Nesta coisa das fofocas. Afinal, sabe-se
lá quem é o dono da razão, já que os corações têm razões que a razão desconhece,
já o dissera Pascal, que parece que foi um génio matemático e temos que aferir
por ele os desvios e as cumplicidades nessas razões de amores ou de rancores,
como o comprovam tantos comentadores, segundo as suas concepções a respeito do
Bem e do Mal, dos Grandes e dos Pequenos, dos favores e desfavores de que eles
próprios se pretendem mentores, de acordo com as suas cláusulas de exímios
pintores – por vezes apenas de simples anotadores dos desvios gramaticais, como
castigadores dos atrevidos críticos de Putin e seus defensores – como mostrou
ser JOSÉ CARLOS DUARTE.
Quem é Leonid Nevzlin, o oligarca que
diz ter sido "um dos primeiros sacos de pancada de Putin" e agora
revela os segredos do Kremlin
Contou que o ministro da Defesa russo pode ter sido envenenado, que 20 generais foram demitidos e que o ex-presidente da Federação de Xadrez sofreu ultimato. Quem é Leonid Nevzlin, inimigo de Putin?
JOSÉ CARLOS DUARTE:
Texto
OBSERVADOR, 15 abr 2022, 00:3215
Índice
O negócio milionário, a tentativa de extradição e os tribunais
internacionais
O desvio de fundos e o ex-conselheiro de Putin em prisão
domiciliária
O ex-presidente da Federação de Xadrez contra a guerra que
tem de “testemunhar contra os colegas”
“Tudo o que Putin toca morre.” Cerca de uma semana depois de a Rússia invadir a
Ucrânia, Leonid
Nevzlin anunciava a renúncia à nacionalidade russa. O milionário (agora apenas israelita) insurgia-se
contra a guerra: “Sou contra a oposição. Sou contra
o genocídio do povo ucraniano. Sou um cidadão de Israel e, se pensar numa
segunda cidadania, ficaria orgulhoso se tivesse um passaporte ucraniano”,
afirmou,opondo-se frontalmente à escalada bélica do Kremlin. Esta
quinta-feira, o magnata revelou o que serão segredos confidenciais sobre o
governo russo.
A
animosidade do investidor para com o Presidente russo não começou apenas em
2022. É já uma longa história — que
envolve homicídios, uma deportação falhada e até tribunais internacionais.
No mesmo post do Facebook em que dava conta de que ia deixar de ser russo, Leonid Nevzlin lembrava
que tinha sido um dos “primeiros sacos de pancada” de Vladimir Putin, que
atirou os seus “amigos para a prisão” — e “matou” mesmo alguns. “Roubou-me
negócios e casas perdidas em Moscovo”, lamentava, contando que esta
perseguição o levou a fugir para Israel, onde vive actualmente.
“Passei
quase 20 anos fora da Rússia, mas foi isso que me permitiu ver o processo de
apodrecimento e decomposição que está a acontecer”, criticou Leonid
Nevzlin, salientando
que durante duas décadas “lutou contra os cúmplices de Putin” com todas as
suas forças. “Há muito
tempo que tento não associar aos bandidos no poder à generalidade da população
russa, mas era impossível não assistir que, ano após anos, a Rússia foi-se
degenerando ao seguir o seu ‘líder’.”
O
negócio milionário, a tentativa de extradição e os tribunais internacionais
Na
década de 90, em que ocorreu uma série de privatizações dos sectores-chave da
economia russa com o fim da União Soviética, um grupo de oligarcas — em que
estava incluído Leonid Nevzlin — decidiu adquirir a Yukos,
uma companhia energética e petrolífera. Para
conseguirem usufruir de uma política fiscal mais ‘amiga’, os magnatas
transferiram a sede da empresa primeiro para as regiões com menos impostos na
Rússia e depois para paraísos fiscais no estrangeiro.
