quinta-feira, 14 de abril de 2022

Tempos épicos


Heróis de hoje, com muita farsa de permeio. E fofocas nervosas interpretativas dos tempos que passarão também, sem grande rasto. Apesar dos horrores, em que a inocência é sempre a maior vítima…

O seu percurso na política começou apenas nos anos 90, após a independência da Ucrânia, devido às boas relações que mantinha com o primeiro Presidente ucraniano           GETTY IMAGES

Da amizade com Putin ao estatuto de traidor. Cinco coisas que tornam Viktor Medvedchuk o inimigo público nº.1 de Zelensky

Tem um vagão de luxo no quintal, foi acusado de traição ao mais alto nível e Putin, que é padrinho da filha, queria-o no lugar de Zelensky. Quem é o político e magnata pró-Rússia detido na Ucrânia?

JOSÉ CARLOS DUARTE: Texto

OBSERVADOR, 13 abr 2022, 01:1478

Índice

A ligação ao KGB, os cargos na Justiça e a fuga para a Suíça

O regresso à Ucrânia e o substituto ideal de Zelensky para Putin?

A acusação de “traição ao mais alto nível” à Ucrânia

As suspeitas de corrupção e os negócios suspeitos

A casa abandonada: o seu vagão-restaurante (oferecido pela mulher)

Ia de férias com Vladimir Putin, praticava desportos com ele e até o escolheu como padrinho de uma das suas filhas. Dono de uma fortuna estimada em  620 milhões de dólares (aproximadamente 572 milhões de euros), Viktor Medvedchuk gostava aliás sempre de recordar o episódio em que o Presidente russo o foi visitar à sua casa na Crimeia, tendo oferecido à sua filha um bouquet de flores e um urso de peluche.

A amizade entre  Medvedchuk e Putin foi-se solidificando ao longo dos anos, mas intensificou-se em 2014, após o Euromaidan — a Primavera ucraniana, uma onda de manifestações e agitação civil, em que os ucranianos exigiram maior integração europeia e medidas contra a corrupção no governo — e a anexação da Crimeia. Com a saída do ex-Presidente pró-russo Viktor Yanukovych e com um novo regime na Ucrânia que tencionava cortar todos os laços com a Rússia, o Presidente russo tentou procurar aliados (e também fontes de informação) que pudesse manter no país vizinho.

Viktor Medvedchuk tinha o perfil ideal para ser um intermediário do Kremlin na Ucrânia, uma vez que tinha desempenhado vários cargos públicos em diversos governos ucranianos e tinha sido membro do parlamento. Em 2019, quando Volodymyr Zelensky estava prestes a vencer as eleições e a tornar-se Presidente, o magnata foi um dos principais mensageiros do que é que a Rússia esperava do seu mandato: “[O Kremlin] não tem qualquer expectativa. Querem ver o que acontece depois, com quem é que ele interagirá e como é que ele o fará”.

Três anos depois, e 48 dias após o início da invasão russa, Viktor Medvedchuk acabou detido esta terça-feira, uma informação que foi partilhada pelo próprio Volodymyr Zelensky nas suas redes sociais. Já tinha sido condenado a prisão domiciliária, mas após o início guerra tinha conseguido fugir, tendo estado em paradeiro desconhecido. Mediante uma “operação especial” dos serviços de informação, o magnata está agora sob tutela do exército ucraniano, cuja farda usou para se camuflar. Ao final da noite, depois de o Kremlin ter falado em ‘fake news’, Zelensky admitiu trocá-lo por prisioneiros ucranianos.

Quando foi detido, Medvedchuk usava uma farda ucraniana

Abertamente contra a NATO e contra a política de alinhamento com o Ocidente que a Ucrânia seguiu nos últimos anos, Viktor Medvedchuk foi criticando de forma cada vez mais dura a atuação do Presidente ucraniano. Na sua conta pessoal no Twitter, o magnata acusava o governo de ouvir tudo o que Ocidente dizia, “estando sob controlo externo” e a ser alvo de uma “política de colonização”.Daí que, em parte, tenha ganhado o estatuto de inimigo n.º 1 do regime ucraniano — e, claro, de Volodymyr Zelensky.

A ligação ao KGB, os cargos na Justiça e a fuga para a Suíça

Nascido em 1954 na Sibéria, que na altura fazia parte da União Soviética tal como a Ucrânia, Viktor Medvedchuk esteve desde jovem envolvido na atividade política do regime. Esteve inscrito na Komsomol, organização juvenil soviética, através da qual entrou para o KGB, a polícia secreta da URSS. Licenciou-se em Direito, trabalhou como advogado e chegou a altos cargos jurídicos — foi, por exemplo, membro do Supremo Tribunal de Justiça ucraniano.

O seu percurso na política começou apenas nos anos 90, após a independência da Ucrânia, devido às boas relações que mantinha com o primeiro Presidente ucraniano, Leonid Kravchuk — os dois fundaram o Partido Social Democrata da Ucrânia. O cargo de maior destaque ocupou-o em 2002, quando se tornou um dos principais braços direitos de Leonid Kuchma, Presidente pró-Rússia, que levou a que Viktor Medvedchuk privasse e criasse amizade com Vladimir Putin.

