quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Trocadilho desajustado


Lúdicos isso sim, luditas penso que não. Eles não se queixam das máquinas destruidoras do trabalho manual dos operários, como aconteceu na Inglaterra quando as máquinas vieram. Eles nem são operários, embora obreiros, isso sim, - de máquinas corporais exigentes, e bastante bem protegidas pelas massas da produção exterior (ao país) eles e os seus compinchas, como bem descreve Paulo Tunhas, não precisam de se preocupar senão com o seu ludismo e o seu chupismo de bons obreiros no chupar, para eles e os seus e para nós também, que também recebemos chupas, para andarmos contentes, como eles, repousando, rindo ou gemendo, conforme o jeito. Eu diria antes, como expressão vistosa de trocadilho, lúdicos lídimos ou vice-versa, mas, por via das dúvidas, até poderia ir aos lúdicos lúbricos, e, vá lá, aceitaria mesmo, maternalmente, os lúdicos lúcidos. Sempre com vice-versa. De Olhão é que eles, sim, são, e nunca em vão.

Marcelo e Costa, dois lúdicos luditas

A agência de empregos do PS e a incompetência governamental florescem graças à cumplicidade, fundada numa comum incapacidade de conceber um projecto para o país, que liga Marcelo e Costa.

PAULO TUNHAS

OBSERVADOR, 25 ago 2022, 00:1938

Durante muito tempo, tive pena dos políticos. Uma pena genuína e abrangente, da qual excluía, naturalmente, os fanáticos. Não por lhes imaginar vertiginosos sacrifícios pessoais feitos com o olhar exclusivo para o bem público. Eu sabia que muitos andavam naquilo para tratar da vida e pouco mais do que isso, mas mesmo assim… Aguentar um número sem conta de reuniões intermináveis uns com os outros, isto é, com muitas chatíssimas cabeças incapazes de uma só ideia interessante, um sem fim de rasteiras, traições e mentiras, o trabalho de andar de um lado para outro do país, discursando inanidades agramaticais, e, pior, destituídas de qualquer vestígio de pensamento – tudo isso provocava em mim uma comoção piedosa, acompanhada do profundo e egoísta alívio de não ser um deles.

Isso foi antes de – também há muito tempo, devo confessar: estou velho – ter percebido uma verdade básica da qual não me havia, por pura estupidez, dado conta antes: eles gostam daquilo. Gostam mesmo: das reuniões intermináveis, das rasteiras, das traições, das mentiras, dos discursos inanes. Bom, são sem dúvida prazeres como quaisquer outros, em relação aos quais não se podem levantar questões de legitimidade. Por princípio, os prazeres são pessoais e, a não ser que envolvam algum crime, devem ser aceites pela comunidade como perfeitamente permissíveis.

Seja como for, a pena tende a desaparecer num oceano de indiferença – o que é, de resto, a única boa regra a seguir no que respeita aos prazeres alheios que não nos dizem directamente respeito. Há casos, no entanto, em que a reacção pode não se ficar pela útil indiferença que nos protege de gostos distintos dos nossos. São aqueles em que o entendimento lúdico da política é celebrado como uma virtude maior que provaria a superioridade dos que o partilham sobre o comum das gentes. Tenho notado em jornais e televisões um cada vez maior desvelo para com esse tal entendimento lúdico (a palavra, de resto, tornou-se frequente quando se fala disso) da actividade política. Anda-se perto da fascinação e do embevecimento.

Ora, é claro que não há mal nenhum em se gostar do que se faz. Muito pelo contrário. Quem gosta daquilo que faz, tende, regra geral, a fazê-lo melhor do que quem não gosta, como é óbvio. O problema aparece quando esse gosto não é acompanhado por certas qualidades necessárias ao exercício da função. Sá Carneiro, Soares e até, à sua maneira, Cavaco Silva tinham certamente prazer naquilo que faziam. Mas nos três casos esse aspecto lúdico era acompanhado por aquilo que, à falta de melhor, se pode chamar uma visão para o país. Quer dizer: um projecto para Portugal que guiava as suas acções. E o prazer na sua actividade servia esse projecto. A nossa tragédia hoje em dia é que, se olharmos à nossa volta, dificilmente encontramos alguém que possua um tal projecto e encontramos muito facilmente quem muito goste de mostrar que possui um supremo gozo em fazer o que faz.