Após
vários confrontos com o Kremlin e com a chegada de Vladimir Putin ao poder em
2000 (que nunca escondeu que queria diminuir o papel desses oligarcas — que
não controlava), o homem mais
rico da Rússia e o principal accionista da Yukos, Mikhail Khodorkovsky, foi
preso, em 2003,por suspeitas de
evasão fiscal, peculato e fraude na Yukos. Também Leonid Nevzlin deveria ter
sido detido — mas acabou por conseguir fugir para Israel.
▲Uma das explorações petrolíferas da Yukos GETTY IMAGES
A
justiça russa pediu a extradição de Leonid
Nevzlin e a retirada
do passaporte, tendo alegado
que era suspeito igualmente de evasão fiscal mas também de outros crimes bem
mais graves, como homicídio qualificado e homicídio na forma tentada. Ainda
assim, Israel rejeitou extraditar o magnata, decidindo também que não lhe
retiraria o passaporte. Na base da deliberação do Supremo Tribunal Israelita
esteve a falta de provas da acusação russa, principalmente no que diz respeito
aos crimes de homicídio sobre os quais não se conhecem quaisquer detalhes.
A
batalha legal não se ficou por aqui, tendo-se mesmo intensificado. Em 2008, num
julgamento in absentia (sem a presença do acusado), Leonid Nevzlin foi condenado
à pena mais gravosa na justiça russa: a
prisão perpétua. No
entanto, o magnata acabou por não a cumprir, já que estava fora do país e foi
constantemente negando todas as acusações, dizendo sempre que estava a ser alvo
de uma perseguição política.
Não
foi, contudo, a única frente da batalha legal de um megaprocesso que já dura há
décadas. Contestando as decisões da justiça russa, o grupo de magnatas da
Yukos decidiu recorrer, em 2005, aos tribunais internacionais, mais
concretamente ao Tribunal Permanente de Arbitragem com sede
em Haia, nos Países Baixos. Nove anos depois, chegou o desfecho — favorável
aos milionários e que obrigaria a Rússia a pagar 50 mil milhões de dólares de
indemnização.
O
megaprocesso ainda não terminou, tendo sido interpostos vários recursos
entretanto. Porém, as sucessivas vitórias de Leonid Nevzlin mostram que
Vladimir Putin talvez não seja tão invencível como pensa.
Os
segredos de Leonid Nevzlin: o ministro da Defesa russo que sofreu de um ataque
cardíaco de “forma não natural”
Com fontes em Moscovo, Leonid Nevzlin é muito activo nas redes
sociais, tendo-se colocado desde o primeiro momento ao lado da Ucrânia no atual
conflito com a Rússia e atacando de forma permanente o Kremlin. Esta quinta-feira, na sua
conta pessoal do Facebook, o magnata divulgou informações confidenciais,
citando fontes próximas do governo russo.
A primeira relacionava-se com o ministro da Defesa
russo, que esteve desaparecido mais de duas semanas. Ao que o magnata diz ter
apurado, Sergei Shoigu está “fora de
jogo” dentro do Kremlin, por ter alegadamente sofrido um
“ataque cardíaco”, uma informação que já tinha sido tornada pública, se bem que
nunca tenha sido confirmada oficialmente pelo governo russo. Contudo, Leonid Nevzlin
revelou algo que até esta quinta-feira permanecia desconhecido: os problemas cardiovasculares podem não ter “ocorrido por causas naturais”,
suspeitando-se mesmo de envenenamento.
▲Sergei Shoigu e Vladimir Putin,
que eram bastantes próximos antes do início da guerra GETTY IMAGES
No
final de março, o antigo ministro-adjunto do Interior ucraniano, Anton Gerashchenko, revelou mais detalhes sobre o ministro que ocupa uma
obviamente pasta fundamental durante uma guerra. O responsável ucraniano indicou que Sergei Shoigu
sentiu-se mal “após duras acusações de Vladimir Putin” pelo “fracasso total da
invasão da Ucrânia”: “É por isso que ele
não aparece em público desde meados de março”, disse.
Além
disso, Anton
Gerashchenko sinalizou que
Sergei Shoigu está agora internado a recuperar das sequelas do
ataque cardíaco, uma informação que também foi corroborada pelo magnata
israelita: “Está nos cuidados intensivos, ligado às máquinas”.
