sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Diagnóstico irrefutável


De Alexandre Homem-Cristo, que o comentário de F. Mendes., que reponho, confirma em luminoso esclarecimento. Há muito, de resto, que a postura anteriormente imperial da segunda figura nacional, Augusto português, de menor mansidão hoje, todavia, gato escondido antes, com o rabo de fora, todavia, pronto a desferir as garras, visíveis hoje, ao modo putinesco, que é o que está a dar, em termos imperiais contemporâneos, que irrisoriamente o nosso Augusto tenta imitar, esquecido da pequenez nacional e de que tal postura, mansa ontem, altiva hoje, apenas pode fazer suscitar a gargalhada irreprimível do observador atento…

F. Mendes: Excelente artigo, que tem também o mérito de expor essa figura miserável, que dá pelo nome de Augusto SS. Faço notar que a diabolização da extrema-direita faz parte de uma estratégia de medo, seguida consistentemente pelo PS. E destina-se a desviar as atenções dos reais problemas deste país desgraçado. Outros exemplos: o suposto racismo estrutural, os cortes do tempo da Troika implementados por PPC mas negociados por Sócrates, supostas destruições do ensino público e do SNS (que hoje estão como se sabe), etc. Objectivo: convencer os eleitores, enganosamente, de uma falta de alternativa e continuarem no poleiro para sempre. O prof. Marcelo tem também enormes responsabilidades nesta situação, ao atropelar repetidamente a Constituição e ignorando os atentados ao funcionamento da democracia e do estado de direito.

O bloqueio, o alheamento e a ausência

Metemo-nos num beco sem saída. Por um lado, uma democracia bloqueada por expectativas frustradas. Por outro, uma elite que tudo faz para a manter assim. No meio, a ausência de uma alternativa política

ALEXANDRE HOMEM CRISTO Colunista do Observador

OBSERVADOR, 26 jan. 2023, 00:2124

Portugal é uma economia estagnada e em perda de competitividade europeia, apoia-se numa Justiça lenta e sofre de corrupção endémica. Ao mesmo tempo, as suas instituições democráticas exibem inconstância, fragilidade e a permeabilidade das portas giratórias. Não há planeamento, apenas o desenrascanço das soluções de curto prazo. E, por isso, os dossiers reformistas arrastam-se ao longo de anos (ou décadas), acumulando oportunidades perdidas na modernização e no desenvolvimento social e económico do país. Nem quando suportados por uma maioria absoluta os governos ousam desafiar corporações e clientelas eleitorais. Não se vislumbra, no horizonte, sinais de esperança num futuro diferente.

Este é um retrato de uma democracia bloqueada, onde a pandemia aprofundou desigualdades, onde os ganhos do investimento nas qualificações estão a diminuir, onde as expectativas de ascensão social são frustradas pela degradação da rede pública de educação (e consequente aumento das matrículas no ensino privado) e onde a promessa de um SNS para todos esbarra na realidade de serviços de saúde à beira do colapso. Sim, Portugal é um país extraordinário para se viver, mas com vários “se” cada vez mais improváveis de conjugar — se os custos da habitação o permitirem, se se conseguir pagar um colégio, se se tiver um seguro de saúde.

Um país assim é uma bomba-relógio de frustrações e insatisfações, à espera de rebentar. Os protestos dos professores são o exemplo do momento: bastou uma faísca para uma classe profissional explodir em protestos, não contra uma medida recente, mas em nome de reivindicações ignoradas durante anos. Eis a ponta do icebergue e um sintoma de uma democracia doente — ou seja, incapaz de responder aos anseios dos cidadãos.

Outro sintoma de uma democracia doente é o alheamento das suas elites. Quando a bolha é pequena e estanque, quem se fecha lá dentro fica impossibilitado de compreender os anseios, as expectativas e as dificuldades de vida da classe média — já para não falar dos grupos sociais desfavorecidos. August o Santos Silva é nesse aspecto exemplar. O segundo político português da nossa democracia que mais tempo acumulou em governos (só António Costa o supera), que agora é segunda figura do Estado e que (diz-se) será candidato à Presidência da República, faz o seu diagnóstico:o real perigo para a democracia está na “extrema-direita”.

