Três tristes trechos

 De uma pertinência que traduz o espanto pela dimensão de um crime a exigir retaliação urgente, na perspectiva das pessoas de bem e de coragem que os subscrevem, mas que muitos outros condenam, em comentários reveladores de descalabro moral, ainda que sob a capa de uma indulgência assente em expressiva virtude - de cariz revanchista afinal, quando não apenas exibicionista – também paradigma das filosofias inspiradoras da Revolução Francesa, de consequências, estas, igualmente sombrias, comprovativas de um eterno “o tempora, o mores” cada vez mais tenebrosos, à escala global.

I – De HENRIQUE SALLES DA FONSECA
DA POLÍTICA, HOJE - 2

A BEM DA NAÇÃO, 10.04.22

Todos os argumentos históricos que poderiam ter assistido a Putin em relação à Ucrânia, ruíram ao som dos estrondos provocados pelas bombas lançadas sobre civis, nomeadamente sobre creches, escolas, hospitais e prédios de habitação.

A Nação Russa tem que agradecer a Putin este «lindo serviço» de transformação de alguns créditos em pesadíssimos débitos que, estes sim, serão o novo timbre histórico russo. Só um povo apavorado não reage contra tão grave prejuízo que um tirano lhe causa e só maciças lavagens cerebrais justificam tal tipo de acções por militares que se comportam como bandidos.

Curiosamente, Wilhelm Joachim von Ribbentrop faria anos hoje, 10 de Abril (nasceu em 1883) mas a longevidade parou-o em Outubro de 1946 quando uma forca o encontrou em Nuremberga.

Bem sei que a História não se repete necessariamente mas a lógica aristotélica sugere que causas semelhantes provocam efeitos parecidos. Eis por que daqui sugiro a Sergei Labrov que vá tomando cautelas e caldos de galinha. E se, em desespero, o seu patrão e amigo carregar no botão da morte geral, nem o coro do Bolshoi terá ocasião para abrir vagas para os naipes de barítonos ou de baixos.

Talvez se aproxime a hora de Königsberg retornar ao que hoje mais semelhante existe com a Liga Hanseática, a União Europeia.

Aqui, no terminal ferroviário oposto ao de Vladivostok, temos um ditado que diz «quem tudo quer, tudo perde».

E, como tudo pode a qualquer momento mudar por completo, este texto vai datado.

Enquanto houver datas, 10 de Abril de 2022

II – COMENTÁRIO de ADRIANO MIRANDA LIMA

 Adriano Miranda Lima  10.04.2022  20:17: Por estranho e incompreensível que pareça, circulam por aí algumas narrativas que diferem da análise aqui vertida. Com o pensamento expresso pelo Dr. Salles da Fonseca estão em concordância todos os seres humanos de consciência livre e esclarecida e com o coração no lugar. E que felizmente constituem a maioria esmagadora dos habitantes deste planeta. Quanto aos outros, uma escassa minoria, ou são seres que estão fora do tempo e da história, ou são mentes pervertidas, ou não passam de meros exibicionistas de uma suposta clarividência que só os próprios lobrigam. Melhor seria que se transferissem para o Kremlin, onde poderão beneficiar das delícias do regime que ali vigora, visto que, segundo parece, cansaram-se da democracia, da liberdade e do respeito pela vida humana.

III - De LUIS SOARES DE OLIVEIRA (Facebook)

9 h

O filósofo Jean Jacques ROUSSEAU (1712-1778) adorava passear no campo, nas margens do lago Chamonix, para poder pensar e aqui concluiu que: «As instituições educativas tradicionais corrompem o homem e tiram-lhe a liberdade. Para a criação de um novo homem e de uma nova sociedade, seria preciso educar a criança de acordo com a natureza, desenvolvendo progressivamente seus sentidos e a sua razão com vistas à liberdade e à capacidade de julgar.» Os russos nunca entenderam isto.

FOTO: O lago de Chamonix

 

Mais comentários ao primeiro texto:

Anónimo 09.04.2022 22:38: Concordo a 💯 %. Às vezes sinto que nem todos os que se dizem democratas o praticam! Lúcia Morgadinho

Antonio Fonseca 10.04.2022 22:11: Caracteristicamente estimulante, Doutor Henrique. Quando cheguei ao fim e li a forma engenhosa como o texto é datado "No extremo ferroviário oposto a Vladivostok..." pus me a cismar: será que a antípoda geográfica explica a antípoda dos sistemas políticos? Que os eruditos se pronunciem. Obrigado.