quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

… Dente por dente…


Não sei se o Dr. Salles trouxe estas sínteses das religiões em uma só palavra, com algum oculto e malandro intuito provocador, por via de um criminoso-mor dos nossos dias, lembrando que em nenhuma religião esse tal, encontraria qualquer palavra-síntese que o absolvesse, nessas palavras-chave que as definem – nem compaixão búdica, nem esperança judaica, nem perdão cristão, e apenas sim, o olho por olho que o Alcorão segue, bem fundamentado, de resto, nos discursos de ameaça e violência vocabular que o Senhor inspira ao profeta Isaías, que o Dr. Salles igualmente traz à baila, com ironia provocatória. Que Jeová não é de rodeios, vê-se que tem – e inspira - ameaças proféticas a Isaías, o qual não se coíbe de usar a linguagem de violência e ameaça desbragadas, plena de expressões, para mais, chocantemente libidinosas, no descritivo de Israel com as tais cidades de Sodoma e Gomorra a merecer castigo feroz.

“Olho por olho, dente por dente”… Será que sim, para o caso de hoje?


O SUMO DA SÍNTESE

ou

«METENDO O ROSSIO NA BETESGA»

  HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 04.01.23

 

Mais do que a condição lógica, impera a física na impossibilidade de o conteúdo ser maior que o contentor e, daí, que com o exercício da síntese, algo fique de fora. Se a síntese pretender ser superlativa, corre-se o risco da perda de itens essenciais. Já raiará a subjectividade quando entrarmos na consideração de que há pontos cuja essencialidade seja mais importante que a de outros também essenciais.

Contudo, a alternativa à síntese é, muito provavelmente, um tratado e, para isso, não há conhecimentos que exaustivamente abarquem tudo, passe o pleonasmo.

Fico-me, portanto, pela síntese e, nela, pelo seu grau superlativo, fico-me pelo sumo da síntese.

* * *

O exercício a que nestes últimos dias me dediquei foi o de tentar definir uma religião com uma única palavra e pensei no Budismo, no Judaísmo, no Cristianismo e no Islamismo: Admito breves contextualizações entre parênteses.

Budismo – compaixão (procedimento individual visando a felicidade alheia);

Judaismo – esperança (…na vinda do Messias);

Cristianismo – perdão (…dos maus procedimentos alheios devidamente arrependidos);

Islamismo – talionismo (vingança; «olho por olho, dente por dente»).

Facilmente se constata que não toco no relacionamento de cada religião com a respectiva Divindade e que me centro apenas na relação com os respectivos crentes. Chamemos-lhe a orientação religiosa dada à atitude social. E fico-me por este esboço (caricatura é expressão inaceitável quando o tema é religioso) pois considero que a fé não se discute e muito menos se adjectiva.

Em todos os casos referidos, considero apenas o que se passa actualmente: ouso ignorar esse absurdo do perdão católico que foi a Inquisição (apenas extinta em Portugal com a entrada em vigor da Carta Constitucuinal de 1821) nem o que era o Islamismo pré-wahhabismo (nosso séc. XVIII).

NOTAS FINAIS

A Santa Sé «adamou» a Inquisição (os Tribunais do Santo Ofício) transformando-a na «Congregação para a Doutrina da Fé» cujo responsável máximo foi Joseph Cardinal Ratzinger antes de se transformar no Papa Bento XVI.

“Et pour cause”, recordo Frei Leonardo Boff e a sua «Teologia da Libertação» com o que – na ausência de debate harmonioso – levou à perda da maioria absoluta do catolicismo no Brasil e ao fulgurante aparecimento da «indústria evangélica de milagres» (com o que Boff nada tem a ver, creio).

Admito que a «Juventude Hitleriana» poderia ter sido ainda mais malévola se o jovem Joseph Ratzinger não tivesse passado pelas suas fileiras e que o holocausto de judeus e arianos (os ciganos são arianos) pudesse ter sido ainda mais mortífero se Joseph Ratzinger não tivesse estado militarmente colocado num campo de concentração.

De seguida, peço que releiam os últimos versículos do capítulo 16 de Ezequiel quando o Senhor revela que estabeleceria a Sua aliança com Israel, dizendo-lhe: “Tu saberás que eu sou o Senhor, para que te recordes e te envergonhes e, na tua confusão, não abras mais a boca quando eu te tiver perdoado por aquilo que fizeste”. (Ezequiel 16: 62,63)

 

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