Hélas!
Portugal no seu pior
Lisboa foi a cidade escolhida em 2019 para acolhimento da Jornada
Mundial da Juventude. A um ano do evento, deparamo-nos com uma discussão em
praça pública sobre quem paga e quem organiza.
RAQUEL ABECASIZ. Jornalista e ex-candidata independente
pelo CDS nas eleições autárquicas e legislativas
OBSERVADOR, 02 ago 2022, 00:177
Este país não deixa de me
surpreender. Vivemos a queixar-nos das dificuldades, da falta de oportunidades,
de não sermos devidamente reconhecidos e até das nossas difíceis condições
geográficas, como argumentos para o fraco desenvolvimento que temos tido ao
longo da história.
Como
país, a vida tem-nos dado grandes oportunidades que não soubemos aproveitar ou
que deitámos, e aparentemente continuamos a deitar, pela janela.
Lisboa
foi a cidade escolhida em 2019 para acolhimento da Jornada Mundial da Juventude
(JMJ) em 2022. A pandemia deu ao país mais um ano para se preparar, já que o
evento foi adiado para 2023. Este fim-de-semana, a um ano do evento,
deparamo-nos com uma discussão em praça pública sobre quem paga e quem
organiza.
Em
2019, o católico Marcelo Rebelo de Sousa e os ateus Fernando Medina e
Bernardino Soares souberam perceber a dimensão do que estava em causa e a projecção
que a escolha traria para o país e para as cidades organizadoras. Na verdade, a
decisão sobre qual a cidade eleita para a realização da JMJ é actualmente uma
disputa de dimensão planetária, tão renhida como no caso dos grandes eventos
desportivos.
Lisboa
conseguiu ser a escolhida. Ainda nos lembramos todos daquele célebre vídeo de
Marcelo Rebelo de Sousa: “Lisboa, Portugal, conseguimos…”. Era uma
manifestação presidencial de satisfação, quando no Panamá foi confirmado pela
voz do próprio Papa que a próxima edição da Jornada Mundial de Juventude seria
em Lisboa.
Fiquei
pasmada quando li na imprensa que agora, a um ano do evento, tudo está por
fazer e há um braço de ferro entre a Câmara de Lisboa e o Governo sobre quem
paga a JMJ e quem é responsável pelo evento.
Expliquem lá bem o que está a
acontecer porque não estou a perceber. Acham mesmo que este é o tempo e o
argumento para se porem com discussões que podem e terão impacto lá fora? A um
ano do início de um acontecimento que coloca durante uma semana as atenções do
mundo inteiro em Portugal e em Lisboa, com a chegada prevista de mais de um
milhão de jovens dos quatro cantos do mundo, estamos a arriscar um fiasco ou
mudar o cenário para quem o quiser acolher? Eu estou a perceber bem o que se
passa ou estarei enganada?
Não interessa se somos católicos
ou não. A JMJ é, provavelmente, o maior evento internacional que já ocorreu em
Lisboa. Muitíssimo maior e com incomparável impacto internacional se quisermos
contrapô-lo, por exemplo, à WebSummit. E os nossos responsáveis políticos estão
a discutir trocos na praça pública? É isso?
Madrid,
aqui ao lado, acolheu este evento em 2011. Estiveram presentes na capital
espanhola mais de dois milhões de jovens. São incontáveis os benefícios que a
cidade colheu da organização deste evento. Como sempre, os espanhóis chegaram,
viram e venceram. Não fizeram peixeirada na praça pública, organizaram bem e
ganharam os louros.
Falo
do exemplo espanhol, porque acho há muito tempo que, mais do que criticar e
invejar os nossos vizinhos, devíamos aprender com eles. Os espanhóis terão
muitos defeitos, mas são patriotas e têm um sentido de defesa do seu
território e dos seus como ninguém. A esse propósito, recomendo
a leitura do artigo do João Morgado aqui no Observador. Conta-nos
como, enquanto por cá dormíamos e desperdiçávamos dinheiro sem utilidade
prática, nuestros hermanos encomendaram um filme à Amazon para contar
ao mundo que a grande viagem da circunavegação realizada há quinhentos anos foi
na verdade levada a cabo pelo navegador espanhol Elcano, apesar dos destemperos
do português Fernão de Magalhães. Já tinha visto esta versão da história no
pavilhão espanhol da Exposição Mundial no Dubai. Confirma-se agora que enquanto
os portugueses dormem, discutem e tratam da sua vidinha, os outros países
crescem e valorizam-se, se necessário for, à custa da nossa incompetência.