Mesmo após algumas viragens políticas que o levaram a desaparecer da cena pública, o magnata continuou, sempre, a apoiar a presença russa na Ucrânia. Em 2012, criou a plataforma Ukrainian Choice, que se opunha frontalmente à adesão do país quer à União Europeia, quer à NATO. Dois anos mais tarde, com a revolta popular a tomar conta das ruas e com a deposição do ex-Presidente Viktor Yanukovych, fugiu para a Suíça.

O regresso à Ucrânia e o substituto ideal de Zelensky para Putin?

Em 2015 regressou a Ucrânia como mediador de paz, para tentar resolver os diferendos entre a Rússia e a Ucrânia na região de Donbass. A partir daí, foi voltando a ganhar preponderância na vida política, defendendo um estatuto especial para as regiões de Donetsk e Lugansk, uma das justificações que o Kremlin usou agora para invadir o país.

Juntou-se, em 2018, à Plataforma de Oposição, partido que defendia os interesses das minorias russas na Ucrânia. Nas eleições presidenciais de 2019, Viktor Medvedchuk apoiou Yuri Boyko, tendo usado a sua ligação ao Kremlin para organizar um encontro entre o candidato e o então primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev. Contudo, o apoio não surtiu efeito: Yuri Boyko não foi além de um quarto lugar na primeira volta da votação, não se conseguindo apurar para a segunda.

Todo este passado político indiciava que Viktor Medvedchuk seria o escolhido por Vladimir Putin para substituir Volodymyr Zelensky — que o Presidente russo terá tentado já por várias vezes (e sempre sem sucesso) assassinar. O Kremlin desejaria que desempenhasse o papel de “Presidente fantoche”, o que fortaleceria os laços com a Rússia e virava costas à aproximação ao Ocidente que a Ucrânia tem encetado, copiando o que acontece na Bielorrúsia.

A acusação de “traição ao mais alto nível” à Ucrânia

Pelo meio da sua recente atividade política, Viktor Medvedchuk foi acusado, em 2021, pelo Ministério Público da Ucrânia de “traição ao mais alto nível”. Em causa, o incentivo à independência do Donbass e um esquema que financiava os líderes das regiões separatistas através dos lucros obtidos pela exploração de recursos naturais na Crimeia.

Vingança e represálias”, reagiu na altura Viktor Medvedchuk, que ficou em prisão domiciliária com pulseira eletrónica até o início da invasão, que possibilitou a sua fuga. Na altura da sua detenção, os serviços de informação ucranianos sinalizaram que os crimes perpetrados pelos “traidores pró-russos” e pelos “agentes dos serviços secretos russos” não têm validade — e que a “justiça acabará sempre por chegar”.

Entretanto, o partido em o magnata que o estava filiando — a Plataforma de Oposição — também acabou por ser extinto por Volodymyr Zelensky.

As suspeitas de corrupção e os negócios suspeitos

O esquema que permitia o financiamento dos líderes separatistas não era o único escândalo em que estava envolvido Viktor Medvedchuk. O portal de investigação OCCRP dá conta de que o magnata e Taras Kozak, outro político ucraniano, conseguiram adquirir 42% da empresa petrolífera Yug Energo, de que o bilionário russo Sergey Kislov era sócio maioritário, por apenas 40 mil dólares (aproximadamente 36 mil euros).

O valor era irrisório em comparação com o tamanho da empresa: a Yug Energo explorava a região petrolífera de Novoshakhtinsky, no sul da Rússia, que obtinha milhões de euros de lucro por ano. Por detrás deste negócio estará o financiamento encapotado do partido Plataforma da Oposição: no ano em que Viktor Medvedchuk se filiou no partido, os dois sócios adquiriram 93% da empresa.

Um caso idêntico ocorreu em 2016, quando o magnata pagou apenas mil dólares (cerca de 924 euros) pela participação numa empresa que detém os direitos de uma exploração petrolífera russa que produzquase mil milhões de barris de petróleo por ano.

A casa abandonada: o seu vagão-restaurante (oferecido pela mulher)

A fortuna de Viktor Medvedchuk permitia que a gastasse nas mais diversas excentricidades. No ramo imobiliário, o magnata possuía várias casas na Ucrânia, que entretanto foram apropriadas pelo governo (tal como um jato que estava em solo ucraniano).

Uma equipa de jornalistas do órgão de comunicação social Slidstvo decidiu visitar uma das casas do magnata, em Pushcha-Vodytsya, no norte de Kiev, que estava em obras. Com uma fachada imponente, o interior da moradia tinha andaimes, estando despojada de qualquer decoração. No entanto, em certas divisões, os jornalistas encontraram caixas com objetos valiosos— desde obras de arte a peças de roupa.

A descoberta mais surpreendente estava escondida por uma grande cobertura verde. No jardim da aparatosa moradia, Viktor Medvedchuk tinha um vagão-restaurante, uma espécie de recriação de um comboio luxuoso, com capacidade para 40 pessoas. O interior da carruagem também era faustoso, com a decoração em tons de dourado a contrastar com o veludo vermelho das cadeiras e verde dos sofás.

