A verdade é que nenhum partido se define
com rigor, sabendo o que o espera, se for governo: o ataque sistemático às
estruturas, por parte da esquerda exigente e fervorosa no aparente apoio ao
povo que ordena, na Grândola morena e arredores, secundada pelo povo dos vários sítios, que acredita nisso piamente, ou finge. O próprio governo actual o sabe
bem, e vai atamancando, conforme pode. O PSD sabe que não se pode tapar o sol
com a peneira e o sol é essa tal democracia manietada pela sua falta de
princípios, querendo impor farfalhudamente os seus, de arrogância e dolo,
apenas, penetrando pelos buracos também pródigos da peneira receptiva.
Qual é a alternativa?
Costa colou a direita, e em particular
o PSD, às opções da Troika que os socialistas trouxeram para Portugal. O PSD
nunca conseguiu explicar-se ao país. Ouve as críticas como se fossem merecidas.
RAQUEL ABECASIS Jornalista
e ex-candidata independente pelo CDS nas eleições autárquicas e legislativas
OBSERVADOR, 24 jan. 2023, 00:1741
É
a pergunta óbvia quando percebemos que o que há não serve. O país está assim. O
Governo está a cair aos bocados, não só pelos casos bicudos (não, não são
casinhos) com que vários ministros estão confrontados, mas também pelo pântano
em que o país se encontra. Não há
crescimento económico, os serviços públicos estão em falência, os portugueses
que podem e conseguem apanhar um avião vão tentar a sorte lá fora e só voltam
para passar férias. O país está sem caminho e sem projeto.
Perante
este estado de coisas, os que ainda cá estamos, olhamos à volta e procuramos alternativas. Sim, porque só vale a pena mudar se tivermos algo
de diferente para experimentar. Lemos os jornais, ouvimos a oposição e não
vemos nada. A oposição
à direita do Partido Socialista está entretida a aproveitar a
onda de descontentamento, a fazer listas de perguntas aos ministros que estão
na berlinda, a dar razão aos sectores descontentes, a pedir demissões, mas
esqueceu-se de ouvir a queixa que o Presidente da República deixa no ar
repetidas vezes: não há alternativa que nos permita achar que se houver
eleições as coisas podem mudar.
A
verdade é que a direita anda tão ocupada a ver quem grita mais, quem chega
primeiro e com mais eficácia às críticas ao Governo, que se esquece de dizer
como faria diferente e que solução defende para os problemas.
Em
tudo isto, o PSD, como partido alternativo de Governo e líder da
oposição, tem particulares responsabilidades. Nenhum
português se convence quando ouve o líder do partido a dar razão aos protestos
dos professores, ou a criticar o estado a que chegou o Serviço Nacional de
Saúde, ou a fazer o discurso estafado do Portugal a caminho da cauda da Europa.
O
que todo o país está à espera é de saber o que defende o PSD para a economia,
para a saúde ou para a educação.
António Costa teve o infeliz mérito de ter envergonhado a direita
das suas próprias opções. Costa colou a direita, e em particular o PSD, às
opções da Troika que os socialistas trouxeram para Portugal. O PSD até hoje
nunca conseguiu explicar-se ao país. Ouve as críticas como se fossem merecidas
e tem medo de propor políticas
de direita. O máximo que consegue fazer é falar em reformas, mas nunca explica
em que é que elas consistem.
Acontece
que chegou o momento em que mais uma vez os portugueses se confrontam com o
resultado desastroso de uma maioria absoluta do Partido Socialista. Já vimos
isto em 2009. É urgente que o PSD, e já agora também a IL, digam ao que vêm.
O Serviço Nacional de Saúde está mal? O que propõem para mudar radicalmente a
situação? A educação está em falência e os professores numa situação
impossível? Que propostas têm para garantir um ensino de qualidade com
professores valorizados? O país não cresce e está a andar para trás? Como
pretendem mudar o paradigma e encontrar um caminho sustentado para o
crescimento do país?
Para mal dos nossos pecados, a esquerda não tem vergonha das suas
opções políticas e de as pôr em prática quando chega ao poder. Será que é desta
que a direita vai perder a vergonha e propor um caminho alternativo aos
portugueses? Ou será que, de tanto esconder, já se esqueceu do que defende e só
está à espera que o poder lhe caia ao colo para continuar as opções de esquerda
enquanto o PS se reagrupa para voltar a mandar?
Este é o momento para a direita dizer
claramente ao que vem em vez de estar a falar em percentagens eleitorais e em
hipotéticas coligações pós-eleitorais. É disso que os portugueses estão à
espera e é disso que o país precisa para sobreviver.
É por isso que lanço daqui um apelo a
Luís Montenegro: deixe de ter medo da sombra e diga-nos claramente qual é a sua
alternativa.
