sábado, 6 de agosto de 2022

Os ardis dos grandes ambiciosos de domínio terreno

 

Lembrei-me de Alexandre da Macedónia, a propósito dos “Alexandres” deste mundo, que sempre os houve, afinal, orgulhosos de revelar que são gente capaz de criar um mundo de poder supremo, que outro menos arrasador lhes não convém - modernamente chamando-se eles russos, chineses ou americanos, já tendo surgido os franceses napoleónicos e os alemães nazis, os dantes, babilónicos, aspirando mesmo à conquista do Céu visível, com uma pacífica conquanto arrogante Torre babilónica que Jeová num ápice desfez, confundindo, como retaliação, a comunicação entre os homens, com a multiplicação das línguas.

 Fui, pois, à Internet , de relato generoso imediato, e li, aos solavancos, o longo artigo sobre as proezas de Alexandre, passando pelo seu cavalo Bucéfalo, e não menos o nó górdio das minhas recordações juvenis, texto que cita, no seu final, o comentário bastante severo de Santo Agostinho, que vem de encontro à minha sede de equilíbrio e cordura, e por isso o transcrevo, reconhecidamente, tanto mais que nunca consegui passar das primeiras páginas das suas “Confessions”, apesar da consciência do interesse do livro, que comprei religiosamente em épocas passadas:

«Alexandre é figura presente no folclore da Grécia moderna, mais do que qualquer outra figura histórica. A forma coloquial do seu nome em grego moderno ("O Megalexandros") é um nome familiar. Santo Agostinho, no seu livro A Cidade de Deus, reafirmou a parábola de Cícero que mostrava Alexandre, o Grande era pouco mais do que um líder de um bando de ladrões:

"E então se a justiça for deixada de fora, o que são reinos além de um bando de ladrões? Pois o que são um bando de ladrões, se não pequenos reinos? O grupo também é um bando de homens governados por ordens de um líder, ligados por um pacto social, e seu espólio é dividido de acordo com uma lei que concordaram. Por repetidamente adicionar homens desesperados, essa praga cresce ao ponto de controlar territórios e estabelecer um local fixo, controlando cidades e subjugando pessoas, em seguida, mais conspicuamente assume o nome de reino e então este nome é dado abertamente a ele, não por qualquer subtração de cupidez, mas pela adição de impunidade. Pois foi uma elegante e verdadeira resposta que fez Alexandre o Grande por um certo pirata que ele havia capturado. Quando o rei perguntou o que ele estava pensando, que ele deveria molestar o mar, ele respondeu com uma independência desafiadora: 'O mesmo que você quando você molesta o mundo! Já que eu faço isso de um pequeno navio eu sou chamado de pirata. Você o faz com uma grande frota e te chamam de imperador'."»

E assim são todos esses truques dos “Alexandres” de agora, invadindo, destruindo, ameaçando, ou provocando, como Biden desafiando a China, para se mostrar à altura de Putin, mas indiferente ao problema ucraniano, apesar do material bélico que envia à “carne para canhão” dessas pobres vítimas do pirata-mor russo, demarcando-se de um auxílio ao ocidente europeu para juntos, arrostarem contra Putin, mas não deixando de arvorar uma basófia de conquistador barato, com essa história de Taiwan, e provocar a palhaçada das manobras chinesas ameaçadoras da paz.

Todo este razoado, em resposta ao texto de  LUIS SOARES DE OLIVEIRA, no seu Facebook, com comentários, que me parecem justos, dos seus admiradores:

 

«Há 1 Dia

«Finalmente, um passo certo na direcção certa:»

 

PUBLICO.PT”

«Zelensky quer conversar “directamente” com o presidente chinês para acabar com a guerra.

Ministério da Defesa do Reino Unido refere que “as unidades de mísseis e artilharia da Ucrânia continuam a atingir fortalezas militares russas, agrupamentos de pessoal, bases de apoio logístico e depósitos de munições”.

 

COMENTÁRIOS

MAIS RELEVANTES

Rafael Pinto Borges: Acha, Senhor Embaixador? A China não tem razão alguma para satisfazer os pedidos da Ucrânia, e não me parece que venha a pressionar a Rússia. Tudo o que a China pode fazer é mediar, mas para isso também outros - a Turquia, por exemplo - estão bem colocados. Ancara, aliás, já tentou fazê-lo - sem sucesso.

Henrique Borges: O apelo de Zelensky cheira a desespero. Terá finalmente percebido que foi um erro catastrófico entregar a Ucrânia aos americanos, pensando que assim garantia a sua defesa?

Rafael Pinto Borges: Henrique, é exactamente a minha interpretação. Veja-se esta estranha manobra, também, no contexto de um aparente esfriamento de relações entre Kiev e os EUA. Esta semana, o Tom Friedman, 'arch-neocon', comentava no NY Times que a Casa Branca não confia… 

Henrique Borges: Rafael, oxalá, a bem da paz no mundo. Acho que só quem não tem dois dedos de testa é que não percebeu que o homem é um farsante. Os americanos são regularmente acometidos por estes fits. Alguém se lembra já do grande Guaidó?

Rafael Pinto Borges: É verdade, mas a América parece ter o condão de impressionar-nos sempre pela irracionalidade. Eu, por exemplo, achava que não haveria guerra na Ucrânia: não porque os russos não estivessem dispostos a fazê-la, mas porque, julgava eu, os americanos não … 

Luis Soares de Oliveira: Toda a política é interna e então na China. A China precisa garantir o alimento de 1,3 milhares de milhões.

 

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