terça-feira, 17 de janeiro de 2023

E assim se findará


No Hades: Uma resposta taxativa à de INÊS DOMINGOS sobre a inteligência artificial: a de ADRIANA ALVES sobre os torpedos do Putin, de nome – Poseidon – adequado às intenções diabólicas do “czar”: resposta anuladora das justas preocupações pela fabricação robótica desumanizante, que as intenções malévolas de um risonho criminoso à solta relativizam quanto à eficácia humana da construção artificial.

1 - Rússia produz primeiro conjunto de torpedos Poseidon com capacidade nuclear

Uma fonte do departamento militar russo confirmou que a Rússia produziu os torpedos nucleares Poseidon, que vão "em breve" equipar o submarino K-329 Belgorod.

ADRIANA ALVES: TEXTO

OBSERVADOR, 17 jan. 2023, 00:42  

A Rússia conseguiu produzir o primeiro conjunto de torpedos nucleares “Poseidon”, desenvolvidos para equipar o submarino russo K-329 Belgorod. A notícia, divulgada pela agência russa TASS, surge depois de, em novembro, Moscovo ter tentado testar a arma sem sucesso.

“Foi produzido o primeiro conjunto de Poseidon e o submarino Belgorod vai recebê-los num futuro próximo”, revelou uma fonte próxima do departamento militar à agência estatal russa.

A mesma fonte indicou que testes em separado aos componentes principais dos Poseidon, que incluem um reactor nuclear, foram completados com sucesso. A TASS refere ainda que a equipa do submarino Belgorod já completou os testes com os torpedos nucleares.

Os Poseidon foram apresentados pela primeira vez em 2018 pelo Presidente Vladimir Putin, que os descreveu como uma “arma inovadora” durante o seu discurso à Nação. Conhecidos como a “arma do Apocalipse”, são considerados uma das grandes vantagens militares da Rússia. Em novembro do ano passado, as autoridades norte-americanas disseram que a Rússia tentou testar o torpedo no Mar Ártico, mas o teste acabou por não avançar devido a dificuldades técnicas.

Segundo a CNN, os Poseidon têm capacidade para transportar armas nucleares e são eles próprios movidos por um sistema de propulsão nuclear, característica que lhes permite ter um alcance muito superior aos dos torpedos convencionais.

Os sistemas Poseidon, considerados dos mais poderosos no mundo, vão ser carregados pelo Belgorod, construído pela empresa russa Sevmash Shipyard. A embarcação da marinha russa é capaz de lançar um torpedo a uma distância de 10 mil quilómetros, o que poderia, alegadamente, causar um tsunami radioactivo.

GUERRA NA UCRÂNIA     UCRÂNIA    EUROPA   MUNDO    RÚSSIA

 2 - Inteligência artificial, filosofia e humanismo

O desenvolvimento da inteligência artificial tem de ser acompanhado de um reforço da filosofia, a área do conhecimento humano que, pelo seu método, mais fomenta o espírito crítico.

INÊS DOMINGOS Colunista do Observador, economista

OBSERVADOR, 15 jan. 2023, 00:135

A introdução no final do ano passado de tecnologias de inteligência artificial de acesso rápido e intuitivo para o público em geral, sendo o mais popular atualmente o ChatGPT da OpenAI, reacenderam a já velha questão sobre a natureza (e a sobrevivência) do trabalho humano.

A rapidez com a qual os utilizadores estão a adoptar esta nova tecnologia já começou a provocar mudanças nas instituições. Por exemplo, a Universidade de Liverpool publicou um vídeo sobre como se pode usar a Inteligência Artificial para fazer perguntas de escolha múltipla para um teste, incluindo respostas correctas e erradas, ou preparar um plano de aulas. Mas muitas instituições têm apontado também os riscos. Esta semana, segundo uma notícia do Guardian, um grupo de universidades australianas indicaram que regressarão aos exames tradicionais escritos à mão, depois de terem descoberto estudantes a usarem inteligência artificial para escrever ensaios.

Para além da academia, as aplicações desta plataforma para várias áreas do conhecimento humano são praticamente inesgotáveis. Segundo um relatório do World Economic Forum “The Future of Jobs 2020”, 85 milhões de empregos serão substituídos por inteligência artificial no mundo até 2025. Mas também é verdade que outros serão criados, sobretudo ligados às novas tecnologias e análise de dados, muitos dos quais ainda não existem e que nós nem imaginamos.

