quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Sem surpresa


Hélas!

Portugal no seu pior

Lisboa foi a cidade escolhida em 2019 para acolhimento da Jornada Mundial da Juventude. A um ano do evento, deparamo-nos com uma discussão em praça pública sobre quem paga e quem organiza.

RAQUEL ABECASIZ. Jornalista e ex-candidata independente pelo CDS nas eleições autárquicas e legislativas

OBSERVADOR, 02 ago 2022, 00:177

Este país não deixa de me surpreender. Vivemos a queixar-nos das dificuldades, da falta de oportunidades, de não sermos devidamente reconhecidos e até das nossas difíceis condições geográficas, como argumentos para o fraco desenvolvimento que temos tido ao longo da história.

Como país, a vida tem-nos dado grandes oportunidades que não soubemos aproveitar ou que deitámos, e aparentemente continuamos a deitar, pela janela.

Lisboa foi a cidade escolhida em 2019 para acolhimento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em 2022. A pandemia deu ao país mais um ano para se preparar, já que o evento foi adiado para 2023. Este fim-de-semana, a um ano do evento, deparamo-nos com uma discussão em praça pública sobre quem paga e quem organiza.

Em 2019, o católico Marcelo Rebelo de Sousa e os ateus Fernando Medina e Bernardino Soares souberam perceber a dimensão do que estava em causa e a projecção que a escolha traria para o país e para as cidades organizadoras. Na verdade, a decisão sobre qual a cidade eleita para a realização da JMJ é actualmente uma disputa de dimensão planetária, tão renhida como no caso dos grandes eventos desportivos.

Lisboa conseguiu ser a escolhida. Ainda nos lembramos todos daquele célebre vídeo de Marcelo Rebelo de Sousa: “Lisboa, Portugal, conseguimos…”. Era uma manifestação presidencial de satisfação, quando no Panamá foi confirmado pela voz do próprio Papa que a próxima edição da Jornada Mundial de Juventude seria em Lisboa.

Fiquei pasmada quando li na imprensa que agora, a um ano do evento, tudo está por fazer e há um braço de ferro entre a Câmara de Lisboa e o Governo sobre quem paga a JMJ e quem é responsável pelo evento.

Expliquem lá bem o que está a acontecer porque não estou a perceber. Acham mesmo que este é o tempo e o argumento para se porem com discussões que podem e terão impacto lá fora? A um ano do início de um acontecimento que coloca durante uma semana as atenções do mundo inteiro em Portugal e em Lisboa, com a chegada prevista de mais de um milhão de jovens dos quatro cantos do mundo, estamos a arriscar um fiasco ou mudar o cenário para quem o quiser acolher? Eu estou a perceber bem o que se passa ou estarei enganada?

Não interessa se somos católicos ou não. A JMJ é, provavelmente, o maior evento internacional que já ocorreu em Lisboa. Muitíssimo maior e com incomparável impacto internacional se quisermos contrapô-lo, por exemplo, à WebSummit. E os nossos responsáveis políticos estão a discutir trocos na praça pública? É isso?

Madrid, aqui ao lado, acolheu este evento em 2011. Estiveram presentes na capital espanhola mais de dois milhões de jovens. São incontáveis os benefícios que a cidade colheu da organização deste evento. Como sempre, os espanhóis chegaram, viram e venceram. Não fizeram peixeirada na praça pública, organizaram bem e ganharam os louros.

Falo do exemplo espanhol, porque acho há muito tempo que, mais do que criticar e invejar os nossos vizinhos, devíamos aprender com eles. Os espanhóis terão muitos defeitos, mas são patriotas e têm um sentido de defesa do seu território e dos seus como ninguém. A esse propósito, recomendo a leitura do artigo do João Morgado aqui no Observador. Conta-nos como, enquanto por cá dormíamos e desperdiçávamos dinheiro sem utilidade prática, nuestros hermanos encomendaram um filme à Amazon para contar ao mundo que a grande viagem da circunavegação realizada há quinhentos anos foi na verdade levada a cabo pelo navegador espanhol Elcano, apesar dos destemperos do português Fernão de Magalhães. Já tinha visto esta versão da história no pavilhão espanhol da Exposição Mundial no Dubai. Confirma-se agora que enquanto os portugueses dormem, discutem e tratam da sua vidinha, os outros países crescem e valorizam-se, se necessário for, à custa da nossa incompetência.

Tudo isto é triste. Tudo isto é fado. Tudo isto é Portugal no seu pior.

