sábado, 2 de abril de 2022

«Coisas que terei pudor»


«De contar seja a quem for». Não deixa de ser uma grande desilusão. Sempre julguei que o ar triste de Merkel resultasse de ter vivido para lá do muro, na dependência de uma “seita” ameaçadoramente impositiva – ditatorial, é mais preciso, em elegância ideológica. Afinal, o ar doce escondeu matreirice, tratou-se antes de recuperação - inteligente e dissimuladamente altiva - do prestígio pátrio, em termos da superioridade mental e física de sempre, o Tratado de Versalhes como ponto de partida de segunda revanche, talvez, o nazismo açambarcador nela subjacente - não gritado e violento como o do antecessor, mas triste e maternal, acolhedor dos povos - também lobo feroz, mas escondendo as garras da mesma ambição imperialista passada, jamais ultrapassada. É o que este texto de Henrique Burney, que me parece muito lúcido, deixa prever. Mas outras opiniões se destacam, igualmente pertinentes, dos comentadores sapientes.

A resistência alemã

A Alemanha pode ter óptimas razões para defender uma abordagem mais contida em relação à guerra e a Moscovo, a verdade é que Berlim tem estado atrás das decisões europeias, não por detrás.

HENRIQUE BURNAY, Consultor em assuntos europeus

OBSERVADOR, 01 abr 2022

Desde o início da guerra na Ucrânia que a Alemanha não lidera a resposta europeia. É empurrada pelos Estados Unidos, puxada pelos polacos, ultrapassada por Macron, embaraçada pelos países bálticos e, de um modo geral, parece estar sempre a ir para onde, se pudesse, não iria. Quando podia ser o motor da resposta europeia, mesmo que fosse para dar algumas respostas mais realistas que idealistas. Mas não é o que tem acontecido. E há uma longa razão para isso.

No último jantar que teve em Berlim com a Chanceler Angela Merkel, já depois da eleição de Donald Trump como seu sucessor, Barack Obama ter-lhe-á dito que ela era, agora, a líder do Mundo Livre. Não se sabe o que Merkel respondeu, mas pode-se imaginar.

Apesar da sua responsabilidade na transição para o Pacífico e de algum desinteresse pela Europa ao longo das suas presidências, Obama sabia duas coisas: o Ocidente ainda era uma ideia, antes de mais, americana e europeia; e, não estando na Casa Branca um crente na relação transatlântica (convém lembrar que Trump chegou mesmo a dizer que os europeus eram inimigos), a liderança do Ocidente (que é o mesmo que o Mundo Livre para os presidentes americanos) havia de estar na Europa e, em particular, em quem liderava de facto a União Europeia. Até porque à época os britânicos já tinham decidido sair da União Europeia e nunca tinham querido liderá-la enquanto lá estiveram.

Merkel teve várias virtudes e defeitos, mas há uma coisa que não soube ser, provavelmente porque não quis: líder do Mundo Livre ou do Ocidente. Não foi só quando um dia respondeu ao Financial Times que isso do Ocidente era um conceito que mudava muito conforme a geografia. O problema foi sempre outro. Merkel tinha valores e, quando foi necessário, mostrou-os, mas acreditava mais na estabilidade e no comércio e negócios entre os países do que na ideia de Ocidente e de Mundo Livre. E, talvez até por razões pessoais, evitava o proselitismo. Mas o problema não é só seu, é mesmo alemão.

duas histórias de antes da guerra na Ucrânia que importa não esquecer.

Primeira: a dependência energética e a traição alemã ao leste. Desde o início da construção do Nord Stream I (o gasoduto que está a funcionar e por onde vem o gás russo) que a Ucrânia e a Polónia, entre outros, avisaram que a Alemanha estava a criar uma relação directa com a Rússia que permitia que um dia Moscovo lhes fechasse a torneira do gás continuando a fornecer os alemães. Ou, não disseram mas foi o que veio a acontecer, que os russos atacassem a Ucrânia sem que isso implicasse deixarem de enviar gás para a Alemanha, e receber o respectivo pagamento. Ou seja, se houve alguém que não prestou atenção ao risco da dependência energética da Rússia e que confiou na relação directa (e exclusiva, porque a Alemanha nem sequer tem como receber gás liquefeito, em alternativa), foi a Alemanha. (E nem se fale do antigo chanceler Schroeder que trabalha para a Rússia, porque isso é quase do domínio da corrupção. Pelo menos moral.)