Tudo isto é triste. Tudo isto é fado. Tudo isto é Portugal no seu pior.
ESTADO POLÍTICA
EVENTOS
SOCIEDADE
COMENTÁRIOS:
Álvaro dos Santos: Não faço ideia quem organiza. Mas sei quem paga: os impostos dos contribuintes. Pontifex Maximus: A questão que cada vez se
colocará no futuro é saber se este país tem futuro ou deverá antes reconhecer
os erros históricos de 1143, 1383/1385 e 1640. Francisco Tavares de
Almeida: Tenho esperança
que Marcelo ponha a questão nos carris. Quantas selfies não vai proporcionar o
encontro! Chamo a atenção para o artigo "Escolas" de
Gabriel Mithá Ribeiro" remetido para a terceira ou quarta linha de
comentaristas. Alice No País das
Maravilhas: Na verdade o evento inclui a área da câmara de Lisboa
e da câmara de Loures! É natural que o governo também deva participar nas
despesas, além das duas câmaras municipais! Agora que o Mário Ferreira renuncia
aos 40 milhões e vai pagar do seu bolso a viagem ao espaço, esperemos que o tio
Costa e o avô Marcelo dêem um valor aos escuteiros para receberem o Papa
Francisco, que bem merece! Carminda Damiao: Muito bem. José Miranda:
E ainda há quem não perceba!
Filipe Afonso: É
anticlericalismo, ateísmo, primário. Basta ser um evento religioso da Igreja
Católica que os Socialistas ateus não conseguem aceitar ter que pagar um
cêntimo. Fanáticos
bento guerra: Peçam
óbolos à porta das igrejas; É um acontecimento com marca, não universal José Miranda > bento guerra: Bentinho, vai pedir ajuda ao D. Carlos. Glorioso SLB: Isso. Trarão dinheiro aos hotéis e restaurantes. E
darão (alguma) visibilidade à cidade. Mas a q custo e o q é q trarão de futuro? José Miranda > Glorioso SLB: Também sou benfiquista, mas menos primário. Má propaganda ao Glorioso. Muda de pseudónimo. Glorioso SLB Glorioso SLB: Esse comentário foi fundamental para a riqueza da
discussão.
José Miranda > Glorioso SLB: Não estou a discutir a questão, estou a classificar-te. Sérgio: Já sabemos a miséria e as figutretas que este penico
nauseabundo tem.... Mas explique lá, qual a vantagem e benefício de receber
tantos MILHOES de jovens?!?!? para ver se percebo??? Vão criar emprego? Vão
investir? Vão limpar florestas e praias?! José Pedro Correia
> Sérgio: A solução é estar de costas viradas ao mundo... global.
Tem toda a razão. Lá na Coreia do Norte é que perceberam tudo muito bem... José Miranda > Sérgio: Sérgio,
és um pobre tonto. João
Guedes >Sérgio: Já fez as contas ao valor dos pastéis de nata que
vão ser vendidos? E ao preço dos bilhetes de camioneta para Fatima? E a tudo o
resto que possa imaginar? É
claro que se as pastelarias de Lisboa não estiverem preparadas para fazer os
pastéis de nata, não os irão vender. Se não houver transportes públicos para
Fátima, muitos não irão. Se Lisboa não estiver preparada para receber
estes jovens, é evidente que deixará má impressão. Quando, mais tarde, lhes
falarem em ir a Lisboa tanto poderão responder "Sim. é uma cidade fantástica!"
como "Não, já lá estive e não deixou saudades". Pobre Portugal:
Esta
incompetência tem um rosto: CARLOS MOEDAS. É uma desilusão. É como o Marcelo,
só se preocupa em agradar “ao que está a dar” (ciclovias, Vasco Gonçalves,
racismo, etc.), para ficar bem visto pela esquerda e pela sua comunicação
social, e depois dá nisto. Um populista. Meio Vazio: Welcome to
"Portugall" Rachel. Fernando CE: Muito bom. Um alerta para os
governantes do país e, especialmente , para Marcelo Rebelo de Sousa. Filipe Afon É
anticlericalismo, ateísmo, primário. Basta ser um evento religioso da Igreja
Católica que os Socialistas ateus não conseguem aceitar ter que pagar um
cêntimo. Fanáticos
José Miranda: E ainda há
quem não perceba!
Filipe Afonso: É
anticlericalismo, ateísmo, primário. Basta ser um evento religioso da Igreja
Católica que os Socialistas ateus não conseguem aceitar ter que pagar um
cêntimo. Fanáticos
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