A
não ser que o problema de saúde tenha acontecido nas primeiras semanas de
março, estes dados parecem ser contraditórios com as aparições públicas de
Sergei Shoigu. Ainda esta
quarta-feira, o ministro da Defesa russo apareceu numa videoconferência com
Vladimir Putin para discutir a situação do Árctico, apesar de
não se ter pronunciado em momento algum, havendo a hipótese de poder tratar-se
de uma gravação.
Mas não foi a única vez. No dia a seguir a Anton
Gerashchenko ter
revelado o alegado ataque cardíaco do ministro, o Kremlin revelou um vídeo em
que o responsável pela pasta da Defesa russo estava a presidir a uma reunião de altas
patentes militares e a discutir o abastecimento de armas às tropas russas na
Ucrânia. E houve ainda outro caso que fez levantar ainda mais
suspeitas sobre o seu paradeiro: antes de aparecer reunião ministerial
remota com Vladimir Putin, assistiu-se a uma estranha interferência na parcela
do ecrã onde depois apareceu Sergei Shoigu.
Ou
seja, nenhuma das suas aparições públicas são rigorosamente fiáveis. Como
também não é possível confirmar as informações avançadas por Leonid Nevzlin ou
as suspeitas que deixa sobre o caso.
O desvio de fundos e o ex-conselheiro de Putin em prisão domiciliária
De
acordo com Leonid Nevzlin, o Kremlin já
terá também prendido 20 generais, devido
a um alegado desvios de fundos. “Desde 2014, cerca de dez mil milhões de
dólares destinados a Putin para poder preparar a guerra na Ucrânia foram
roubados”, denunciou o magnata israelita, não revelando
contudo grandes detalhes sobre a identidade destas altas patentes militares. E
não sendo também possível confirmar as suas informações.
Há
uma excepção (de peso), todavia: Vladislav Surkov, que
ficou em “prisão domiciliária” na sequência do alegado desvio de fundos pelas
forças armadas russas. Considerado um dos principais ideólogos do
regime, o responsável foi um dos conselheiros de Vladimir Putin até 2020 — quando foi demitido pelo próprio Presidente russo.
Vladislav Surkov sempre
se manifestou a favor da invasão ao país vizinho. Numa entrevista à RadioFreeEuropa, o ex-conselheiro do
Presidente russo afirmou que “não havia Ucrânia”. Em vez
disso, existia uma “desordem da mente, uma paixão sem freios e levada aos extremos
pela etnografia. “A história
local é tão sangrenta. É uma confusão em vez de um Estado… Não existe uma
nação. Só existe um panfleto: ‘A autointitulada Ucrânia'”.
▲ Vladislav Surkov,
um dos principais ideólogos do regime russo e possível (agora improvável)
sucessor de Putin GETTY
IMAGES
Apesar
de as suas posições públicas serem a favor da guerra — e terem paralelismos com o discurso de
Vladimir Putin no dia da invasão à Ucrânia —, Vladislav Surkov deverá estar
fora do Kremlin. No
passado, tinha sido até considerado um dos possíveis sucessores para o cargo de
Presidente russo — algo que, com esta acusação, será muito improvável.
O ex-presidente da
Federação de Xadrez contra a guerra que tem de “testemunhar contra os colegas”
Outra das informações divulgadas pelo magnata
israelita relaciona-se com Arkady Dvorkovich, economista, ex-presidente da Federação Internacional de Xadrez e um dos
ex-conselheiro de Dmitry Medvedev, um dos braços-direitos de Putin. Segundo Leonid Nevzlin, está a ser “preparado um
processo crime” para que “testemunhe
contra os seus colegas e amigos”. Caso Arkady Dvorkovich não colabore, os serviços secretos russos ameaçam-no com uma pena de prisão.