Marcelo Rebelo de Sousa vem imediatamente à cabeça. Nem é preciso elencar todos os episódios que provam ao mais desprevenido olhar essa sua característica. Basta ficarmo-nos pela entrevista ao volante que deu, na CNN, a Anabela Neves (não por acaso, alguém que é, do ponto de vista do jornalismo, um bom exemplo desse mesmo estilo). Vi a entrevista em diferido e, mesmo assim, às pinguinhas, porque rapidamente me fartava e precisava de mudar para outra coisa. Tudo nela, a começar pelo formato adoptado da viagem de carro, era pura exibição destinada a mostrar até que ponto Marcelo se diverte com o que faz. Nenhuma substância para lá dessa havia. O único Portugal que existia era o Portugal composto de portugueses que o amavam e que lhe confessavam o amor em privado, por vezes sob a forma pudica de conversas sobre futebol. Era ele, ele, ele. Há muito tempo alguém dizia, com sincera admiração, que Marcelo era tão inteligente que conseguia ditar dois artigos diferentes simultaneamente. Não sei se tal feito que eleva o engenho humano a dimensões quase divinas é verdadeiro, mas certamente que é capaz de guiar um carro e falar de si para uma jornalista (babada) ao mesmo tempo.

Outro grande lúdico sem projecto para Portugal – a conquista e a manutenção do poder pessoal e do PS não encaixam no conceito – é António Costa. A sua tão celebrada “habilidade” é também ela o fruto de uma concepção exclusivamente lúdica da política, sem acompanhamento de quaisquer ideias que não sejam aquelas que o ar do tempo e a linguagem que o acompanha superficialmente imprimiram na sua cabeça. É, de resto, o segredo do seu sucesso: mostrar que a ligeireza é sustentável e garante a sobrevivência. O “político mais talentoso da sua geração” delicia-se com inesperados golpes (como aquele que o levou ao poder), rasteiras (como aquela que pregou a António José Seguro) e discursos vazios (praticamente todos). É essa a substância da sua acção política. Também ele se diverte com isso e (embora não tão ofuscantemente como Marcelo) aprecia que o saibam. “Habilidoso” não é um adjectivo que lhe desagrade, imagino. Finório na destreza e destro na esperteza – cai-lhe bem.

À sombra da vacuidade cuidadosamente encenada destas duas figuras e de algumas personagens menores ergue-se um pequeno mundo de interesses que buscam a sua satisfação. Um mundo que, é claro, sempre existiu, mas que parece agora particularmente efervescente. Temos dele notícia diariamente, sob a forma, por exemplo, das actividades dessa extraordinária agência de emprego que é o PS. Não há, aparentemente, limites no que se pode fazer para dar uma ajudinha aos camaradas, por mais absurdas e ridículas que sejam as justificações – quando se acha necessário justificar o que quer que seja. E, à superfície, um governo de incompetentes cujos efeitos na vida pública são geralmente desastrosos. Não é preciso dar exemplos. Em contrapartida, é necessário sublinhar que toda esta fauna prolifera sob a capa protectora da vacuidade no que toca a projectos para o país de Marcelo e Costa. A agência de empregos do PS e a incompetência governamental florescem graças à cumplicidade, fundada numa comum incapacidade de conceber um projecto para o país, que liga Marcelo e Costa.

Por tudo isto, requer-se distância para com as personagens. Marcelo, na tal passeata de carro com Anabela Neves, mostrou a sua surpresa por a oposição não se “colar” a ele, como Costa, diz Marcelo, faz. Passo por cima do extraordinário verbo que usou, que, só por si, justificaria uma psicanálise de vários anos: ele precisa desesperadamente que as pessoas se colem a ele (aquela mania das selfies é, de resto, a busca de uma colagem simbólica). Mas uma coisa é certa: a oposição pode fazer tudo menos “colar-se” a Marcelo. Seria a mesma coisa que um salmão saltar para a boca de um urso à espera de uma boleia para o lugar da desova.