A segunda lição foi a que vimos há umas cinco semanas, em Washington. Foi Joe Biden, não foi o Chanceler Olaf Scholz, que avisou que em caso de invasão russa da Ucrânia os alemães saberiam o que fazer quanto ao Nordstream II (que ainda não estava a funcionar). Durante toda a conferência de imprensa conjunta, Scholz fez de tudo para evitar o assunto. E só quando a Rússia de facto invadiu é que a Alemanha se convenceu que teria definitivamente de abdicar do gasoduto que duplicaria a sua relação energética com a Rússia. Assim como foi a Alemanha (se ignorarmos a Hungria, que é todo um outro problema) que mais resistiu ao envio de armamento para Khyv, quando vários países europeus o estavam a querer fazer, ainda antes do começo da guerra.

Pode ser por realismo económico, porque sabe que do gás russo depende muita indústria europeia, porque sabe que a geografia é uma condição imutável e a Rússia será sempre vizinha da Europa, ou porque sabe que o diálogo tem de ser sempre possível. Seja por que for, a Alemanha pode ter óptimas razões para defender uma abordagem mais contida em relação à guerra e a Moscovo (e embora internamente tenha tomado a decisão radical de aumentar extraordinariamente o investimento na defesa), a verdade é que Berlim tem estado atrás das decisões europeias, não por detrás. Tem seguido, não tem liderado. Tem resistido.

A semana passada, o presidente Biden foi à Polónia mostrar que estavam ali soldados americanos e dizer até o que muitos pensam mas não dizem (e alguns acham mesmo que não se deve dizer). Scholz, não tem feito nada disso. Na televisão, recusou-se a chamar criminoso de guerra a Putin; no envio de meios de defesa, resistiu o mais que pôde e enviou proporcionalmente muito menos do que outros Estados europeus bem mais pequenos; e na discussão energética não tem conseguido dizer mais do que a verdade (o gás russo é, neste momento, indispensável à economia europeia), sem dizer nada com significado político europeu. A invasão russa da Ucrânia marca, manifestamente, uma das maiores transformações políticas no mundo, no Ocidente e na Europa. E na Alemanha também, mas por arrasto.