Dentro do vagão, havia uma cozinha, um compartimento VIP, uma casa de banho e um bar — que curiosamente tinha copos com o brasão de armas da Rússia. Ao que apurou o Slidstvo junto a um dos construtores do vagão-restaurante, este foi uma prenda de aniversário por parte da mulher, a apresentadora de televisão Oksana Marchenko.

A construção deste vagão envolveu mais de uma centena de trabalhadores, tendo durado aproximadamente um ano. A cobertura verde levava a crer que Viktor Medvedchuk queria escondê-lo de um possível ataque aéreo. Agora já não deverá poder desfrutar dele.

GUERRA NA UCRÂNIA  UCRÂNIA  EUROPA  MUNDO  RÚSSIA

COMENTÁRIOS:

Ze Da coroa: Agora o Zelensky quer trocar um cidadão ucraniano que está preso, por outros cidadãos ucranianos também presos? Essa é nova               António Cézanne: Estas viúvas frustradas do Putin que continuam aqui a vomitar uns comentários, ainda não perceberam que a Ucrânia está em guerra. Falar de democracias, quando um país está em guerra, não lembra a ninguém. Os ucranianos só não fazem 1000 vezes pior aos russos se não conseguirem, porque se conseguissem até os comiam à dentada, tal como nós cá em Portugal se os russos se lembrassem de nos invadir. Pudéssemos nós comê-los à dentada que não duravam dois dias. Enfim, é o que faz a bebedeira das cartilhas.           Tovarishch: Zelensky, afinal, em convergência metodológica (e anti-democrática!...) com Putin!... As almas gémeas reconhecem-se e aproximam-se...          José Manuel Santos das Couves > Tovarishch Z: Mas quem invadiu quem afinal? Parece-me que sabes a resposta...           José Paulo C Castro: Mas porque é que todas as ligações políticas do estado russo vão dar a um início na KGB? Existe um estado russo ou é uma extensão da famosa organização?           José Manuel Santos das CouvesJosé Paulo C Castro: É uma extensão da famosa organização. O próprio presidente da Rússia uma vez afirmou "once KGB, always KGB"            JFK > José Paulo C Castro: George H W Bush foi director da CIA.              Vitor Batista > JFK: Mentira.           JFK > Vitor Batista: Aproveita enquanto a burrice não paga imposto           José Paulo C Castro > JFK: Eu disse 'todas'.          JFK > José Paulo C Castro: Mas você não sabe o que diz, anda apenas a ver se descobre relações escondidas em que ninguém tinha pensado até hoje.        José Paulo C Castro > JFK: Ninguém tinha pensado até hoje? Realmente, na Rússia o passado é uma coisa que está sempre a evoluir.           Simão Cabanita: Alguém que me explique a diferença entre Viktor Medvedchuk e Mikhail Khodorkovsky?! É que relembro o que foi dito e escrito no Ocidente sobre a prisão de Khodorkovsky..... portanto o Ocidente tem de manter as conclusões de que países onde a Justiça imparcial não funciona, não podem ser considerados democracias. A Ucrânia ilegalizou por exemplo antes da guerra o Partido Comunista Ucraniano e depois da guerra todos os partidos de Esquerda, a Ucrânia proibiu o ensino da língua russa nas escolas, a Ucrânia tem vários problemas com corrupção, todos estas factores são a demonstração de que a Ucrânia é um estado autoritário na defesa da pessoa de Zelensky, muito semelhante à Rússia de Putin. Acho portanto normal estas detenções na Ucrânia...... o que eu não acho normal é continuar a ouvir que isto é uma guerra pela liberdade e democracia, isto sim é mentira.           HERMES > Simão Cabanita: Mas porque é que é um erro ter ilegalizado o Partido Comunista na Ucrânia? Vc alguma vez leu ou viu ou contactou com a herança desse comunismo na Ucrânia? É claro que lá como cá jamais haverá Democracia com um partido como esse. Cá tivemos de ter o 25 de Novembro para de algum modo nos aliviarmos dessa canga. Ou nunca lhe ensinaram isso?            Simão Cabanita > HERMES: Eu sou um democrata..... tal como em Portugal eu não tenho medo de ideias comunistas, porque sendo eu um democrata considero que é na discussão de ideias que se faz o combate..... As pessoas que defendem ilegalizações de partidos alegando factos históricos do passado, são os mesmos que impediram durante mais de 40 anos que houvesse forças políticas de direita conservadora em Portugal, alegando nessa caso o medo do estado Novo..... eu tenho a mesma interpretação da democracia independente das forças políticas em causa, por isso me considero um democrata e não um democrata quando dá jeito, que é o mais comum vermos na Europa.             Manuel Mestre > Simão Cabanita: "Alguém que me explique a diferença entre Viktor Medvedchuk e Mikhail Khodorkovsk? Gostaria muito de explicar mas não conheço nenhuma dessas encomendas. "a Ucrânia tem vários problemas com corrupção, todos estas factores são a demonstração de que a Ucrânia é um estado autoritário na defesa da pessoa de Zelensky, muito semelhante à Rússia de Putin."... Qual é o país que não tem problemas com a corrupção? Zelensky, muito semelhante à Rússia de Putin.        