Desde sempre. Leio o texto que me foi
enviado por email, de Luís Osório,
sobre Cavaco Silva. Um texto que, uma vez mais, comprova a nossa mesquinhez
desdenhosa de povo invejoso - que alardeia simpatia segundo a conveniência de
momento, (geralmente assente em subserviência para com o estrangeiro ou a
personalidade nacional em moda), ou rancor ou desdém, tantas vezes assentes em
diferente ideologia política que obscurece corações e mentes. Procuro na
Internet, e o texto sobre Cavaco
Silva apresenta-o como um homem de estudo, de valor e de trabalho, que
mereceu condecorações internas e outras muitas exteriores à nação. Cavaco
Silva foi
homem discreto, amante do seu país e jamais esquecerei quanto fomos
beneficiados substancialmente, com a sua permanência como PM, nos vencimentos,
graças, certamente, à entrada na CEE, além de inúmeras realizações de fomento
estrutural de que trata a Internet - que transcreverei - parcialmente, em
nota final.
Mas desde sempre, Cavaco Silva mereceu amor e desdém, embora este seja
mais acentuado hoje, com a consciência da impostura governativa em que temos
vivido, num contexto ideológico perverso, que torna cada vez mais amorfo um
povo parasitário tantas vezes subsídio-dependente, e que à conta disso, vota no
ministro que lhe fornece o subsídio, chamariz da sua eleição.
Cavaco
Silva envelheceu, mas as suas atitudes altivas de patriota
fora dos contextos de hoje, atraem sobre si o discurso irado de mais um
opositor, que lhe não desculpa a integridade, aparentemente – subservientemente
– ofuscado pelos dislates da bonacheirice balofa de Mário Soares, o “ex-salvador da democracia” por cá,
irrequieto passeante no dorso de tartaruga distante, além da laracha ou
definição monocórdica, de cariz naturalmente mesquinho e balofo.
Transcrevo um texto que sobre CS escrevi em tempos, e com esse, manifesto o meu desprezo
por quem julga manchar a reputação de um patriota autêntico, com o seu
titulozinho enxovalhante, que só enxovalha o próprio Luís Osório, provavelmente por não saber a que pátria
pertence, ou, sequer, o que significa essa palavra pátria.
«FIGURAS DE PAPELÃO»
«Três
protagonistas. Uma entrevista pouco cívica. Um cenário macabro, de figuras de
cartão envolvendo-os circularmente, símbolos hílares e grotescos de sardónicas
intenções desfeiteadoras.
Um
gigante enfrentando dois anões: bem-falantes, escudados nos seus textos, o
rosto severo tentando afanosamente denunciar as irregularidades de um
comportamento aparentemente ambíguo. Truque de uma sagacidade antiga, bem
presente nas velhas fábulas clássicas, o leão escouceado à beira da morte pelo
próprio burro, o leão impotente ante o mosquito astuto, a rã inchando a
rivalizar com o boi…
Um
gigante. Defendendo-se sem impaciência das críticas perversas e estouvadas,
imagem de segurança e honestidade, cônscio do seu papel de vários anos de um
trabalho empenhado, de irrefutável intenção patriótica: erguer o país do
atoleiro, criar estruturas para uma continuidade possível, fazer obra
necessária, embora sempre atropelado pelos defensores das ideologias fáceis,
quando manipuladas na sombra de oposições palreiras e velhacamente destrutivas.
Um
gigante. Num país de muitos anões, protagonizados no cerco das figuras de
cartão de um cenário agressivo, enxovalhante e lorpa e nos entrevistadores soturnos,
de ataque pouco educado e ingrato, as reais qualidades do entrevistado
preferindo sobrepor o sensacionalismo das acusações ligeiras, em propósito
exibicionista de pseudo-agudeza crítica.
Sem
efeito, contudo.
Porque
breve se impunha o magnetismo do gigante, na sua personalidade sóbria,
consciente do seu valor e do trabalho feito.
Um
gigante: Cavaco Silva.» (“ANUÁRIO”, “Memórias Soltas”,
1998, Editorial Minerva, p. 175)
Postal do Dia, com Luís Osório
A única pátria de Cavaco é ele próprio
Por Luís Osório
11 Abril, 2022
1.Aníbal Cavaco Silva nunca nos desilude.
Quando ressuscita do seu estudado silêncio,
oferece-nos sempre razões para que dele não nos possamos esquecer. Hoje, no
jornal Público, em duas páginas que destilavam azedume e ressentimento, o ex-primeiro-ministro
e ex-Presidente da República debruçou-se sobre o Programa de Governo e tratou
de ajustar contas com António Costa.
