A
colaboração de um presidente inseguro, exibicionista até dizer chega, que até
no Brasil nos envergonha, nos seus requebros caricatos, à prova de jacarés.
Tudo para ele é farsa. Para nós também. Excelente análise de MJA e dos seus
comentadores.
Estabilidade?
António Costa
lembra aquele ministro da Informação do Iraque – como é que ele se chamava? –
que com água pelo pescoço acenava ao mundo com a certeza de amanhãs radiosos.
Estamos lembrados do resto.
MARIA JOÃO AVILLEZ
OBSERVADOR, 11 jan. 2023, 00:2035
1“Estabilidade” dizem eles. Dizem todos,
faz impressão, sem se darem conta de que nada o PS está a produzir com ela ou
nela, amparado. É impossível que o argumento nos comova. Santana Lopes,
repetirei sempre, era um chapeuzinho de chocolate comparado com o polifónico
desastre socialista (ou mesmo com o “pântano” de Guterres). António Costa
faz-me lembrar aquele ministro da Informação do Iraque – como é que ele se
chamava? – que, com água pelo pescoço, acenava ao mundo com a certeza de amanhãs
radiosos na terra dele. Estamos lembrados do resto.
Mas sim “isto” vai continuar porque não
há como não continuar: a maioria não é
“apeável”, nem tão cedo o Chefe de Estado se meterá noutra aventura eleitoral,
a outra não lhe saiu bem. O país continuará regido (?) pela grande família
socialista, segura numa rede estatal de interesses que respira à custa do
dinheiro público. Uma apagada e vil esterilidade que soma desastres em vez de
resultados
Com
o país manietado por um crescimento anão, urgências sobrelotadas, escolas sem
professores, dinheiro a crédito, greves que lesam quem trabalha embora feitas
em nome dos “trabalhadores” – o Presidente, após sete anos de prazeirosa*
companhia com o poder socialista, ensaia outro tom. Percebeu
que começou outra peça, ignorando-se ainda quanto tempo durarão os ensaios e
que papel concreto se reservará a seguir. (Deixo uma dúvida: desde quando é que um Chefe de Estado faz avisos
governamentais com prazo? Um ano para o governo mostrar o que vale? A quem? E
quem avalia? Segundo que critério? Presidencial? Acabarem os “casos” mas
continuar a estagnação? As sondagens? A rua?)
2E no entanto… se a maioria absoluta do PS
começou por espantar o seu próprio líder – hoje sabemos que inclusivamente pode
dar politicamente cabo dele – ela poderia ter sido evitada. Ou relativizada.
Não me refiro neste caso à maioria de votos socialistas – e às tumultuosas
revelações que produziu – evoco hoje o centro e a direita. Para
relembrar isto: bastava (julgo que o verbo é esse: “bastava”) que Rui
Rio, então líder do PSD, tivesse ido por diante com a ideia que chegou a fazer
algum caminho de uma coligação pré-eleitoral entre o PSD e CDS e tudo poderia
ter sido diferente: não só o CDS não se teria sumido do mapa parlamentar, como
o próprio PSD teria beneficiado com essa espécie de mistura de confiança,
estímulo, e maior galvanização que tal coligação poderia desencadear em três
frentes: no seio de cada um dos partidos; no interior de si mesma, no
comportamento do eleitorado.
Não se pode, não se deve esquecer isto.
As razões oficiais remeteram para a existência de “desacordos”. (Qual a morada
partidária onde não os há?)
Era – foi – porém uma pura questão de
liderança: qualquer líder digno desse nome colocado face à perspetiva de uma
iniciativa política com futuro, daria a volta às coisas. Negociaria,
convenceria, lideraria para obter a concordância dos seus pares. O erro
contribuiu para o Portugal mais fracassado que aí está… Dir-me-ão e talvez com razão que é inútil fazer futurologia sobre o
que não aconteceu mas este exercício de memória talvez não seja hoje totalmente
despropositado: com o PSD e o CDS coligados nas últimas legislativas e logo um
outro resultado eleitoral, uma boa porção de coisas teria sido diferente, e
outra, evitada.
3De modo que agora sim, oficializado e com
prazo de validade (um ano, não é?) há um combate entre o PR e o PM. E
depois um desfecho. Seria incapaz de o escrever por antecipação: as
personagens que estão no ringue não comparáveis em nada, as formas mentis são
muito distintas, as personalidades muito diferentes – mais que do que parecem.
E o modo como cada um usa a força e os instrumentos políticos que tem, também.
Não olham enfim – e não a praticam – a política do mesmo modo. Seja como for,
vai ser obrigatório seguir cada estação do caminho que os espera. O que se sabe
é que as estações não serão amenas.