HERMES > Simão Cabanita: Eu também sou democrata. Não tenho medo de ideias comunistas mas tenho medo das práticas comunistas. Aliás, temos abundância de material desse tipo para formar opinião. Tal como o fascismo e o nazismo estão constitucionalmente vedados à nossa democracia também o Comunismo o devia estar como em muitos países está, expressamente. Mais: o Comunismo em recente Deliberação do Parlamento Europeu foi considerado e condenado ao nível do Fascismo e do Nazismo. Mais ainda: o Comunismo continua a não reconhecer as atrocidades e os crimes contra a Humanidade que semeou pelo mundo, particularmente pela Europa.       Simão Cabanita > Manuel Mestre: Se existem países como Albânia que pediram a entrada na UE em 2009, e o grande entrave foi precisamente a corrupção neste país.... Agora vamos ver o caso da Ucrânia, que é só o país com menos PIB per capita europeu, que tem dos índices de corrupção mais altos do mundo segundo relatórios da própria UE, e portanto no caso da Ucrânia dizem que pode entrar na UE em menos de 1 ano..... Perante estes factos pergunto..... democracia não implica cumprir regras? a UE não tem regras? o que permite portanto à Ucrânia passar á frente de países tais como Albânia, Macedónia, Montenegro, Sérvia, Kosovo e Bósnia e Herzegovina? É que também eles tiveram guerra, neste caso alguns até foram bombardeados pela NATO.... talvez seja essa a razão de não lhes ser permitido entrar na UE... é que estes países não fazem parte da estratégia belicista da NATO e portanto não importam....         Simão Cabanita > HERMES: Eu só espero é que não venham defender que meter pessoas atadas a árvores e postes como andam a fazer em Kiev, como um exemplo de democracia.... é que começa a ser banal essas ideias intolerantes e que não gostam de contraditório.... não tenho medo do combate de ideias e é precisamente no bloqueio das ideias que os fascistas ou comunistas ganham força.           HERMES > Simão Cabanita: Não é nada disso. Vc tem uma visão claramente anti-Europa e só quer ver o que lhe dá jeito... A Ucrânia só passa à frente desses países em lista de espera por razões de excepção. Que corrige aliás o erro histórico de em tempo próprio não se ter avançado para essa integração pelo evidente risco que a Ucrânia corria face à ameaça da autocracia russa. A regra é — e continuará a ser — a de cumprir quesitos legais, económicos, de organização institucional e constitucionais muito claros. Eu sou democrata mas só admito contraditório a quem admite contraditório — mas, e este mas é mesmo decisivo, uso a regra dos próprios comunistas de banir tudo o que não quadre com esta regra básica de Democracia, isto é: quem, neste particular, não pense como eu. Para que provem do seu próprio veneno.          Manuel Mestre > Simão Cabanita: Há quantos anos é que o actual governo ucraniano está em funções, há quantos anos é que há corrupção na Ucrânia e há quantos anos o senhor ignora tudo isso?          joao silva > HERMES: No dia em que ilegalizam um partido político abrem as portas para Ilegalizar TODOS os partidos e tornaram o país num regime de partido único. Tenham politicas de extrema esquerda ou de extrema direita. Além disso, passam em atestado de menoridade ao Povo que vota. Apoia o pedido de Ana Gomes para ilegalizar o Chega que é baseado nas mesmas premissas? Um país que encerra meios de comunicação, que prende jornalistas, que ilegaliza partidos que persegue minorias étnicas, não é nem nunca será democrático. E os países que apoiam essa gente nunca poderão invocar a democracia ou a liberdade para o fazer…………..          Simão Cabanita > Manuel Mestre: Esta discussão demonstra exactamente o meu ponto..... a definição sobre se determinado partido é fascista depende normalmente da interpretação de cada um, uns acham que o Chega é fascista, outros não..... e interpretações sobre a validade democrática de cada partido não podem ficar nas mãos da interpretação individual de cada um, porque, se assim fosse, ficávamos na mão de um qualquer governante que interpretava o Chega ou o PCP como partidos fascistas.....e é isto que se passa na Ucrânia, a definição de partidos democratas ficou na mão do Zelensky e isto não acontece em países democratas..... em democracia valoriza-se o combate de ideias, e neste ponto repito o que escrevi acima, não vejo grandes diferenças entre a Rússia e Ucrânia. O que eu tenho assistido cada vez mais é a defesa de ideias dictatoriais que defendem a proibição de partidos políticos, definindo o que são ideias boas e más, mas em democracia esta análise é feita no boletim de voto e não por determinação burocrática………..           Otavio Luso: O democrata Zelensky no seu melhor: não defendem o que eu defendo, extingue-se. Que a Ucrânia, sob a sua presidência entre na UE, porque ao menos é frontal, ao contrário do que sucede actualmente na generalidade dos países da UE, onde, na comunicação social, se abafam as opiniões das oposições e se hipervaloriza o desempenho dos governos. Hoje a censura é muito mais subtil e com melhores resultados que no século passado.