2.Pensei com alguma ingenuidade que Cavaco escreveria
acerca dos efeitos da guerra na economia e no sistema financeiro. Ou na possibilidade de um
conflito nuclear que nos tem mergulhado na instabilidade e num medo que é colectivo. Ou sobre a reconfiguração da
Europa por causa de Putin ou de uma possível vitória de Marine Le Pen nas
presidenciais em França. Ou sobre o modo como a pandemia alterou alguns dos paradigmas do mundo. Ou até sobre a política
portuguesa de um ponto de vista mais estrutural. É afinal o que se espera de um
estadista.
3. Mas não. Cavaco Silva escreveu sobre o seu tema preferido. Ele próprio. Só ele interessa em todas as
equações. Quando fala sobre a falta de coragem de António Costa,
o que deseja relevar é a sua enorme coragem.
Quando fala da ausência de crescimento económico dos
governos socialistas, o que deseja relevar são os números do tempo em que foi,
em circunstâncias muito diferentes, primeiro-ministro. Quando acusa o governo
de ser retórico e mentiroso, o que releva é que ele próprio nunca foi mentiroso
ou retórico. (e sobre isso alguma coisa haveria a dizer)
4. Cavaco Silva é o que sempre foi. A sua única Pátria é
ele próprio. Por isso, tratava os seus ministros como ajudantes. Por isso, tirou o tapete a
homens como Fernando Nogueira, seu braço-direito a quem abandonou à sua sorte
por ser isso que lhe dava jeito. Por isso, recusou dar em vida uma pensão a Salgueiro
Maia. Pensão que aliás preferiu oferecer a dois ex-inspetores da PIDE. Por isso, fez silêncio no dia
em que José Saramago morreu. Ele era Presidente da República e Saramago o nosso
único Nobel vivo. Por isso, continua a não dar opinião sobre o Chega, o que não deixa de ser
curioso.
5. Mas talvez esteja a ser demasiado duro para ele. Afinal, Cavaco é um homem
ressentido. E um homem assim não consegue deixar de ser vingativo ou apagar o desprezo
por todos os que não o tratam com o respeito das grandes figuras da história. Infelizmente para ele nem no
PSD é a maior figura. Não deve ser nada fácil gerir a circunstância de Sá Carneiro continuar a
ser a referência para a generalidade dos militantes. Mais de vinte anos no poder não
lhe chegaram, o que não admira. É que na árvore plantada por Cavaco não cresce mais
nada.
ALGUMAS NOTAS DA INTERNET:
ANÍBAL
CAVACO SILVA
«Nas
eleições de julho de 1987 os portugueses atribuem a primeira maioria
absoluta a uma força política não coligada (com 50,2% dos votos para
o PSD), que se havia de
repetir nas eleições legislativas
de 1991. Dessas vitórias resultaram, respectivamente, a constituição dos XI e
XII
Governos Constitucionais, apostados
em transformar a economia de base socialista, edificada com o processo
revolucionário subsequente ao 25 de abril de 1974,
numa economia social de mercado, aproximando-a dos outros países europeus. Para isso foi determinante o facto de em 1989 o PSD, com o apoio do PS, levar a cabo uma revisão
constitucional que pôs fim ao princípio constitucional da irreversibilidade das
nacionalizações, iniciando aí um longo processo de devolução da economia à
iniciativa privada. O país conheceu um crescimento económico apreciável,
acima da média europeia, o que fez subir a popularidade de Cavaco Silva.
Paralelamente
foi feita uma reforma
fiscal, que introduziu
o IRS
e o IRC, reformaram-se as leis laborais e
agrárias e liberalizou-se a comunicação social, de que
resultou a abertura da televisão à iniciativa privada e, consequentemente, numa
maior liberdade e independência da informação.
Cavaco Silva é recebido por Ronald
Reagan, na qualidade de primeiro-ministro português, em 1988.
Graças
aos fundos comunitários, os
governos concretizam
diversos investimentos públicos, com vista a melhorar a coesão territorial do
país, muitos deles já visados em governos anteriores ou mesmo desde o Estado Novo. Assim, retomou-se a construção da A1, que até então ligava apenas Lisboa a Vila Franca de Xira; introduziu-se o caminho de ferro na Ponte
25 de Abril; lançou-se
a construção da Barragem de Alqueva, a introdução
do gás
natural e a projecção do novo Aeroporto da Madeira. Construíram-se 420 novas escolas e 120 novas escolas profissionais. Na Grande
Lisboa, destacam-se o lançamento
da construção da Ponte Vasco da Gama, a renovação
urbana em Lisboa Oriental e a organização da Expo'98, o prolongamento
de diversas linhas e abertura de novas estações do Metro e
a edificação do parque tecnológico TagusPark,
próximo de Oeiras.
