segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Notícia de torto


Diz-se que é o primeiro ou segundo texto escrito em português, embora eivado de latinismos, sobre uns agravos cometidos por uns filhos a seu pai queixoso, nos tempos do nosso “Povoador” D. Sancho I. Lembrei-me do texto, que revi na preciosa Internet, por via da nova gramática que se está a forjar, indiciadora talvez de uma mudança de língua, nos seus preciosismos tortuosos  - ou mais precisamente de torcicolo, de tão rebuscadamente e ofensivamente tacanho. Malandro, também. Mas prefiro alinhar na excelente justificação do comentador Carlos Chaves, entre outras que convém ler:

Carlos Chaves: Caríssima Helena Matos, para haver “servidão” (incluindo na gramática) é necessário existirem servidores e servidos. Por enquanto na sociedade em que vivemos ainda podemos recusar alinhar nestas estratégias infames que visam a destruição da nossa cultura Judaico-Cristã onde se inclui a gramática da nossa língua. A própria etimologia das palavras é distorcida e mesmo novas palavras são criadas sem qualquer fundamento para alimentar esta cultura de cancelamento. Pobres dos que cedem, (como os artistas que mencionou), pois mais tarde poderão vir a descobrir que contribuíram activamente para a implementação de ditaduras de má memória. Isto é só um novo caminho para lá chegar.

A gramática da servidão

Quando no final dos anos 80 assistimos ao ayatollah Khomeini a lançar a "fatwa" sobre Rushdie ignorávamos que a gramática da servidão faria de todos nós blasfemos.

HELENA MATOS COLUNISTA DO OBSERVADOR

OBSERVADOR, 14 ago 2022, 00:2142

 Salman Rushdie incendiou parte do mundo muçulmano com a publicação, em setembro de 1988, do livro “Os Versículos Satânicos”, levando o fundador da República Islâmica, ayatollah Rouhollah Khomeini, a emitir uma “fatwa” (decreto religioso) em 1989 apelando ao seu assassínio…” – Recapitulemos: “Salman Rushdie incendiou parte do mundo muçulmano com a publicação, em setembro de 1988, do livro Os Versículos Satânicos“. Portanto não foi “parte do mundo muçulmano” que foi intolerante mas sim Salman Rushdie que, qual pirómano, a incendiou com esse seu livro. Não tivesse ele escrito tal livro e não tinha havido incêndio algum, certo? Mas prossigamos que não acaba aqui este exercício ideológico-gramatical da Lusa, logo replicado em vários sites. Se repararmos nesta notícia Salman Rushdie não se limitou a incendiar parte do mundo muçulmano com a publicação do livro Os Versículos Satânicos, é também  ele quem leva Khomeini (quiçá contrariado, acrescento eu) a emitir a “fatwa” que o condenava a ele mesmo Salman Rushdie: “Salman Rushdie incendiou parte do mundo muçulmano com a publicação, em setembro de 1988, do livro “Os Versículos Satânicos”, levando o fundador da República Islâmica, ayatollah Rouhollah Khomeini, a emitir uma “fatwa” (decreto religioso) em 1989 apelando ao seu assassínio…” Regra nº 1 da gramática da servidão: o mundo muçulmano, da rua aos dirigentes, limita-se a reagir!

O que é a gramática da servidão? Aquela que não tem por fim registar e fixar as regras da comunicação oral e escrita mas sim instituir uma grelha sectária sobre o mundo. Por isso não interessa que as regras sejam absurdas e muitas delas só se consigam usar em contextos artificiais. Por exemplo, ninguém, a não ser em momentos criados para o efeito, diz todas, todes e todos para chamar os outros mas o propósito da gramática da servidão não é, como acontece nas gramáticas comuns, facilitar a comunicação mas sim criar ângulos que permitam avaliar ideologicamente os falantes: o orador da conferência disse todos em vez de todas e todos? E disse ou não todes? Esqueceu-se ou propositamente não escreveu tod@s na comunicação?… Como cada uma destas grelhas vem acompanhada de uma rotulagem de intenções – no caso dos todas, todes, e todos será linguagem inclusiva – de imediato se passa a avaliar não apenas se o orador usa ou não linguagem inclusiva mas também e sobretudo se ele é contra a inclusão. É claro que este falejar  não é nem deixa de ser inclusivo, nem a inclusão passa por tal destrambelho, mas isso não interessa. Aquilo que interessa é que esta gramática da servidão permite que as palavras a que recorremos sejam usadas não para avaliar o que dizemos mas sim o que moralmente somos ou, mais rigorosamente, qual o grau de servidão que mostramos perante os nossos inquisidores-ayatollahs.