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COMENTÁRIOS

João Ramos Neste momento a Alemanha é o « calcanhar de Aquiles » da Europa e tem de facto um nome, Merkel, esta é a realidade!             António Sennfelt:  Por ocasião da sua recente visita a Washington, a ministra de defesa da Alemanha, Christine Lambrecht, afirmou que : " In Bezug auf die Ukraine ist Deutschland, glaube ich, inzwischen der zweitgroesste Waffenlieferant, ohne das jetzt genauer zu beziffern" (No que diz respeito à Ucrânia, julgo que, entretanto, a Alemanha é o segundo maior fornecedor de armamento, sem, no entanto, querer avançar neste momento números mais concretos). Dois dias depois, o ministério de defesa alemão esclareceu que, com base em tonelagem do material, a Alemanha está em segundo lugar e em terceiro lugar tendo como base o valor do material fornecido! Ou seja: em tonelagem a Alemanha está em segundo lugar, à frente do RU,  e no que respeita ao valor do material está em terceiro lugar, atrás dos Estados Unidos e do RU!               Jorge Simoes:  Não acredito, acho que Alemanha está nos bastidores a fazer jogo duplo... pois poderão ter frio e nnguém os pouparia... para além de terem uns quantos mohamed que lhes provocariam problemas por causa do frio. Mas eles são os principais culpados do que se passa.           João Afonso: Ainda está por provar que a posição alemã em relação à Rússia seja tomada por arrasto. Podemos não saber todos os pormenores, ou até partes de informação relevante, mas toda esta dependência desproporcionada da Alemanha em relação à Rússia, quando desde há 15 anos Putin não esconde o seu próprio jogo (p.e. o de criar grande dependência energética europeia em relação à Rússia como modo de manietar a resposta europeia aos seus propósitos imperiais), leva-me a desconfiar dos personagens que lideraram a Alemanha neste período, Schoeder e Merkel. Do primeiro falam os seus atos após o fim do mandato como Chanceler, e da segunda tenho uma grande suspeita sobre o seu passado e a sua relação com os soviéticos. A grande cumplicidade com Putin nunca me pareceu natural.               PortugueseMan... E só quando a Rússia de facto invadiu, é que a Alemanha se convenceu que teria definitivamente de abdicar do gasoduto que duplicaria a sua relação energética com a Rússia... Abdicar definitivamente...? Esta está muito boa. Scholz tem 4 torneirinhas lá na casa dele. Ele só disse que não as abre. Só precisa de resistir à tentação. E se abrir só um poucochinho duma... Não põe em causa o "abdicar definitivamente" pois não...? O homem vai ter que experimentar. Ele uma torneira, você um rennie.            Francisco Tavares de Almeida > PortugueseMan : Se abrir uma torneirinha os americanos retiram as basezinhas e, se calhar, acrescentam que devido a dificuldades de tradução, o artº 5º deixa de ter leitura em alemão. Claro que isto pouco interessa a quem tem saudades de um pacto Molotov-Ribbentrop "aggiornato". Que hoje não seria para repartir a Polónia mas para repartir o governo alemão. Se calhar chamar-se-ia o pacto Schroeder-Scholz. É o que dá um especialista de "inside trading" da Rússia a falar da Alemanha. A esmagadora maioria dos comentadores mundiais, vaticinaram que os comunistas tomariam o poder na Alemanha. Porque não avaliaram a profunda desconfiança - e algum ódio - dos alemães contra os russos. Hoje os sentimentos anti-russos são ainda mais fortes. Foi a opinião pública alemã que forçou Scholz a inverter as políticas alemãs tradicionais. Que levou à decisão do rearmamento, a enviar armas aos ucranianos e a sancionar a Rússia. Exactamente por traduzir a opinião pública alemã, teve o apoio àesquerda dos Verdes, à direita dos Liberais que, normalmente, seriam completamente opostos essa mudança. As quatro torneirinhas, ou talvez apenas duas, serão eventualmente abertas. Mas isso será negociado com o sucessor de Putín. Nesse dia, também acabará o "inside trading" e os comentários de "Portuguese Man". Talvez mesmo o encerramento do blogue.    PortugueseMan >  Francisco Tavares de Almeida ...Se abrir uma torneirinha os americanos retiram as basezinhas e, se calhar, acrescentam que devido a dificuldades de tradução, o artº 5º deixa de ter leitura em alemão... Bem, se calhar os alemães já estão um pouco fartos de ter bases estrangeiras devido a terem perdido a 2ª guerra mundial. Se os russos conseguem viver com a Alemanha, os americanos também devem conseguir viver. ...Foi a opinião pública alemã que forçou Scholz a inverter as políticas alemãs tradicionais. Que levou à decisão do rearmamento, a enviar armas aos ucranianos e a sancionar a Rússia... A opinião pública...? essa está mesmo muito boa.... As quatro torneirinhas, ou talvez apenas duas, serão eventualmente abertas... Quatro. ...Nesse dia, também acabará o "inside trading" e os comentários de "Portuguese Man". Talvez mesmo o encerramento do blogue... Encerramento do blogue? Um blogue que iniciei há 13 anos com este texto: Este blogue dedica-se principalmente ao conflito energético entre potências, com incidência especial num possível confronto entre os dois maiores consumidores, EUA e China. Destaca também o declínio económico dos EUA, respectiva perda de influência a nível mundial e também a ascensão dos BRIC, especialmente a Rússia. O texto que escrevi na altura parece-me cada vez mais actual. Já agora, já viu o meu último post sobre a conversa do GNL americano? Peça ao Henrique um rennie. Tá capaz de precisar também.          