Estes nossos dois queridos lúdicos são, simultaneamente, dois luditas de um novo tipo. Ao contrário dos originais, os operários que, em protesto contra a industrialização, destruíam, na Inglaterra do século XIX, as máquinas das fábricas, os nossos luditas dedicam-se a um exercício na aparência menos violento: a destruição da ideia de que a política não dispensa projectos que vão para lá do dia de hoje e que vivam de alguma substância real. Dito de outra maneira: os nossos lúdicos luditas destroem as razões que ainda temos para ter alguma confiança na fábrica da sociedade, na nossa existência como comunidade política viável. É o resultado inevitável da cultura da ligeireza.

PS1. Fico espantado como o jornalismo continua a referir-se a Alexandre Dugin como “o filósofo Alexandre Dugin”. Ninguém se refere, que eu saiba, a Alfred Rosenberg como “o filósofo Alfred Rosenberg”. Nos dois casos, trata-se de puros ideólogos, caracteristicamente delirantes, por vocação ou oportunismo, de regimes criminosos. É verdade que a falta, ao longo dos séculos, de qualquer tradição filosófica digna desse nome na Rússia facilita a confusão (tudo o que vem à rede é peixe). Mas não a justifica.

PS2. Terei sido eu o único a ficar surpreendido com a cobertura extensa e detalhada que as televisões fizeram da transladação do corpo de José Eduardo dos Santos para Angola? Aquilo excedia, de longe, a natural notícia. Será que os portugueses se interessam tão desmesuradamente pela coisa? Duvido imenso. Em contrapartida, percebe-se que a dinâmica Tchizé inspire curiosidade. Quem não aprecia o argumento de que o pai não era um ditador, apenas um ditador reformado?

MARCELO REBELO DE SOUSA   PRESIDENTE DA REPÚBLICA   POLÍTICA   ANTÓNIO COSTA

COMENTÁRIOS:

Censurado sem razão: As televisões usam tudo o que possibilite não ter que divulgar até à exaustão que uma grávida teve que ir do Seixal até Caldas da Rainha, passando por dois hospitais centrais para poder ter o seu filho. Ou que a Serra da Estrela teve que arder para poder ficar melhor, ou que o governo é tão competente que conseguiu que não se cumprisse a previsão do algoritmo evitando que ardesse mais trinta por cento de floresta. Para evitar isto transmitem-se as maiores insanidades. O povo anda distraído julgando viver no melhor país do mundo. O único onde o socialismo funciona.              Anónimo de Anónimo: Muito obrigado por este artigo excelente.            Paulo C.: Eu tenho pena dos políticos que abdicam do seu tempo com a sua família e amigos para servirem o seu país. De abdicarem de ver os filhos crescerem, de brincarem com eles só porque estão ao serviço do seu país. Mas esse tipo de político não existe em Portugal, não é endémico de cá para os vermos temos de ir aos países do norte da Europa ou em último caso vê-los na televisão.              Luis Figueiredo: Marcelo tem um só projecto, que é de manutenção do seu lugar, pelo que tudo fez para conseguir a reeleição, incluindo andar com o Dr. Costa e o bando de incompetentes que é o Governo, ao colo todo este tempo. Nem sequer percebendo que se tornou refém dele, e que depois de ter maioria, o Dr. Costa o desconsidera e afronta todos os dias. O Dr. Marcelo é o Presidente dos afectos, mas dos afectos dele, pois quem parece precisar de afectos é ele, não o povo. Tirar selfies e dar beijinhos a velhas é muito pouco para um Presidente, para mais que se alheia de todos os problemas da governação, de todas as incompetências governativas (o caso da Ministra da Saúde é de bradar) e de todos os tristes episódios que violam a ética republicana, como os sucessivos casos do inenarrável Medina.  Chamem o Gen. Eanes.             João Alves > Luis Figueiredo: O Sousa de Belém e o Costa de S. Bento são dois paradigmas da banalidade: o Sousa é a banalidade da vaidade, o Costa a banalidade da ambição.              Alberico Lopes: Só para ter o prazer de ler os artigos deste Senhor, já vale a pena ser subscritor do Observador! É sempre bom ler os artigos do Paulo Tunhas!            Pedro Ferreira: Artigo delicioso, a inveja (salutar) que eu tenho de não conseguir exprimir-me assim.             Rui Teixeira: Até quando teremos de aturar estes dois sorridentes anti-patriotas?!          Tone da Eira: Muito bom. Mas sobre este ponto: "vacuidade cuidadosamente encenada destas duas figuras" - será que a vacuidade é encenada ou é da natureza dos PR e PM? Mesmo sobre o PR, alguém lhe mediu verdadeiramente a inteligência em todas as suas componentes, por exemplo matemática e resolução de problemas? Quanto à frase "os nossos luditas dedicam-se à destruição (1) da ideia de que a política não (2) dispensa projectos que vão para lá do dia de hoje e que vivam de alguma substância real" pareceu-me muito complicada. No entanto tirando-lhe as primeiras negações fica "os nossos luditas dedicam-se .. à afirmação (1) da ideia de que a política (2) dispensa projectos que vão para lá do dia de hoje e que vivam de alguma substância real".  Por isso a frase está de acordo com o resto da mensagem de Tunhas de que os PR e PM querem que a política portuguesa seja superficial.               João Ramos: Muito bom artigo, pena é que haja tanta gente que não consiga perceber a sua importância e realidade, nós temos as principais figuras do Estado piores e irresponsáveis  que alguma vez passaram por aqueles postos a partir do 25 de Novembro!!!           João Alves > João Ramos: Desculpe, mas a partir do 5 de Outubro de 1910.         Alex Carnide: Óptimo e cativante artigo. Os tipos seguem de sorriso permanente à medida que vão dando cabo disto.  Oxalá a abstenção acorde para a urgência de ir às urnas pôr um basta neste circo           Alexandre Barreira > Alex Carnide: Duvido. A abstenção quer é sopas e descanso !         Sérgio: Absolutamente delicioso! Que dizer deste sitio que elege tamanhos "estadistas"?!            Maria Soares: Muito bom !           António Lamas: Brilhante. Obrigado pela partilha. Como eu o compreendo. O "ludismo", não é só na politica, é também nas organizações intimamente ligadas à política. Associações, grupos de intervenção, e quejandos.          pedro marques: Excelente (como quase todos os outros) artigos. Obrigado pela leitura.             Iur Sotam: Sempre acutilante, Paulo tunhas, obrigado e cumprimentos.            