Não é por uma questão de eficácia de comunicação que recorro à imagem dos inquisidores-ayatollahs. Na gramática da servidão o erro é pecado e os zelos arrebatados da blasfêmia esconjuraram o raciocínio, por isso o que choca e causa escândalo não é aquilo que alguém diz ou escreve mas sim a ofensa que outros experimentam perante aquelas palavras. Não por acaso todos os dias actores, cantores, jornalistas… se desfazem em desculpas perante as fúrias de gente que se diz ofendida:

Agir pede desculpa pelo tema “Filha da Tuga”. Depois da polémica com o tema “Filha da Tuga”, interpretado por Irma Ribeiro, Agir pediu desculpa publicamente e explicou a canção. O produtor da música, que está a dar que falar pela frase “sou branca para os pretos/Para os brancos sou preta”, recorreu ao perfil de Instagram para explicar a forma como foi composta.” (depois de tudo lido não se sabe se rir ou chorar!);  “Shawn Mendes pede desculpa a Sam Smith por se referir ao cantor por “ele”. Em março de 2019, Smith explicou que não se considerava homem nem mulher, flutuava “algures no meio”, anunciando depois nas redes sociais o estatuto de não binário.” (na gramática da servidão as formas de tratamento funcionam como um teste ao grau de servidão dos falantes);  “Beyoncé vai mudar letra da canção “Heated” por causa de termo considerado ofensivo. Um termo que pode ser usado de forma pejorativa contra pessoas com deficiência consta na nova música de Beyoncé e está a causar reacções de desagrado. A artista já anunciou que vai mudar a letra” (amanhã será o tom que é considerado ofensivo; depois o sotaque, depois a acentuação…)

Este paradoxo “tu ofendeste-me com o que disseste mas não foi nada disso que eu quis dizer sim disseste peço desculpa se disse” substituiu o anterior antagonismo em que se discordava e procurava rebater aquilo que o outro dizia e escrevia. O “não tens razão” deu lugar ao “sinto-me ofendido”. Na verdade não  interessa realmente o que se diz ou escreve mas sim a reacção emocional do outro. É esta transferência que encontramos nas palavras da presidente da ILGA, Ana Aresta, para explicar a queixa apresentada por esta associação (e também pela Opus Diversidades) na ERC. Em causa estão artigos que estas associações consideram de “cariz transfóbicos, com argumentos falaciosos”. Mas não só. Nessa lista de textos que seguiram para a ERC também constarão “Outros artigos, menos imediatos do ponto de vista do insulto, soam a discussões inofensivas, intelectuais e etéreas mas chegam à maior parte das pessoas LGBTQIA+, que os lêem como actos de bullying”. Ou seja, não conta o que se escreve e nem sequer o que se pode ou não interpretar no que está escrito mas sim as intenções, sublinho as intenções,  que o outro detecta naquilo que lê. O sentir-se ofendido é a institucionalização da blasfémia sobre o raciocínio.

Quando no final dos aos 80 assistimos ao ayatollah Rouhollah Khomeini lançando a “fatwa” sobre Salman Rushdie foi como se estivéssemos a ver algo proveniente do fundo dos tempos. Em contra-ciclo com o que acreditávamos ser uma crescente liberdade. Mal sabíamos que a gramática da servidão nos transferiria a todos do âmbito do raciocínio subjacente ao debate para as fúrias blasfemas da cultura do cancelamento.

