quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Pois!


A verdade é que nenhum partido se define com rigor, sabendo o que o espera, se for governo: o ataque sistemático às estruturas, por parte da esquerda exigente e fervorosa no aparente apoio ao povo que ordena, na Grândola morena e arredores, secundada pelo povo dos vários sítios, que acredita nisso piamente, ou finge. O próprio governo actual o sabe bem, e vai atamancando, conforme pode. O PSD sabe que não se pode tapar o sol com a peneira e o sol é essa tal democracia manietada pela sua falta de princípios, querendo impor farfalhudamente os seus, de arrogância e dolo, apenas, penetrando pelos buracos também pródigos da peneira receptiva.

Qual é a alternativa?

Costa colou a direita, e em particular o PSD, às opções da Troika que os socialistas trouxeram para Portugal. O PSD nunca conseguiu explicar-se ao país. Ouve as críticas como se fossem merecidas.

RAQUEL ABECASIS Jornalista e ex-candidata independente pelo CDS nas eleições autárquicas e legislativas

OBSERVADOR, 24 jan. 2023, 00:1741

É a pergunta óbvia quando percebemos que o que há não serve. O país está assim. O Governo está a cair aos bocados, não só pelos casos bicudos (não, não são casinhos) com que vários ministros estão confrontados, mas também pelo pântano em que o país se encontra. Não há crescimento económico, os serviços públicos estão em falência, os portugueses que podem e conseguem apanhar um avião vão tentar a sorte lá fora e só voltam para passar férias. O país está sem caminho e sem projeto.

Perante este estado de coisas, os que ainda cá estamos, olhamos à volta e procuramos alternativas. Sim, porque só vale a pena mudar se tivermos algo de diferente para experimentar. Lemos os jornais, ouvimos a oposição e não vemos nada. A oposição à direita do Partido Socialista está entretida a aproveitar a onda de descontentamento, a fazer listas de perguntas aos ministros que estão na berlinda, a dar razão aos sectores descontentes, a pedir demissões, mas esqueceu-se de ouvir a queixa que o Presidente da República deixa no ar repetidas vezes: não há alternativa que nos permita achar que se houver eleições as coisas podem mudar.

A verdade é que a direita anda tão ocupada a ver quem grita mais, quem chega primeiro e com mais eficácia às críticas ao Governo, que se esquece de dizer como faria diferente e que solução defende para os problemas.

Em tudo isto, o PSD, como partido alternativo de Governo e líder da oposição, tem particulares responsabilidades. Nenhum português se convence quando ouve o líder do partido a dar razão aos protestos dos professores, ou a criticar o estado a que chegou o Serviço Nacional de Saúde, ou a fazer o discurso estafado do Portugal a caminho da cauda da Europa.

O que todo o país está à espera é de saber o que defende o PSD para a economia, para a saúde ou para a educação.

António Costa teve o infeliz mérito de ter envergonhado a direita das suas próprias opções. Costa colou a direita, e em particular o PSD, às opções da Troika que os socialistas trouxeram para Portugal. O PSD até hoje nunca conseguiu explicar-se ao país. Ouve as críticas como se fossem merecidas e tem medo de propor políticas de direita. O máximo que consegue fazer é falar em reformas, mas nunca explica em que é que elas consistem.

Acontece que chegou o momento em que mais uma vez os portugueses se confrontam com o resultado desastroso de uma maioria absoluta do Partido Socialista. Já vimos isto em 2009. É urgente que o PSD, e já agora também a IL, digam ao que vêm. O Serviço Nacional de Saúde está mal? O que propõem para mudar radicalmente a situação? A educação está em falência e os professores numa situação impossível? Que propostas têm para garantir um ensino de qualidade com professores valorizados? O país não cresce e está a andar para trás? Como pretendem mudar o paradigma e encontrar um caminho sustentado para o crescimento do país?

Para mal dos nossos pecados, a esquerda não tem vergonha das suas opções políticas e de as pôr em prática quando chega ao poder. Será que é desta que a direita vai perder a vergonha e propor um caminho alternativo aos portugueses? Ou será que, de tanto esconder, já se esqueceu do que defende e só está à espera que o poder lhe caia ao colo para continuar as opções de esquerda enquanto o PS se reagrupa para voltar a mandar?

Este é o momento para a direita dizer claramente ao que vem em vez de estar a falar em percentagens eleitorais e em hipotéticas coligações pós-eleitorais. É disso que os portugueses estão à espera e é disso que o país precisa para sobreviver.

É por isso que lanço daqui um apelo a Luís Montenegro: deixe de ter medo da sombra e diga-nos claramente qual é a sua alternativa.

