Imagens. Poemas. E a música da Ana
a acompanhar, como pano de fundo.
Aquelas, do derrotismo nacional. Estes,
da criatividade nacional. A música da Ana Margarida, que encontrei no seu face-book, e aqui refiro,
“música sem palavras” de bela amplitude vocal que retomo, com encanto.
I -- A imagem, retirada das televisões: Uma longa
mesa oblonga e pesada, dois homens sentados na distância das extremidades
longitudinais, um, direito e garboso do princípio ao fim, raposa matreira, de
à-vontade desdenhoso e cínico contra o “lobo” lorpa (não crédulo, contudo, este,
sabendo de antemão – e o mundo com ele - que se expunha a uma missão puramente
ridícula e condenada ao fracasso), a seriedade dos seus conceitos apenas
servindo para a troça geral, que o fotografou quando já enovelado, ele que
começara erecto como o outro, mas que acabara assim, ridiculamente enovelado,
como a querer furtar-se ao papel de pura chachada que fora obrigado a
desempenhar.
Imagem colocada no facebook de Luís Soares de Oliveira, com os
comentários trocistas, certeiros, é certo, que farão rir. Ou entristecer.
II - Os poemas, da iniciativa de
professoras da Escola Ibne Mucama, no “Dia Mundial da Poesia”, em 21/3, já a
guerra da Rússia contra a Ucrânia começara, um mês antes e mais um dia:
I
Os Comentários
Precedidos da imagem da mesa, com Putin e Guterres sentados – no
facebook de Luís Soares de Oliveira:
« Guterres
prepara-se para uma sesta no Kremlin.»
18 h·
«Duas
conclusões:
- As grandes
mesas, quase fálicas, são mesmo um fetiche para Putin.
- Guterres
deveria ter mais cuidado com a linguagem corporal, e não se deixar esparramar
na cadeira, A sua imagem é tudo, menos de uma pessoa assertiva.»
II
Os Poemas
Foi no domingo passado, no café do
costume, que a Paula me entregou dois cartõezinhos coloridos e de formato
vário, contendo dois poemas, que lhe sobraram da distribuição que fizeram, na
sua escola, entre os muitos – alguns musicados – de que se encarregaram em
projecto próprio desse “Dia Mundial da Poesia”.
Gostei dos poemas e resolvi acrescentar
a referência à anedota anterior, para sentir a alegria de que nem tudo está
perdido, enquanto houver bons projectos nas escolas, que elevem competências,
ajudando à formação dos alunos.
|
E transcrevo estes dos cartõezinhos que
me entregou a Paula, explícitos nas suas mensagens, quer de apelo formativo, em
definição subjectiva de sensibilidade e de racionalidade – o de Carlos Carranca – quer de expressão dolorida sobre um
desastre social de inúmeras tonalidades – o de Rosalía de Castro, cantado por Adriano Correia de Oliveira.
O Poema de Carlos Carranca:
HOMEM:
Ganha o que és
despe o sofrimento
de te veres outro
ganha o que és
despe-te do espírito do pouco.
ganha-te.
de barro são os pés
do outro.
O poema de Rosalía de Castro:
CANTAR de
EMIGRAÇÃO
Adriano
Correia de Oliveira
Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão
Tens em troca
órfãos e órfãs
tens campos de solidão
tens mães que não têm filhos
filhos que não têm pai
Coração
que tens e sofre
longas ausências mortais
viúvas de vivos mortos
que ninguém consolará.
Composição: Rosalía de Castro
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