quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Gaiata


A Maria Eduarda Vassallo – McGeoch, de cuja “missiva” fui uma das contempladas no meu email  - e só agora leio, com o prazer de sempre, pois ela concilia um humor real com uma alegria forjada no seu sarcasmo, por captação dos deslizes ou erros inesperados, ou mesmo os esperados, da proveniência habitual…. O certo é que lê-la é ouvi-la e recordá-la, na concisão alegre da sua graça e da sua ternura. Gosto de incluir no meu blog a sua escrita de maldade que não perdoa, um modo de a recordar a rir em corpo inteiro, opondo ao queixume a troça e a subtileza.

 

Comboios

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Maria Eduarda Vassallo-McGeoch

09/08/2022, 11:32 (há 15 horas)

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para andré, Tiago, manuela_baptista, latino_ferreira, F, Joaquim, mim, Paula

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Queridos Todos,

Oram vivam!

Tive o meu momento de grande profissionalismo e da mais extrema magnanimidade: tendo de escrever sobre Os Maias, renunciei à minha velha edição dos «Livros do Brasil» (que por acaso não é minha-minha porque é emprestada: a minha-minha sofre de empacotamento)  – dizia eu, renunciei à edição dos «Livros do Brasil» e usei o texto da edição crítica.

Saiu-me mal a magnanimidade: calharam-me logo os «objetos de Maria». Não há forma de objectar contra «objetos» (Capítulo XVIII, p. 689), nem mesmo contra os de Maria.

Trocado por miúdos: comprei a edição crítica e paguei-a com desconto de investigador, o que já é alguma coisa. Deduzidos trinta e dois euros dos meus bens móveis e acessíveis, tenho direito a todas as alegrias do AO.  

A edição da Penguin Clássicos, que era de graça (pertence à Biblioteca Municipal de Alter do Chão e está-me emprestada), e cujo texto supostamente segue o da edição crítica, não pode ser usada: na contracapa lê-se que Carlos da Maia e Maria Eduarda se cruzam num jantar.

Demorei horas a perceber a do jantar. Doces para quem quiser discutir o tópico.

Outro defeito da edição da Penguin Clássicos é o «Prefácio», por Carlos Reis, que fala de comboios e em que se diz que «Na ação d’ Os Maias viaja-se muito, dentro de Portugal e fora dele, em deslocações que implicam partidas e chegadas, encontros, desencontros […]» Onde, em que congresso internacional ouvi eu já isto?

Quanto a andar de comboio na «acção» de Os Maias, isso só prova que Alcochete ainda não está construído e faz imensa falta: tem de ir toda a gente para Santa Apolónia, que maçada, e andar toda a gente de comboio, que aborrecimento.

Deixo-vos por agora: vou tratar de escolher a edição das obras de Eça de Queiroz que passo a usar.

Beijinhos, queridos todos,

Maria Eduarda 

 

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