PortugueseMan: O que há a dizer? Tome um rennie. ...a dependência energética e a traição alemã ao leste. Desde o início da construção do Nord Stream I (o gasoduto que está a funcionar e por onde vem o gás russo) que a Ucrânia e a Polónia, entre outros, avisaram que a Alemanha estava a criar uma relação directa com a Rússia que permitia que um dia Moscovo lhes fechasse a torneira do gás continuando a fornecer os alemães... A Ucrânia e a Polónia avisaram...? Esta tem muita piada. Não não... Os alemães é que lançaram o aviso a uma série de países, que se querem ir atrás dos americanos e seguirem os interesses americanos ignorando a proximidade da Rússia, a outra potência nuclear e rival dos americanos, estão livres de tomar essa opção por sua conta e risco. A Alemanha é que não fica refém de brincadeiras geopolíticas entre potências nucleares. A Polónia quis brincar aos grandes? Pois, os alemães não foram na conversa, afinal a Alemanha é que é a potência económica não são os polacosA Rússia ofereceu energia estável, de baixo custo e sem intermediários à Alemanha. Os Polacos podiam ter dito que não às bases americanas. Cada um fez as suas escolhas. A Alemanha deixou de estar dependente dos polacos para receber gás russo. A Polónia que siga o seu caminho. A Rússia só actuou APÓS ter terminado a ligação do último pipeline para a Alemanha. Dá bem para ver como a Rússia está a tratar os alemães. Basta os alemães entrarem em modo de emergência energética e fazer sinal à Rússia, para estes abrirem as torneiras dos 4 pipelines existentes com uma capacidade total de 110 mil milhões de metros cúbicos de gás. Os polacos? peçam gás de emergência aos americanos. Quero ver quantos barquinhos a conta gotas vão chegar. Um rennie? Pensando melhor, compre uma caixa.  Vai precisar.             M L: Logo a seguir à invasão da Ucrânia, a Alemanha decidiu em 24/48h no parlamento gastar 110.000.000.000 Euros (cento e dez mil milhões de euros)!!!! Pela proximidade física, posição geográfica, e pelo seu passado, a Alemanha não deve ser um dos "pirómanos" desta guerra. Desde que esteja, como está, em apoio total ao ocidente, por mim está bem. Aliás, o discurso sueco e finlandês só "engrossou" após a mudança de posição alemã... PS: Tb não desejo a Alemanha a liderar o ocidente. Podem surgir por lá uns movimentos nacionalistas... E aquilo é gente de muita capacidade e organização... O melhor mesmo é fazerem parte da direcção, e não serem os directores...             Francisco Tavares de Almeida: Não discordo do autor quando enumera factos mas discordo e muito quando não os relativiza. Tal como na economia, a falta de resposta à inflação, a Alemanha mudou muito mais do que qualquer outro país envolvido, seja ela a França, a Itália ou os Estados Unidos. Todos estes três países tinham um passado histórico recente - eu diria uma cultura em termos sociológicos - de intervenção em países terceiros, de que a Líbia será o exemplo maior. Ao contrário a Alemanha - fruto do repúdio do passado nazi - tinha uma irredutível recusa a intervir externamente e conseguiu mesmo bloquear a reação europeia à intervenção na ex-Jugoslávia quando esta era já imperiosa e, limpezas étnicas, violações em massa e valas comuns envergonhariam uma Europa medieval. Foram os americanos que, depois de quase um ano de pressões diplomáticas sem efeito, acabaram por novamente atravessar o oceano para pôr fim à barbárie. É certo que a Alemnaha não liderou mas foi, de muito longe, o país que mais mudou.           manuel rodrigues: Mas que pudor, passar pelo "quase corrupto" chanceler Schroeder sem mencionar a sua filiação socialista...  Vou ali e já volto: Os alemães são presos por ter cão e por não ter: quando não lideram, são chamados de fracos, corruptos e imorais; quando lideram, são chamados de nazis e de outros eufemismos inqualificáveis. Ou já ninguém se recorda do Alexis Tsipras em visita ao monumento do soldado grego desconhecido da 2.