Também se reabilitou
boa parte do património cultural
público, nomeadamente o Museu Nacional de Arte Antiga,
o Museu do Chiado
e o Teatro Nacional de São João, no Porto. Foi construído o Centro Cultural de Belém e o novo
Arquivo Nacional da Torre do Tombo,
na Cidade Universitária.
No
que diz respeito aos caminhos-de-ferro, em 1988, é aprovado o Plano de Modernização dos Caminhos de
Ferro 1988–94, que aposta quase que exclusivamente nos sistemas
ferroviários das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e também
nos principais eixos de longo curso, sobretudo no eixo Braga–Faro. É inaugurada a nova
travessia ferroviária do Douro pela
Ponte de São João e aprovado em Conselho de Ministros o atravessamento ferroviário na ponte 25 de Abril. Ao mesmo tempo, cerca de
770 km de via-férrea foram definitivamente encerrados. Foram suspensos
em 1988 os serviços ferroviários na Linha
do Sabor, na Linha do Vouga, entre Santa Comba Dão e Viseu e no troço da Linha
do Douro, entre
Pocinho e Barca
d'Alva. Em 1989, foi suspenso o tráfego na Linha do Sabor, Linha
do Dão e troço Guimarães–Fafe, ramal do Montijo, ramal de Montemor
e troço Pocinho–Barca d'Alva na Linha do Douro.
A
permitir estas reformas estavam as condições estabelecidas no Acto Único Europeu de 1986, ano
da adesão de Portugal
à CEE. Em 1992,
Portugal assume pela primeira vez a presidência do Conselho de Ministros da
CEE, o que levou Cavaco Silva a abrir a cerimónia de assinatura do Tratado de Maastricht, fundador da União
Europeia. Foi
também sob a sua liderança, que Portugal esteve no centro da criação da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa(CPLP), e que foi decidida a realização anual das cimeiras
luso-brasileiras.
Coincidindo
com o abrandamento da actividade económica, os últimos anos doXII Governo,
ficaram também marcados pela contestação social às reformas do «cavaquismo». Cavaco
Silva responderia com esta frase, que se tornou célebre, «Deixem-me
trabalhar!», e classificava a oposição como «forças de
bloqueio». De acordo com
o então Primeiro-Ministro, aqueles que se opunham às suas políticas faziam
parte dessas forças. Entre os bloqueadores foram incluídos o Presidente Mário Soares, que com as suas Presidências
Abertas dava eco à contestação
social que se fazia sentir no país, e António de Sousa
Franco, então presidente do Tribunal
de Contas, que
várias vezes reprovou as contas enviadas pelo governo.
Após
dez anos como primeiro-ministro, Aníbal Cavaco Silva colocou-se de fora das
eleições legislativas desse mesmo ano, e afastou-se da liderança do PSD, entretanto assumida por Fernando
Nogueira. A derrota do PSD nas eleições de 1995, ganhas
pelo Partido Socialista de António Guterres,
levaram-no a anunciar uma candidatura à presidência da
República. Personificando uma alternativa não socialista,
defronta-se com Jorge Sampaio,
e sai derrotado (com 46,09%, contra 53,91% dos votos). Nesse ano, a 29 de
Novembro, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo. Nos anos
seguintes, volta ao Banco de Portugal e à docência universitária.
Mantém, todavia, uma marcante participação política, nomeadamente através de
intervenções em colóquios e artigos na imprensa escrita, um dos quais, com o
título "O Monstro", criticava severamente as contas públicas e o
orçamento do estado para o ano 2000 apresentado pelo governo socialista.
No dia 20
de Outubro de 2005, numa declaração
pública no Centro Cultural de Belém,
apresentou-se oficialmente como candidato
à Presidência da República. Já haviam sido publicadas várias sondagens de opinião
que apontavam Cavaco Silva em primeiro lugar. Contra Jerónimo de Sousa, Mário
Soares, Francisco Louçã, Garcia
Pereira e Manuel Alegre, conseguiu a eleição à primeira volta (com 50% dos votos), marcando
pela primeira vez, na democracia portuguesa, a eleição de um presidente oriundo
do centro-direita. A 9 de Março de
2006 toma posse como 18.º presidente da República Portuguesa.
