Digo, na questão vertebral. Mas
pode ser engano, pelo que se tem visto por aqui.
HENRIQUE
SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 07.01.23
Magnífico, o «campus»
universitário de Medicina situado no limite urbano de Miami na saída para
Everglades.
Andam por lá portuguesas a estudar, o que ficámos a saber no dia seguinte ao
pequeno-almoço quando duas jovens Senhoras, na mesa ao nosso lado, fizeram
questão de nos fazer saber que por ali eram imigrantes intelectuais e não
braçais. Votos de que o autismo corporativista médico português não lhes
levante obstáculos ao exercício da profissão quando, prontas, regressarem.
«Everglades» significa «pântanos»
e nada tem a ver com a eternidade sugerida pela partícula «ever». Mas para nós, pântano está associado
a água estagnada, borbulhante de pútrida, fétida. Nada disso por ali, talvez
haja alguma correnteza. Naquelas paragens, os crocodilos chamam-se aligators
e se mudam de nome, não é por uma questão de originalidade mas porque têm
características que os distinguem dos «primos» da «Lacoste»: o
crocodilo tem o nariz recto e tendencialmente convexo enquanto os aligators têm
um perfil côncavo; o aligator tem menos uma vértebra cervical do que o
crocodilo pelo que aquele não flecte o pescoço – e assim é que pelo pescoço
morre o aligator.
Dizem-me
que o aligator não é perigoso. Não acredito! À semelhança dos crocodilos, têm aquela combinação terrível
que é a de terem um cérebro pequeno e uma boca enorme cheia de dentes.
É claro que não meti as mãos no pântano – com aquela água não me lavarei!
Regressados a Miami para o almoço e um passeio a pé para «esmoermos» a
mexicanada, foi hora de emalar a trouxa pois no dia seguinte embarcaríamos por
aqueles mares além…
(continua)
Janeiro de 2023
Henrique Salles da Fonseca
NB: Continuo convencido de que os grandes
pássaros vistosos imóveis e os aligators alapados ali na berma junto ao barco… eram
de porcelana.
Tags: viagens
Anónimo 07.01.2023 20:12:
Agora que, parece-me,
ao fim de 3 posts estás prestes a abandonar Miami, deixa-me dizer umas duas ou
três coisas. Antes de mais, e referindo ao que escreves neste teu
último post, esclareço que, ao longo do tempo, a Lacoste foi diminuindo o
tamanho do crocodilo, a fim de evitar a contrafacção, mas com sucesso relativo.
É claro que fizeste muito
bem em não te meteres no pântano, pois como em 2014 deixou escrito o saudoso
Dr. Joaquim Silva Pinto, jovem ministro de Marcello Caetano, “do pântano não se
sai a nado”. E essa é uma verdade imutável, quer em 2001, quer em 2014, quer agora. A
acrimónia que os exilados cubanos têm para com o Regime da sua Pátria e
respetivos protagonistas, extravasa o sentimento pessoal e materializa-se numa
influência indesmentível junto da vida política americana. A manutenção do
bloqueio dos EUA a Cuba é seguramente, influenciada por esta importante
comunidade. Aliás, se dúvidas houvesse, aí está a Secretária de Estado de Clinton
– Madeleine Albright – a confessar nas suas memórias que,
após a visita de João Paulo II a Cuba, em janeiro de 1998, a Administração
americana equacionou algumas medidas de “abertura”, pelo que ela foi à “Flórida
com el propósito de evaluar la posible reacción de la sempre politicamente
suspicaz comunidade cubana estadunidense ante las medidas que estábamos
considerando.” (pág. 400, da edição espanhola Planeta, 2004). Deve ser
muito difícil encontrar o ponto de
equilíbrio entre o bloqueio, como forma de pressionar o Regime cubano a
democratizar-se, e a salvaguarda dos efeitos perniciosos daquele no Povo.
Não deve ser por acaso que temos assistido, neste século, a medidas
americanas democráticas tendencialmente liberalizantes e às suas reversões
pelos Republicanos. Como acontece frequentemente nestas circunstâncias, é
o Povo que sofre duplamente: no âmbito politico – cerceamento de liberdade – e
no domínio económico – escassez de bens. Talvez se não houvesse essa importante comunidade de exilados
cubanos, a Flórida não seria um Estado tão relevante politicamente como tem
sido. Recordo apenas as célebres e
decisivas contagens e recontagens de votos, quando da disputa das eleições
presidenciais de 2000 entre Al Gore e George Bush (filho), em que este acabou
por ser declarado irrisoriamente vencedor. Grande abraço. Carlos Traguelho
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