Filipe F: Discordo. Apenas Costa tem uma perspectiva lúdica da política como jogo permanente amoral e desligado da realidade. Acrescenta uma cultura rudimentar e uma manha rústica que conduzem a um governante incompetente. Para ele a traição faz parte do jogo. Por isso também não consegue que pessoas mais competentes o sigam. Transmite ao país um exemplo de incompetência, irresponsabilidade, impunidade e falta de ética que acaba por contagiar a sociedade inteira. Marcelo é diferente. É o pequeno-burguês que gostava de ser aristocrata e procura comportar-se como tal. Na visão lúdica da vida - e não só da política, no esforço por estabelecer uma ligação directa ao povo, meramente artificial mas vistosa, na infantilidade de quem ignora os problemas julgando-se acima deles. Entre eles apenas partilham a incompetência para os cargos que ocupam.             Manuel Cabral > Filipe F: E eu discordo de si por chamar «pequeno burguês» ao actual PR a fim de o rebaixar. Esse tipo de insulto trai aliás a estatuto social do «insultante». Quanto ao «insultado», cujos tiques e defeitos todos conhecemos, é tudo menos um «pequeno burguês». Tratando-se de uma questão de classe social que ninguém chamou à baila, então se Marcelo sofre de alguma coisa, é do contrário. Basta saber que o pai dele, Baltasar de seu nome, teria feito cem anos se ainda fosse vivo no ano passado, foi médico de formação e desde o início simpatizante fervoroso da ditadura salazarista, durante a qual desempenhou toda uma série de altas funções até à de ministro do Ultramar (vulgo Colónias) até ao 24 de Abril! Quanto ao 1.º ministro, é uma pessoa completamente diferente...              João Eduardo Gata: Costa e Marcelo são dois completos inúteis e parasitas, que só têm prejudicado Portugal.           bento guerra: Com o dinheiro prometido por Bruxelas, o aumento de receita fiscal nominal, pela inflação, mais as cativações, que ninguém critica, o horizonte de 2025 está garantido e nessa altura, Costa sucede a Marcelo. Incerteza, só na dimensão da crise, mas "o povo é sereno"               Pedro Ferreira > bento guerra: Isso era se o dinheiro prometido por Bruxelas não fosse todo torrado pelos xuxas muito antes de 2025, acho que quando lá chegarmos já não vai haver um tusto.          Mario Areias: Mais um artigo a acertar em cheio no alvo.          Jose Augusto Mira Pires Borges: Tudo certíssimo. Infelizmente para Portugal...             João Floriano; Seria a mesma coisa que um salmão saltar para a boca de um urso à espera de uma boleia para o lugar da desova. Muita coisa já se escreveu sobre a grande entrevista monólogo de Marcelo e Anabela. Destaco a imagem acima que é simplesmente genial e cheia de simbolismo. Espero que o «salmão» enfrente as perigosas correntes, rápidos, baixios, ursos, lobos , águias e barragens que lhe vão aparecer no longo caminho de 4 anos até ao local onde se espera que «desove» e inicie um novo ciclo. Uma palavra de apreço para Anabela Neves, injustiçada sem razão. Muitas vezes criticamos o jornalista por não deixar falar o entrevistado. Estivemos muito longe disso. Anabela deve ter chegado ao destino com os maxilares presos  por manter durante quatro horas aquele esgar de sorriso: parecia o sorriso do joker do Jack Nicholson. E é de louvar não ter adormecido no caminho. Eu ao fim de meia hora a ouvir aquela torrente de autoelogios, já estaria a passar pelas brasas. E as associações sucedem-se e eu lembro-me daquela entrevista fabulosa que Welwitschea dos Santos deu à CNN. Ninguém merece um nome destes e ainda por cima o nome de uma planta que parece alienígena. Daí ser perfeitamente compreensível a ansiedade de Tchizé dos Santos que ainda hoje não percebe porque a irmã se chama Isabel e ela Welwitschea. Ao contrário de Paulo Tunhas compreendo perfeitamente o interesse da CS à volta deste assunto: dá uma perfeita soap opera, melhor que o Dallas. O lúdico não parece ter fim à vista.                Fernando Cascais  > João Floriano: Bom comentário... como sempre!        João Floriano > Fernando Cascais: Boa tarde caro Fernando Agradeço a sua apreciação, mesmo reconhecendo que comparado consigo sou um mero aprendiz.  Deve ser dado metade do mérito, pelo menos, às personalidades políticas que infelizmente preenchem os nossos dias. Há muito por onde pegar. Veja só esta entrevista que já leva duas semanas e ainda continua a gerar crónicas excepcionais como a que hoje escreveu o filósofo Tunhas.  Cumprimentos.           Vitor Batista: Uma das melhores crónicas do Paulo Tunhas, e bastante contundente, deveria ser de leitura obrigatória para marcelo e costa.          Carlos Quartel: Eles gostam disto e gostam de se ver ao espelho, para o qual fazem poses e treinam discursos. Ideias, projectos,  nada de nada. Um excelente texto que caracteriza muito bem esta classe de inúteis que parasitam a país, vivendo dos impostos, que distribuem a seu gosto, por familiares e amigos, em empregos, bolsas e subsídios. Descobriram a fórmula da anestesia ideal para manter o rebanho tranquilo: muito Benfica, algum Porto, fogos e bombeiros quanto baste. Alguns crimes e facadas, como complemento.  