e económico, e de modo explícito na vertente diplomática, como o
expressou ontem na ONU. Se a China
atenta quotidiana e massivamente contra os direitos humanos de milhões de
chineses, de tibetanos, de uigures, etc, ia agora censurar a Rússia por tais
motivos?!...
Filipe Ramos: Madalena Resende anda a anunciar a mudança da Europa há
já algumas semanas. A indiferença da China com UE mostra exactamente o
contrário. Nem a ameaça da Rússia a faz a mimada Europa racionar o consumo de
hidrocarbonetos. Europa continuará o apaziguamento da China e rapidamente
voltará à amnésia estratégica em nome dos negócios e do consumo de que tanto
gosta. Manuel
Carneiro: Os f. da p. dos chinos são bem piores que
os russos. Até o cego vê! HERMES: Ontem a China ao votar contra a moção de suspensão da
Rússia da Comissão de Direitos Humanos na ONU mostrou o que realmente é.
Chegados a este ponto é claro que dessa gente também só se pode esperar o pior. A Europa e o resto do Mundo já deviam ter percebido que
é um erro manter relações civilizadas com quem despreza de um modo reiterado,
em momentos decisivos, em plena ONU, os Direitos Humanos. Antes pelo contrário: Qual mercantilismo?! O
mercantilismo consiste na ausência de taxas alfandegárias associado aos
investimentos na produção e na exportação. Isso
funciona ao nível de um Estado, apenas na condição de se controlar a balança
comercial e de haver atitude idêntica de outros Estados. Mas a UE,
pelo contrário, baseia-se nos desequilíbrios existentes entre os seus próprios
Estados-membros, que têm enriquecido apenas a Alemanha, pois todos os outros
Estados tornaram-se deficitários!!
Claro está que as trocas favorecem a produção e o
emprego, e que a UE, tal como os EUA, tem colmatado os desequilíbrios com a
emissão de moeda a níveis estratosféricos - mas isso não tem atenuado as
diferenças, tem-nas agravado! É
ao mesmo tempo uma forma de imperialismo económico e político, e uma forma de
financiar indirectamente as próprias empresas dos maiores Estados, emprestando
dinheiro aos pequenos que se endividam constantemente para lhes comprar os seus
produtos!!!
Por conseguinte, "o mercantilismo europeu não
tem fim" porque já deixou de existir - desde os tempos do Luís XIV.
Muito menos em relação ao exterior, em relação ao qual
continua a haver a Pauta Aduaneira e diferentes níveis de restrições, ditadas
pelos vários interesses, ora económicos, ora políticos, que são o contrário do
"mercantilismo". E
no caso presente, o antagonismo em relação à Rússia desde 2014, não apenas foi
contrário aos interesses económicos quer da Rússia quer da UE, como é em grande
parte responsável por esta guerra - que pode muito bem acabar com ambas - e em
que na realidade a UE é mais vulnerável, não apenas porque a sua dependência
energética é real, quer ela dependa da Rússia ou dos EUA - mas igualmente
porque não tem exército e depende dos americanos e da NATO, mais dos britânicos
que são a única verdadeira potência militar na Europa, e economicamente não tem poder para enfrentar a
China. A UE
está-se a transformar numa potência regional e nada mais. Governada por gente estúpida, ainda por cima. António Bernardino > Antes pelo contrário: Não é verdade, quando diz que só favorece a Alemanha,
veja e medite no caso da Irlanda que teve um resgate ao mesmo tempo que
Portugal, repare quanto cresce a Irlanda, muito mais do que a Alemanha. É
apenas uma questão de governos de direito na Irlanda, contra governos
venezuelanos em Portugal. advoga diabo: Van der Leyen lembra aquela ideia consubstanciada na
piada, "quem manda em casa? ele, e quem manda nele? ela. A China,
claro! E não só a Europa. Detém boa parte da dívida dos EUA, domina
economicamente quase toda a África, a Rússia depende imenso dela...há dúvidas?! mário Unas: A UE está entregue a si própria. Pontifex Maximus:
Não ficou no post anterior: os europeus
ainda não perceberam que sanções económicas nem contra países ditatoriais mais
ou menos débeis como a Venezuela funcionam? Então estão a ameaçar a China com
essa treta quando todos sabemos que isso seria neste momento mais prejudicial
para nós que para eles? Agora é tomar uma decisão estratégica de ir cortando
(não cortar…) as amarras que nós próprios nos colocámos e apostar nos lugares
certos, a começar pelo sul da Europa que muito precisa de ser revitalizado! António Bernardino > Pontifex Maximus: O sul da Europa só quer pedinchar. Compare coma Irlanda
que cresce muitíssimo mais do que Portugal. Não
é falta de investimento que nós temos, é impostos socializantes em excesso. Pontifex Maximus: A Europa perceberá verdadeiramente o atoleiro onde está
metida com a China quando tiver que começar a romper as amarras económicas com
ela e os tetra milhões que lá terá enterrado e perderá para, pasme-se, a
transformar de um país rural e atrasado numa superpotência que ela própria não
é nem nunca será. Pense-se agora o quanto ridículo teria custado transformar
três países que soma nem 50 milhões de pessoas (Espanha, Portugal e Grécia) em
países ricos (não falo nos demais que hoje estão na site ao tempo estavam na
cortina de ferro por razões óbvias) para se perceber que afinal o capitalismo
não será tão racional quanto imaginamos que seja. Victor de Oliveira > Pontifex Maximus: O capitalismo só tem uma racionalidade, o lucro, não
importa à custa de quê, para os capitalistas para além deles não existem mais
pessoas somos todos carne para canhão. Esta é a forma de olhar as pessoas somos
todos substituíveis com baixo custo, basta ver a actualidade, algum Político
admite taxar os lucros exagerados dos capitalistas devido á conjuntura? não!!!