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Heróis de hoje, com muita farsa de permeio. E fofocas nervosas interpretativas dos tempos que passarão também, sem grande rasto. Apesar dos horrores, em que a inocência é sempre a maior vítima…

 

O seu percurso na política começou apenas nos anos 90, após a independência da Ucrânia, devido às boas relações que mantinha com o primeiro Presidente ucraniano           GETTY IMAGES

Da amizade com Putin ao estatuto de traidor. Cinco coisas que tornam Viktor Medvedchuk o inimigo público nº.1 de Zelensky

Tem um vagão de luxo no quintal, foi acusado de traição ao mais alto nível e Putin, que é padrinho da filha, queria-o no lugar de Zelensky. Quem é o político e magnata pró-Rússia detido na Ucrânia?

JOSÉ CARLOS DUARTE: Texto

OBSERVADOR, 13 abr 2022, 01:1478

Índice

A ligação ao KGB, os cargos na Justiça e a fuga para a Suíça

O regresso à Ucrânia e o substituto ideal de Zelensky para Putin?

A acusação de “traição ao mais alto nível” à Ucrânia

As suspeitas de corrupção e os negócios suspeitos

A casa abandonada: o seu vagão-restaurante (oferecido pela mulher)

Ia de férias com Vladimir Putin, praticava desportos com ele e até o escolheu como padrinho de uma das suas filhas. Dono de uma fortuna estimada em  620 milhões de dólares (aproximadamente 572 milhões de euros), Viktor Medvedchuk gostava aliás sempre de recordar o episódio em que o Presidente russo o foi visitar à sua casa na Crimeia, tendo oferecido à sua filha um bouquet de flores e um urso de peluche.

A amizade entre  Medvedchuk e Putin foi-se solidificando ao longo dos anos, mas intensificou-se em 2014, após o Euromaidan — a Primavera ucraniana, uma onda de manifestações e agitação civil, em que os ucranianos exigiram maior integração europeia e medidas contra a corrupção no governo — e a anexação da Crimeia. Com a saída do ex-Presidente pró-russo Viktor Yanukovych e com um novo regime na Ucrânia que tencionava cortar todos os laços com a Rússia, o Presidente russo tentou procurar aliados (e também fontes de informação) que pudesse manter no país vizinho.

Viktor Medvedchuk tinha o perfil ideal para ser um intermediário do Kremlin na Ucrânia, uma vez que tinha desempenhado vários cargos públicos em diversos governos ucranianos e tinha sido membro do parlamento. Em 2019, quando Volodymyr Zelensky estava prestes a vencer as eleições e a tornar-se Presidente, o magnata foi um dos principais mensageiros do que é que a Rússia esperava do seu mandato: “[O Kremlin] não tem qualquer expectativa. Querem ver o que acontece depois, com quem é que ele interagirá e como é que ele o fará”.

Três anos depois, e 48 dias após o início da invasão russa, Viktor Medvedchuk acabou detido esta terça-feira, uma informação que foi partilhada pelo próprio Volodymyr Zelensky nas suas redes sociais. Já tinha sido condenado a prisão domiciliária, mas após o início guerra tinha conseguido fugir, tendo estado em paradeiro desconhecido. Mediante uma “operação especial” dos serviços de informação, o magnata está agora sob tutela do exército ucraniano, cuja farda usou para se camuflar. Ao final da noite, depois de o Kremlin ter falado em ‘fake news’, Zelensky admitiu trocá-lo por prisioneiros ucranianos.

Quando foi detido, Medvedchuk usava uma farda ucraniana

Abertamente contra a NATO e contra a política de alinhamento com o Ocidente que a Ucrânia seguiu nos últimos anos, Viktor Medvedchuk foi criticando de forma cada vez mais dura a atuação do Presidente ucraniano. Na sua conta pessoal no Twitter, o magnata acusava o governo de ouvir tudo o que Ocidente dizia, “estando sob controlo externo” e a ser alvo de uma “política de colonização”.Daí que, em parte, tenha ganhado o estatuto de inimigo n.º 1 do regime ucraniano — e, claro, de Volodymyr Zelensky.

A ligação ao KGB, os cargos na Justiça e a fuga para a Suíça

Nascido em 1954 na Sibéria, que na altura fazia parte da União Soviética tal como a Ucrânia, Viktor Medvedchuk esteve desde jovem envolvido na atividade política do regime. Esteve inscrito na Komsomol, organização juvenil soviética, através da qual entrou para o KGB, a polícia secreta da URSS. Licenciou-se em Direito, trabalhou como advogado e chegou a altos cargos jurídicos — foi, por exemplo, membro do Supremo Tribunal de Justiça ucraniano.

O seu percurso na política começou apenas nos anos 90, após a independência da Ucrânia, devido às boas relações que mantinha com o primeiro Presidente ucraniano, Leonid Kravchuk — os dois fundaram o Partido Social Democrata da Ucrânia. O cargo de maior destaque ocupou-o em 2002, quando se tornou um dos principais braços direitos de Leonid Kuchma, Presidente pró-Rússia, que levou a que Viktor Medvedchuk privasse e criasse amizade com Vladimir Putin.