PSD POLÍTICA INICIATIVA LIBERAL LUÍS MONTENEGRO
COMENTÁRIOS (de 61):
Francisco Figueiredo: O problema é que o PSD nunca se assumiu como de direita. Alberico Lopes>
F. Mendes: Concordo em absoluto com o seu comentário! Paulo Gomes: Claro como a água! É precisamente esta
a situação em que nos encontramos! E só toca guitarra quem tem unhas ... F. Mendes: Vou repetir aqui um comentário
que apresentei recentemente, e que espero que seja útil para alguns. Peço
desculpa a quem já leu, mas enquadra o conteúdo deste artigo, num contexto mais
vasto. O que a colunista escreve parece-me certo, mas não chega (ou basta, para
não ofender ninguém): Faço desde já um reparo: é inaceitável que o nosso
"pr" faça considerações sobre uma pretensa falta de alternativa. No passado, com Rui Rio, afirmou que havia um
governo forte, mas também uma oposição forte. Indescritível, esta
inconsistência. Para mim, o que o PSD deve fazer, caso queira ser governo, não
imediatamente, mas a médio prazo, é: 1. Ignorar os ataques do PS relativamente
a uma pretensa proximidade PSD-Chega, sublinhando que o PS está apenas
interessado em criar medo e promover partidos radicais, sejam o Chega (agora),
seja a extrema esquerda num passado recente e num futuro próximo; 2) Apresentar
propostas simples, em domínios sensíveis da vida nacional, de forma clara,
mostrando que trarão melhores resultados do que as do PS (exemplos: justiça e combate à corrupção, controlo da imigração, educação,
saúde, atracção de investimento nacional e estrangeiro, habitação, etc.) ; 3) largar os complexos
de esquerda e assumir causas normalmente conotadas com a direita (a melhor
forma de esvaziar eleitoralmente o Chega e a IL; 4) montar uma rede de
comunicação que acorde parte dos abstencionistas, modificando os seus
comportamentos e captando votos; 5) Sublinhar que sem alternância no poder, não
há democracia; 6) abandonar propostas palermas no âmbito de uma pretensa
revisão constitucional (exemplos: mandato de 7 anos para o PR, restrições em
tempos de pandemia, voto aos 16 anos, etc.); 7) lembrar e relembrar os
sucessivos escândalos de corrupção, nepotismo, fraudes, irregularidades e
abusos por parte do PS. Estes já representam prova evidentíssima da podridão do
regime e as pessoas devem ser persuadidas que nada têm a perder. 8) Guardar
distanciamento face ao prof. Marcelo (não digo PR, para não enganar ninguém),
cujo colapso mental é e será crescentemente evidente; 9) evitar grandes
conversas com o PS, para tentar uma bipolarização que permita ao PSD obter
maioria absoluta. Julgo serem estes os vectores principais. Pobre Portugal: Isto ainda tem muito que
afundar. O pessoal prefere morrer à fome a ouvir falar em direita. Há tantos
países subdesenvolvidos assim. Somos apenas mais um. Fernando Correia: Essa é na verdade a grande
questão que bloqueia o PSD. Nunca conseguiu, até hoje, repor a verdade do que
se passou em 2011. Se não sabem fazê-lo, deviam (pois Montenegro foi o grande
defensor, no parlamento, do governo Passos), contratem o maior
“especialista” em comunicação e marketing para os ajudar. Para mim… todos os
dias, à mesma hora, em todas as televisões e rádios, devia ser dito até à
exaustão, em bom português que: o PS levou o país à bancarrota (3 vezes); chamou
a troika e negociou o memorando (programa de governo); por isso teve o PSD, em
missão de serviço, cumprir esse programa. O PS é um partido irresponsável… e
mentiroso. Ponto. Carlos Chaves: Caríssima Raquel Abecasis, excelente diagnóstico e
excelente repto lançado ao presidente do maior partido da oposição. O problema é que a Raquel fala
de uma direita que não existe, talvez seja este o problema fundamental, de não
haver alternativas claras a esta política que nos sufoca e empobrece. A IL é um
partido travestido de bloco de esquerda com umas ideias liberais em termos
económicos de execução muito duvidosa à nossa realidade. O PSD de Montenegro não mostra
sinais inequívocos de distanciamento do PSD de Rui Rio, este PSD que bem
poderia deixar cair o D e ficar-se simplesmente designado de PS.
Propositadamente a Raquel não fala do CHEGA que ao menos tem a vantagem de ser
o único partido do nosso espectro político que se declara de direita
conservadora, liberal e nacionalista. Assim sendo fica claro que no momento actual não pode
existir uma alternativa de “direita” a este socialismo, sem incluir o CHEGA.
E já agora afastar Marcelo e o apoio que este sempre deu a este socialismo
coveiro de Portugal.
Sérgio Psssttt,
psssttt.... E que o Chega! " diga ao
que vem" não interessa?!? As tais "linhas vermelhas" que
desrespeitam de forma grosseira os portugueses que votaram no terceiro maior
partido, certo? Mais respeito por favor!!
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