sábado, 23 de abril de 2022

Não se lhes pode dar grande crédito


A esses críticos, desejosos de saliência pessoal, julgo eu, que hoje ouvi Paulo Rangel a condenar Guterres, pelo tardio da sua “ida à fala” (não, não é “à faca”, infelizmente) contra Putin, como se Rangel não soubesse da inutilidade desse encontro, com um ser de perfídia que, evidentemente, se rirá de Guterres com o desdém frio de “devorador de criancinhas ao pequeno-almoço” e demais refeições diárias, como asqueroso bicho glutão. Não, não aprovei P. Rangel, que bem pudera, embora também inutilmente, elogiar, antes, Guterres, pela sua coragem, numa expectativa de ineficácia da participação arriscada e desconfortavelmente humilhante para Guterres, com o seu encontro com Putin.

Fez bem o Dr. Salles em defender Guterres, sabendo quanta mentira impregna o discurso do cruel ditador russo e o do seu ministro Labrov, de que me servi pela Internet, para exemplificar os considerandos do Dr. Salles, justamente condenatórios dos atacantes de Guterres, ao mesmo tempo que, mais uma vez, põe em destaque a coragem de Zelensky a defender-se indignadamente das acusações de nazi, do sinuoso pretexto russo para atacar o povo ucraniano.

DA POLÍTICA, HOJE - 5

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 22.04.22

OS CRÍTICOS MANHOSOS

Hoje, refiro-me às críticas que por aí andam a Guterres por não actuar mais na crise provocada pela agressão russa à Ucrânia.

Reconheço que as intervenções orais de Guterres pecam por tibieza tímbrica no que é largamente ultrapassado pela voz cavernosa de Labrov. Mas interessa sobretudo analisar o conteúdo dos discursos e não tanto (ou mesmo nada) às performances tímbricas. E do conteúdo das intervenções de Guterres não transparece tibieza.

Os críticos querem que a ONU seja mais activa na resolução da crise em referência. Creio que querem que Guterres participe nas negociações de paz e devem também querer que a ONU envie uma Força de Interposição nos vários campos de batalha.

Então, tem sido assim:

Guterres não é dono da ONU e tem que respeitar as decisões dos respectivos órgãos deliberativos – trata-se de uma norma inultrapassável;

A Assembleia Geral aprovou a condenação da Rússia e o Conselho dos Direitos Humanos expulsou a Rússia – o que se traduz numa grande humilhação para o regime de Putin;

Assumindo uma clara crítica a um dos beligerantes (o agressor) e assumindo um claro apoio à salvaguarda das soberanias nacionais, a ONU não pretendeu ser neutral nesta criseassumindo a posição de juiz e assim perdendo a condição essencial de neutralidade para todo o intermediário em qualquer conflito, não se deve imiscuir nas conversações de paz

… «et pour cause» também não faria qualquer sentido enviar uma Força de Interposição que, logicamente teria de cumprir o mandato inerente à posição global de oposição ao agressor e defesa do agredido – e não é por certo isto que os críticos de Guterres pretendem.

Se, por absurdo, as críticas vingassem, isso seria a reversão da condenação da Rússia, o seu regresso à Comissão dos Direitos Humanos, o reconhecimento do direito de um país violar a Soberania Nacional de outro e a legalização do envenenamento dos opositores de qualquer Governo.

Esperemos por melhores dias com críticos mais leais e menos matreiros!

No extremo ferroviário oposto a Vladivostok, 22 de Abril de 2022

Henrique Salles da Fonseca

Tags: política

NOTA DA INTERNET:

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“Ninguém vai atacar o povo ucraniano”, afirma ministro russo

25/02/2022

Em entrevista à CNN, nesta sexta-feira, Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, comentou sobre a invasão das tropas russas à Ucrânia e o confronto bélico entre as duas nações. De acordo com o representante do Kremlin, “ninguém vai atacar o povo ucraniano”.

Conforme palavras de Sergey Labrov, a intenção do governo russo não é atacar civis nem os militares ucranianos. A ideia, segundo ele, é impedir que “neonazistas” assumam o comando da Ucrânia. "Vou enfatizar: leia o que Putin disse. Nenhum ataque à infraestrutura civil, nenhum ataque ao pessoal do exército ucraniano, seus dormitórios ou outros locais não ligados às instalações militares. As estatísticas que temos confirmam isso. Ninguém vai de alguma forma degradar as Forças Armadas Ucranianas. Estamos falando de impedir que neonazistas e aqueles que promovem o genocídio governem este país".

Em dissonância à fala de Labrov, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, informou que pelo menos 137 cidadãos ucranianos morreram no primeiro dia da invasão russa, enquanto outros 316 ficaram feridos nos combates. Em relação à acusação do chanceler russo de que seu governo teria uma inclinação nazista, Zelensky rebate de forma veemente.

"Você diz que somos nazistas, mas como um povo pode apoiar os nazistas sendo que demos mais de oito milhões de vidas pela vitória sobre o nazismo? Como eu poderia ser nazista? Diga isso a meu avô, que passou a guerra inteira na infantaria do exército soviético e morreu como coronel na Ucrânia independente", ressaltou o presidente da Ucrânia em discurso televisionado.

Os conflitos entre os dois países têm-se intensificado nas fronteiras da Ucrânia. Nesse sentido, segundo relatório de um conselheiro do gabinete presidencial ucraniano, os principais confrontos ocorrem nas regiões de Sumy, Kharkhiv, Kherson, Odessa e em um aeroporto militar perto de Kiev…

COMENTÁRIOS

Anónimo 22.04.2022 16:27: Não o acho nada tíbio, até que foi bastante duro e é por isso que os russos estão a fazer obstrução, porque acham que sabem de que lado está. Um abraço, José Luis Silveira e Castro

Adriano Miranda Lima 22.04.2022 18:32: A análise do Dr. Salles da Fonseca é bastante correcta e merece toda a minha concordância. De facto, Guterres tomou partido, condenando inapelavelmente a Rússia e creio que outra saída não tinha. O problema é que a ONU está caduca e deixou de ter efectiva utilidade, e quanto a isso Guterres pouco pode fazer.

 


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