quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Afirmativo

 

Lorosae passou à história, não será mais do que recordação poética aplicável em contextos ternurentos que terão a ver com o “sentido da vida” que lhe quisermos imprimir, no actual amarfanhamento da alma, face a uma atitude sistematicamente provocatória, dos russos mas igualmente dos ucranianos em defesa própria, ou dos americanos em desconcertantes passeatas pelos mares da China, que não há pássaros de maior ou menor envergadura para obviar a essa provocação de graves consequências sobre o mundo. Entretanto, surge a notícia seguinte:

«O director da Agência Internacional de Energia Atómica avisou que a central nuclear de «Zaporijia “está completamente fora de controlo". Grossi quer estabilizar a situação e evitar um acidente nuclear.»

Mas tenha os defeitos que tiver, Zelensky em nada desmerece, quanto a mim, aqueles heróis ilíacos, com a desvantagem de não ser protegido dos deuses, rodeado que está de inimigos próprios e alheios e provavelmente possuir um calcanhar vulnerável idêntico ao do heróico Aquiles.

Mas respondo à primeira questão posta pelo Dr. Salles: Acho que sim, que um estado corrupto pode ganhar a guerra, os nobres heróis é que são mortos.

DO MEU «LOROSAE» - 1

 HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO 03.08.22

«Lorosae» significa «Sol nascente» em tétum, língua oficial, a par do português, de Timor-Leste.

Tenho uma janela por onde, no Verão, o Sol nascente entra a rodos – o meu «Lorosae».

Sempre tive o Sol nascente como a glorificação da vida e o Sol poente como a finura do infinito, a vida eterna. Tive pena que Timor deixasse de ser Lorosae e passasse a Leste, a triste memória europeia. Fica a minha janela tanto pela bela fonética - «Lorosae» - como também pelo sentido da vida.

As rolas turcas são as primeiras a acordar; seguem-se os melros a correr pela relva a debicar o que eles lá sabem; a pardalada é serôdia. Mas já lá vem o Sôr Zé Fernandes a abrir a rega temporizada e, «Bom dia» para lá e para cá, é ver a passarada a deixar-se salpicar antes de abalar para fora da minha vista.

E, por serem turcas, as rolas trouxeram-me à ideia a questão da legitimidade da nossa decisão ocidental de termos nomeado os ucranianos carne para os nossos canhões. E, para além da legitimidade, pergunto-me se podemos confiar em quem desconfia de si próprio. Dessa desconfiança fazem prova as purgas que Zelensky vem fazendo em toda a hierarquia do Estado Ucraniano. Aquela é uma Nação fracturada por sentimentos de pertença incompatíveis e por conceitos tão diversos de pragmatismo como a rejeição ou convivência com a corrupção. Quem espia quem? Será que o ladrão é o polícia ou é o contrário?

Poderemos confiar numa sociedade destroçada?

Zelensky foi eleito com base numa vigorosa campanha contra a corrupção. Os inimigos de Zelensky são três; os russos, os ucranianos russófilos e os gatunos quer estes sejam polícias ou ladrões.

Duas questões que deixo em aberto:

- Conseguirá um Estado apodrecido ganhar uma guerra?

- A que dist­ância do alvo estava a base de descolagem do drone que há dias matou o chefe da Al Kaeda que se julgava escondido algures no Afeganistão?

Nota de rodapé – Seria um erro estrondoso tentar acabar com Putin.

3 de Agosto de 2022        Henrique Salles da Fonseca

Tags: avulsos

COMENTÁRIOS:

 Anónimo  06.08.2022  19:57: Não sei se mais navios com cereais irão sair. Os fertilizantes não são exportados e fazem falta nos países importadores. E desconfio que há ucranianos a sacrificar os irmãos para ampliar a agressão soviética. Isto vai mal, e a Tia Yankee resolve fazer turismo onde não devia e suscita a ira dos chinocas. Não estamos mal?

francisco amorim  06.08.2022  22:27: Que os americanos - norte-americanos - são os mais estúpidos em diplomacia internacional, não é novidade para ninguém. É histórico. Houve um só, e assim mesmo fez muito borrada que foi Benjamin Franklin. No nosso tempo só se tem assistido a desastres, ganância e destruição do ambiente, e à deslavada mentira do "todos serem iguais perante a lei"! São mestres em arrancar dinheiro de qualquer lado, depois de terem tirado toda a terra aos nativos. Enfim...

«Lorosae» significa «Sol nascente» em tétum, língua oficial, a par do português, de Timor-Leste.

Tenho uma janela por onde, no Verão, o Sol nascente entra a rodos – o meu «Lorosae».

Sempre tive o Sol nascente como a glorificação da vida e o Sol poente como a finura do infinito, a vida eterna. Tive pena que Timor deixasse de ser Lorosae e passasse a Leste, a triste memória europeia. Fica a minha janela tanto pela bela fonética - «Lorosae» - como também pelo sentido da vida.

As rolas turcas são as primeiras a acordar; seguem-se os melros a correr pela relva a debicar o que eles lá sabem; a pardalada é serôdia. Mas já lá vem o Sôr Zé Fernandes a abrir a rega temporizada e, «Bom dia» para lá e para cá, é ver a passarada a deixar-se salpicar antes de abalar para fora da minha vista.

E, por serem turcas, as rolas trouxeram-me à ideia a questão da legitimidade da nossa decisão ocidental de termos nomeado os ucranianos carne para os nossos canhões. E, para além da legitimidade, pergunto-me se podemos confiar em quem desconfia de si próprio. Dessa desconfiança fazem prova as purgas que Zelensky vem fazendo em toda a hierarquia do Estado Ucraniano. Aquela é uma Nação fracturada por sentimentos de pertença incompatíveis e por conceitos tão diversos de pragmatismo como a rejeição ou convivência com a corrupção. Quem espia quem? Será que o ladrão é o polícia ou é o contrário?

Poderemos confiar numa sociedade destroçada?

Zelensky foi eleito com base numa vigorosa campanha contra a corrupção. Os inimigos de Zelensky são três; os russos, os ucranianos russófilos e os gatunos quer estes sejam polícias ou ladrões.

Duas questões que deixo em aberto:

- Conseguirá um Estado apodrecido ganhar uma guerra?

- A que dist­ância do alvo estava a base de descolagem do drone que há dias matou o chefe da Al Kaeda que se julgava escondido algures no Afeganistão?

Nota de rodapé – Seria um erro estrondoso tentar acabar com Putin.

3 de Agosto de 2022

Henrique Salles da Fonseca

Tags: avulsos

 

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