Não sei se o Dr. Salles trouxe estas sínteses das religiões em uma só
palavra, com algum oculto e malandro intuito provocador, por via de um
criminoso-mor dos nossos dias, lembrando que em nenhuma religião esse tal,
encontraria qualquer palavra-síntese que o absolvesse, nessas palavras-chave que
as definem – nem compaixão búdica, nem esperança judaica, nem perdão cristão, e
apenas sim, o olho por olho que o Alcorão segue, bem fundamentado, de resto,
nos discursos de ameaça e violência vocabular que o Senhor inspira ao profeta
Isaías, que o Dr. Salles igualmente traz à baila, com ironia provocatória. Que Jeová
não é de rodeios, vê-se que tem – e inspira - ameaças proféticas a Isaías, o
qual não se coíbe de usar a linguagem de violência e ameaça desbragadas, plena
de expressões, para mais, chocantemente libidinosas, no descritivo de Israel com
as tais cidades de Sodoma e Gomorra a merecer castigo feroz.
“Olho por olho,
dente por dente”… Será que sim, para o caso de hoje?
ou
«METENDO O ROSSIO NA BETESGA»
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 04.01.23
Mais do que a condição lógica, impera a física na impossibilidade de
o conteúdo ser maior que o contentor e, daí, que com o exercício da síntese,
algo fique de fora. Se a síntese
pretender ser superlativa, corre-se o risco da perda de itens essenciais. Já raiará
a subjectividade quando entrarmos na consideração de que há pontos cuja
essencialidade seja mais importante que a de outros também essenciais.
Contudo, a
alternativa à síntese é, muito provavelmente, um tratado e,
para isso, não há conhecimentos que exaustivamente abarquem tudo, passe o
pleonasmo.
Fico-me, portanto, pela síntese e, nela, pelo seu grau superlativo, fico-me
pelo sumo da síntese.
* * *
O exercício a que nestes últimos dias me
dediquei foi o de tentar definir uma religião com uma única palavra e pensei
no Budismo, no Judaísmo, no Cristianismo e no Islamismo: Admito
breves contextualizações entre parênteses.
Budismo – compaixão (procedimento individual visando a felicidade alheia);
Judaismo – esperança
(…na vinda do Messias);
Cristianismo – perdão (…dos maus procedimentos alheios
devidamente arrependidos);
Islamismo – talionismo
(vingança; «olho por olho, dente por dente»).
Facilmente se constata que não toco no relacionamento de cada
religião com a respectiva Divindade e que me centro apenas na relação com os
respectivos crentes. Chamemos-lhe
a orientação religiosa dada à atitude social. E fico-me por este
esboço
(caricatura é expressão inaceitável
quando o tema é religioso) pois considero que a fé não se discute e muito menos se adjectiva.
Em todos os casos referidos, considero
apenas o que se passa actualmente: ouso ignorar esse absurdo do perdão
católico que foi a Inquisição (apenas
extinta em Portugal com a entrada em vigor da Carta Constitucuinal de 1821) nem
o que era o Islamismo pré-wahhabismo (nosso
séc. XVIII).
NOTAS FINAIS
A Santa Sé «adamou» a Inquisição (os
Tribunais do Santo Ofício) transformando-a na «Congregação para a Doutrina da
Fé» cujo responsável máximo foi Joseph Cardinal Ratzinger antes
de se transformar no Papa Bento XVI.
“Et pour cause”, recordo Frei Leonardo
Boff e a sua «Teologia da Libertação» com o que – na ausência de
debate harmonioso – levou à perda da maioria absoluta do catolicismo no Brasil
e ao fulgurante aparecimento da «indústria
evangélica de milagres» (com o que Boff nada tem a ver, creio).
Admito que a
«Juventude Hitleriana» poderia ter sido ainda mais malévola se o jovem Joseph
Ratzinger não tivesse passado pelas suas fileiras e que o holocausto de judeus
e arianos (os ciganos são arianos) pudesse ter sido ainda mais mortífero se
Joseph Ratzinger não tivesse estado militarmente colocado num campo de
concentração.
De seguida, peço que releiam os últimos versículos do capítulo 16 de
Ezequiel quando o Senhor revela que estabeleceria a Sua aliança com Israel,
dizendo-lhe: “Tu saberás que eu sou o
Senhor, para que te recordes e te envergonhes e, na tua confusão, não abras
mais a boca quando eu te tiver perdoado por aquilo que fizeste”.
(Ezequiel
16: 62,63)
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