nem pensar!!, os trabalhadores escravos têm a obrigação de manter e aumentar a
riqueza de alguns poucos.
bento guerra: Puro
"wishfull thinking".Como se constroem efabulações sobre política
internacional, com a História em acelerado? Américo Silva: À medida que as ações criminosas russas na guerra da Ucrânia tomam
contornos horríficos, o apoio “sem limites” da China à Rússia torna-se
claro. Á medida que
as ações criminosas de Obama tomaram contornos horríficos, o apoio “sem
limites” da UE aos USA tornou-se claro. 370.000 mortos no Iémen, 200.000 na
Síria e assim sucessivamente. Américo Silva > Américo Silva: A Índia aumentará o comércio com Moscovo libertando-se
do dólar e do euro, após alguns dias de hesitação no início do conflito. Não
contente por ter optado pela abstenção quando foi organizada uma votação na ONU
contra a guerra na Ucrânia, Nova Délhi agora afirma querer ajudar a Rússia a
contornar as sanções financeiras impostas pelos países ocidentais.
Américo Silva > Américo Silva: Ursula von der Leyen anuncia a activação
contra a Hungria de um mecanismo para privar o país de fundos por violações do Estado de direito, dois dias depois da
vitória retumbante de Viktor Orbán, ou seja, a UE pede ao governo húngaro que
renuncie à aplicação das políticas para as quais foi eleito, Ursula defende uma
mistificação e adulteração do conceito de estado de direito. joao silva > Américo Silva: A "Úlcera" von só faz aquilo que O Biden/Kamala
mandam. Se a Bielorússia é um estado fantoche ás ordens de Putin, a UE
também se tornou num Estado fantoche ao serviço dos interesses americanos. Alberto Rei:
Afinal quem é que tem atitude
mercantilista, a China ou a UE? Ou distanciam-se da Rússia ou não há nada para
ninguém! Julgo que diplomatas não se conduzem assim. Por outro lado, ao
porem a China do lado da Europa e dos EUA, estes acabariam por subjugar a
Rússia, que é o que querem há muito e, a seguir, acabariam por entalar a China
num futuro não distante, faziam-lhes o mesmo e tornavam-se senhores do Mundo. É
isso que a senhora quer, é isso que anseia ? um diktat anglo-saxónico ? Mas a
senhora acha que os chineses são idiotas, andam a dormir ? Faziam-lhes a folha
a seguir. a senhora nem se quer tem em conta os cidadãos desses países do outro
bloco como dizia há dias Guilherme Valente, nem sequer pensa se esses cidad|aos
russos ou chineses se querem viver como sempre têm vivido e se estão
satisfeitos. a senhora quer é mudar, porque acha o seu sistema superior ! a
senhora não respeita os outros. Portanto, aqui não está nenhuma
superioridade moral, ou preocupação humanitária, os EUA, estão-se marimbando
para a catástrofe humanitária na Ucrânia, têm outros objectivos primordiais,
porque se fossem aqueles a diplomacia teria vencido, não teria havido invasão,
teriam feito tudo para negociar e teriam feito tudo para acolher as pretensões
russas (com condições evidentemente, por isso é que se negoceia), mas não
quiseram, também eles têm as mãos pintalgadas de vermelho, mas incrivelmente
dormem bem à noite. Rui Delvas > Alberto Rei: Grande troll comunoide. Cabral Paula: A Europa já está com balança de pagamentos negativa,
bastou o preço da energia subir. Esperemos é que a China não desista de
investir na EU. Mafalda
Botelho > Cabral Paula: A China precisa da UE, tal como a UE precisa da China,
quando se está num mercado global precisamos todos uns dos outros. Acha que a
Rússia, com um PIB igual ao de Espanha, vai compensar aquilo que a China vende
à UE??? Claro que a UE deve exigir uma posição clara por parte da China, sobre
o crime russo.