O calvário de Salman Rushdie é o símbolo daquilo em que não quisemos acreditar.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO   LIBERDADES   SOCIEDADE   POLITICAMENTE CORRECTO   LÍNGUA   CULTURA

COMENTÁRIOS:

Francisco Tavares de Almeida: A análise de hoje de Helena Matos, fez-me recordar o discurso de Bento XVI em Regensburg em 2006. Discurso notável que para mim e certamente muitos foi um marco. Recentemente um teólogo católico recordou esse discurso no seu 15º aniversário e escreveu: ...discurso magistral e convictamente intelectual de Bento XVI. Um discurso que é uma inegável e preciosa obra de arte, intemporal porquanto resolutamente focada no seu presente, de teologia da história e de evocação da Europa, e da civilização dela surgida,... Mas, como muitos estarão lembrados, Bento XVI foi ferozmente atacado pelos media europeus, até invectivado de Mussolini e Hitler por ter incluído uma citação, salvo erro, do imperador Manuel Paleólogo, depreciativa do Islamismo. O mais notável é que as reacções não vieram do mundo islâmico mas da imprensa ocidental que se "sentiu" ofendida em nome do Islão. E que manteve depois um "ruidoso silêncio"  quando cerca de 140 intelectuais islâmicos vieram publicamente agradecer a Bento XVI. Quando confrontado por jornalistas, Bento XVI não pediu desculpa. Declarou sobriamente: foi uma citação.           Meio Vazio > Francisco Tavares de Almeida: Bem recordado. Mas Ratzinger distinguia-se, usava bem a inteligência que nele sobrava.           Rui Lima: Notícia de hoje sem grande destaque como são mais 40 cristãos  mortos não conta, nem as igrejas que ardem,  as lideranças do mundo ocidental  só têm os olhos postos nas mesquitas que constroem  nos seus países . “Pelo menos 41 pessoas foram mortas em um incêndio que eclodiu no domingo em uma igreja do Cairo, de acordo com as autoridades coptas eclesiásticas, enquanto o Ministério da Saúde egípcio disse que identificou 55 vítimas.”           João A: Há um ditado que é +- : "Quem diz tudo o que quer, ouve o que não quer". De qualquer forma, convinha não misturar. Eu gostaria de, num jornal, perceber se estou a ler ou ouvir uma opinião pessoal, ou uma notícia isenta.... Quanto às liberdades, tanto é livre quem escreve,  como quem lê! Maria Madeira: Excelente artigo.            Carlos Chaves: Caríssima Helena Matos, para haver “servidão” (incluindo na gramática) é necessário existirem servidores e servidos. Por enquanto na sociedade em que vivemos ainda podemos recusar alinhar nestas estratégias infames que visam a destruição da nossa cultura Judaico-Cristã onde se inclui a gramática da nossa língua. A própria etimologia das palavras é distorcida e mesmo novas palavras são criadas sem qualquer fundamento para alimentar esta cultura de cancelamento. Pobres dos que cedem, (como os artistas que mencionou), pois mais tarde poderão vir a descobrir que contribuíram activamente para a implementação de ditaduras de má memória. Isto é só um novo caminho para lá chegar!           Joaquim Lopes > Carlos Chaves: Podemos recusar? Podemos, ou eu posso, mas por exemplo quem paga a RTP, somos nós os que não estão isentos. Quem paga a LUSA? Percebo que de facto, não temos no pequeno meio em que habitualmente se vive, família e amigos problemas de servidão. Podemos recusar seguir a ditadura imposta por esta cultura, mas quantos podem? Já agora porque é que em média, pagos por muitos de nós, temos de ouvir todas estas disparatadas coisas e gente alienada, mas com tiques de ditador? Tomara que tenha razão, desconfio que não, ou seja, terei de fazer de conta que concordo com a linguagem "inclusiva". Por vezes não sei como poderei dizer perante um grupo de negros ou um negro como referir aquilo que é, não sei como ele pensa dizer em relação a mim, não em tom coloquial, mas entre eles, como nos tratam, falo na nova geração, até aos 30, 40, os outros são gente que apesar de tudo o que se possa dizer falam com respeito mútuo, sem complexos.  Servidão existe, se for a uma livraria a primeira coisa que faço e com muita atenção é se foi escrito sem as normas do "acordo ortográfico", tornou-se uma forma de servidão para filhos ou netos, como recusar tal abuso?          