Tomou
posse, jurando a Constituição, na Assembleia da República, em 9 de
Março de 2006, numa cerimónia a que assistiram os ex-Presidentes Ramalho
Eanes e Mário Soares, os Príncipes
das Astúrias, o antigo Presidente dos Estados
Unidos, George Bush, o Presidente de Timor-Leste, Xanana
Gusmão, entre outras personalidades nacionais e estrangeiras. De salientar
que regista para Portugal um facto inédito, de ser o
primeiro Presidente da República, desde 1986, fora da área da esquerda
socialista.
“Eu não me
resigno”
—
Lisboa, 20 de Outubro de 2005, ao apresentar a sua candidatura a presidente da
República
O
seu primeiro acto oficial foi agraciar o seu antecessor na Presidência da
República, Jorge Sampaio, com o grande colar da Ordem da Liberdade.
Lançou
de forma rápida e extremamente louvada por diversos líderes internacionais, um ambicioso
website da Presidência da República onde
é possível acompanhar de perto todos os passos do Presidente, a sua agenda, bem
como as deslocações oficiais ao estrangeiro, onde constantemente dá conta dos
sucessos obtidos. Durante esse período, o PS de José Sócrates iniciou uma
cooperação estratégica com o governo dele. Durante seu governo, a desigualdade
social tem aumentado.
Em
23 de Janeiro de 2011 é reeleito, à primeira volta, para um
segundo mandato, com uma percentagem de votos de 52,9%. Indigitou ministros que mais tarde se envolveram em
escândalos, como Joaquim Pais Jorge, secretário do tesouro que terá vendido activos
tóxicos ao governo.
Fica para a história como o Presidente da
República que mais leis promulgou no sentido da igualdade das pessoas LGBT,
designadamente permitindo a pessoas do mesmo sexo o acesso ao Casamento e, já
no fim do seu último mandato, pondo termo à discriminação de casais do
mesmo sexo na candidatura à adopção.
Em
9 de março de 2016 deixa a Presidência da República, com a mais baixa
popularidade já registrada para um ocupante do cargo.[15]==
Prémios e publicações ==Entre os prémios que recebeu, salienta-se a distinção,
feita na Alemanha,
com o Prémio Carl Bertelsmann, atribuído pela Fundação Bertelsmann (em 1995),
com base no sucesso das políticas de luta contra o desemprego. Recebeu o prémio
Joseph Bech (1991), no Luxemburgo, e a medalha Robert Schuman (1998), pela sua
contribuição para a construção europeia, e o Freedom Prize (1995), na Suíça, concedido
pela Fundação Schmidheiny, pela sua acção como político e economista. Em 2009
foi distinguido, em Nápoles, com o Prémio Mediterrâneo Instituições (2009),
atribuído pela Fundação Mediterrâneo.
Entre
os livros que tem publicados referem-se os títulos académicos O Mercado
Financeiro Português em 1966 (1968), Política Orçamental e
Estabilização Económica (1976), Economic Effects of Public
Debt (1977), Finanças Públicas e Política Macroeconómica, com João César das Neves (1992), Portugal e a
Moeda Única, prefaciado por Jacques
Delors (1997), União Monetária Europeia: funcionamento e
implicações (1999), e os de índole política, A Política Económica do
Governo de Sá Carneiro (1982), As Reformas da Década (1995), Autobiografia
Política I (2002) e Autobiografia Política II (2004) e Crónicas de Uma Crise
Anunciada (2002).
As
intervenções mais importantes produzidas como primeiro-ministro encontram-se
reunidas nos livros Cumprir a
Esperança (1987), Construir a Modernidade (1989), Ganhar o Futuro (1991), Afirmar
Portugal no Mundo (1993) e Manter o Rumo (1995). As intervenções mais
importantes como presidente da República encontram-se reunidas nos livros
Roteiro para a Inclusão — 2006, Roteiros I — 2006/2007; Roteiros II —
2007/2008 e Roteiros III — 2008/2009.
Cavaco
Silva é Doutor Honoris Causa pelas
universidades de York (Reino
Unido), Corunha (Espanha), Goa (Índia), Leão
(Espanha) e Heriot-Watt (Escócia), membro da
Real Academia de Ciências Morais e Políticas de Espanha, do Clube de
Madrid e da Global Leadership Foundation.
Em julho de 2017, foi galardoado com a Medalha
de Ouro da Galiza pela Junta
da Galiza em Espanha.
Fica, ainda, para a história como o
Presidente com a mais baixa popularidade de sempre.
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