A esses críticos, desejosos de saliência
pessoal, julgo eu, que hoje ouvi Paulo
Rangel a condenar Guterres, pelo tardio
da sua “ida à fala” (não, não é “à faca”, infelizmente) contra Putin, como se
Rangel não soubesse da inutilidade desse encontro, com um ser de perfídia que,
evidentemente, se rirá de Guterres com o desdém frio de “devorador de
criancinhas ao pequeno-almoço” e demais refeições diárias, como asqueroso bicho
glutão. Não, não aprovei P. Rangel, que bem pudera, embora também inutilmente, elogiar,
antes, Guterres, pela sua coragem, numa expectativa de ineficácia da participação
arriscada e desconfortavelmente humilhante para Guterres, com o seu encontro com
Putin.
Fez bem o Dr. Salles em defender Guterres, sabendo quanta mentira impregna o discurso do cruel ditador russo e o do seu ministro Labrov, de que me servi pela Internet, para exemplificar os considerandos do Dr. Salles, justamente condenatórios dos atacantes de Guterres, ao mesmo tempo que, mais uma vez, põe em destaque a coragem de Zelensky a defender-se indignadamente das acusações de nazi, do sinuoso pretexto russo para atacar o povo ucraniano.
HENRIQUE SALLES DA
FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 22.04.22
OS CRÍTICOS MANHOSOS
Hoje,
refiro-me às críticas que por aí andam a Guterres por não actuar mais na crise
provocada pela agressão russa à Ucrânia.
Reconheço
que as intervenções orais de Guterres pecam por tibieza tímbrica no que
é largamente ultrapassado pela voz cavernosa de Labrov. Mas interessa sobretudo
analisar o conteúdo dos discursos e não tanto (ou mesmo nada) às
performances tímbricas. E do conteúdo das intervenções de
Guterres não transparece tibieza.
Os
críticos querem que a ONU seja mais activa na resolução da crise em referência.
Creio que querem que Guterres participe nas negociações de paz e devem também
querer que a ONU envie uma Força de Interposição nos vários campos de batalha.
Então, tem sido assim:
Guterres
não é dono da ONU e tem que respeitar as decisões dos respectivos órgãos
deliberativos – trata-se de uma norma inultrapassável;
A Assembleia Geral aprovou a
condenação da Rússia e o Conselho dos Direitos Humanos expulsou a Rússia – o
que se traduz numa grande humilhação para o regime de Putin;
Assumindo
uma clara crítica a um dos beligerantes (o agressor) e assumindo um claro apoio
à salvaguarda das soberanias nacionais, a ONU não pretendeu
ser neutral nesta crise – assumindo
a posição de juiz e assim perdendo a condição essencial de neutralidade para
todo o intermediário em qualquer conflito, não se deve imiscuir nas
conversações de paz…
…
«et pour cause» também não faria qualquer sentido enviar uma
Força de Interposição que, logicamente teria de cumprir o mandato inerente à
posição global de oposição ao agressor e defesa do agredido – e não é por certo isto que os críticos de Guterres
pretendem.
Se, por absurdo, as críticas
vingassem, isso seria a reversão da condenação da Rússia, o seu regresso à
Comissão dos Direitos Humanos, o reconhecimento do direito de um país violar a
Soberania Nacional de outro e a legalização do envenenamento dos opositores de
qualquer Governo.
Esperemos
por melhores dias com críticos mais leais e menos matreiros!
No
extremo ferroviário oposto a Vladivostok, 22 de Abril de 2022
Henrique
Salles da Fonseca
Tags:
política
NOTA DA INTERNET:
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“Ninguém vai atacar o povo ucraniano”, afirma ministro
russo
25/02/2022
Em entrevista à CNN, nesta sexta-feira, Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da
Rússia, comentou sobre a invasão das tropas russas à Ucrânia e o confronto
bélico entre as duas nações. De acordo com o representante do Kremlin, “ninguém
vai atacar o povo ucraniano”.
Conforme palavras de Sergey Labrov, a intenção do
governo russo não é atacar civis nem os militares ucranianos. A ideia, segundo
ele, é impedir que “neonazistas” assumam o comando da Ucrânia. "Vou
enfatizar: leia o que Putin disse. Nenhum ataque à infraestrutura civil, nenhum
ataque ao pessoal do exército ucraniano, seus dormitórios ou outros locais não
ligados às instalações militares. As estatísticas que temos confirmam isso.
Ninguém vai de alguma forma degradar as Forças Armadas Ucranianas. Estamos
falando de impedir que neonazistas e aqueles que promovem o genocídio governem
este país".
Em dissonância à fala de Labrov, o presidente
ucraniano, Volodimir Zelensky, informou que pelo menos 137 cidadãos ucranianos
morreram no primeiro dia da invasão russa, enquanto outros 316 ficaram feridos
nos combates. Em relação à acusação do chanceler russo de que
seu governo teria uma inclinação nazista, Zelensky rebate de forma veemente.
"Você diz que somos nazistas, mas como um povo pode apoiar os
nazistas sendo que demos mais de oito milhões de vidas pela vitória sobre o
nazismo? Como eu poderia ser nazista? Diga isso a meu avô, que passou a guerra
inteira na infantaria do exército soviético e morreu como coronel na Ucrânia
independente", ressaltou o presidente da Ucrânia em discurso televisionado.
Os conflitos entre os dois países têm-se intensificado
nas fronteiras da Ucrânia. Nesse sentido, segundo relatório de um conselheiro
do gabinete presidencial ucraniano, os principais confrontos ocorrem nas
regiões de Sumy, Kharkhiv, Kherson, Odessa e em um aeroporto militar perto de
Kiev…
COMENTÁRIOS
Anónimo 22.04.2022 16:27: Não o acho nada tíbio, até que foi bastante duro e é
por isso que os russos estão a fazer obstrução, porque acham que sabem de que
lado está. Um abraço, José Luis Silveira e Castro
Adriano Miranda
Lima 22.04.2022 18:32: A análise do
Dr. Salles da Fonseca é bastante correcta e merece toda a minha concordância. De
facto, Guterres tomou partido, condenando inapelavelmente a Rússia e creio que
outra saída não tinha. O problema é que a ONU está caduca e deixou de ter
efectiva utilidade, e quanto a isso Guterres pouco pode fazer.
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