Arkady
Dvorkovich foi uma das poucas vozes
dentro do Kremlin que se opôs abertamente contra a guerra na Ucrânia. “A guerra é uma das piores
coisas que alguém pode enfrentar na vida. As guerras não matam apenas vidas sem
preço. Matam esperanças e aspirações, congelam e destroem relações e conexões. Os meus pensamentos estão com os civis
ucranianos.”
▲Pela
posição antiguerra, Arkady Dvorkovich teve de demitir-se do cargo de presidente
da Federação Internacional de XadreznGETTY IMAGES
Após estas declarações, que chocam de
frente com a escalada bélica do Kremlin, Arkady Dvorkovich foi acusado de ser um“traidor
nacional” por vários deputados na câmara baixa do Parlamento russo. “Pensas que te podes esconder atrás de um tabuleiro
de xadrez?”, atirou um dos aliados de Vladimir Putin, Dmitry Rogozin.
A
sua posição antiguerra também já levou a que Arkady Dvorkovich sofresse represálias na carreira, tendo-se demitido da Federação Internacional de Xadrez. Agora parece que ou muda de posição ou sofre as
consequências.
Isto
se as informações do inimigo de Putin estiverem certas e se Leonid Nevzlin se
estiver também ele a vingar, de forma fria, da perseguição de que é alvo pelo
presidente russo.
GUERRA NA
UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA MUNDO RÚSSIA GUERRA CONFLITOS
COMENTÁRIOS
Da Grreite Rizete: Como só se fala da Ucrânia, naturalmente isto passou despercebido. “World
Government Summit”! Só o nome já devia fazer “soar campainhas”. Tratou-se de um
evento no Dubai organizado pelo infame WEF. Já alguém ouviu com atenção as
declarações preocupantes de Yuval Noah Harari, um psicopata conhecido como o
“Profeta” que é “apenas” o conselheiro principal de Klaus “Dr. Evil” Schwab, o
líder do gangue de Davos? [Ver no B itchute => Compilação de Falas do
Amiguinho (Braço Direito) de Klaus Schwab.] fernando fernandesDa Grreite Rizete: Yuval Noah Harari, um psicopata? Toma cuidado com o que bebes! bento guerra: Pois claro... Luís Abrantes: Carrega Ucrânia…💪💪💪 José Dias: E cá temos mais um óptimo
exemplo de isenção informativa ... os oligarcas russos são maus e precisam de
ser sancionados e perder as nacionalidades que "compraram" mas se
forem anti Putin já ninguém questiona se são mesmo judeus ou de onde veio o
dinheiro para a compra da empresa ... Manuel Madeira > José Dias:
E cá temos mais um óptimo
exemplo de isenção informativa ... nos comentários, tem que inovar. Célia Soares > José Dias: Já cá faltava a cassete!...
coitadinhos do Putin e dos seus amiguinhos!... It's an Injustice! Oh...it is... José Dias > Célia Soares: Pode explicar-me onde é que leu
alguma defesa de "Putin e dos seus amiguinhos"? É que no que escrevi
apenas dei nota da enorme diferença de abordagem a algo que não se me afigura
distinto ... questionar por que razão há oligarcas russos melhores e outros
piores tendo todos idêntica origem parece então ser condenável! José Dias > Manuel Madeira:
E em relação ao que questionei
tem algo distinto a argumentar ou fica contente só por ter conseguido escrever
sem erros? Cisca
Impllit: Onde toca , morre! É a capacidade do comunismo, seja ele
capitalista ou não! Cleptocracia!
Zé Cunha: CIA spy. O Bandidaço do Putin tem as horas contadas… Deep State! Ana Paiva:
"Cerca de
uma semana depois de a Rússia invadir" não “ter invadido”
João Paisana > Ana Paiva: Este artigo, e muitos outros,
no Observador, é um atentado à língua Portuguesa! Não entendo porque não
utilizam um corrector ou não dão formação aos jornalistas Vashny Karpouzis > João Paisana: São ‘lapsos de redacção’. Aríete > João Paisana: Tem razão! Também choquei com esta
frase onde nem o sujeito concorda com o verbo: "nenhuma das suas
aparições públicas são rigorosamente fiáveis"
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