Mesmo após algumas viragens políticas que o levaram a desaparecer da cena pública, o magnata continuou, sempre, a apoiar a presença russa na Ucrânia. Em 2012, criou a plataforma Ukrainian Choice, que se opunha frontalmente à adesão do país quer à União Europeia, quer à NATO. Dois anos mais tarde, com a revolta popular a tomar conta das ruas e com a deposição do ex-Presidente Viktor Yanukovych, fugiu para a Suíça.

O regresso à Ucrânia e o substituto ideal de Zelensky para Putin?

Em 2015 regressou a Ucrânia como mediador de paz, para tentar resolver os diferendos entre a Rússia e a Ucrânia na região de Donbass. A partir daí, foi voltando a ganhar preponderância na vida política, defendendo um estatuto especial para as regiões de Donetsk e Lugansk, uma das justificações que o Kremlin usou agora para invadir o país.

Juntou-se, em 2018, à Plataforma de Oposição, partido que defendia os interesses das minorias russas na Ucrânia. Nas eleições presidenciais de 2019, Viktor Medvedchuk apoiou Yuri Boyko, tendo usado a sua ligação ao Kremlin para organizar um encontro entre o candidato e o então primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev. Contudo, o apoio não surtiu efeito: Yuri Boyko não foi além de um quarto lugar na primeira volta da votação, não se conseguindo apurar para a segunda.

Todo este passado político indiciava que Viktor Medvedchuk seria o escolhido por Vladimir Putin para substituir Volodymyr Zelensky — que o Presidente russo terá tentado já por várias vezes (e sempre sem sucesso) assassinar. O Kremlin desejaria que desempenhasse o papel de “Presidente fantoche”, o que fortaleceria os laços com a Rússia e virava costas à aproximação ao Ocidente que a Ucrânia tem encetado, copiando o que acontece na Bielorrúsia.

A acusação de “traição ao mais alto nível” à Ucrânia

Pelo meio da sua recente atividade política, Viktor Medvedchuk foi acusado, em 2021, pelo Ministério Público da Ucrânia de “traição ao mais alto nível”. Em causa, o incentivo à independência do Donbass e um esquema que financiava os líderes das regiões separatistas através dos lucros obtidos pela exploração de recursos naturais na Crimeia.

Vingança e represálias”, reagiu na altura Viktor Medvedchuk, que ficou em prisão domiciliária com pulseira eletrónica até o início da invasão, que possibilitou a sua fuga. Na altura da sua detenção, os serviços de informação ucranianos sinalizaram que os crimes perpetrados pelos “traidores pró-russos” e pelos “agentes dos serviços secretos russos” não têm validade — e que a “justiça acabará sempre por chegar”.

Entretanto, o partido em o magnata que o estava filiando — a Plataforma de Oposição — também acabou por ser extinto por Volodymyr Zelensky.

As suspeitas de corrupção e os negócios suspeitos

O esquema que permitia o financiamento dos líderes separatistas não era o único escândalo em que estava envolvido Viktor Medvedchuk. O portal de investigação OCCRP dá conta de que o magnata e Taras Kozak, outro político ucraniano, conseguiram adquirir 42% da empresa petrolífera Yug Energo, de que o bilionário russo Sergey Kislov era sócio maioritário, por apenas 40 mil dólares (aproximadamente 36 mil euros).

O valor era irrisório em comparação com o tamanho da empresa: a Yug Energo explorava a região petrolífera de Novoshakhtinsky, no sul da Rússia, que obtinha milhões de euros de lucro por ano. Por detrás deste negócio estará o financiamento encapotado do partido Plataforma da Oposição: no ano em que Viktor Medvedchuk se filiou no partido, os dois sócios adquiriram 93% da empresa.

Um caso idêntico ocorreu em 2016, quando o magnata pagou apenas mil dólares (cerca de 924 euros) pela participação numa empresa que detém os direitos de uma exploração petrolífera russa que produzquase mil milhões de barris de petróleo por ano.

A casa abandonada: o seu vagão-restaurante (oferecido pela mulher)

A fortuna de Viktor Medvedchuk permitia que a gastasse nas mais diversas excentricidades. No ramo imobiliário, o magnata possuía várias casas na Ucrânia, que entretanto foram apropriadas pelo governo (tal como um jato que estava em solo ucraniano).

Uma equipa de jornalistas do órgão de comunicação social Slidstvo decidiu visitar uma das casas do magnata, em Pushcha-Vodytsya, no norte de Kiev, que estava em obras. Com uma fachada imponente, o interior da moradia tinha andaimes, estando despojada de qualquer decoração. No entanto, em certas divisões, os jornalistas encontraram caixas com objetos valiosos— desde obras de arte a peças de roupa.

A descoberta mais surpreendente estava escondida por uma grande cobertura verde. No jardim da aparatosa moradia, Viktor Medvedchuk tinha um vagão-restaurante, uma espécie de recriação de um comboio luxuoso, com capacidade para 40 pessoas. O interior da carruagem também era faustoso, com a decoração em tons de dourado a contrastar com o veludo vermelho das cadeiras e verde dos sofás.

