Ouvi as várias versões no You Tube,
espantosas versões, espantosa música, espantosas interpretações, a que se tem
acesso na Internet. Apenas porque o texto do Dr. Salles me fez recordar a paráfrase dessa canção por um actor
cómico do Rádio Clube de Moçambique – José
Bandeira – que a cantava trocando-lhe a letra, o grupo semântico “Bésame” transformado
em “Bateme”, mas não me lembro se o resto da letra era igualmente alterado ou
mesmo traduzido, e só que teve bastante êxito por aqueles meus tempos da
adolescência:
«Bésame bésame
mucho
Como si fuera esta noche
La última vez
Bésame
Bésame mucho
Que tengo miedo a perderte
Perderte después»………..
transformado em
«Bateme
bateme mucho……..»
Já naquela altura se experimentavam -
embora com mais precaução do que hoje - os efeitos corrosivos dos amores, numa
sociedade mais convencional, todavia, a designação de machismo ainda não dando
tanto azo a extrapolações condenatórias, nem “As Cartas portuguesas” das Três
Marias estando ainda na forja - quando José Bandeira arremedava com graça a bela canção: “Bateme bateme mucho…”
Mas não quis pôr como título a
paráfrase, e escrevi nele o título próprio da canção, embora aquela se aplique
melhor ao fenómeno social que o Dr.
Salles bem descreve, sobre os seguidores dessas doutrinas contraditórias, -
as quais, pretendendo, aparentemente, estabelecer um equilíbrio social que bem
sabemos ser falso, mais não têm demonstrado que uma completa perversão, de que
a guerra, por enquanto na Ucrânia, é retrato. E ainda assim, a Rússia do Putin,
ou o Putin da Rússia, encontram por cá excelentes acólitos das suas doutrinas,
que protestam mais ou menos segundo os termos da paráfrase de José Bandeira: “Pois quanto mais tu me bates mais gosto de
ti” – ou “dela”, se entendermos que quem bate é o crítico S.F, os filiados no partido não vendo como
“pancadas” os traços de monstruosidade humana a que o mundo inteiro está a assistir.
HENRIQUE
SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 20.08.22
Bom
dia, Mundo Livre!
Lembremo-nos
de que parte substancial da Humanidade não tem a nossa sorte e lastimemos a
«sorte» que a esses desgraçados tem cabido.
Fiquemo-nos
pela Rússia mas lembremo-nos de que o modelo se tem aplicado mais além…O modelo
é o que serve os interesses da «grande mãe russa» e sua autoproclamada vocação
de «proteção dos povos vizinhos, tosco eufemismo de imperialismo.
O
imperialismo monárquico russo levou à criação do país mais vasto do mundo e o
imperialismo soviético – munido dos dogmas algo falaciosos do marxismo e das
práticas leninista e stalinista – ainda expandiu essa já enorme área de
influência.
O desmoronamento do império soviético
deveu-se fundamentalmente ao facto de as suas bases dogmáticas se terem
revelado falaciosas.
E o primeiro dogma a revelar-se
absurdo foi o da substituição do humanismo e da liberdade da decisão individual
pelo colectivismo na edificação do utópico comunismo. Os hinos à criação do «homem novo» escondem apenas o
avolumar da frustração que exigiu a construção da «Cortina de Ferro». E quando
esta enferrujou, e êxodo foi de lá para cá e não de cá para lá. Tudo, como era
sobejamente previsível e só os propagandistas russófilos sovietizados não
admitiam em público.
Quando os quadros políticos do país são o resultado duma formação no
seio duma instituição policial de vocação política nascida pelas vontades de
ditadores sanguinários e quando a formação universitária em Ciências Sociais,
nomeadamente a Economia e as Ciências Políticas, se limitavam a glosar até à
náusea a doutrina marxista, dá para percebermos o que Putin e seus
camaradas querem para a sua Rússia e, pior ainda, para nós, os do livre
arbítrio.
O
nosso conceito de liberdade é unicitário, superlativo e antagónico com tudo o
que Putin representa e quer. Mas a nossa sacrossanta liberdade enquadra-se num
modelo a que chamamos de democracias liberais e não pode ser usada de
maneiras que ponham em causa a si própria, a liberdade, bem como o pluralismo
humanista.
20 de Agosto de 2022
Henrique Salles da Fonseca
NOTA DE RODAPÉ - Para salvaguarda destes conceitos de liberdade e bem-comum, os
britânicos têm o MI5 e o MI6.
COMENTÁRIOS
francisco amorim 20.08.2022 21: Fica a pergunta: porquê tantos países
- Portugal, Espanha, lula, etc. - estão a fazer tudo para voltar a esse
marxismo-leninista? Ganância de alguns homens? Mas porque há
milhões que seguem?
Rui Bravo Martins 20.08.2022 22:30: Muito interessantes e úteis os Lorosaes já publicados
(7) e merecedores
de relevância os seus comentários que subscrevo. Lamento que não sejam
publicados e meios de comunicação de grande audiência!!
