E a rábula continua, levemente contada, pesadamente
vivida, a iniciar o ano…
Guerra aberta
no PS – habituem-se
Não apenas Alexandra Reis jamais
deveria ter aceitado a indemnização, se ia para a NAV, como nem deveria ter
sido convidada uma vez indemnizada, e muito menos para o Tesouro onde iria
tutelar a TAP.
EUGÉNIA DE VASCONCELLOS Poeta,
ensaísta, escritora
OBSERVADOR, 30
dez. 2022, 00:1424
O
ministro das Infra estrutras e Habitação, Pedro Nuno Santos, acaba de apresentar a sua demissão ao
primeiro-ministro que a aceitou. Demite-se, tal como o seu secretário de
Estado, na sequência do caso Alexandra Reis, a
paradigmática ex-secretária de Estado do Tesouro, já que substancia tudo quanto
um apparatchik é e faz – este texto de Henrique Monteiro,
que muito recomendo, sobre o caso infame de Alexandra Reis e da sua
indemnização, é exemplar.
A
indignação dos portugueses com as suas condições de vida e com a sucessiva
desmoralização política do PS de António Costa é inequívoca. E desmente as
palavras do próprio António Costa na sua inesquecível entrevista à Visão que
atribui essa indignação «à central de soundbites da direita» e a criações da
«bolha mediática».
O
caso Alexandra Reis, como a demissão de Pedro Nuno Santos, exigirá dos
«assessores que «percam» mais do que «duas horas» a resolvê-los. Mesmo que
sejam duas horas para cada um: duas horas para a TAP; duas para
Alexandra Reis; e mais duas para Pedro Nuno Santos. António Costa, já sabemos, «nem um segundo»
perderá ainda que a sua desfaçatez tenha encontrado a perfeita simetria na
desfaçatez de Alexandra Reis: espelham
ambos os vícios da partidarização do governo e da administração pública – e já
que estamos nisto, senhora ex-secretária de Estado do Tesouro, a questão não é
se a sua indeminização é ou não legal. É se é decente. Enfim, imagino que a
ética pública a transcenda.
Nenhuma das duas demissões, a de Alexandra
Reis e a de Pedro Nuno Santos,
esclarece o que precisa de ser esclarecido.
O governo tem explicações a dar aos
portugueses e a Bruxelas e não as deu ainda: a TAP tem recebido e continua a
receber milhões euros dos contribuintes portugueses e milhões de fundos
europeus para se reestruturar. Em
que termos? Não sabemos. Foram pelo menos 3,2 mil milhões euros – isto para
«salvar» o que precisou de ser nacionalizado, o risco, mantendo privado o
negócio e o lucro; e revertendo o processo de privatização da TAP em curso no
governo de Passos Coelho.
A
reestruturação de uma empresa com dinheiros públicos não pode contemplar
indemnizações e bónus aviltantes para uma população de quatro milhões de
portugueses que vivem abaixo do limiar da pobreza, em tempo de inflação e com a
recessão à porta. Ainda que saibamos que parte desses fundos serviram, de
facto, para rescisões com funcionários da TAP, de pilotos a administradores.
Não sabemos, no entanto, quanto desses fundos, como também não sabemos os
termos desta reestruturação: o processo não tem, nunca teve,
transparência.
O
dinheiro público não é para pagar a apparatchiki. Pior. A tutela afirma
desconhecimento. Desconhece-o? Isto é verdade? A administração da TAP presta
contas a quem? Não é ao Ministério das Infraestruturas e Habitação e ao
Ministério das Finanças? Se há
desconhecimento, é incompetência. Se há conhecimento, é inadmissível. Isto não
é uma falha de comunicação. Isto é opacidade política. É uma vergonha.