Dentro do vagão, havia uma cozinha, um compartimento VIP, uma casa de banho e um bar — que curiosamente tinha copos com o brasão de armas da Rússia. Ao que apurou o Slidstvo junto a um dos construtores do vagão-restaurante, este foi uma prenda de aniversário por parte da mulher, a apresentadora de televisão Oksana Marchenko.

A construção deste vagão envolveu mais de uma centena de trabalhadores, tendo durado aproximadamente um ano. A cobertura verde levava a crer que Viktor Medvedchuk queria escondê-lo de um possível ataque aéreo. Agora já não deverá poder desfrutar dele.

GUERRA NA UCRÂNIA  UCRÂNIA  EUROPA  MUNDO  RÚSSIA

COMENTÁRIOS:

Ze Da coroa: Agora o Zelensky quer trocar um cidadão ucraniano que está preso, por outros cidadãos ucranianos também presos? Essa é nova               António Cézanne: Estas viúvas frustradas do Putin que continuam aqui a vomitar uns comentários, ainda não perceberam que a Ucrânia está em guerra. Falar de democracias, quando um país está em guerra, não lembra a ninguém. Os ucranianos só não fazem 1000 vezes pior aos russos se não conseguirem, porque se conseguissem até os comiam à dentada, tal como nós cá em Portugal se os russos se lembrassem de nos invadir. Pudéssemos nós comê-los à dentada que não duravam dois dias. Enfim, é o que faz a bebedeira das cartilhas.           Tovarishch: Zelensky, afinal, em convergência metodológica (e anti-democrática!...) com Putin!... As almas gémeas reconhecem-se e aproximam-se...          José Manuel Santos das Couves > Tovarishch Z: Mas quem invadiu quem afinal? Parece-me que sabes a resposta...           José Paulo C Castro: Mas porque é que todas as ligações políticas do estado russo vão dar a um início na KGB? Existe um estado russo ou é uma extensão da famosa organização?           José Manuel Santos das CouvesJosé Paulo C Castro: É uma extensão da famosa organização. O próprio presidente da Rússia uma vez afirmou "once KGB, always KGB"            JFK > José Paulo C Castro: George H W Bush foi director da CIA.              Vitor Batista > JFK: Mentira.           JFK > Vitor Batista: Aproveita enquanto a burrice não paga imposto           José Paulo C Castro > JFK: Eu disse 'todas'.          JFK > José Paulo C Castro: Mas você não sabe o que diz, anda apenas a ver se descobre relações escondidas em que ninguém tinha pensado até hoje.        José Paulo C Castro > JFK: Ninguém tinha pensado até hoje? Realmente, na Rússia o passado é uma coisa que está sempre a evoluir.           Simão Cabanita: Alguém que me explique a diferença entre Viktor Medvedchuk e Mikhail Khodorkovsky?! É que relembro o que foi dito e escrito no Ocidente sobre a prisão de Khodorkovsky..... portanto o Ocidente tem de manter as conclusões de que países onde a Justiça imparcial não funciona, não podem ser considerados democracias. A Ucrânia ilegalizou por exemplo antes da guerra o Partido Comunista Ucraniano e depois da guerra todos os partidos de Esquerda, a Ucrânia proibiu o ensino da língua russa nas escolas, a Ucrânia tem vários problemas com corrupção, todos estas factores são a demonstração de que a Ucrânia é um estado autoritário na defesa da pessoa de Zelensky, muito semelhante à Rússia de Putin. Acho portanto normal estas detenções na Ucrânia...... o que eu não acho normal é continuar a ouvir que isto é uma guerra pela liberdade e democracia, isto sim é mentira.           HERMES > Simão Cabanita: Mas porque é que é um erro ter ilegalizado o Partido Comunista na Ucrânia? Vc alguma vez leu ou viu ou contactou com a herança desse comunismo na Ucrânia? É claro que lá como cá jamais haverá Democracia com um partido como esse. Cá tivemos de ter o 25 de Novembro para de algum modo nos aliviarmos dessa canga. Ou nunca lhe ensinaram isso?            Simão Cabanita > HERMES: Eu sou um democrata..... tal como em Portugal eu não tenho medo de ideias comunistas, porque sendo eu um democrata considero que é na discussão de ideias que se faz o combate..... As pessoas que defendem ilegalizações de partidos alegando factos históricos do passado, são os mesmos que impediram durante mais de 40 anos que houvesse forças políticas de direita conservadora em Portugal, alegando nessa caso o medo do estado Novo..... eu tenho a mesma interpretação da democracia independente das forças políticas em causa, por isso me considero um democrata e não um democrata quando dá jeito, que é o mais comum vermos na Europa.             Manuel Mestre > Simão Cabanita: "Alguém que me explique a diferença entre Viktor Medvedchuk e Mikhail Khodorkovsk? Gostaria muito de explicar mas não conheço nenhuma dessas encomendas. "a Ucrânia tem vários problemas com corrupção, todos estas factores são a demonstração de que a Ucrânia é um estado autoritário na defesa da pessoa de Zelensky, muito semelhante à Rússia de Putin."... Qual é o país que não tem problemas com a corrupção? Zelensky, muito semelhante à Rússia de Putin.        