João Floriano > Carlos Chaves: Será que podemos mesmo recusar? Eu acho que cada vez mais o cerco aperta. joaquim zacarias: A pergunta que me parece dever ser feita é a seguinte - esta gente, incluindo os jornaleiros da Lusa, não serão atrasados mentais?          João Floriano: Os casos de Agir e Will Smith são a prova da quantidade de tontos que por aí andam. Contudo ainda mais tontos e ridículos do que esta gente, são os que lhe conferem importância  e protagonismo. O politicamente correcto está  a ser elevado ao nível do absurdo. E o que acontece? Em vez de acabar com  a violência que devia surgir do apaziguamento destes ofendidos, cada vez as exigências mais crescem e cada vez mais violentos e indignados se tornam estes arautos do wokismo. Agora até a ILGA já se pronuncia a nível das intenções como se tivesse poderes paranormais de entrada nas nossas funções cerebrais. Muito em breve um simples olhar poderá ser interpretado como ofensa. Perspectiva-se um aumento de vendas dos óculos com lentes bem escuras.         Rui Lima: A forma quase amiga como é apresentado o agressor, não sabem os motivos, a palavra terrorista não li em nenhum jornal na Europa.  Dizem nascido na América filho de refugiados libaneses mas que família?, sendo verdade que aos cristãos nesse país  como em outros países a volta  só resta o exílio  , neste caso é uma família xiita.  Muitos dos atentados no mundo ocidental são feitos por terroristas já cá nascidos estão muito mais radicais que os pais não há nenhuma integração, pelo contrário, há ódio, se nem todos passam ao acto os outros não deixam de aplaudir, em todos os atentados procurei escutar amigos dessa religião nunca escutei uma condenação directa, havia sempre o Mas para  justificar  o atentado. Todos os políticos ocidentais deviam ter em mente esta realidade: as fronteiras abertas permitem que venha gente que odeia o Ocidente e em maioria, estamos a criar o terror em terras ocidentais para os nossos netos.           Tiago Vasconcelos: Costumo comparar o ofendidismo woke àquele genial personagem do Herman, o Diácono Remédios. Também ele andava, vigilante, a controlar a linguagem e a descobrir perversidade em tudo, mesmo nas coisas em que mais ninguém tinha identificado perversidade. Titania McGrath é a versão woke do Diácono Remédios.              V. Oliveira: É claro que a gramática da servidão percebeu a timidez da maioria (sim, continua a ser maioria, mas que não faz ruído). Que não é afimativa, que receia o autoritarismo da cultura do cancelamento, e que se acomoda infantilmente à auto-censura.          Maria da Conceição Gaivão V. Oliveira: A tal “maioria silenciosa”, receosa e colaboracionista, perfeito caldo cultivo da “banalidade do mal”.          bento guerra:  99,9 por cento das pessoas da sociedade, não perdem tempo com essas minudências. É a rapaziada que faz e escreve nos jornais quem impõe a escravidão de que fala, de sua inspiração ou a mando de outros (experimente  crítico do Zelensky e vai ver os mimos).Uma sociedade onde os imbecis tendem a suplantar os inteligentes, porque são mais militantes e mais agressivos (ou frustrados da vida)          V. Oliveira > bento guerra: Exacto!             Filipe Paes de Vasconcellos:  “Camaradas e camarados ” deputado do bloco.  A idiotice no seu melhor!           Andrade QB: Vai-se chegar ao ponto em que só poderá haver comunicação dirigida individualmente e depois de estudo aprofundado por cada um, uma, ume dos gostos do outro, outra, outre.         Já ter os jornalistas  da LUSA a colocarem-se do lado das vitimas vai ser só uma questão de tempo. Exactamente o tempo em que lhes vai bater pela porta o boomerang da sua duplicidade.         José Paulo C Castro > Andrade QB: Qual lado das vítimas ? No caso de Rushdie a vítima é ele e continuam a mostrar os muçulmanos iranianos como Bem visto e sinceramente concordo. Disse o poeta, “as palavras são como punhais”, e os terroristas gramaticais, ou seja, as florzinhas de estufa que habitam no ar condicionado e nas redes sociais, passaram à prática. Consideram-se tão importantes, que querem impor a sua verdade, coitadas, são umas criaturas alienadas e escravas delas mesmo. Acho que só há uma maneira de tratar estes terroristas, é enviá-los para um sítio onde não haja nada, nem água, nem electricidade, nem comida acessível, nem civilização, no meio da África profunda. Agora desenrasquem-se! Outros, terroristas sociais, trogloditas, vivendo na nossa sociedade, os nossos princípios, a nossa religião, a nossa liberdade, parece que lhes faz mal ao cérebro, ficam desequilibrados, penso que não devem sofrer tal suplício, de viver e usufruir do bem-estar da nossa sociedade, devem ser devolvidos à sua cultura e à sua terra, porque a nossa faz-se mal à saúde. Alguém disse, “para que o mal vença só é preciso que os homens bons não façam nada”, eu concordo, só é preciso começar a agir e ontem já era tarde.          