Santos Silva isola a “extrema-direita” da “extrema-esquerda” — tradução: para o PS, só a direita é que é perigosa para a democracia e é falsa a equivalência anti-democrática entre extremos (há que legitimar a geringonça). Santos Silva lamenta o populismo, que faz a “extrema-direita” crescer e que se observa noutros movimentos que “degradam o uso das greves” — tradução: para o PS, todas as formas de combate ao governo são populistas, incluindo greves de esquerda. Santos Silva quer uma linha vermelha contra a direita no seu todo, porque alega que esta é permeável à “extrema-direita” — tradução: para o PS, a democracia só é saudável se o PS governar sempre. Santos Silva critica o “judicialismo” e a “lógica de tentarmos descobrir a roupa suja” — tradução: para o PS, a corrupção não é o problema-chave, mas sim que se faça escrutínio político de episódios sob investigação do Ministério Público. Santos Silva considera que os eleitores tradicionalmente de esquerda que votam no radicalismo da direita são manipulados — tradução: para o PS, a insatisfação e o protesto expressados em voto por esses eleitores explicam-se por falha dos próprios eleitores, que se deixam manipular.

Metemo-nos num beco sem saída. Por um lado, uma democracia bloqueada, que parece uma panela de pressão de expectativas frustradas. Por outro lado, uma elite política que tudo faz para a manter bloqueada — afinal, os anos de estagnação correspondem ao período dourado da afirmação política do PS (governou em 20 dos últimos 27 anos). No meio, a ausência de uma alternativa política a este rumo pantanoso. Eis o triângulo que compõe o maior perigo para a democracia portuguesa. A continuar assim, desconfio que 2023 não acabará bem.

GOVERNO   POLÍTICA   REFORMA DO ESTADO   ESTADO   EXTREMA DIREITA   EXTREMA ESQUERDA

COMENTÁRIOS (de 32):

Américo Silva: O rendimento disponível das famílias aumentou 32% desde 2014.         observador censurado: Senhores jornalistas e comentadores, divulguem a Luz que vem dos países que nos dão esmolas. Por exemplo, é aceitável que Portugal, país pobre que recebe: 1. Esmolas da Holanda, tenha metade da sua população mas tenha um governo com o dobro do tamanho? 2. Esmolas da Suécia, ofereça um subsídio de alojamento generoso a deputados e os deputados suecos sejam alojados em algo semelhante a uma residência universitária? Existem centenas de exemplos para explicar porquê que Portugal é uma nação inviável.             Censurado sem razão: Augusto santos Silva é um comunista disfarçado. Um ditadorzinho de trazer por casa. Um verdadeiro democrata. Dá perceber o sentido democrático da esquerdalha. Continuem a votar PS. Como diz o Américo Silva, estamos muito melhor que em 2014. A imbecilidade em todo o esplendor.                 Bruno Morais: Este bloqueio respaldado por uma comunicação social condescendente permite perceber que isto vai durar até à bancarrota final                 F. Mendes: Excelente artigo, que tem também o mérito de expor essa figura miserável, que dá pelo nome de Augusto SS. Faço notar que a diabolização da extrema-direita faz parte de uma estratégia de medo, seguida consistentemente pelo PS. E destina-se a desviar as atenções dos reais problemas deste país desgraçado. Outros exemplos: o suposto racismo  estrutural, os cortes do tempo da Troika implementados por PPC mas negociados por Sócrates, supostas destruições do ensino público e do SNS (que hoje estão como se sabe), etc. Objectivo: convencer os eleitores, enganosamente, de uma falta de alternativa e continuarem no poleiro para sempre. O prof. Marcelo tem também enormes responsabilidades nesta situação, ao atropelar repetidamente a Constituição e ignorando os atentados ao funcionamento da democracia e do estado de direito.               João Ramos: Se algum dia Augusto Santos Silva for eleito presidente da República, isso sim será um perigo real para a democracia portuguesa, não tenhamos dúvida disso!!!              Português indignado: ASS é dos piores que este país tem no exercicio de funções governativas. Uma criatura que nunca trabalhou a sério na vida. Execrável. E vocês que votaram nestes socialistas horrorosos, estão orgulhosos de vocês?                  Francisco Almeida > Américo Silva: Esses 26 "likes" não o envergonham?    Carlos Almeida: Acabe-se é, definitivamente, com os dinheiros vindos da Europa!! Um cancro para Portugal. voto em branco lembro-me do marcelo dizer que "agora é que é!" com o imenso guito do PRR. estou a vê-lo ir todo pra calar sindicatos e pra safar a tap (e para um palco de uma missa). o povo não verá um cêntimo. falta-nos um zelenski que demita ministros às dúzias

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