terça-feira, 16 de agosto de 2022

Carpe diem


Além dos incendiários que parece que são muitos, por cá - e as causas disso são também citadas, há muitos anos que ouço acerca dos interesses que estão por trás dos incêndios na altura dos calores (e por tal motivo ou outros de diferente cariz, também não se limpam os matos durante o ano, nem se organizam convenientemente os serviços dos Bombeiros, embora as notícias só atribuam as responsabilidades dos incêndios, para além dos calores estivais, a seres irresponsáveis que facilmente serão presos e a seguir libertados por inimputabilidade provada… Para além dos incendiários inimputáveis, repito - pondo a salvo os imputáveis, por respeito ao status quo - refiro, como exemplo da nossa tendência para a alegria e a festa, a alegria e as festas por tudo quanto é canto e recanto, neste pequeno país, um fartote de festas secundadas pelos canais TV. E, enquanto na Grã-Bretanha se ensinam jovens ucranianos e outros a pegar em armas, jovens que assim se preparam para defender o seu país, por cá é um forrobodó de festas e comezainas e alegria e estardalhaço e gente que se diverte, segundo mostram os noticiários e os programas de entretenimento televisivo, que ajudam à alegria e à irresponsabilidade. Como bem explicita MANUEL VILLAVERDE CABRAL, Portugal está a arder, sim. Em todas as frentes, afinal. Na impreparação também. Por excesso de saracoteio, ultrajante, num mundo de tanta agonia.

De muitas outras coisas, que têm a ver com astúcias e cinismos governativos, com revisão da matéria, trata o excelente artigo de MANUEL VILLAVERDE CABRAL, “PORTUGAL ESTÁ A ARDER”. Em várias frentes, pois, os incêndios em que arde Portugal.

 

 

Portugal está a arder!

Desde que tomou o poder, o PS não fez mais do que dar força à extrema-esquerda no chamado «plano cultural», ou seja, «guerras de sexos e de raças», enquanto ia gerindo a dívida deixada pelo próprio PS

MANUEL VILLAVERDE CABRAL

OBSERVADOR, 15 ago 2022, 00:1721

Não é por acaso que o primeiro-ministro se tem mantido calado e, quando foi forçado a falar há dias, refugiou-se no vago quando não negou a evidência. Fê-lo concretamente a propósito dos sucessivos incêndios desencadeados há mais de um mês sem parar, até à semana inteira em que arderam dezenas de milhar de hectares do precioso Parque Natural da Serra da Estrela e seus arredores nos últimos anos. Só então António Costa foi obrigado a dizer qualquer coisa a propósito dessa tragédia mas não hesitou em sacudir a água do capote, como se não se tratasse de nova tragédia ecológica a seguir aos trágicos incêndios de 2018, sem nada ter sido feito desde então! Não é por acaso que Portugal detém o «record» europeu dos incêndios florestais.

Mas não ficamos por aqui, lamentavelmente. Longe disso. Após o golpe parlamentar de 2015 em que Costa se juntou ao PCP e ao BE a fim de arrebatar a maioria parlamentar à aliança PSD-CDS, a qual ganhara as eleições depois de ter sido forçado gerir a bancarrota causada pelo mesmo Sócrates que continua sem ter sido julgado e, presumivelmente, assim continuará… Desde que tomou o poder, o PS não fez mais do que dar força à extrema-esquerda no chamado «plano cultural», ou seja, as «guerras dos sexos e das raças» actualmente em curso, enquanto ia gerindo a dívida deixada pelo próprio PS, criando empregos no funcionalismo público e distribuindo subsídios ocasionais a um exército sempre crescente de pobreza… Tudo exclusivamente com o olho na popularidade eleitoral.

