quinta-feira, 28 de abril de 2022

Tudo em família

Imagens. Poemas. E a música da Ana a acompanhar, como pano de fundo.

Aquelas, do derrotismo nacional. Estes, da criatividade nacional. A música da Ana Margarida, que encontrei no seu face-book, e aqui refiro, “música sem palavras” de bela amplitude vocal que retomo, com encanto.

 

I -- A imagem, retirada das televisões: Uma longa mesa oblonga e pesada, dois homens sentados na distância das extremidades longitudinais, um, direito e garboso do princípio ao fim, raposa matreira, de à-vontade desdenhoso e cínico contra o “lobo” lorpa (não crédulo, contudo, este, sabendo de antemão – e o mundo com ele - que se expunha a uma missão puramente ridícula e condenada ao fracasso), a seriedade dos seus conceitos apenas servindo para a troça geral, que o fotografou quando já enovelado, ele que começara erecto como o outro, mas que acabara assim, ridiculamente enovelado, como a querer furtar-se ao papel de pura chachada que fora obrigado a desempenhar.

Imagem colocada no facebook de Luís Soares de Oliveira, com os comentários trocistas, certeiros, é certo, que farão rir. Ou entristecer.

 

II - Os poemas, da iniciativa de professoras da Escola Ibne Mucama, no “Dia Mundial da Poesia”, em 21/3, já a guerra da Rússia contra a Ucrânia começara, um mês antes e mais um dia:

I

Os Comentários

Precedidos da imagem da mesa, com Putin e Guterres sentados – no facebook de Luís Soares de Oliveira:

De Luis Soares de Oliveira:

« Guterres prepara-se para uma sesta no Kremlin.»

De Miguel Alçada Baptista

18 h·

«Duas conclusões:

- As grandes mesas, quase fálicas, são mesmo um fetiche para Putin.

- Guterres deveria ter mais cuidado com a linguagem corporal, e não se deixar esparramar na cadeira, A sua imagem é tudo, menos de uma pessoa assertiva.»

 

II

Os Poemas

Foi no domingo passado, no café do costume, que a Paula me entregou dois cartõezinhos coloridos e de formato vário, contendo dois poemas, que lhe sobraram da distribuição que fizeram, na sua escola, entre os muitos – alguns musicados – de que se encarregaram em projecto próprio desse “Dia Mundial da Poesia”.

Gostei dos poemas e resolvi acrescentar a referência à anedota anterior, para sentir a alegria de que nem tudo está perdido, enquanto houver bons projectos nas escolas, que elevem competências, ajudando à formação dos alunos.

Foram poemas – alguns musicados – sobre a viagem e a emigração, de que se encarregaram a Rosa e a Paula, nos seus temas: da viagem e da emigração.

Mandou-me posteriormente a Paula a seguinte lista de poemas:

Navio que Partes.docx
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Andorinhas.docx
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Canção Do Mar.docx
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Este parte.docx
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Para Os Braços Da Minha Mãe.docx
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Pedra Filosofal.docx
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PESCADOR DA BARCA BELA.docx
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Poema da malta das naus.docx
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Postal de correios.docx
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Traz outro amigo também.docx
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trova do emigrante.docx
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Viagem, Miguel Torga.docx
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E transcrevo estes dos cartõezinhos que me entregou a Paula, explícitos nas suas mensagens, quer de apelo formativo, em definição subjectiva de sensibilidade e de racionalidade – o de Carlos Carranca – quer de expressão dolorida sobre um desastre social de inúmeras tonalidades – o de Rosalía de Castro, cantado por Adriano Correia de Oliveira.

O Poema de Carlos Carranca:

HOMEM:

Ganha o que és

despe o sofrimento

de te veres outro

 

ganha o que és

despe-te do espírito do pouco.

 

ganha-te.

 

de barro são os pés

do outro.

O poema de Rosalía de Castro:

CANTAR de EMIGRAÇÃO

Adriano Correia de Oliveira

Este parte, aquele parte

e todos, todos se vão

Galiza ficas sem homens

que possam cortar teu pão

Tens em troca

órfãos e órfãs

tens campos de solidão

tens mães que não têm filhos

filhos que não têm pai

Coração

que tens e sofre

longas ausências mortais

viúvas de vivos mortos

que ninguém consolará.

Composição: Rosalía de Castro


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