HERMES > Simão Cabanita: Eu também sou democrata. Não tenho medo de ideias comunistas mas tenho medo das práticas comunistas. Aliás, temos abundância de material desse tipo para formar opinião. Tal como o fascismo e o nazismo estão constitucionalmente vedados à nossa democracia também o Comunismo o devia estar como em muitos países está, expressamente. Mais: o Comunismo em recente Deliberação do Parlamento Europeu foi considerado e condenado ao nível do Fascismo e do Nazismo. Mais ainda: o Comunismo continua a não reconhecer as atrocidades e os crimes contra a Humanidade que semeou pelo mundo, particularmente pela Europa.       Simão Cabanita > Manuel Mestre: Se existem países como Albânia que pediram a entrada na UE em 2009, e o grande entrave foi precisamente a corrupção neste país.... Agora vamos ver o caso da Ucrânia, que é só o país com menos PIB per capita europeu, que tem dos índices de corrupção mais altos do mundo segundo relatórios da própria UE, e portanto no caso da Ucrânia dizem que pode entrar na UE em menos de 1 ano..... Perante estes factos pergunto..... democracia não implica cumprir regras? a UE não tem regras? o que permite portanto à Ucrânia passar á frente de países tais como Albânia, Macedónia, Montenegro, Sérvia, Kosovo e Bósnia e Herzegovina? É que também eles tiveram guerra, neste caso alguns até foram bombardeados pela NATO.... talvez seja essa a razão de não lhes ser permitido entrar na UE... é que estes países não fazem parte da estratégia belicista da NATO e portanto não importam....         Simão Cabanita > HERMES: Eu só espero é que não venham defender que meter pessoas atadas a árvores e postes como andam a fazer em Kiev, como um exemplo de democracia.... é que começa a ser banal essas ideias intolerantes e que não gostam de contraditório.... não tenho medo do combate de ideias e é precisamente no bloqueio das ideias que os fascistas ou comunistas ganham força.           HERMES > Simão Cabanita: Não é nada disso. Vc tem uma visão claramente anti-Europa e só quer ver o que lhe dá jeito... A Ucrânia só passa à frente desses países em lista de espera por razões de excepção. Que corrige aliás o erro histórico de em tempo próprio não se ter avançado para essa integração pelo evidente risco que a Ucrânia corria face à ameaça da autocracia russa. A regra é — e continuará a ser — a de cumprir quesitos legais, económicos, de organização institucional e constitucionais muito claros. Eu sou democrata mas só admito contraditório a quem admite contraditório — mas, e este mas é mesmo decisivo, uso a regra dos próprios comunistas de banir tudo o que não quadre com esta regra básica de Democracia, isto é: quem, neste particular, não pense como eu. Para que provem do seu próprio veneno.          Manuel Mestre > Simão Cabanita: Há quantos anos é que o actual governo ucraniano está em funções, há quantos anos é que há corrupção na Ucrânia e há quantos anos o senhor ignora tudo isso?          joao silva > HERMES: No dia em que ilegalizam um partido político abrem as portas para Ilegalizar TODOS os partidos e tornaram o país num regime de partido único. Tenham politicas de extrema esquerda ou de extrema direita. Além disso, passam em atestado de menoridade ao Povo que vota. Apoia o pedido de Ana Gomes para ilegalizar o Chega que é baseado nas mesmas premissas? Um país que encerra meios de comunicação, que prende jornalistas, que ilegaliza partidos que persegue minorias étnicas, não é nem nunca será democrático. E os países que apoiam essa gente nunca poderão invocar a democracia ou a liberdade para o fazer…………..          Simão Cabanita > Manuel Mestre: Esta discussão demonstra exactamente o meu ponto..... a definição sobre se determinado partido é fascista depende normalmente da interpretação de cada um, uns acham que o Chega é fascista, outros não..... e interpretações sobre a validade democrática de cada partido não podem ficar nas mãos da interpretação individual de cada um, porque, se assim fosse, ficávamos na mão de um qualquer governante que interpretava o Chega ou o PCP como partidos fascistas.....e é isto que se passa na Ucrânia, a definição de partidos democratas ficou na mão do Zelensky e isto não acontece em países democratas..... em democracia valoriza-se o combate de ideias, e neste ponto repito o que escrevi acima, não vejo grandes diferenças entre a Rússia e Ucrânia. O que eu tenho assistido cada vez mais é a defesa de ideias dictatoriais que defendem a proibição de partidos políticos, definindo o que são ideias boas e más, mas em democracia esta análise é feita no boletim de voto e não por determinação burocrática………..           Otavio Luso: O democrata Zelensky no seu melhor: não defendem o que eu defendo, extingue-se. Que a Ucrânia, sob a sua presidência entre na UE, porque ao menos é frontal, ao contrário do que sucede actualmente na generalidade dos países da UE, onde, na comunicação social, se abafam as opiniões das oposições e se hipervaloriza o desempenho dos governos. Hoje a censura é muito mais subtil e com melhores resultados que no século passado.

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