PSD    POLÍTICA   INICIATIVA LIBERAL   LUÍS MONTENEGRO

COMENTÁRIOS (de 61):

Francisco Figueiredo: O problema é que o PSD nunca se assumiu como de direita.                          Alberico Lopes> F. Mendes: Concordo em absoluto com o seu comentário!               Paulo Gomes:  Claro como a água! É precisamente esta a situação em que nos encontramos! E só toca guitarra quem tem unhas ...                    F. Mendes: Vou repetir aqui um comentário que apresentei recentemente, e que espero que seja útil para alguns. Peço desculpa a quem já leu, mas enquadra o conteúdo deste artigo, num contexto mais vasto. O que a colunista escreve parece-me certo, mas não chega (ou basta, para não ofender ninguém): Faço desde já um reparo: é inaceitável que o nosso "pr" faça considerações sobre uma pretensa falta de alternativa. No passado, com Rui Rio, afirmou que havia um governo forte, mas também uma oposição forte. Indescritível, esta inconsistência. Para mim, o que o PSD deve fazer, caso queira ser governo, não imediatamente, mas a médio prazo, é: 1. Ignorar os ataques do PS relativamente a uma pretensa proximidade PSD-Chega, sublinhando que o PS está apenas interessado em criar medo e promover partidos radicais, sejam o Chega (agora), seja a extrema esquerda num passado recente e num futuro próximo; 2) Apresentar propostas simples, em domínios sensíveis da vida nacional, de forma clara, mostrando que trarão melhores resultados do que as do PS (exemplos: justiça e combate à corrupção, controlo da imigração, educação, saúde, atracção de investimento nacional e estrangeiro, habitação, etc.) ; 3) largar os complexos de esquerda e assumir causas normalmente conotadas com a direita (a melhor forma de esvaziar eleitoralmente o Chega e a IL; 4) montar uma rede de comunicação que acorde parte dos abstencionistas, modificando os seus comportamentos e captando votos; 5) Sublinhar que sem alternância no poder, não há democracia; 6) abandonar propostas palermas no âmbito de uma pretensa revisão constitucional (exemplos: mandato de 7 anos para o PR, restrições em tempos de pandemia, voto aos 16 anos, etc.); 7) lembrar e relembrar os sucessivos escândalos de corrupção, nepotismo, fraudes, irregularidades e abusos por parte do PS. Estes já representam prova evidentíssima da podridão do regime e as pessoas devem ser persuadidas que nada têm a perder. 8) Guardar distanciamento face ao prof. Marcelo (não digo PR, para não enganar ninguém), cujo colapso mental é e será crescentemente evidente; 9) evitar grandes conversas com o PS, para tentar uma bipolarização que permita ao PSD obter maioria absoluta. Julgo serem estes os vectores principais.                  Pobre Portugal: Isto ainda tem muito que afundar. O pessoal prefere morrer à fome a ouvir falar em direita. Há tantos países subdesenvolvidos assim. Somos apenas mais um.                 Fernando Correia: Essa é na verdade a grande questão que bloqueia o PSD. Nunca conseguiu, até hoje, repor a verdade do que se passou em 2011. Se não sabem fazê-lo, deviam (pois Montenegro foi o grande defensor, no parlamento, do governo Passos), contratem o maior “especialista” em comunicação e marketing para os ajudar. Para mim… todos os dias, à mesma hora, em todas as televisões e rádios, devia ser dito até à exaustão, em bom português que: o PS levou o país à bancarrota (3 vezes); chamou a troika e negociou o memorando (programa de governo); por isso teve o PSD, em missão de serviço, cumprir esse programa. O PS é um partido irresponsável… e mentiroso. Ponto.                 Carlos Chaves: Caríssima Raquel Abecasis, excelente diagnóstico e excelente repto lançado ao presidente do maior partido da oposição. O problema é que a Raquel fala de uma direita que não existe, talvez seja este o problema fundamental, de não haver alternativas claras a esta política que nos sufoca e empobrece. A IL é um partido travestido de bloco de esquerda com umas ideias liberais em termos económicos de execução muito duvidosa à nossa realidade. O PSD de Montenegro não mostra sinais inequívocos de distanciamento do PSD de Rui Rio, este PSD que bem poderia deixar cair o D e ficar-se simplesmente designado de PS. Propositadamente a Raquel não fala do CHEGA que ao menos tem a vantagem de ser o único partido do nosso espectro político que se declara de direita conservadora, liberal e nacionalista. Assim sendo fica claro que no momento actual não pode existir uma alternativa de “direita” a este socialismo, sem incluir o CHEGA. E já agora afastar Marcelo e o apoio que este sempre deu a este socialismo coveiro de Portugal.                                         Sérgio Psssttt, psssttt.... E que o Chega! " diga ao que vem" não interessa?!? As tais "linhas vermelhas" que desrespeitam de forma grosseira os portugueses que votaram no terceiro maior partido, certo? Mais respeito por favor!!

 

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