ESTADO   POLÍTICA   EVENTOS   SOCIEDADE

COMENTÁRIOS:

Álvaro dos Santos: Não faço ideia quem organiza. Mas sei quem paga: os impostos dos contribuintes. Pontifex Maximus: A questão que cada vez se colocará no futuro é saber se este país tem futuro ou deverá antes reconhecer os erros históricos de 1143, 1383/1385 e 1640.             Francisco Tavares de Almeida: Tenho esperança que Marcelo ponha a questão nos carris. Quantas selfies não vai proporcionar o encontro! Chamo a atenção para o artigo "Escolas" de Gabriel Mithá Ribeiro" remetido para a terceira ou quarta linha de comentaristas.          Alice No País das Maravilhas: Na verdade o evento inclui a área da câmara de Lisboa e da câmara de Loures! É natural que o governo também deva participar nas despesas, além das duas câmaras municipais! Agora que o Mário Ferreira renuncia aos 40 milhões e vai pagar do seu bolso a viagem ao espaço, esperemos que o tio Costa e o avô Marcelo dêem um valor aos escuteiros para receberem o Papa Francisco, que bem merece!           Carminda Damiao: Muito bem.               José Miranda: E ainda há quem não perceba!

Filipe Afonso: É anticlericalismo, ateísmo, primário. Basta ser um evento religioso da Igreja Católica que os Socialistas ateus não conseguem aceitar ter que pagar um cêntimo. Fanáticos            bento guerra: Peçam óbolos à porta das igrejas; É um acontecimento com marca, não universal              José Miranda > bento guerra: Bentinho, vai pedir ajuda ao D.  Carlos.           Glorioso SLB: Isso. Trarão dinheiro aos hotéis e restaurantes. E darão (alguma) visibilidade à cidade. Mas a q custo e o q é q trarão de futuro?              José Miranda > Glorioso SLB: Também sou benfiquista, mas menos primário. Má propaganda ao Glorioso. Muda de pseudónimo.          Glorioso SLB Glorioso SLB: Esse comentário foi fundamental para a riqueza da discussão.           José Miranda > Glorioso SLB: Não estou a discutir a questão, estou a classificar-te.          Sérgio: Já sabemos a miséria e as figutretas que este penico nauseabundo tem.... Mas explique lá, qual a vantagem e benefício de receber tantos MILHOES de jovens?!?!? para ver se percebo??? Vão criar emprego? Vão investir? Vão limpar florestas e praias?!              José Pedro Correia > Sérgio: A solução é estar de costas viradas ao mundo... global. Tem toda a razão. Lá na Coreia do Norte é que perceberam tudo muito bem...              José Miranda > Sérgio: Sérgio, és um pobre tonto.              João Guedes >Sérgio: Já fez as contas ao  valor dos pastéis de nata que vão ser vendidos? E ao preço dos bilhetes de camioneta para Fatima? E a tudo o resto que possa imaginar? É claro que se as pastelarias de Lisboa não estiverem preparadas para fazer os pastéis de nata, não os irão vender. Se não houver transportes públicos para Fátima, muitos não irão.  Se Lisboa não estiver preparada para receber estes jovens, é evidente que deixará má impressão. Quando, mais tarde, lhes falarem em ir a Lisboa tanto poderão responder "Sim. é uma cidade fantástica!" como "Não, já lá estive e não deixou saudades".                 Pobre Portugal: Esta incompetência tem um rosto: CARLOS MOEDAS. É uma desilusão. É como o Marcelo, só se preocupa em agradar “ao que está a dar” (ciclovias, Vasco Gonçalves, racismo, etc.), para ficar bem visto pela esquerda e pela sua comunicação social, e depois dá nisto. Um populista.            Meio Vazio: Welcome to "Portugall" Rachel.        Fernando CE: Muito bom. Um alerta para os governantes do país e, especialmente , para Marcelo Rebelo de Sousa.               Filipe Afon É anticlericalismo, ateísmo, primário. Basta ser um evento religioso da Igreja Católica que os Socialistas ateus não conseguem aceitar ter que pagar um cêntimo. Fanáticos            José Miranda: E ainda há quem não perceba!          Filipe Afonso: É anticlericalismo, ateísmo, primário. Basta ser um evento religioso da Igreja Católica que os Socialistas ateus não conseguem aceitar ter que pagar um cêntimo. Fanáticos

 

 

 

 

 

 

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