Miguel Cabaça: "O sentir-se ofendido é a institucionalização da blasfêmia sobre o raciocínio." Genial             Carlos Quartel: Penso que se está a dar importância a questiúnculas de minoria ultra minoritária. Agora HM, há dias o Gonçalves. Com tanto problema, real e concreto, que afecta tanta gente, mal empregado tempo gasto com binários e outras bizantinices, incompreensíveis para o comum dos mortais. É preciso saber que é isto que essa gente  pretende, que se fale deles e das suas angústias existenciais. De facto, tudo isto é publicidade ao fenómeno, que, penso, passa ao lado da grande maioria dos portugueses. Tempo dos cronistas andarem mais de autocarro, comboio, barco e metro, preferencialmente às 7 ou 8 da manhã, e aperceberem-se das preocupações da gente que conta, da gente que trabalha e que vai segurando isto.           Ark Nabu L > Carlos Quartel: vítimas da 'ofensa' dele. Não, eles escolhem um lado que se vitimiza. É uma atitude parcial.        Maria Tubucci: Não podia estar mais em desacordo. Numa comunicação social apenas preocupada com a espuma da onda, temos de agradecer aos vários comentadores que nos alertam que por debaixo está um mar infestado de tubarões. Tubarões muito muito perigosos e mais seriam se passeassem despercebidos. Aquilo a que se assiste é uma pré-revolução, em crescimento e desenvolvimento. Tal como o cancro, se não for parado a tempo, vai destruir o hospedeiro, neste caso a civilização ocidental.          Tiago Vasconcelos > Carlos Quartel: Isto poderá parecer questiúnculas mas, se não houver uma resistência, qualquer dia a liberdade de expressão ficará condicionada, estes activistas entrarão no nosso trabalho, nas nossas casas. Nos EUA já houve pessoas que foram despedidas dos seus empregos por opiniões que veicularam nas redes sociais.            Carlos Quartel > Tiago Vasconcelos: Um professor da universidade de Aveiro foi despedido por ter manifestado as suas opiniões, fora da universidade e fora do âmbito da programa escolar. O  reitor, todo ufano, veio declarar, nas televisões, que a universidade não tolera opiniões que não se enquadrem no politicamente correcto.  Isto numa escola pública, que funciona com os nossos impostos. Pois não vi estes cronistas  a levantarem-se contra esta barbaridade, nem notei nenhum alarido especial  . Nem sindicatos, nem ministros, ninguém deu importância ao episódio. Em minha opinião, era aí que se deveria ter levantado meia nação. Um acto pidesco, sem desculpa .......              João Floriano > Carlos Quartel: Compreendo o seu ponto de vista mas discordo. São essas pessoas que comutam, (os ingleses têm o termo commute que eu não sei bem se tem tradução para português), que deram uma maioria absoluta a António Costa com os resultados que estão à vista. Essas pessoas acham que a política não tem nada  a ver com o que se passa nas suas vidas. Completamente errados! Do mesmo modo a ditadura woke está  a envenenar insidiosamente a nossa sociedade. está na CS, na política, na educação, na justiça, nos postos de trabalho e a esmagadora maioria continua achar que o assunto não lhes diz respeito.         Carlos Quartel > João Floriano: Isto não é simples. Os commuters estão tão ocupados em levantar-se às 6 e chegar a casa às 8 que criaram um universo próprio que os leva a alhear-se sobre o que se passa à sua volta. Têm o meu mais profundo respeito. A democracia impede uma atitude paternalista e penso que uma solução poderá estar na escola, na educação para a cidadania (não a tal dos géneros), no tempo e na esperança. Que se vai enfraquecendo, diga-se ....                  Manuel Gonçalves: Muito bem. Está tudo dito.           