Um governante deve ser um referente, não um oportunista ou um
fazedor de clientelas. Não
apenas Alexandra Reis jamais deveria ter aceitado a indemnização, se ia para a
NAV, como nem deveria ter sido convidada para tal empresa pública uma vez
indemnizada, e muito menos para o Tesouro onde iria tutelar a TAP. É um
despropósito. Mas a responsabilidade não é só de quem aceita, é de
quem convida. A responsabilidade é, mais uma vez, do governo. E este governo,
com a saída de Pedro Nuno Santos, vai encontrar oposição dentro das suas próprias
linhas. A luta aberta pelo poder dentro do Partido Socialista começou.
António Costa tem legitimidade
política. Tem uma maioria absoluta. Mas
tem competência política para nos governar? Não. Basta olhar para os
governantes. Basta olhar para o país.
Tem demonstrado à saciedade que não. Estamos em perda democrática. Podemos habituar-nos
às guerras dentro do PS. Mas ninguém se vai habituar a isto.
GOVERNO POLÍTICA TAP EMPRESAS ECONOMIA
Fernando Cascais: A casa do PS é agora o Big Brother nacional. António Costa vai ser o
último a sair Fernando CE: O país está entregue a famílias
de políticos e seus amigos. E António Costa não tem ministros a sério (competentes
, de gabarito), porque ele próprio é um inculto. Caso escolhesse dos melhores
do país, e não só não saberia avaliar das competências dos mesmos como teria
que ouvir muitos “nãos”. Não tem um número dois do governo porque quer ser ele
a mandar, e a coitada da número dois não acerta uma, ela própria
uma generalista, que pouco sabe de algo. Costa
nomeou os amigos e os indefectíveis. O país ficou para trás. Rui Teixeira:
O apatetado
parlapatão rebelo, o manhoso complexado costinha, o velho coirão santos
silva... Melhor para dar cabo do país seria impossível! José B. Dias: Interessante lógica a que leva
alguém que se incompatibilizou com a Administração da TAP a ser nomeada para
tutelar essa mesma Administração ... e, de caminho, presidir à empresa que
provavelmente mais interage com uma companhia de aviação! Pedro Nuno Santos já
teve de assumir o disparate mas Medina continua a querer passar por entre a
chuva de caca ...
Filipe Paes de Vasconcellos: A história do
Peru Velho* Estava o peru velho mais os
seus dois discípulos (um com ares de pintainho e o outro com cara de galaró) a
pensar como se iriam livrar de só beber aguardente manhosa este Natal para de
seguida mergulharem no panelão e decidiram ir à capoeira de uma galinha muito
repolhuda e que, por ter muito jogo de cintura, poderia dar uns ovinhos de oiro
a quem a ajudasse. Já dentro do galinheiro, e com
o chão pejado de caca de galinha onde se entretinham a chapinhar na caca que
iam fazendo, lá se lembraram de uma ideia para se livrarem do tenebroso Natal. Assim, combinaram que a sua amiga galinha iria apoderar-se do seu enorme
pote de oiro fazendo, de seguida, e se tudo corresse de feição, um voo poderoso
para outro poiso mais alto, não sem antes ter de mostrar que, nestes tempos de
Natal, a solidariedade para com os demais é um imperativo também do socialismo. Correndo tudo bem, e livrados que estivessem dos panelões da ceia de
Natal a galinha poedeira iria tomar conta de Tesouro do reino. Só que estando todos a chafurdar na caca da capoeira eis que se abateu um
temporal e agora não sabem como vai acabar a história. Nem o próprio peru velho que apesar das suas qualidades de grande
habilidoso encontra uma saída para a enorme porcaria, diria mesmo trampa, que
criaram ao Reino de Portugal. E o grande e
excelso peru, o mais inteligentíssimo do mundo, cá anda a entreter-nos com as
suas banalidades de grande profundidade, e a fazer a figura de um “idiota
inútil”. *Um cidadão português que se
chama Filipe E.T. E ninguém se revolta! E
ninguém vai preso por má gestão dos dinheiros públicos?
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