A Maria Eduarda Vassallo –
McGeoch, de cuja “missiva” fui uma das contempladas no meu email - e só agora leio, com o prazer de sempre,
pois ela concilia um humor real com uma alegria forjada no seu sarcasmo, por captação
dos deslizes ou erros inesperados, ou mesmo os esperados, da proveniência
habitual…. O certo é que lê-la é ouvi-la e recordá-la, na concisão alegre da sua
graça e da sua ternura. Gosto de incluir no meu blog a sua escrita de maldade
que não perdoa, um modo de a recordar a rir em corpo inteiro, opondo ao queixume a troça e a subtileza.
Comboios
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09/08/2022, 11:32 (há 15 horas) |
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Queridos Todos,
Oram vivam!
Tive o meu momento de grande profissionalismo e da mais extrema
magnanimidade: tendo de escrever sobre Os Maias, renunciei à minha velha edição dos «Livros
do Brasil» (que por acaso não é minha-minha
porque é emprestada: a minha-minha sofre de empacotamento)
– dizia eu, renunciei à edição dos «Livros do Brasil» e
usei o texto da edição crítica.
Saiu-me mal a magnanimidade: calharam-me logo os «objetos de Maria». Não há
forma de objectar contra «objetos» (Capítulo XVIII, p. 689), nem mesmo contra
os de Maria.
Trocado por miúdos: comprei a edição crítica e paguei-a com desconto de
investigador, o que já é alguma coisa. Deduzidos trinta e dois euros
dos meus bens móveis e acessíveis, tenho direito a todas as alegrias do AO.
A edição da Penguin Clássicos, que era de graça
(pertence à Biblioteca Municipal de Alter do Chão e está-me
emprestada), e cujo texto supostamente segue o da edição crítica, não pode ser
usada: na contracapa lê-se que Carlos da Maia e Maria Eduarda se cruzam num
jantar.
Demorei horas a perceber a do jantar. Doces para quem quiser discutir o
tópico.
Outro defeito da edição da Penguin Clássicos é o «Prefácio», por
Carlos Reis, que fala de comboios e em que se diz que «Na ação d’ Os Maias viaja-se muito, dentro
de Portugal e fora dele, em deslocações que implicam partidas e chegadas,
encontros, desencontros […]» Onde, em que congresso internacional ouvi eu já
isto?
Quanto a andar de comboio na «acção» de Os Maias, isso só prova que Alcochete ainda não
está construído e faz imensa falta: tem de ir toda a gente para Santa
Apolónia, que maçada, e andar toda a gente de comboio, que aborrecimento.
Deixo-vos por agora: vou tratar de escolher a edição das obras de Eça de
Queiroz que passo a usar.
Beijinhos, queridos todos,
Maria Eduarda
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