Quais detectives Dupond/t, eu faria
minhas as palavras do Dr. Salles, embora o
caso dos Dupond/t seja um mau paralelo, pois surgem nos “Tintin” como figuras
grotescas, de paródia, puros papagaios que de nada entendem.
O caso não é para rir, todavia, e já nem
os meninos de hoje se divertem com os Tintins ou os Astérix com que se
entretiveram os nossos filhos e nós mesmos, em saudável humor enriquecido pelas
temáticas viageiras por espaços geográficos, históricos, e humanos de uma
psicologia não destrutiva. É certo que eu os lia em francês, no deslumbramento
por essa língua, que chegava às livrarias facilmente, na África dos meus vinte
e trinta anos. Mas o “VIVE LA FRANCE” do repto do Dr. Salles, sinto-o eu, com a
gratidão de sempre. Pelo que dela colhi, pelo que dela colhemos, mãe difusora
de luz, no mundo inteiro, em todos os tempos, queremos que para todo o sempre,
pese embora essa promiscuidade com os povos muçulmanos, que a todos repugna, e
que Macron admite, o que deslustra a França e a corrompe. Mas desejo que essa luta
socio religiosa anti muçulmana de Marine Le Pen não arraste os franceses para
uma pior solução, de abertura a Putin. Por isso direi como os Dupondt: “Je
dirais même plus” - “Five la Vrance”
Je dirai même plus, sans les Dupondt: VIVE
LA FRANCE! VIVE MACRON!
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 26.04.22
«O
que acontece em França acontece à Europa» – parece dogma mas não é pois é
geográfica e culturalmente demonstrável.
Se
eu me propusesse fazer um Tratado de Relações Internacionais e de Ciência
Política, poderia deitar mãos ao trabalho com aquela afirmação e passar de
seguida à sua demonstração mas fique o Leitor tranquilo que não o incomodarei
em demasia pois passo desde já a uma reflexão que pretendo breve – sobre as eleições presidenciais francesas de 24 de Abril de 2022.Muito laconicamente, em torno de Marine Le Pen juntaram-se
os eleitores da direita radical e os que se descoroçoaram com Macron ao longo
do seu primeiro mandato; em torno de Macron juntaram-se todos os que não
queriam Marine Le Pen.
Daqui
resulta que – por muito que possa custar a constatação – a perdedora foi, afinal, a figura central destas eleições. E tudo aponta para que o cenário se repita nas legislativas
dentro de dois meses.
Nestas eleições francesas, Putin não foi um mero fantasma, terá sido um poderoso manipulador
preconizando que França saia da NATO e da UE. Ou seja, destruindo ambas. O argumento é o de que França passaria a dispor de equidistância
relativamente a todas as partes envolvidas na cena internacional. Óbvio sofisma pois, não estando com ninguém, concentraria a
desconfiança (e oposição) de todos. E o imperialismo russo perderia dois fortes
opositores. Mas, em simultâneo, a
luta socio-religiosa anti muçulmana tem tido fortes razões para alcandorar
Marine Le Pen a paladina dessa causa e esse é um problema que os demais
políticos parece não quererem encarar.
Ou seja, esta motivação eleitoral poderá prevalecer sobre a ameaça russa e,
pela calada, levar os putinescos ao poder em França nas próximas legislativas.
Que perigo para o mundo ocidental! Que a serenidade motive os franceses e os afaste de todos os
radicalismos.
Lisboa,
25 de Abril de 2022
Henrique
Salles da Fonseca
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"política alheia"
1 COMENTÁRIO
Adriano Miranda Lima 27.04.2022 12:31: É verdade, Dr. Salles da Fonseca, o
putinismo é neste momento a mais perigosa ameaça à humanidade e à civilização,
por tudo o que se tem visto. Tem-se criado certa expectativa sobre a
possibilidade de ele ser derrubado. Mas cabe perguntar se o problema é só com
ele. Ou seja, se o Putin existe por a Rússia ser como é, ou se ele é um mero
acidente no percurso do país. Inclino-me para a primeira hipótese.
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