A seguir, sem culpa do PS, veio a pandemia que nos entreteve politicamente fechando-nos em casa e, apesar da propaganda das vacinas, que entretanto os países desenvolvidos inventaram e a UE nos deu de borla. Na prática, a verdade é que, sob o secretismo do Ministério da Saúde, a Covid-19 ora matou os idosos refugiados em lares de duvidosa garantia, ora criou rapidamente uma «mortalidade excessiva».

Esta é comum de resto a todos os países atingidos pela pandemia, mas em Portugal tem sido deliberadamente ocultada pelo ministério da Saúde enquanto o número de óbitos continua a reduzir a população. Entretanto, o PS não perdeu a ocasião para diminuir a idade da reforma quando as próximas gerações serão cada vez em menor número, sem que se saiba quem trabalhará no futuro de forma a continuar a pagar as reformas aos idosos sobreviventes e a dívida criada pelo PS.

Eis as cordas que já apertavam o nosso pescoço! Entretanto, o PS apercebeu-se da possibilidade de se ver livre do PCP e do BE, servindo-se do novo orçamento de Estado para fazer cair o parlamento com o apoio do presidente da República, a fim de se verem livres da «geringonça». Apesar de as sondagens não o indicarem, a verdade é que foram os antigos votantes do BE que correram em socorro do PS: resultado, a mais baixa «maioria absoluta» de sempre (pouco mais de 40%) devido à crescente manipulação dos círculos eleitorais.

Enquanto a demografia nos aprisionava cada vez mais e o antigo coordenador do processo de vacinação, o vice-almirante Gouveia de Melo, já disputava a sucessão do PR ao chefe do «Chega», rebenta a guerra de invasão da Ucrânia pela Rússia. O pacifismo interesseiro do PS português revelou-se de tal modo óbvio que até parece querer que a Rússia ponha fim à guerra o mais depressa possível a fim de voltarmos ao ramerrame habitual. Entretanto, a UE fazia-nos o pior presente que o país podia receber: biliões de euros de borla.

Além da manifesta falta de capacidade para gerir tal dinheiro dentro dos prazos e dos parâmetros anunciados – a juntar aos costumeiros «projectos europeus» que em breve se escoarão nas regiões mais deserdadas, – o governo não só não foi capaz de escapar ao alçapão da TAP bem como de um aeroporto badalado há 50 anos, como tão pouco se lembrou – ó, ignorância! – dos custos acrescentados pela pandemia e em breve pela guerra. Todos estes custos se juntaram mais depressa do que devagar para voltar a aumentar a dívida e, finalmente, a inflação. Por seu turno, esta deitou por terra os planos arquitectados pela fina-flor do PS e dos «simpatizantes» de Sócrates, como ainda é, aliás, o caso da maioria dos pesos-pesados e dos jovens prometedores que acederam aos ministérios…

Ora, diferentemente da dívida pública que já tínhamos antes da guerra (130% do PIB), a inflação gerada pelas despesas directas e indirectas da guerra é galopante, tendo passado em Portugal de praticamente zero a perto de 10% em menos de um ano. Resultado: 10% menos de dinheiro para pagarmos as despesas habituais de cada um! Por ora, a relação entre rendimentos e despesas é esta, isto é, menos 5%. O país está literalmente a arder, assim como o PS! Onde está a «oposição»?

GOVERNO   POLÍTICA   PS   INCÊNDIOS   ACIDENTE   SOCIEDADE

COMENTÁRIOS:

Agnelo Furtado: APOIADO! Manuel Villaverde Cabral!             Hipo Tanso:MVC: o seu artigo é curto, claro, conciso e de compreensão imediata - qualidades essenciais num texto jornalístico. Do melhor que se tem escrito neste jornal acerca da ignomínia perpetrada pelo ditadorzinho Costa, acolitado pelo seu estado-maior e amparado pelo encosto confortável de um partido que se abstém de discordar. A imprensa e TVs têm fornecido os meios eficazes de garantir a apologia da excelente desgovernação xuxa e o silenciamento da incompetência e das trafulhices sortidas que apesar da rolha vão escorrendo até à luz do dia. A escola vai por sua vez preparando as próximas gerações para aceitar uma submissão obediente à orientação psiquiátrica de cuja necessidade quase ninguém fala mas acabará por alastrar perigosamente e se tornar indispensável. O senhor que habita o palácio da presidência - e que devia ser o Presidente da República, o Chefe do Estado, o principal baluarte de defesa da população portuguesa - vai-se divertindo com umas passeatas cá dentro e lá fora, uma beijoqueira que alterna e completa com as "selfies" e uns vagos acenos de quem no fundo aprova todo este infortúnio que aflige o nosso país.             flavia martins: Excelente artigo. É sempre um prazer ler o prof . Villaverde Cabral. Sim.., mais uma vez o PS , porque de novo desorientado, está a colocar o país a arder !             Luís Abrantes: Portugal está a arder em todos os sentidos… nada escapa ao fogo voraz com que a esquerda destrói tudo o que de bom se construiu nas últimas décadas…!!!              Vitor Batista: Portugal é um paraíso para xuxalistas,e eles sabem distribuir cenouras melhor do que ninguém...             Lidia Santos: A Oposição está no PSD, no Chega e na IL. Vamos ver qual é o líder  com mais talento, mais força e mais determinação para enfrentar os socialistas..         João FlorianoLidia Santos: A união faz a força. As três forças políticas que menciona têm argumentos e estratégias diferentes de fazer oposição. Cada uma por si, separadamente, não conseguirá atingir o objectivo. Vão ter de encontrar o que as pode unir porque sem dúvida que o que as une tem de ser mais forte do que aquilo que as separa. Isso inclui  ignorar as linhas vermelhas que a esquerda traçou à volta do CHEGA.           Lidia Santos > João Floriano: Precisamente. Com a exclusão da Iniciativa Liberal ou do Chega empobrecem a Oposição e os socialistas agradecem.                  Maria José Varela: Excelente artigo!           João Floriano: Excelente análise. O que mais me indigna é a descolagem entre o país real e o país imaginário criado pelo PS e seu grande aliado, o PR. Ontem a caminho de Viseu, MRS falava sobre as futuras façanhas de CR7 no próximo mundial. Precisamente o que necessitamos: um presidente tipo Zé Taxista, já que a jornalista Anabela funcionou apenas como pendura e ocasional puxa saco/ puxa conversa. Entretanto milhares de hectares arderam na belissima Serra da Estrela. O ministro fala na necessidade de utilizar novas técnicas no combate ao fogo e mais investigação. Mas se Portugal já é desde há vários anos um país em alto risco de incêndio, não deveria já ter sido prioritário um estudo sobre o assunto e sobretudo mão pesadíssima e vigilância cerrada sobre os tresloucados e criminosos incendiários? Muitos são reincidentes. mas voltam para casa com medidas restritivas levíssimas e é vê-los de novo a atear fogo nas matas. O clima mediterrânico, a secura extrema explicam muita coisa mas o laxismo e o deixa arder também são parte da equação. Onde está  a oposição? Entretanto a questão do género, sexo e afins é um doido nu aos gritos, com uma moto serra,  no meio do centro comercial Colombo sábado à tarde, em dia de derby na Luz, mas o governo parece não dar por nada.         Madalena Sa: O País desapareceu e os socialistas governam-se             Alexandre Barreira: Pois. Mas a maltinha quer é sopas e descanso ! António Lamas: Obrigado pela partilha do seu pensamento.  Hoje em dia, só quem é verdadeiramente livre pode escrever o que MVC escreve.  Os outros, ou têm medo ou estão comprados. Bem haja MVC.          Maria do Céu Cunha: Excelende opinião  Tristemente, que futuro?             Cisca ImpllitMaria do Céu Cunha: É, este Villaverde Cabral pensa e escreve cada vez melhor!

 

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