O centro e a direita exultaram ao ver
o Chefe de Estado metamorfoseado num reitor severo após terem convivido sete
anos com um presidente cúmplice. Exultaram
por ter a esperança – ou mesmo já a certeza – de que o oxigénio de que precisam
para chegar ao poder, virá de Belém. Talvez. Parece-me que mais do que isso,
aquilo que produzira e encenará as estações do Presidente é a sua preocupação
com o seu próprio legado. Sabe que há que fazer qualquer coisa antes que nada
haja a fazer.
A
mais magna questão de Marcelo Rebelo Sousa, com o tempo em contagem decrescente.
4Pequena nota com alguma importância: numa fuga
para a frente face à sua própria deliquescência, diversos arautos do
PS&governo têm-se entretido em comparações com outras maiorias do passado. De
tão manhosas chegam a ser embaraçantes mas a esquerda nunca hesita e com ou sem
ajuda da media – mas normalmente com – faz de um ardil, um facto. A seguir a
própria media encarrega-se do pôr o falso facto na montra: o ardil
transforma-se em narrativa comprovável. Ao
ouvir os arautos, tem-se por seguro que o ex-primeiro ministro Cavaco Silva
teria conhecido a mesma deliquescência no final do seu ultimo governo. A mesma
“fartura” (o adjectivo é meu) os mesmos casos, a mesma arrogância. A mentira
ampara a falsa comparação e confunde memórias cansadas. Sucede
que o legado de Cavaco não é disfarçável. Existe. Cavaco deixou outro Portugal
atrás dele. Costa deixará as contas – talvez – certas, num país estagnado e civilizacionalmente
decadente.
O então primeiro ministro
Cavaco Silva privatizou diversos sectores da vida do país, fortaleceu a
economia, incentivou o sector privado, pôs Portugal a crescer, dotou-o de
infraestruturas, liberalizou a comunicação social, fez nascer os dois melhores
ex-libris culturais do país – Serralves e CCB – e estou a resumir. É certo que
governou com boas marés mas uma coisa é achá-lo arrogante, distante ou seja o
que for – é secundário – outra, é comparar o que não é factualmente comparável.
Segundo os mesmos arautos e boys Costa
teve mandatos muito difíceis com uma pandemia às costas (os governos do mundo
inteiro também), e “tem” uma guerra (a Europa também). Ninguém nega as aflições
por que terá passado, a começar por mim mas lembrei-me de Passos Coelho. E da
coligação que liderou, a braços com a ameaça concretíssima de uma banca rota
produzida pelo PS. E pergunto: e então os algozes da troika com quem o mesmo PS
já tudo negociara antes da governação PSD/CDS entrar em acção? E o incansavelmente
activo Tribunal Constitucional vetando tudo, e a rua sempre “de serviço”, e a
media sempre prestimosa? E governar com aquele cerco de aço? Um cerco de quatro
anos que culminaria com um vitória eleitoral (alias o principal ponto de
interesse desta saga por contar). António Costa viveu “em comum” as mesmíssimas
aflições e incertezas dos governantes europeus, Passos Coelho viveu outro tipo
de terríveis preocupações, vencendo-as sozinho e cercado.
*Gente séria que estimo concorda ou mesmo
aplaude a coabitação como ela tem ocorrido entre o PR e o PM. Argumentam que
devemos encarar como politicamente normal que o Presidente colabore com o
governo em vez de o hostilizar ou guerrear. Percebo o princípio, discordo com
base no modus faciendi presidencial a que assisto há sete anos: uma proximidade
invulgar – ora aparatosa, ora ruidosa; histriónica demais, vocal de mais,
amical demais. A mesma que o Presidente mantém com o povo, mas o povo não é o
governo. A coabitação parece excessiva na sua cumplicidade política, o que uma
“normal” relação institucional nunca reclamou, nem as naturezas do Chefe de
Estado e do Chefe do governo recomendariam. E
o país, ganhou com esta proximidade mais protectora que exigente, mais
colaborante do que vigilante?