ª Guerra, e a fazer birras para receber o cheque? O que os europeus todos querem, liderados pela França socialista, é mamar à conta da Alemanha. Um caso patológico de parasitismo católico-socialista sobre a social-democracia protestante, não apenas alemã, mas nórdica: o brexit tem aqui uma das suas raízes. Não é à toa que todos os países católicos são administrados por xuxas, os ortodoxos não ficam melhor na fotografia, e os muçulmanos, coitados, estão quase ao nível do tribalismo politeísta africano. Um problema de Fé! É por estas razões que o Henrique Neto, um indivíduo com um pensamento económico protestante, recolheu apenas 39 mil e tais votos, entre os quais o meu, junto aos católico-xuxas portugueses nas presidenciais de 2016, quando até o Tino de Rans recolheu 150 mil e tais, uma esganiçada, 500 mil, uma nódoa, 1 milhão, e um catavento, 2 milhões e 500 mil: um povo xuxa quer líderes xuxas, depois reclamam quando são xuxados por seus próprios líderes, que não sabem fazer outra coisa senão telefonar a Bruxelas, que liga a Frankfurt, que liga à Berlim, se já podem ir ao banco! Até ao dia que Berlim concluir que já não tem guita suficiente para pagar o parasitismo católico-xuxa: não vai ser bonito de se ver, porque os xuxas, quando não recebem xuxa, rapidamente tornam-se jacobinos.           bento guerra > Vou ali e já volto: Volte sempre. Eu costumo dizer "desde 2002 tenho "marcos" no bolso, poucos, mas moeda alemã"               Joao R: Que alívio, mais alguém que pouca ilusão tem quanto ao que a Alemanha defende na União Europeia.... apenas os seus próprios interesses sem querer saber se lixa ou não os outros. O mais cómico é quando são eles que gostam de puxar da "carta" da solidariedade, e do moralismo quando são os que menos mostram solidariedade, a não ser aquela fingida para "parecer bem na foto" e para poderem fingir que são donos de superioridade moral para apontar o dedo noutras questões. Começa logo pelo desequilíbrio da balança comercial na zona euro que faz com que enriqueçam à custa dos vizinhos. Desequilíbrio esse, vindo das políticas que seguem onde permitem o movimento de dinheiro e pessoas, mas não de empregos e produção. É porreiro quando os emigras vão para lá trabalhar e os miúdos são tratados como cidadãos de segunda classe porque têm uma óbvia desvantagem na língua e na aprendizagem escolar. Excelente conceito de "união europeia" e de "liberdade de movimento e investimento". Abram os vossos mercados que a gente deixa-vos vir trabalhar "para nós"...  A atitude perante a rússia é só mais um exemplo da hipocrisia alemã, onde só se alinham com o resto da união europeia porque neste ponto seria praticamente impossível fazer o oposto, por muito que queiram, mas sim... andam sempre de pé atrás.           Vou ali e já volto > Joao R: Também votaste no Tino? Ou foi na esganiçada? Aguenta, camarada! Eu votei no Henrique Neto, que olha para a Alemanha como um aluno olha para um professor.         bento guerra: Uma resposta gaseificada      Pontifex Maximus: Em resumo, quem endeusou a Senhora Merkel, que a via como salvadora da Europa e a estadista que teve a coragem de apertar o pescoço aos países do sul, acompanhada, na primeira linha, pelos holandeses e finlandeses, deve estar a sentir agora um amargo de boca enorme ao pensar no atoleiro para onde nos mandou agora. Onde está o Cavaco e o Passos Coelho, esses estadistas de enorme visão da actualidade e que afinal desconhecem em absoluto, como ela, os princípios básicos da governação colectiva a começar lê-la não vender a independência nacional por um prato de lentilhas? A sua ganância vai na proporção da sua estupidez e no desprezo pelos povos do sul, a ponto de nunca forçar as conexões entre a Ibéria e a França e impedir o maná dos franceses na energia que poderiam ser o contra-balanço à energia russa ou mesmo Azeri vinda do Sudeste, mas não, isso era dar negócio aos portugueses e sobretudo e em grande escala aos espanhóis. E o Costa também não fica bem na fotografia pois se bem se lembram ainda não há dois anos queria vender Sines aos chineses e só o não fez porque os americanos, através do seu embaixador, o colocou entre a espada e a parede (numa clara mas bem vinda ingerência na nossa soberania de pacotilha, diga-se) no sentido que tinha que escolher entre o dinheiro chinês e a aliança com a América que já nessa altura via a possibilidade de ali descarregar e regasificar o gás liquefeito americano (que a Europa central recuava, não financiando a passagem dos Pirenéus). Enfim, também por aqui neste pasquim deve andar muito pensador com as orelhas a arder e talvez a começar a pensar que o problema do nosso país não terá solução, pois que se o Costa é um inútil não será com o Montenegro que iremos a lado nenhum a não ser dar um passo em frente no abismo que enfrentamos.

 

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