Mario Silva > Mafalda Botelho: Nem mais! Acho
que é altura ideal para a UE repensar a sua estratégia industrial e comercial,
por forma a reduzir a dependência da China. Já fomos ingénuos durante uma
década com a Rússia e o preço a pagar está à vista. Mafalda Botelho > Mario Silva: Concordo
plenamente Cabral
Paula > Mafalda Botelho: Acho que a China não podia ser mais clara. Aliás, os
industriais alemães já vieram dizer com todas as letras que o local doença de
covid chineses na prática são sanções da China à UE. Cada décima de ponto de
pib chinês perdido custa 1 ponto ao PIB europeu. Nisto tudo os americanos na
prática não se privam de nenhuma exportação russa, os russo fizeram record de
exportações, o rublo recuperou o valor e quem morre são os ucranianos e quem
paga são os europeus. Mario
Silva > Cabral Paula: Cada décima de ponto de pib chinês perdido custa 1
ponto ao PIB europeu. Nisto tudo os americanos na prática não se privam de
nenhuma exportação russa, os russos fizeram record de exportações. Fonte? Por acaso já foi publicado algum boletim oficial
com as importações e exportações de Março 2022? Cabral Paula > Mario Silva: É domínio público que os americanos aumentaram
importação petróleo russo, e estão a importar fertilizantes e urânio como
sempre. Em relação ao PIB chinês vs Europeu e os lockdowns chineses que fecham
fábricas na Alemanha por falta de componentes vi na Índia today há 2 ou 3
semanas um responsável da industria alemã a dizer isso. Mario Silva > Cabral Paula: É domínio público que os americanos aumentaram
importação do petróleo russo, e estão a importar fertilizantes e urânio como
sempre. Se é do domínio público apresente relatórios de órgãos fidedignos, como por
exemplo os do Governo dos EUA e da
Rússia, do FMI, da OCDE... Em economia discutem-se factos, não propaganda. Já
basta a propaganda do conflito de ambos os lados. Em relação ao PIB chinês
vs Europeu e os lockdowns chineses que fecham fábricas na Alemanha por falta de
componentes vi na Índia today há 2 ou 3 semanas um responsável da indústria
alemã a dizer isso. Apresente um estudo que comprove isso, do Bundesbank, BCE,
Destatis, algo que corrobore com números o que afirmou. Bitaites qualquer
pessoa pode dar. joao silva > Cabral Paula ...e
quem paga são os europeus. Esta guerra só tem dois ganhadores. Os EUA e a
China. Os europeus só mudaram a dependência. Deixaram de ser dependentes
do gás russo e vão passar a ser dependentes do gás americano... 5 vezes mais
caro!!! É só espertos!!! Rui
Delvas > Cabral Paula: Tretalândia sem fim. Mario Silva > joao silva: Os polacos antes de a guerra começar já tinham iniciado
a diversificar as compras de gás, substituindo gás russo por norueguês e
americano (mais caro que o russo). Um teve mais de 100 anos ocupado o país, e um povo que é
dividido por 3 nações vizinhas, uma delas a Rússia, sabe que não se pode fiar
neles. Como dizem os polacos, é preferível pagar mais pelo gás e ser
independente do que viver dependente da Rússia. Dito por outras palavras é mais
caro ser livre que ser escravo. Ainda assim há gente que acha que depender dos
Russos é que é ser esperto... Mario
Silva > Cabral Paula: Domínio público em jornais generalista e económicos de
5 e 6 de Abril. Eu li no la tribune fr relativamente às importações americanas,
mas uma simples busca no Google dá dezenas de artigos em jornais europeus. Eu
pesquisei na net e encontrei informação oficial do governo americano onde
falavam de um aumento das compras de produtos petrolíferos à Rússia nos últimos
5-10 anos. Curiosamente no dia 8 de Março os EUA decidiram banir todas as
importações de petróleo, gás e carvão russos. Também encontrei um artigo de
meados de Março com o título "Why the US can afford to ban oil imports
from Russia" Cabral
Paula > Mario Silva: Está em acesso livre: Malgré l’embargo, les États-Unis
continuent d’importer du pétrole russe!, la tribune fr, é de 6 de Abril João Carlos Proença de
O. Costa: É a China que tem a Europa na mão, e não
a Europa que tem a China na mão. E o primeiro prego que a Europa pregou foi em
inícios dos anos 90, quando resolveu rebentar com os têxteis e confecções
portugueses.
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