Com uma lupa de boa qualidade e alguma vontade, podemos descobrir o destino idealizado para o país : Um país de cozinheiros e empregados de bandeja, espinha dobrada e sorriso pronto para o turista- basbaque. Um país de pelintras e de pedintes .....           Fernando Cascais: As grandes tarefas dos políticos portugueses pós 25 de Abril: 1. Sá Carneiro afirmou a Social-Democracia em Portugal como alternativa política às esquerdas que tomaram conta da revolução. 2. Soares impediu que o comunismo tomasse as rédeas do poder e encaminhou o país para a CEE. 3. Cavaco liberalizou a economia das garras do estadismo do 25 de Abril e iniciou as reformas no país já com o apoio dos fundos da CEE 4. Sócrates continuou as reformas, mas não resistiu em tratar simultaneamente da sua reforma e acabou coveiro e preso. 5. Passos tapou a cova, sacudiu o moribundo Portugal e iniciou um novo caminho com sacrifícios e mau discurso.  6. Costa I conseguiu derrotar Passos, trouxe o bom discurso e substituiu a austeridade pelas cativações  7. Costa II está à toa e desespera por Passos e por um cargo na UE para fugir ao pântano. Nota: Marcelo sonha com a vitória de Portugal no próximo campeonato do mundo de futebol com um hat-trick de Ronaldo na final.              Laurentino Cerdeira > Fernando Cascais: A nota final é, sem dúvida, um magnífico remate!             Alberico Lopes > Fernando Cascais:  comentário excelente!             Carlos Vito: A incompetência dos nossos políticos, com os dois exemplos em causa à cabeça é na minha opinião real e maior do que outros exemplos europeus. A prova está à vista em todas as situações em que é necessário tomar medidas urgentes. Para não ir buscar outros casos mais antigos, como o do aeroporto de Lisboa, que continua nas nuvens, veja-se como ontem o governo "conseguiu" muito depois de outros países, sair com umas medidas para combater a seca, mas que não passam de meras recomendações sem qualquer eficácia. Imagine-se o que seria em caso de cataclismo grave e de repercussão imediata (caso de um sismo). Marcelo e Costa são o melhor exemplo da inépcia política. Falam bem e muito, mas fazem muito pouco. Infelizmente, a comunicação social veio valorizar excessivamente a imagem e a capacidade de comunicação dos políticos e confunde-se isso com competência. Veja-se como as prestações do Costa são sempre elogiadas pela comunicação enquanto vitórias sobre os adversários. Não interessa se são tergiversações, se não responde às perguntas, mas simplesmente porque soube fazer a melhor encenação. Prevalecem como valores dos políticos a desfaçatez e o à vontade com as câmaras e não a substância e o rigor.              Manuel Martins: Não sou tão pessimista como o cronista em relação aos nossos políticos,  mesmo os do governo: basta comparar com os políticos de outros países para pensarmos: afinal os nossos não são assim tão maus. Concordo no entanto que a qualidade dos governantes tem vindo a decrescer: temos poucos políticos com coragem,  sentido de estado,  e uma visão de longo prazo ( temos, sim, politicas comandadas pelas redes sociais....)                 Luís Rodrigues > Manuel Martins: Não julgo que seja razão para diminuir o pessimismo, mas dou-lhe razão nesse ponto: em comparação com alguns outros líderes do mundo ocidental, os nossos até não são do pior. Basta olhar para o lado: Espanha vai à frente nas asneiras da governação. E se procurarmos na maioria de outros governos uma ideia para os seus países e para a Europa, o que há a registar para além de políticas de restrição da liberdade e de empobrecimento energético? (Refiro-me às que já estavam em execução antes da guerra na Ucrânia.)          Joaquim Lopes > Manuel Martins: Pois não são são piores, apesar de serem muito maus, é a prova que os regimes deixaram de ser democracias, os governos passaram a ser entrepostos de trocas de favores e projecção para empregos em empresas que estão a ser vendidas à China. Afinal não são assim tão maus dentro da escala do pior que existe, as consequências essas são desgraçadas para toda a UE, com uma Comissão corrupta até à medula, começou com Merkel.            Pedro Ferreira > Manuel Martins: Além de não estar de acordo com o seu comentário não acho que seja desculpa para os nossos políticos que outros sejam piores , porque acontece que eu pago impostos é em Portugal , por isso o que os políticos dos outros países são ou deixam de ser é problema de outros não nosso.

 

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