Adriano Miranda Lima 20.08.2022 23:50:
Felizmente,
e para tranquilizar o prezado comentador, Sr. Pacheco Amorim, não há
marxismo-leninismo em Portugal e Espanha e de certeza que não o haverá no
Brasil se Lula vencer as próximas eleições. O governo anterior de Lula nada
teve a ver com o comunismo. Aliás, esse sistema puro e duro não existe
actualmente em lado nenhum, a não ser que queiramos descortinar alguns ténues
vestígios da sua anterior existência em Cuba. Mas o que lá se vê são baixos
índices de desenvolvimento e progresso económico e social, ou seja, pobreza ou
miséria. Na Rússia o comunismo foi completamente expurgado, para dar lugar a
capitalismo perverso. Na Coreia do Norte seria abusivo identificar o
marxismo-leninismo onde o que existe é um regime de pura e feroz ditadura. Na
Venezuela não sei se se pode classificar como comunista o actual regime, não
obstante o voluntarismo confuso e inconsequente do Maduro. Mesmo na China é
difícil definir o que lá existe naquele dualismo entre a ditadura política e o
capitalismo. Por outro lado, não se pode classificar como marxista-leninista
partidos europeus só porque se intitulam de socialistas. Esses partidos o que
aspiram é uma social-democracia, e mesmo assim pouco se aproximam dos seus
objectivos porque a lógica do capitalismo internacional preside à maior parte
das economias nacionais. Contudo, se do marxismo-leninismo estamos livres, pela
sua auto-implosão por insustentabilidade da respectiva doutrina, do que não
estão livres os povos dos países citados é das odiosas ditaduras que suportavam
aqueles regimes e que são, por sua infelicidade, a única realidade que sobrou
das experiências marxistas falhadas. Portanto, as democracias liberais são, por enquanto, a
única garantia para a construção de sociedades livres e prósperas, no respeito
pelos direitos humanos. Está ainda por descobrir melhor alternativa, como
sentenciou Churchill. Assim, o único contraponto às sociedades democráticas são
as perversas ditaduras que por aí pontificam e não regimes marxistas-leninistas
propriamente ditos. O Dr. Salles da Fonseca explica aqui
muito bem as virtudes das democracias liberais e a felicidade que é pertencer
ao mundo livre. As democracias podem não ser perfeitas, até porque a perfeição
é quase uma abstracção, mas quando se frui da liberdade de pensar, de opinar e
de criar, estará sempre aberta a via para aperfeiçoar a democracia. O que não
dá qualquer oportunidade são as ditaduras, e não será por acaso que falhou
estrondosamente o comunismo. Um abraço amigo e de saudação ao Sol que
amanhã nascerá. Adriano Lima
Adriano Miranda
Lima 21.08.2022 15:33: Conforme se deduz desta magnífica reflexão do Dr.
Salles da Fonseca, e que subscrevo por inteiro, a Rússia talvez seja o
verdadeiro grande obstáculo para a instituição de uma nova ordem mundial
baseada na paz e na cooperação económica e que vise, por imperativo ético,
reduzir as graves assimetrias mundiais e combater a poluição ambiental. Um dos
grandes problemas desse país é a sua desmesurada extensão territorial, que
resultou de uma incontrolada ambição expansionista tout court, sem condições
reais para promover a correlação entre a ocupação humana do território e uma
economia sustentada e geradora de equilíbrio, harmonia e coesão do todo
nacional. Sem estes é ilusório o poder de uma
potência, daí que a Rússia, consciente disso, se tenha armado com um enorme
arsenal nuclear que lhe permite ladrar e ameçar porque de antemão sabe que não
consegue morder em igualdade de circunstância com os seus parceiros. Veja-se
que estamos a falar de um país com uma área de 17.100.000 km quadrados e uma
população de 144 milhões de almas, e com um PIB semelhante ao da Itália. E
ainda por cima com o ónus de uma diversidade étnica, cultural e religiosa que
só não é fonte de graves rupturas sociais porque existe um aparelho repressor
que os desarma à nascença, à lei da bala e da bomba. Assim, só uma perfeita e
louca ilusão faz com que o Kremlin pense que o tamanho gigantesco do país basta
para o colocar entre as 3 mais poderosas potências mundiais. A ilusão é
claramente produto de mentes que abdicam da racionalidade e embarcam em visões
deslocadas no tempo e na História. Especulando, pode perguntar-se o que teria sido
da Rússia se a democracia liberal idealizada por Boris Yeltsin tivesse
triunfado, ou, por outras palavras, se o vodka não lhe tivesse abreviado a
existência. A tarefa seria porventura espinhosa, quem sabe originando uma
fragmentação do imenso território de onde poderiam emergir novas repúblicas em
sistema federal, mas colocando a Rússia branca entre as democracias ocidentais,
podendo ou não integrar a UE e até a NATO. Por essa via, o mais certo seria a
Rússia trocar a poderosa indústria de armamento pela produtividade económica e
assim elevar de uma forma sem precedentes o seu PIB e o seu IDH. Nessa
condição, seria um parceiro europeu com verdadeiro poder e com credibilidade
interna e externa para se afirmar como um actor de peso, na UE ou fora dele, na
construção de uma nova e promissora ordem mundial. Mas infelizmente a realidade é outra. Putin
procura parceiros é entre os ditadores, como a Coreia do Norte. E entre as suas
prioridades avulta o fabrico de armas e a sua venda a países do terceiro-mundo.
Não a ajuda económica, como faz a China e os EUA. Uma entrevista dada ao Guardian pelo soldado russo
Pavel Filatyev, de 34 anos, revela bem a dimensão trágica e desumana da guerra
injusta em que, conforme disse, ele e os seus camaradas foram obrigados a participar.
Com o seu corajoso gesto, teve de desertar, deixando a sua aldeia, após ter
sido ferido e evacuado. Terei de ler na íntegra o que The Guardian publicou. Concluo
então que nada de bom virá desta Rússia de Putin e que o mundo livre tem de se
cuidar e preparar para o pior. Um abraço amigo Adriano Lima
29: Fica a
pergunta: porquê tantos países - Portugal, Espanha, lula, etc. - estão a fazer
tudo para voltar a esse marxismo-leninista? Ganância de alguns homens? Mas porque há milhões que seguem?
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