Para além da intensificação dos empregos nas áreas tecnológicas, existem três competências humanas que a inteligência artificial não deverá ser capaz de substituir.

A primeira é o pensamento crítico e o discernimento. A ausência de espírito crítico das máquinas obriga os criadores de inteligência artificial a introduzirem limites éticos nos seus programas, o que representa uma fonte crescente de preocupação para as políticas públicas, até por causa das discrepâncias entre os valores éticos em diferentes regiões. A União Europeia criou em 2018 um conjunto de linhas directoras para a utilização ética de inteligência artificial, tal como a China em 2019 (princípios de Beijing), mas a implementação desses princípios e os valores destas duas regiões são muito diferentes, nomeadamente no que diz respeito à proteção da vida privada. A inteligência artificial obrigará também a uma aceleração na transformação do ensino. Quando temos acesso imediato e sem filtros a informação, mesmo que tecnicamente correcta, só o discernimento permite saber se agir com base nela é eticamente aceitável. Assim, o desenvolvimento da inteligência artificial tem de ser acompanhado de um reforço da filosofia, a área do conhecimento humano que, pelo seu método, mais fomenta o espírito crítico.

A inovação e a criatividade são também espaços privilegiados da inteligência humana. Embora os aspectos da criatividade e da inovação incremental possam eventualmente ser apreendidos pela inteligência artificial, os aspectos mais disruptivos e originais dificilmente serão captados pela inteligência artificial, que trabalha sobretudo com base na informação existente.

Por fim, a terceira área onde a inteligência artificial não tem competência é nas relações humanas e na capacidade de colocar o ser humano no centro do pensamento e das escolhas. Embora os robots possam substituir muitas tarefas e até analisar os sentimentos humanos com base em análise de expressões faciais ou movimentos, a pandemia ensinou-nos que uma máquina, e até mesmo uma conferência virtual que tem uma pessoa real do outro lado do écran, não substituem a presença humana. Isto é muito importante nos trabalhos que lidam com pessoas, sejam de natureza social, de recursos humanos, ou de aprendizagem, sobretudo entre os mais novos.

Os desafios da inteligência artificial para o futuro do trabalho humano são muito relevantes e irão exigir respostas das políticas públicas em áreas que vão das qualificações à fiscalidade. Mas no fim do dia, o que agora parece claro desde já é que há duas coisas insubstituíveis, a filosofia e o humanismo.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL  TECNOLOGIA  FILOSOFIA  CULTURA

COMENTÁRIOS:

Maria Paula Silva: Certíssimo. Mas o facto é que, com o aumento das tecnologias e cada vez mais meios de comunicação tecnológico, as pessoas, sobretudo os mais jovens, quase não lêem, escrevem mal e ficam "preguiçosos para pensar" e isto não vai parar nem regredir, antes pelo contrário, a tendência é para aumentar. Este seu apelo à manutenção do estudo da Filosofia faz cada vez mais sentido, até porque é uma disciplina que estava (não sei se ainda está) em risco de ser retirada dos curricula escolares !!! Por muito que as máquinas nos substituam, a verdade é que, basicamente e acima de tudo, somos "seres sociais" e a pandemia, como bem diz, veio provar isso. Há alguns, Raymond Kurzweil por exemplo, que afirmam  que o Transhumanismo está mais próximo do que imaginamos.                       Antonio Tavares: Os sistemas de inteligencia artificial vão ser muito utilizados desde que aumentem a quantidade de dinheiro nas contas bancárias dos donos das empresas e/ou accionistas das empresas de várias atividades económicas mesmo que exista regulamentação legal a limitar a sua utilização. Na actividade militar esses sistemas de inteligência artificial vão ser muito utilizados e aperfeiçoados para aumentar a destruição e o número de mortos inimigos.              Maria Paula Silva > Antonio Tavares: "vão ser"  ou ... já são?                Antonio Tavares > Maria Paula Silva: Não me parece que os sistemas de inteligência artificial militares na presente data tenham autonomia para disparar armas, disparar misseis e lançar bombas. No futuro esse problema jurídico e cientifico vai ser resolvido e as máquinas fazem as guerras de forma autónoma sem intervenção humana.                Maria Paula Silva > Antonio Tavares: Um pouco assustador. Mas, ao fim e ao cabo, o ser humano também pode ser assustador.

 

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