CRISE
POLÍTICA POLÍTICA GOVERNO ANTÓNIO
COSTA PS PRESIDENTE
MARCELO
COMENTÁRIOS (de 35):
Rui Teixeira: A maioria absoluta mostrou a careca do Costa:
por trás daquele viscoso sorriso de cínico, escondia-se
um tipo do pior; por trás
daquela vida feita no sarro lisboeta dos corredores, gabinetes e intrigas,
escondia-se um gaginho capaz de bater em velhinhos. Filipe Paes de
Vasconcellos: E,
isto tudo por horror a Passos Coelho! 1. A geringonça formou-se por não admitirem que o Costa
e o PS tinham perdido às eleições e não aceitando que quem ganha governa. 2. A
geringonça teve algumas responsabilidades: a) Radicalizou o PS colando-o à extrema esquerda
b) Durante 4 anos o PS/PCP/BE inviabilizaram qualquer
governação alinhada com a economia de mercado. c) Desbarataram
todos os enormes progressos de Portugal com as reversões e com a destruição de
valor de tudo o que apanhavam pela frente. 3. Para
além do referido, o habilidoso Costa radicalizando o país à extrema-esquerda
foi um dos principais responsáveis para a radicalização à direita com o
surgimento do CHEGA. Juntando
a tudo isto tivemos a bater palmas dois idiotas inúteis (Marcelo e Rio) porque
tinham, insisto, a mesquinhez de não apoiar quem tinha salvo o país de uma
enorme desgraça. E, fico-me
por aqui! António
de Mendonça: É o
nosso Tariq Aziz!! Somos
a geração mais bem preparada de sempre, o maior crescimento económico dos
últimos 200 anos, governantes impolutos e acima de qualquer suspeita, PRR a
jorrar dinheiro por todo o lado, romance com o Presidente dos Afectos, cujo
papel nos últimos anos tem sido pouco mais do que tirar selfies e tomar umas
banhocas etc etc.. no final do dia um país em declínio moral, económico e
demográfico, uma entourage político-partidária sem categoria absolutamente
nenhuma, dificuldade em recrutar governantes fora do inner-circle e mesmo esses
são terceiras e quartas escolhas, fuga em massa de trabalhadores qualificados,
perda de poder de compra e degradação salarial e saúde em queda livre, perda
de competitividade generalizada, incapacidade total de gerar crescimento
sustentado, mesmo com acesso à melhores fontes financiamento da nossa história.
Um paraíso governado por um ilusionista, rodeado de gente sinistra e a fazer
figura de pedinte de mão estendida para a Europa, essa que agora tem mais o que
fazer . Joaquim
Rodrigues: Primeiro, traiu o seu camarada de partido
António Seguro, acusando-o de ter tido uma vitória por “poucochinho”. Depois, após ter perdido as eleições (nem por
“poucochinho” as ganhou) traiu o eleitorado do PS e o País ao, para salvar a
sua carreira política, se ter aliado à extrema-esquerda anti-liberal,
anti-democratica, anti-União Europeia e anti-Nato. Ele sim, ultrapassou uma “Linha Vermelha” que, nenhum verdadeiro
democrata, antes tinha ultrapassado. A verdade nua e crua é que o “habilidoso” Costa esgotou
todo o seu “reportório programático” nas “reversões” e, para além disso, não
tinha qualquer “Visão”, qualquer “Estratégia”, qualquer “Programa Político”,
que pudesse apresentar aos portugueses, para o desenvolvimento do País. Ele que, sendo 1º Ministro há cerca de sete anos e
membro de um Partido que, nos últimos 25 anos, esteve 20 no poder, não foi
capaz de fazer um Programa de Emergência pós Covid e teve que ir contratar um
“Costa e Silva” qualquer para, a partir do nada, fazer a famigerada “Bazuka”
de onde só sai mais “Estatismo”, mais “Centralismo” e mais “Clientelismo”,
contra a sociedade civil, a igualdade de oportunidades e a livre iniciativa
privada. As
“habilidades” do Costa já não enganam ninguém. O Costa, sem o “biombo” da Geringonça, ao mostrar-se
tal qual é, perdeu toda a credibilidade, quer perante os militantes e eleitores
do PS, quer perante os portugueses. A maioria absoluta, ao pôr a nu, a sua falta de
“ideias” e de “capacidade”, matou-o. O
Costa está morto politicamente! É um cadáver político. Se queremos prestar um serviço ao País e à União
Europeia (repito: e à União Europeia) o que temos de exigir ao PS e ao Grupo
Parlamentar do PS é que "demitam" o Costa. Nas
eleições Legislativas não se elegem Primeiros-Ministros. Elegem-se deputados
que indigitam um candidato a Primeiro Ministro. Servir o País hoje é exigir ao
PS e ao Grupo Parlamentar do PS que demitam o Costa e indigitem um novo
candidato a Primeiro Ministro para formar Governo que governe até ao fim da
Legislatura com um mínimo de seriedade ou, até que, finalmente, o Presidente da
República, cumpra com o seu dever. S Belo: Esperemos que
"doa a quem doer"(!) Parabéns e Obrigada, Maria João Avillez.
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