José Paulo C Castro: Grande texto. É mesmo essa gramática que tem de ser destruída. Mas acrescento um ponto essencial: toda essa categorização só existe porque se define à priori quem são os grupos/classe oprimidos e o grupo/classe opressor. Exactamente como no marxismo da luta de classes, embora com outras categorias e contextos sociais. É esse passo que permite criar a 'ofensa' social estrutural que merece 'luta' activista. Deriva de algo chamado teoria da interseccionalidade. Para destruir esse processo, há que lutar contra o uso da gramática mas, para o tornar eficaz, exige-se desmistificar a categorização da sociedade em grupos, substituindo-a por uma massa de indivíduos diversa e heterogénea sem classificação possível. Uma 'ofensa' reduz-se a um acto individual se deixar de ter abrangência social e a teoria da interseccionalidade perde eficácia se conseguirmos quebrar a sua categorização prévia da sociedade. Vou dar como exemplo o caso de Rushdie. Em vez de usarmos as categorias muçulmano, líder religioso iraniano, blasfêmia e escritor, usemos as categorias seita religiosa, líder autocrático, trechos literários e cidadão estrangeiro. Hklçº~.          V. Oliveira > José Paulo C Castro: Nem mais!            Alfaiate Tuga: Pior do que esta gente que se sente ofendida por tudo e por nada são os que lhes pedem desculpa por supostamente os terem ofendido . Chamem as coisas pelos nomes e não peçam desculpa a um cão por se referirem a ele como tal só porque ele acha que è um gato. Quantas mais desculpas pedirem mais estão a doar para o peditório deles, da minha parte não levam nem uma.         João Floriano > Alfaiate Tuga: Completamente de acordo. Até porque estes indivíduos nunca estarão contentes. Nós teremos sempre de carregar com culpas que nem sabemos bem quais são.            Pedra Nussapato: Tirando a parte da headline da Lusa, que me parece bastante banal no meio jornalístico desde há muito, com o resto sou obrigad@ a concordar com HM😁              Fernando Cascais: Todo este novo mundo dominado pela linguagem inclusiva e pelos mariconços terá cada vez mais palco, isto, se nestas sociedades ocidentais mais desenvolvidas as balas não começarem um dia a silvarem por cima das nossas cabeças e a fome a gritar do fundo do estômago. Na empresa onde trabalhei muitos anos existia um fenómeno que ligava as revindicações ao pouco que fazer. Era uma empresa de construção, e sempre que havia menos obras e os colaboradores se concentravam no escritório as ideias fugiam para a intriga e para o sindicalismo. Vinham as obras e a paz regressava. As sociedades ricas são vítimas desta mesma correlação, só que aqui ócio é cada vez maior e trabalhar é cada vez menos preciso. Ontem mesmo nas minhas habituais madrugadas de bicicleta dei um trambolhão e arranhei um braço. Publiquei nas redes sociais diversas fotos fantásticas do nascer do sol na vila sem vida e uma da arranhadelazita. Oitenta por cento dos comentários desejavam-me melhoras e rápida recuperação e recomendavam-me ir ao hospital. Fonix, era uma arranhadela sem importância, incomparável ao que o meu Jack Russel, ainda cachorro, me faz aos braços na brincadeira que mais pareço um Cristo (não vale a pena referir os comentários sobre a educação do cão). Isto é um mundo de mariconços agora muito preocupado com os pronomes. É por isso que digo, se um dia uma grande tormenta atingir esta sociedade de maricas, estas paneleirices deixam logo de existir... e tem que ser mesmo uma grande tormenta para este neo-barroquismo de Luís XIV acordar para a realidade e para a nossa condição de humanos "evoluídos" do mundo animal. Leiam um pouco sobre a queda do Império Romano e vão perceber o que quero dizer.        Afonso Soares > Fernando Cascais: Todas as civilizações evoluídas tiveram um fim e esta vai ter o mesmo destino. Há tanta coisa para nos preocuparmos e andamos todos a perder tempo com ninharia. Não parece mas o mundo gira e eu acrescento leiam e estudem a história universal desde a antiguidade e não só a moderna e verão como chegamos à actualidade porque não foi de paraquedas. Foi evoluindo mudando acabando umas civilizações e aparecendo outras ....              Alexandre Barreira: Pois, pois. Dum excusare credis, accusas ! Meio Vazio: Apparent rari nantes in gurgite vasto.

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